Pagando a aposta para o meu primo. PARTE 58
A terça-feira começou com uma sensação estranha. A noite anterior ainda estava muito viva na minha memória. Foi intensa, cheia de surpresas, e, embora tivesse sido marcante, algumas coisas não faziam sentido para mim. Fui trabalhar com essas dúvidas na cabeça, tentando focar nas minhas tarefas, mas sem conseguir deixar os pensamentos de lado.
Chegando à contabilidade, cumprimentei meus colegas, peguei um café e me dirigi para a minha sala. Já estava me acomodando quando Pedro apareceu à porta, parecendo inquieto. Ele começou com um "Bom dia!", mas logo revelou que queria conversar. "Aconteceu alguma coisa?", perguntei, franzindo a testa. "Não é nada relacionado ao trabalho. Podemos falar no happy hour?", ele disse, tentando disfarçar sua inquietação. Insisti em entender o que estava acontecendo, e ele acabou confessando: "Eu terminei com Verônica".
"Quer conversar sobre isso?", perguntei. Pedro, demonstrando preocupação com o ambiente de trabalho, respondeu: "Aqui, não. Assim como você não gosta de misturar as coisas, eu também não. Que exemplo eu daria? Mas, se você quiser, a gente pode conversar no bar do Jefferson hoje à noite". Concordei, embora tenha dito que não tinha levado outra roupa. Ele riu e respondeu: "Não precisa de nada disso. É só pra gente beber uma e jogar conversa fora". Antes de sair, ele ainda me pediu: "Juízo, hein!".
Pouco depois, Manuel me ligou. "Tá podendo falar?", perguntou. "Sim, estou tomando um café, pode falar", respondi. Ele quis saber como eu estava, e aproveitei para brincar: "Eu tô bem, mas não posso deixar de comentar sobre ontem. O que foi aquilo?". Manuel deu uma risada, mas depois ficou sério: "Que noite louca, né? Vai ficar pra história". Concordei, elogiando o restaurante e o presente que ele tinha dado. "Saiba que vou querer o meu, viu?", disse. Ele respondeu com um sorriso fofo: "O seu já tá guardado. Deixei pra te entregar pessoalmente".
A conversa logo ficou mais séria. Perguntei sobre a intensidade de Anderson na noite anterior, e Manuel confessou: "Ele tava muito focado. Assim que a gente chegou em casa, ele já foi gritando, mandando eu tirar a roupa e ficar de quatro no chão. Fiquei assustado, achei que fosse o álcool, mas ele só dizia: 'Você vai ter o que merece'. No final, até gostei, mas, no começo, confesso que fiquei com medo". Perguntei querendo saber mais: “Manuel tá rolando algo que eu não sei?” Ele respondeu: “Claro que não!” Logo ele também aproveitou para mencionar o pai: "Meu pai discutiu feio com Verônica e a mandou embora. Fala com ele, tenta dar uma força".
Na hora do almoço, Anderson me ligou. Ele parecia animado, e eu, em um ambiente calmo, aproveitei para atender. "Meu amor, tudo bem com você?", perguntei. "Meu garoto, nada de novo", respondeu ele. Depois de alguns momentos de conversa casual, Anderson foi direto: "E aí, o que achou de ontem?". A pergunta me pegou de surpresa, mas respondi com sinceridade: "Foi uma coisa imprevisível. Começou romântica e depois pegou uma proporção que, confesso, me surpreendeu". Anderson deu uma risada: "Pra mim, foi uma delícia".
Aproveitei a oportunidade para questioná-lo. "Aquilo tudo não foi só por causa da resposta atravessada que Manuel te deu, foi? Não foi só pelo oral, certo?", perguntei. Anderson suspirou antes de responder: "Cara, Manuel já me contou que você tá todo desconfiado, que até questionou ele de manhã. Renato, eu te amo, mas você tem que entender que assim como o tempo muda, as circunstâncias e as pessoas também mudam. De nós três, você é o mais inexperiente. Não tô falando isso pra te diminuir, mas pra te situar".
"Além disso," continuou ele, "você tá longe agora. Deixa que eu resolvo as coisas. Não fica querendo pegar tudo no ar, não fica se remoendo por antecedência".
Tentei retrucar, mas ele me interrompeu: "Já falei que isso tá resolvido. E foi da melhor forma possível, na cama. Não quero brigar com você, mas meus problemas com o Manuel são somente com ele. Você não tem que se meter, assim como eu não me meto nas coisas de vocês dois".
Antes de encerrar a ligação, Anderson fez algo que me deixou sem palavras: "Cada dia que passa, fico mais apaixonado por você. Você de fato é um ser encantador, sabia? Minha admiração e meu amor só crescem por sua causa, meu garoto".
Tentei dizer algo, mas ele me cortou: "Não precisa dizer nada agora. Só pensa na conversa que tivemos, tá bom?". Mandou um beijo e disse que ia descansar.
Depois que desliguei, fiquei refletindo sobre tudo o que ele disse. Suas palavras tinham peso, especialmente a parte sobre mudanças. Era algo que eu precisava assimilar.
À noite, fui ao bar do Jefferson com Pedro. Ele precisava ser ouvido, e eu, claro, estava disposto a oferecer esse apoio. Assim que chegamos, algo chamou minha atenção: a ausência de Gil. Ao nos sentarmos à mesa, Jefferson logo se apressou em justificar:
“Eu sei, você está estranhando. Deve estar se perguntando onde está o Gil. Ele foi visitar a avó.”
“Visitar a avó?”, perguntei, surpreso. “Nossa, eu pensei que ele tivesse perdido os contatos com ela. Afinal, a família dele não foi nada boa para ele. Foram extremamente tóxicos.”
Jefferson então explicou:
“Gil ficou sabendo, por algum conhecido, que a avó dele não está nada bem. A pedido dele, eu mesmo o levei até lá. Na volta, percebi que ele estava triste, mas, depois de uma conversa longa, ele decidiu visitá-la de vez em quando.”
Refleti por um momento e acrescentei:
“Minha preocupação nem é tanto com a avó, mas com aquele tio babaca que ele tem. Você sabe o quanto ele prejudicou o Gil.”
Jefferson concordou com a cabeça, sem tirar minha razão, mas respondeu com firmeza:
“Agora ele tem a mim por perto. Se aquele tio dele tentar alguma coisa, o Gil sabe que não está mais sozinho.”
Pedro fez o pedido de sempre, a cerveja da sua marca favorita. Enquanto Jefferson foi buscar a bebida, olhei para Pedro e brinquei:
“Agora somos só nós dois. Desabafe.”
Ele soltou um riso rápido, mas logo mudou para um tom sério e começou a desabafar:
“Cara, a verdade é que eu estava de saco cheio desse relacionamento.”
Ele fez uma pausa antes de continuar, e eu podia sentir o peso do que ele estava prestes a dizer.
“Depois que eu conversei com ela sobre parar de gastar o meu dinheiro para os gastos pessoais dela, nossa relação simplesmente desmoronou. A gente mal se falava, e quando transava, era horrível. Porra, ela morava comigo, gastava meu dinheiro, e nem uma transa decente me dava.”
Fiquei em silêncio, deixando Pedro continuar. Ele estava claramente carregando isso há muito tempo:
“Aí, numa noite, saí com os camaradas das antigas, bebi umas e, quando voltei, tentei dar umazinha na cama, mas ela toda fresca, negou fogo. Cara, eu pirei o cabeção. Falei: ‘Porra, quer saber? Vamos acabar com isso. Nem na cama você comparece mais, Verônica. Tá pior que puta, porque puta pelo menos dá uma gozada boa. Você nem isso faz.”
Pedro tomou um gole da cerveja que Jefferson havia acabado de trazer, como se precisasse de força para continuar.
“Falei que ela podia ficar tranquila, que eu dormiria no quarto que era do Manuel naquela noite, mas que no dia seguinte não queria mais ela lá. E quando ela tentou argumentar, dizendo que não tinha para onde ir, eu cortei logo: ‘Você tem sim, você tem sua casa. Acho que esse foi o erro, de a gente morar junto. E outra, se não tivesse sua casa, você tem suas economias. Afinal, quem te bancou esse tempo todo fui eu.”
Perguntei: " Então acabou mesmo? Ela foi embora?"
Ele respondeu: "Sim, graças ao divino! Ontem de manhã, ela já estava com a mala pronta e veio me perguntar se eu estava certo do que queria. Confirmei que sim, mas ela alegou que não compartilhava do mesmo desejo. Pensei comigo, Renato: claro que não, pra ela ficar comigo era lucro. O estranho é que não houve um término amigável, não teve abraços, nem aperto de mão. Ela simplesmente disse 'tchau' e abriu a porta. Eu só desejei boa sorte.
E para não dizerem que não tenho sentimentos, confesso que senti uma raiva quando a porta se fechou. Raiva por ter sido tão burro, porque eu fui um cara parceiro. Não deixei faltar nada, a gente viajava, saia, e na cama, então, ela não tinha do que reclamar.”
Pedro finalizou dizendo que eu deveria ensinar o truque de como manter um relacionamento. Segundo ele, eu tinha um dom, afinal, me relacionava com dois. Não era para qualquer um.
Respondi: “Ah, aí que você se engana, Pedro. Meu relacionamento teve altos e baixos, teve términos, mas a gente sempre voltava. Inclusive, agora você deve está sabendo da crise de Anderson e Manuel. Lidar com o ser humano, principalmente em um relacionamento amoroso, é complicado. Não é fácil. Mas, no final das contas, tudo depende de quanto você está disposto a se doar por algo que realmente vale a pena. Você colocou na balança, percebeu que não valia a pena, e eu não te julgo por isso. Se algo não estava trazendo paz, se estava sendo mais peso do que felicidade, a melhor opção é sair de cena."
Pedro ficou pensativo por um momento, mas logo voltou a si.
"Sabe o que é mais irônico? Você é bem mais novo que eu, e eu aqui, me aconselhando com você. Ah, me desculpe, Renato, por estar tomando seu tempo."
"Ah, nada disso", respondi de imediato. "Não precisa se desculpar. Eu gosto de sair com você, gosto de rir com você. Estar aqui me faz bem. E, sinceramente, eu também precisava disso."
Hesitei por um instante, mas decidi continuar:
"Pedro, você é um homem muito bonito. Você chama atenção, atrai olhares. Você vai arrumar outra rapidinho."
Ele riu, cruzou os braços e me olhou com aquele jeito provocador.
"Ah é? Sou só bonito ou também sou gostoso?”
Senti meu rosto pegar fogo e soltei uma risada sem graça.
"Ah, Pedro, para com isso!" Tentei desviar, mas ele insistiu com aquele sorriso de canto.
Respirei fundo, tentando não me enrolar mais:
"Pedro, você tá falando com o seu genro, o namorado do teu filho, esqueceu? Mas vou te dizer uma coisa: você é um bom partido, é bonuto, é gente boa, você é independente. Entende? Você tem tudo que alguém busca em um relacionamento. Só acho que você tem que aproveitar mais a vida.”
Ele me olhou, sorrindo. "Então quer dizer que, sou um bom partido, eu teria alguma chance?"
Fiquei vermelho, mas ri.
"Olha, Pedro... por favor!."
"To zoando, Renato! Eu sei que você é o namorado de Manuel. E sabe que meu filho deu mole aquela noite, né?" Ele riu com um tom ácido. "Você foi pra lá pra ter uma noite gostosa, e o meu filho levou mais um cara para trepar com vocês."
Já um pouco ousado, creio eu que era por conta da bebida, ele continuou: "Tu tava lá pra fazer amor, acabou que eu que te dei prazer."
Senti o calor subir ao rosto, completamente desconcertado. Pedro, por outro lado, parecia se divertir com a situação.
Fiquei sem reação, sem saber o que responder, mas ele não parou: "Foi gostoso, Renato, mas deixa eu te dizer uma coisa: antes de gostar de cú, eu sou vidrado por mulher, adoro chupar uma bucetinha, de meter gostoso."
O silêncio pairou por alguns segundos, até que Jefferson chegou pra quebrar a tensão e perguntar: "E aí, quem vai querer mais uma rodada?"
Eu respirei fundo, tentando digerir a provocação de Pedro, enquanto ele se virou para Jefferson e soltou:
"Ô, meu chapa. Agora tô solteiro!"
Jefferson devolveu no mesmo tom:
"Ah, é? Então agora tá na pista?
Pedro confirmou:”Agora é sério, Jeff. Tô solteiro. Se você conhecer alguma gata aí, joga na minha mão, hein? Tô precisando aproveitar.”
Jefferson então disse: ”Olha, conheço umas mulheres que frequentam aqui. Posso te apresentar, mas já vou avisando: elas são do tipo de uma noite só, viu? De meter e esquecer."
Pedro deu uma risada curta, mas não conseguiu esconder a animação.
"Isso é exatamente o que eu tô precisando, Jeff! Joga elas na minha mão. Mas quero mulher vadia, mas não joga mulher acabada não, quero uma gostosa, estou precisando de bucetinha de todo o tipo. Se elas darem o cuzinho melhor ainda. "
Eu, assistindo, entrei na conversa.
"Gente, isso é muita informação pra minha pessoa."
Pedro me olhou com aquele sorriso travesso.
"Ah, Renato! Deixa disso. Você não é um viado depravado, mas está longe de ser santo."
Jefferson segurou o riso e completou:
"Cara, papo reto! Se fosse em outra época, eu ia me juntar com você e a gente ia comer muita buceta, muita puta que vem aqui. Mas agora tô com o Gil, e não posso, senão eu fechava o bar e a gente fazia uma bagunça boa, já fodi muito aqui."
Pedro respondeu, rindo junto:
"Porra, é so jogar as mulheres na minha mão, agora eu tô morando sozinho, minha casa vai virar motel!”
Para mim, estar ali, ouvindo tudo aquilo, era um turbilhão. Porque, querendo ou não, minha mente pintava as cenas que eles descreviam. Pedro e Jefferson, que também não era de se jogar fora, com várias mulheres... Era algo difícil de ignorar.
A conversa mudou de rumo assim que Gil entrou no bar. Jefferson, que até então parecia completamente à vontade, ficou visivelmente sem graça. Gil me viu e veio direto em minha direção, me abraçando com um sorriso caloroso.
"Amigo, que bom te ver!" disse ele, animado, antes de cumprimentar Pedro com um aceno simpático e dar um abraço caloroso em Jefferson.
"Renato, vamos lá pra casa botar as fofocas em dia!" convidou ele, com aquele entusiasmo que só Gil tinha.
Olhei para Jefferson, que, ainda sem jeito, apenas balançou a cabeça e disse:
"Fica à vontade, Renato.”
A casa de Pedro era mediana. Não era pequena nem grande, mas era linda. Toda mobiliada, com móveis bem escolhidos e detalhes que mostravam o bom gosto de Jefferson.
Na sala, eu e Gil nos sentamos para conversar.
“Bicha, o que você faz aqui?. Não é o seu dia de vir para cá.”, perguntou ele.
“Então, nem eu tinha planos de aparecer hoje. Mas Pedro pediu pra conversar.”
“Aconteceu alguma coisa?” Gil quis saber, curioso.
“Ah, coisa da vida...” Respondi, dando de ombros. “Aliás, falando em coisa da vida... O Jefferson comentou sobre sua avó. Ela está bem?”
“Ai, Renato, tadinha... Ela está tão debilitada, tão fraca. Mas creio eu que, depois dos medicamentos que ela está tomando, ela vai melhorar.”
“E o seu tio? Ele não está te dando trabalho, né?” perguntei.
“Não, Renato. Graças a Deus, ele tá namorando. Uma mulher lá... Meio estranha.”
“Claro. Pra namorar com ele, tem que ser no mínimo meio estranha”, brinquei, soltando uma risada.
Gil também riu, mas logo completou: “Eu só não quero confusão, sabe? Com tudo que minha vó tá passando...”
“Tá, mas o fato de você não querer confusão não quer dizer que tem que engolir certas coisas.” Interrompi, sério.
“Não, ele não vai fazer nada. E se tentar, eu vou falar com o Jefferson. Eu prometi isso pra ele”, garantiu Gil, com firmeza.
“Você promete mesmo?”, perguntei, olhando diretamente para ele.
Gil então acrescentou: “Sei que ela me fez passar por constrangimentos. Me deixou pra baixo pra defender o filho.”
Ele abaixou a cabeça por um momento, e eu completei: “Tá, mas não foi só isso. Ela ficou do lado do filho, mesmo sabendo que ele abusou de você. E ainda te culpou por tudo que aconteceu.”
Esperei alguma fala dele, dando espaço para ele concluir.
“Sabe, Renato... Até hoje não sei exatamente o que meu tio disse pra ela. Deve ter contado a versão dele, sabe como é. Mas... Se não fosse minha avó, eu estaria mais perdido. Sabe lá onde eu estaria neste momento. Porque ninguém queria a responsabilidade de cuidar de mim.”
Engoli seco e Gil mudou de assunto completamente, perguntando sobre Manuel e Anderson, querendo saber da nossa relação. Eu falei, "Menino, confesso que tenho vivido altas emoções, mesmo longe." "Bom pra você", ele disse, confessando que também tem vivido coisas bem intensas com Jefferson. "Bom, já que você também se envolveu com um cara que até então era hétero. Esses caras são insaciáveis, né? Parece uma máquina."
Eu, pensando na provocação, respondi: "Bom, cá entre nós, você não só curte coroa, como também curte cara hétero. Naldo é um exemplo, Jefferson também e vai saber de tantos outros que já passaram por aí."
Gil, com um sorriso travesso, respondeu: "Sim, eu gosto do cara que faz estilo hétero, macho, gosto de coroa. Mas você não fica atrás não, tá? Seu estilo também é bem esse. Só que tirando a parte do coroa ... aliás nem precisou ir longe, você preferiu pegar alguém da sua família." Ele riu e continuou: "A gente tem fogo no rabo, e a gente gosta, amigo. Não adianta."
Eu não consegui segurar a risada e dei uma boa gargalhada também.
"Então, eu disse sorrindo: 'Não vamos discutir não, porque é perda de tempo. A gente nunca vai admitir quem tem mais fogo do que o outro.'
Fazia tempo que eu e o Gil não tínhamos esse momento de conversa, de rir um com o outro. Mas, ao olhar para o relógio, percebi que estava ficando tarde.
Falei: 'Migo, o assunto tá bom, mas eu tenho que ir.'
Ele me acompanhou até o bar. Olhei para Pedro e falei: 'Vamos? Tá ficando tarde. Se não, amanhã o meu patrão pode me dar uma advertência.'
Pedro riu. 'E pior, pode mesmo, tá? Porque o patrão tá bravo ultimamente.'"
Pedro me deixou em casa. Antes de sair, disse "boa noite e não se atrase amanhã, senão leva gancho." e deu aquele sorriso descontraído. Entrei em casa, tirei os sapatos e, antes de me deitar, mandei uma mensagem para Anderson e Manuel, dizendo que tinha acabado de chegar. Falei que tinha saído com o Pedro, mas que cheguei bem.
Anderson, já sabendo de tudo o que estava acontecendo, principalmente sobre a separação de Pedro, respondeu de boa, entendendo a situação.
Agora, era hora de descansar e processar tudo que tinha acontecido naquela noite.
Os dias seguintes foram passando, e Pedro entendeu que não havia necessidade da gente ir na sexta-feira no nosso happy hour, afinal, já tinha conversado outro dia. Acho que ele foi encontrar com as rapaziadas antigas dele, ou até mesmo trepar com uma mulher. Aproveitei que a noite de sexta-feira estava vaga, e fui ter uma videochamada com os meninos. Entre um assunto e outro, eu adiantei os planos de Natal, de fim de ano, da minha família. Expliquei que no Natal teria uma ceia simples entre o pessoal lá de casa, mas falei que, diferente dos outros anos, minha família estava querendo alugar o sítio para a virada do ano. Falei que Ricardo estava pensando numa festa grande, adiantei para Anderson que os pais deles possivelmente seriam convidados, e já os convoquei: “Vocês já estão mais do que convidados. Quero vocês aqui.” Anderson não escondeu a animação: “Caralho! Lógico que vamos nessa festa! Porra, mano, vai ser massa.”
Mas Manuel não esboçou nenhuma reação e disse: “Não quero atrapalhar a alegria de vocês não, mas só quero lembrar que Anderson está na experiência, acho arriscado ele ir.
Eu vi a alegria que estava estampada no rosto de Anderson sumir. Logo depois, ele questionou: “Você acha mesmo que isso pode acontecer? Sei lá, eu posso conversar com a diretoria. Ver se posso trabalhar horas a mais para compensar, se eles me dão uma folga extra.”
“Você pode tentar, claro, afinal tudo conversado é entendido,” respondi.
Mas Manuel retrucou: “Olha, eu só estou dando a minha opinião, acho arriscado, porque tudo é levado em conta numa experiência. De repente, a gerência não vai ver isso com bons olhos.”
Eu ainda tentei, dizendo: “Poxa, mas Anderson é encarregado. Bem ou mal, ele tem um poder lá dentro. Não é possível que ele não possa colocar alguém para substituí-lo para que vocês possam vir para a Volta Redonda.”
Manuel tentou se explicar: “Eu vou parar por aqui para não ser inconveniente e vocês me julgarem falando que eu sou o chato da vez e estraga prazeres.”
Anderson dessa vez se manifestou: “Não. Por um lado, você está certo, Manuel. A gente tem que olhar para os dois lados. E eu não tinha pensado nisso.”
Agora, quem estava com raiva era eu. Pensei: “Não é possível. Se além de passar o Natal sem eles, eu também não os teria no Ano Novo. Porra, como Manuel pode ser tão sem noção?” Então, esbravejei: “Sabe o que eu acho engraçado? Para vir para Volta Redonda ajudar Anderson, me dar uma notícia que até então, para mim, era ruim, você não pensou duas vezes. Veio praticamente num bate-volta, alegando que era uma ajuda necessária. Agora, para vir aqui me ver, para passar essa virada do ano juntos, você não tem a mesma consideração. Sendo que, grande parte do comércio entra em recesso. E, visto que Anderson pode sim conversar, já que tem um cargo de encarregado lá dentro, Outro ponto importante, lá eles sabem que Anderson é de outro estado. Mas nesse caso, você não tem a mesma vontade que teve de vir aqui para buscar Anderson para morar com você. Cara, se você não quer vir, fale.”
“Viu porque eu não queria dizer nada?” falou Manuel. “Cara, convenhamos. Você está sendo egoísta. Está pensando só em você. Mas eu não vou me justificar, não vou me explicar. Eu apenas dei a minha visão dos fatos. Agora, se você vê isso como errado, eu não posso fazer nada.”
Anderson precisou intervir, falando que a gente estava se exaltando. “Eu entendo o seu lado, Renato, mas também entendo o lado do Manuel.” Nesse momento, Manuel simplesmente saiu, deixando apenas eu e Anderson na chamada. Anderson chamou ele pra voltar, mas foi ignorado. Olhei pra Anderson e falei: “Olha, eu esperava de tudo, menos isso.”
“Calma, Renato,” adiantou ele. “Eu vou ver o que posso fazer aqui, mas ele em partes tá certo.”
“Poxa, eu vim aqui super animado para dar notícias para vocês. Eu gostei da ideia de reviver tudo o que a gente já passou naquele sítio, principalmente agora, com algo diferente, já que passaríamos a virada do ano juntos. Mas aí, o Manuel vem e nos joga um balde de água fria na gente.”
Anderson estava muito compreensivo: “Renato, meu amor, eu também fiquei animado, mas a gente tem que admitir que o Manuel teve boas intenções. Ele teve uma visão diferente, que compartilhou com a gente. Mas eu já estou chateado, deixo adiantado aqui: se eu não conseguir, eu vou ficar muito chateado.
Finalizei a videochamada dizendo:
"Olha, eu digo e repito, o propósito dessa videochamada era bom. O objetivo era comunicar a vocês que foram lembrados e convidados para participar da virada do ano comigo e com minha família. Agora, se vocês querem vir ou não, isso já não é mais comigo. Eu fiz a minha parte, quero sim vocês comigo, mas o convite está feito. E se decidirem vir, ótimo. Caso contrário, é outro assunto."
Anderson tentou falar algo, mas eu interrompi:
"Está tranquilo, é melhor eu desligar agora."
Eu fui dormir muito chateado naquela noite. No dia seguinte, no trabalho, como de costume, o Manuel me ligou. Mas eu não atendi. Preferi ignorar. Pode até parecer birra, mas quando eu levo algo pro coração, é assim que fico.
No dia seguinte, ele me ligou várias vezes, sem sucesso, e me mandou algumas mensagens, que preferi nem ler. Depois de tanta insistência, Pedro apareceu na minha sala e disse:
"O Manuel está querendo falar com você."
Minha resposta foi direta:
"Pedro, eu e seu filho não estamos bem, não me sinto confortável para falar com ele agora."
Pedro aceitou e antes de sair, completei:
"É o que eu te falei no bar aquele dia. Meus relacionamentos também passam por crises. Isso é normal. Mas, exclusivamente hoje, não estou bem com o seu filho."
Até Anderson me mandou mensagem, preocupado. Ele pediu para eu falar com o Manuel, que não só estava me mandando mensagem, mas também estava insistindo com ele. Respondi de forma objetiva:
"Pode até parecer imaturidade, Anderson, mas eu não quero falar com o Manuel agora. Tenho meus motivos e quem sabe em outro momento a gente converse. Agora, deixa eu trabalhar, por favor."
Minha conversa com o Manuel aconteceu apenas três dias depois, durante a noite, numa videochamada onde Anderson também estava presente. De primeira, ele me cumprimentou, perguntou se eu estava bem e logo começou a se desculpar, dizendo que em nenhum momento ele quis ser desagradável, mas que estava sendo realista. Olhei para ele e falei:
"Tá, isso eu já sei, você já deixou bem claro."
Logo ele entrou na defensiva:
"E por que você não quis me atender durante esses dias?"
Respondi de forma direta:
"Fiquei puto com você. Puto porque eu esperava muito mais de você. Você nem sequer pensou na possibilidade de vir pra cá. Sei lá, parece que você está pouco se lixando."
Manuel tentou se defender, mas Anderson interveio:
"Calma, Renato, também não é assim."
"Tá. Vamos supor que Anderson não possa vir por conta do trabalho. E você, Manuel? Você pode vir. Né? Você viria? Responde."
Manuel falou:
"Cara, e o Anderson ficaria aqui sozinho?"
Eu balancei a cabeça, sem acreditar no que estava ouvindo e falei:
"Como assim? Você mesmo passou um bom tempo sozinho aí. E eu tô aqui sozinho. Anderson pode muito bem se virar sozinho. Não pode, Anderson?"
"Claro, Renato! E eu não vejo nada de mais em Manuel ir passar a virada contigo."
Manuel respondeu:
"Pô, mas é virada de ano. É chato ficar sozinho. Anderson só conhece o pessoal do trabalho."
Eu, já cansado de tantas desculpas, falei:
"Você não quer vir. Deixa pra lá. Deixa baixo. E vida que segue. Se você não faz mais questão, diga. Eu não sou vidente. Estou saturado, de verdade."
Anderson, tentando apaziguar, virou-se para Manuel e falou:
"Porra, não dá pra você ir passar com ele?"
Mas Manuel insistiu:
"E te deixar sozinho?"
Com minha paciência no limite, continuei:
"Assim como vou passar o Natal sozinho, passarei o Ano Novo sozinho também. Cansei de mendigar atenção e afeto. Quer vir me ver? Quer passar comigo? Serão bem-vindos. Caso contrário, melhor ficarem aí."
Anderson, preocupado, disse:
"Gente, eu não estou entendendo o papo torto de vocês."
Foi aí que Manuel revelou:
"Não está entendendo? Em todo momento, ele foi o centro das atenções, o paparicado. Agora, porque eu não quero ir, ele quer fazer todo esse show?"
“Cale a sua boca Manuel! Você já está falando merda já.” Gritou Anderson.
Houve um silêncio.
"Você não entende, né, Manuel? Eu realmente esperava que você entendesse, afinal, passou um bom tempo sozinho aí em Joinville. Eu sempre disse que preciso de toque, de presença. Não posso continuar assim.”
Fui interrompido por Anderson, que tentou apaziguar:
"Não precisa ser assim. Cara, vocês estão insistindo no erro. Parem com isso."
Eu e Manuel ficamos em silêncio. Anderson, tentando mediar, disse:
"Vocês estão com a cabeça quente. Vamos conversar em um outro momento.”
Como Manuel não se manifestou, decidi tomar a frente. Essa atitude até surpreendeu Anderson. Olhei para ambos e falei:
"Será que estou sobrando no meio de vocês? Sei lá, acho que Manuel está agindo diferente comigo, não é o mesmo tratamento de antes, parece que alguma coisa se perdeu no caminho."
Anderson, então, pontuou indignado:
"De maneira nenhuma! Você nunca vai sobrar nesse relacionamento. Jamais pense isso novamente. Você é o motivo disso tudo. Sem você, não haveria relacionamento.”
Manuel continuou calado. Então, tomei uma atitude radical:
"Agora quem não quer você aqui, Manuel, sou eu. Desconsidere o convite, pode ficar em Joinville. Ponto final. Estou decepcionado com você. Mas, como dizem por aí, não é bom gerar muita expectativa, porque a frustração é maior.”
Manuel parecia surpreso com o que eu disse. Ele olhou para Anderson e, logo depois, respondeu com uma voz bem baixa: "Tudo bem!”
Olhei para Anderson e falei:
"Mas, caso você consiga vir, será bem-vindo, como sempre foi. Agora, posso desligar?"
Anderson tentou falar:
"Vamos conversar, cara."
Mas minha decepção com Manuel já tinha chegado ao ápice. Ali, eu apenas me despedi de Anderson antes de desligar.
O tempo foi passando, o Natal chegando. Eu e Anderson, de boa. Minha conversa com Anderson era somente sobre nosso dia, como estávamos. Às vezes, ele me perguntava quando eu ia falar com Manuel, até que eu disse uma frase que ele mesmo me disse: "Meu problema com Manuel é só com ele." Anderson pediu desculpas, mas confessou estar desconfortável com toda a situação. Manuel parou de me ligar, na empresa. Quando nos falávamos era por mensagem, e era algo superficial. Ele tinha o orgulho dele, eu tinha o meu. E assim seguimos. Até que um dia, recebi uma mensagem de Dinei. Meu amigo estava me convidando para passar o Natal junto com ele e Breno. Achei fofo o convite, mas expliquei que passaria com minha mãe, com minha família, porque pra mim, Natal era isso. Ele super entendeu e, antes de terminar a conversa, me cobrou para marcarmos algo no ano seguinte. Eu reforcei que, devido a toda essa mudança e ao trabalho que, às vezes, me consumia, eu reconhecia que estava afastado, não só dele, mas também de Gil. Prometi estar mais próximo deles no próximo ano. Depois da conversa por mensagem, fiquei pensando. Eu nunca tinha feito uma grande lista de planos para o próximo ano, mas senti que agora eu me devia isso. Eu tinha essa obrigação de fazer por mim. Era preciso voltar a ter uma vida pela qual eu gostava, tipo, voltar a investir em mim, sem me deixar consumir por apenas uma parte da minha história. E devo tudo isso a Gil. Foi uma explosão de clareza que me fez perceber que eu havia parado a minha vida para dar atenção ao meu relacionamento.
A contabilidade entrou em recesso no dia 23. Pedro, nosso chefe, presenteou cada funcionário com uma cesta natalina que continha panetone, vinho, lombo e pêssego em calda. Ele nos desejou um feliz Natal e brincou: "Quero ver a cara de vocês só no dia 3 de janeiro!"
Decidi levar a cesta para contribuir na ceia dos meus pais. No caminho, recebi uma notificação do banco informando um PIX inesperado. Logo depois, chegou uma mensagem de Pedro: "Aceita aí! Como eu não sabia direito os seus gostos, enviei um PIX." Abri o aplicativo e vi que o valor era de duzentos reais. Agradeci novamente, dizendo que não precisava, mas ele respondeu: "Precisa sim. Além de funcionário, somos amigos."
Quando cheguei à casa dos meus pais, entreguei a cesta, explicando que era para ajudar na ceia. Percebi que eles ainda não tinham comprado nada, então animei minha mãe e minha cunhada a irmos ao supermercado com a desculpa de evitar as compras de última hora.
Fomos ao hipermercado no centro da cidade e compramos de tudo: frutas, itens para sobremesa e para ceia, bebidas, e optamos por um peru ao invés de um chester. Também levamos um tender, já que Letícia adora. Após pagar as compras, eu peguei um carro de app diferente delas, já que eu quis dormir onde eu morava.
No dia 24, acordei com Letícia me ligando. Era por volta das 10 da manhã.
“Alô?”
Sem rodeios, Letícia já começou:
“A princesa acha que vai ficar aí de mordomia dentro do castelo encantado, enquanto a família dela fica aqui ralando? Pelo amor de Deus, Renato, você é da família, não é de fora, não. Então vem pra cá, porque tem rabanada pra fazer, pudim, coisa pra assar. Vem logo! E outra coisa, tive uma ideia: todo mundo aqui vai usar vermelho. Então pega uma camisa sua vermelha e traz pra cá.”
Eu até tinha uma camisa vermelha, mas estava decidido que tinha que comprar uma nova. Justamente porque era uma data especial.
Me arrumei e fui ao shopping. Entrei na loja que eu já costumava frequentar. Depois de rodar pelos setores, finalmente encontrei uma camisa vermelha que me agradou. Mas, enquanto escolhia, me veio a ideia de comprar presentes para todos. Afinal, era Natal. Escolhi camisas para todos, seguindo o que acreditava ser o gosto de cada um. Tudo simples, mas feito de coração.
Depois de passar no caixa, saí da loja com as sacolas na mão, satisfeito por ter finalizado as compras. Foi quando ouvi uma voz familiar me chamando: Renato?
Ao virar, dei de cara com Daniel, que também parecia estar fazendo compras. Ele estava de camisa preta, calça jeans, e tênis branco. Tudo nele parecia combinar perfeitamente: o charme, a beleza, e aquele sorriso sem igual.
“Daniel! Que surpresa!” Falei, surpreso, mas tentando soar natural.
“Pois é. E aí, como você tá?” Ele perguntou, mantendo um tom amigável.
Antes que a conversa pudesse fluir, Daniel foi direto:
“Renato, você tem um tempinho pra gente conversar? Eu sei que tá na correria, mas precisava falar com você.”
“Claro. Fazia tempo que a gente não se via mesmo.” Respondi, curioso.
Daniel me convidou para ir até a praça de alimentação. Lá, ele pediu um chopp, e eu optei por um suco. Sentamos em um local mais tranquilo, enquanto ele bebia e parecia escolher cuidadosamente as palavras para começar a conversa.
"Renato, cara, é sério... Que merda foi essa que você fez?" Daniel começou, sem demonstrar uma emoção. "Você contou pra Amanda sobre o que rolou entre a gente? Você tem ideia da situação que me colocou?"
Fui pego completamente de surpresa, como se tivesse levado um balde de água fria. Nem sequer imaginei que aquele assunto surgiria, e de repente, lá estava ele, me questionando.
"Daniel, calma, deixa eu te explicar..." pedi.
"Calma? Você foi o único cara que eu já trepei! Isso era pra ficar entre a gente. Agora, por causa da sua boca aberta, a Amanda veio me chamar de viado, de enrustido de merda. Como você acha que eu fiquei com isso?"
Fiquei sem palavras por alguns segundos. Ele continuou: "Cara, eu confiei em você. Achei que podia, pelo menos, contar contigo pra manter isso entre a gente."
Respirei fundo, tentando não piorar a situação. "Eu sei que pisei na bola, Daniel. Foi um momento de raiva. Amanda me provocou como nunca. Ela tem sido tóxica há muito tempo, me perseguindo e me atacando. Quando ela começou a me humilhar, eu perdi o controle e usei o que aconteceu entre nós como uma defesa. Eu não queria te expor, mas acabou acontecendo."
Daniel balançou a cabeça, ainda frustrado. "Pra ser sincero, num primeiro momento eu até pensei que tinha sido o Manuel que entregou o jogo, sei lá, por algum motivo qualquer. Mas você? Renato, de você eu não esperava isso."
"Eu entendo, Daniel... De verdade. E não tenho como justificar. Só posso te pedir desculpa por ter falhado com você. Foi uma atitude impensada."
Daniel suspirou, cruzando os braços. "A merda já tá feita, né? Não adianta ficar brigando. Amanda já é passado, e eu não tô nem aí pro que ela pensa. Sacou? Mas foi foda, Renato."
Ele perguntou, curioso: "Mas só pra saber... Qual foi a reação dela quando você falou isso?"
Respondi: "Cara, ela surtou. Ficou histérica, perdeu o controle. E detalhe, isso tudo numa festa de família. Ninguém acreditou nela, pode ficar tranquilo. Tanto que meu tio mandou ela calar a boca e saiu puxando ela entre os braços pra onde eles estavam."
Ele deu um leve sorriso. "Caralho. Amanda sendo Amanda."
Aproveitei que estávamos falando sobre isso e acrescentei: "Só que tem uma coisinha... meu irmão e minha cunhada também sabem, pois tive que explicar para eles já que estavam do meu lado quando eu disse."
Daniel arregalou os olhos. "Puta que pariu! Fudeu!"
Levantei as mãos em rendição. "Mas pode ficar tranquilo. Ele não brigou comigo. Tanto que esse assunto tenha nos aproximado, já que não estávamos nos falando."
Daniel parecia um pouco confuso e, após um gole no chopp, soltou: "Olha a proporção que esse assunto tá tomando... Não era pra ninguém saber dessa parada."
Daniel parecia indignado. Ele acabou admitindo: "Sabe o que é o pior? Eu sei que você é gente boa, cara. Não consigo ter raiva de você. Tô bolado. Sim, Você pisou na bola, e aquela confiança que eu tinha em você já não existe mais.
Daniel relaxou um pouco, deu de ombros e mudou o assunto: "E o trio existe?"
Ri alto:" Você quer dizer trisal né? Sim, estamos juntos! Eles estão longe, em outro estado, lá em Joinville. Mas estamos firmes e fortes."
Daniel passou a mão pelo queixo e comentou: "Porra, tá durando, hein?"
Ri levemente. "Pois é. Mas agora todo mundo tá sabendo. Quem é contra, é contra. Quem é favor, é a favor. Mas estamos sobrevivendo a isso tudo."
Daniel balançou a cabeça, ainda pensativo. "Isso é uma loucura, mas admiro vocês por isso. Deve ser uma parada muito louca viver um lance desse."
"Tem lá seus desafios," respondi com um sorriso, antes de devolver a pergunta: "Já falei muito de mim. E você, o que tá aprontando na vida?"
Ele riu de leve, inclinando-se na cadeira. "Não vou dizer que tô parado, porque a gente sempre arruma um esquema por aí. Nosso corpo tem que estar em constante movimento."
Concordei, dando uma risada. "Bota movimento nisso."
Antes que pudesse continuar, meu celular tocou era a minha cunhada, logo depois recebo uma mensagem dela: "Renato, já está vindo?."
Suspirei e virei para Daniel. "O papo tá bom mas preciso ir. Desculpa mais uma vez por tudo, tá?"
"Beleza. Pelo menos a gente trocou uma ideia. A gente se esbarra por aí." Disse ele.
Estendi a mão para me despedir, mas Daniel se levantou, e ao tocá-la, me puxou para um abraço. Senti os braços dele me envolver com firmeza, logo depois me deu três tapas leves nas costas, só depois o abraço foi desfeito.
Levantei para pagar o meu suco, mas ele logo disse que era por conta dele. Com um tom de zoeira, soltou: "Meu presente de Natal. Pra você não falar que sou mão fechada e nunca te dei nada. Feliz Natal, leke."
Dei uma risada. "Ah, porque não falou antes? Senão eu teria abusado, pedido algo mais caro. Feliz Natal, Daniel. Foi bom te ver."
Enquanto eu ia para o térreo esperar o carro de app, recebi a ligação de Letícia.
“Onde você está?” Ela perguntou.
“Mulher, o seu macho é meu irmão, tá?” Respondi ironicamente.
Ela deu uma risada no fundo.
“Tô esperando o carro chegar... Mulher, nem te conto quem eu encontrei aqui, adivinha!” Comentei.
“Aí, meu Deus! Não me diga que foi a Amanda…” Disse ela, indignada.
“Deus me livre e guarde... encontrei o Daniel. Mas depois te conto, que o motorista chegou.” Respondi.
Cheguei chegando, e ao buscar um lugar para colocar os presentes, avistei uma pequena árvore de Natal, que até então nunca tinha visto dentro daquela casa. Mas acho que Letícia influenciou minha mãe a comprar. Só então fui ajudar nos afazeres. Eu fiquei responsável pelos doces. Acho que minha mãe é boa para isso. Fiz pudim, manjar e mousse de maracujá. Letícia alem de me ajudar com a rabanada, fez a farofa e o salpicão. Já minha mãe ficou responsável por preparar a mesa e assar o tender e o Peru.
Enquanto preparávamos a ceia, Letícia e eu conversamos sobre o meu encontro inesperado com Daniel no shopping. Depois de colocá-la a par de toda a situação, ela comentou que isso só mostrava que ele era um fofo e que ele deve saber o que perdeu, referindo-se à Amanda. Ela então perguntou: 'Será que depois de você ele ficou com outros caras?' Eu respondi que não, que ele havia me dito que eu fui o único homem com quem ele se relacionou. Ela, curiosa, foi mais a fundo: 'Será que rola algo mais entre vocês?' Respondi, um pouco mais sério: 'Me respeita, não sou bagunça. Sou comprometido. Mas, para responder sua pergunta, nem pensei por esse lado, se é isso que você quer saber.'
Ela ousou dizer que me conhecia e que, se não fosse pelo meu relacionamento, com certeza eu já teria feito acontecer.
“Ah Letícia, você está muito abusada! Não vou mentir.” respondi: 'Daniel me atrai muito, sem falar que é gostoso na cama, mas não é para o meu bico. O que rolou entre a gente foi uma degustação para mim, e para ele, uma curiosidade e uma curtição.
Ela pareceu entender e a gente focou no preparativos.
Embora o meu Natal tivesse sido totalmente diferente dos outros, com algo mais simples e apenas com meus pais, foi um momento de muita conexão. Ficamos conversando na mesa até meia-noite, nos abraçamos e desejamos Feliz Natal uns aos outros. Antes da ceia, minha mãe fez uma oração linda, agradecendo a Deus pela nossa união como família e pela comida. Só então fomos comer, e posso dizer que fiquei farto de tanta comida boa. Depois que todos estavam satisfeitos, meu pai aumentou o volume do som e, ao som de música sertaneja, ele começou a entregar os presentes que ele e minha mãe haviam comprado. Eu ganhei uma caneca personalizada e um chinelo. Logo depois, entreguei os presentes que eu havia comprado, e parecia que todos gostaram das camisas.
De repente, Ricardo subiu as escadas, indo em direção ao quarto dele, e voltou com uma caixa de presente. Mas quem fez o discurso foi a Letícia.
“Este é um presente muito especial, algo que a gente tem planejado com muito carinho, vocês sabem disso.”
Nessa hora, olhei para minha mãe, que estava com o olhar arregalado de preocupação. Ela olhou para mim também, buscando saber o que estava acontecendo, e eu provavelmente tinha o mesmo pensamento: Ela está grávida.
Mas Letícia continuou:
“E finalmente, um sonho nosso vai ser realizado, e vocês ficarão sabendo em primeira mão.”
Ricardo entregou a caixa para minha mãe, mas ela estava tão nervosa que me deu a caixa. Coloquei em cima da mesa e falei:
“Vamos descobrir o que é então... tô ansioso!”
Abri a caixa e lá dentro havia um envelope. Um silêncio se formou, e eu pensei comigo: É o resultado do exame de gravidez, ou uma carta dizendo que a criança vem ao mundo.
“Abre, Renato! — pediu Ricardo.”
Respirei fundo e, com a mão trêmula, abri o envelope. Quando puxei o papel, era um papel com letras douradas. Demorei para processar o que estava em minhas mãos. Minha mãe, com uma expressão de ansiedade, perguntou o que era aquilo, e eu respondi:
“É um convite de casamento! Meeeentira que realmente vai acontecer?!” — exclamei, surpreso.
Fui em direção a eles, os abracei e, quando olhei para minha mãe, ela estava aos prantos, mas ela também os abraçou, e o ambiente foi preenchido por uma emoção que eu não conseguia definir.
Acabou que Letícia também se emocionou e chorou. Realmente, aquele foi um presente de Natal que ficou marcado para todos nós. Enquanto minha família conversava sobre os detalhes já definidos do casamento de Ricardo e Letícia, pedi licença e fui para a varanda, decidindo ligar para Anderson.
Ele atendeu todo feliz, gritando um “Feliz Natal”, pedindo só um minuto para ir a um lugar mais tranquilo. Percebi logo que ele não estava na casa onde morava com Manuel.
“Oi, meu amor. Pode falar,” ele disse.
“Feliz Natal pra você também! Onde você está? Onde está Manuel?” perguntei, estranhando o som de música alta ao fundo.
“Sabia que você ia perguntar. Estou com o César, ele nos chamou para passar aqui. O Manuel está na cozinha, ajudando a fazer uns drinks. Quer falar com ele?”
“Não precisa...,” tentei dizer, mas Anderson já estava a caminho, chamando Manuel.
“Manuel! Renato na chamada!” ele gritou, entregando o celular a Manuel.
“Sério? É ele?” Manuel perguntou, com uma expressão um tanto surpresa. Confesso que eu também não sabia o que dizer, já que só nos falávamos por mensagem ultimamente.
“Oi, meu anjo!” disse Manuel, um pouco sem graça, enquanto ajudava alguém com os drinks.
“Tô ligando só pra desejar um Feliz Natal! Muita paz e saúde pra você,” falei.
“Ah! Pra você também! Te desejo tudo de bom, principalmente saúde. Não esperava sua ligação.”
“Não sei porquê. Você sabe que eu não sou esse tipo de pessoa.”
Anderson pegou o celular de volta e perguntou:
“E aí, como está? A ceia está bacana?”
“Tá tudo muito bom, mas a surpresa da noite foi Ricardo e Letícia nos dando um presente... o convite do casamento deles!”
“Que maneiro! É agora ou nunca! Agora finalmente vai sair. E é oficial mesmo?” ele perguntou.
“Pelo visto, sim!” confirmei.
Nesse momento, César apareceu na vídeo chamada, gritando “Feliz Natal, Rê!” e saiu rindo. Anderson se afastou um pouco da galera, indo para um local mais tranquilo fora da casa.
Eu, com um sorriso irônico, comento:
“Tem bastante gente aí na casa do César, né? Povo animado este…”
Anderson riu, sabendo o que eu queria dizer com isso, mas logo explicou:
“Na verdade, não é a casa do César como você pensou. Estamos na casa da tia dele. O ambiente é bem mais tranquilo, mais familiar. Tem uns amigos dele e um casal de lésbicas aqui também, e o resto é só família do César. O pessoal é bacana, nos receberam super bem.”
Manuel se aproximou com um copo na mão, abraçando Anderson de lado e perguntando para mim como estava sendo minha noite de Natal.
“Não tão animada quanto a de vocês, mas tá maravilhosa,” respondi.
“Isso é o que importa, só não pode desanimar ou passar em branco,” Manuel disse.
“Pois é,” confirmei.
Anderson então comentou sobre Ricardo para Manuel sobre o casamento de meu irmao. Logo Manuel quis saber o dia.
“Que coisa boa! Que dia será?”
Foi quando percebi um detalhe que passou despercebido. Mesmo tendo visto o convite, eu não prestei atenção no dia e no local. Estava tão emocionado por conta de ver o convite, de perceber que aquilo realmente estava acontecendo, que fiquei desatento a esses detalhes.
“Não sei...” respondi, sem saber o que dizer.
Eles riram.
“O principal você não viu? Sacanagem!” disse Manuel, rindo. Depois, completou: “Me manda o dia, pra eu colocar na minha agenda.”
Nossa ligação foi interrompida pelo grito histérico de César, que dizia:
“É sério que vocês vão ficar pendurados nessa ligação? Rê, é Natal, deixa eles curtirem a festa!”
Levei na esportiva, falei:
“Meu amor, eles tão curtindo a festa. Só que liguei pra desejar felicitações. Eles ainda são meus namorados, lembra?”
Manuel então me mandou um beijo e saiu junto com César. Anderson, super sem graça, me pediu desculpas pelo ocorrido.
“Relaxa, não liguei. Levei tudo na esportiva. Até porque a gente realmente esticou a chamada. Mas vai lá se divertir. Amanhã a gente se fala.” Respondi.
Na manhã seguinte, antes do almoço de Natal, o celular tocou novamente. Era Anderson fazendo uma videochamada. Atendi com um sorriso, ainda embalado pela energia da noite anterior.
"Feliz Natal mais uma vez, meu amor!", disse ele, com aquela energia contagiante.
"Feliz Natal, Anderson. E aí, já almoçaram?", perguntei curioso.
"Sim, acabei de almoçar. Mas me conta, dormiu bem?"
"Tem como não dormir bem depois de toda a surpresa? Foi lindo e emocionante."
"Imagino." respondeu ele, antes de mudar o tom, sério. "Renato, será que você pode chamar o Ricardo? Quero falar com ele."
Aquele pedido me pegou desprevenido, mas acenei positivamente, mesmo que Anderson não pudesse ver. Da cozinha, chamei:
"Ricardo, estão querendo falar contigo."
Entreguei o celular para ele, que franziu a testa, claramente sem saber quem era, mas pegou o telefone e falou:
"Oi."
Do outro lado, Anderson começou a falar com sua voz firme e cheia de felicidade:
"Fala, Ricardo! Aqui é o Anderson. Tudo bem, cara?. Está Podendo falar?"
Ricardo respondeu que sim, processando a ligação inesperada. Anderson continuou:
"Cara, eu sei que tivemos nossos atritos e sei o quanto você foi influenciado pela minha irmã. Mas, olha, eu te perdoo. De verdade, de coração. Não vale a pena continuarmos assim. Sempre fomos parceiros, e quero que isso volte a ser como era."
Ricardo permaneceu ouvindo com atenção, visivelmente emocionado. Quando Anderson terminou, ele respirou fundo e respondeu:
"Anderson, eu não sei nem o que dizer. Obrigado, de verdade. Você tem razão, eu errei e não foi pouco. Fui um otário mesmo, arrogante, julguei vocês muito... e me arrependo disso. Me perdoa."
Do outro lado da linha, Anderson riu, quebrando o clima tenso:
"Claro que sim, mano. Já tá perdoado. Agora, só quero saber uma coisa: o convite pra ser padrinho ainda tá de pé, né?"
Ricardo riu, ainda emocionado:
"Tá de pé, Anderson. Sempre esteve."
Quando ele finalmente devolveu o celular, virou-se para mim e me abraçou apertado, claramente emocionado.
"Obrigado, gente." disse ele com a voz embargada, os olhos marejados.
Era impossível não se emocionar. Aquela ligação tinha sido mais que um gesto de reconciliação; tinha sido um outro presente de Natal que transcendeu qualquer presente material.
Com a saída de Ricardo, eu emocionado disse:
"Cara, não tenho palavras para te agradecer por esse momento. Foi lindo, sério. Parabéns pela atitude. Ninguém perde por ter um coração bom."
Logo depois perguntei a Anderson sobre o Manuel, curioso para saber como ele estava após a noite de festa.
"E o Manuel, como está?" — perguntei.
Anderson respondeu com um tom de voz divertido:
"Ah, aquele puto tá deitado na cama, cheio de ressaca. Bebeu pra caralho ontem. Mas daqui a pouco ele liga pra você, pode deixar."
Fui cauteloso, querendo respeitar aquele momento:
"Anderson, eu não quero forçar nada, viu? Se ele quiser falar, ele fala."
Anderson riu, mas continuou:
"Não, ele vai ligar sim."
Mudei de assunto, aliviado.
"Eu fiquei feliz por você ter passado uma ceia legal, cheia de gente. Foi bom, né?"
Ele respondeu com entusiasmo:
"Foi demais, cara. Nem eu sabia que ia pra lá. O cara me chamou de última hora. Mas fui muito bem recebido. Foi muito bacana."
Fiquei contente de saber que, apesar dos imprevistos, a noite tinha sido boa para ele também.
Continuei:
"Então, todos nós passamos uma boa noite de Natal. Vocês aí com seus amigos e você em família."
Anderson respondeu:
"Sim. Resumindo, tudo foi muito bom para todos."
Minha mãe me chamou para almoçar, mas antes que eu pudesse me levantar, ela percebeu que eu estava falando com o Anderson. Com um sorriso no rosto, ela se aproximou e disse:
"Fala, querido. Quando você vem novamente para Volta Redonda?"
Ela estava feliz em vê-lo conversando e, aproveitando o momento, desejou um Feliz Natal a Anderson. Ele, sorrindo ao ouvir a felicitação, respondeu:
"Tia, eu vou tentar aparecer em breve. Não tem um dia certo, porque como a senhora sabe, estou em experiência. Se não fosse isso, eu passaria a virada com vocês. Feliz Natal, tia."
Agora com o telefone em minhas mãos, decidi tocar em um assunto que estava me incomodando.
“Então é isso.”, comentei, tentando soar casual.
“Isso o quê?”, perguntou Anderson, claramente confuso.”
“Você falou com minha mãe que não vai dar pra vir no Ano Novo?”
Ele percebeu o deslize e suspirou.
“É, Renato, é isso. Tentei conversar aqui, mas eles podem até me dar a folga; porém, não garantiram que isso não prejudicaria meu futuro na empresa. Então, com tantas dúvidas, achei melhor ficar.”
Tentei disfarçar a pontada de tristeza.
“Tudo bem. É por uma boa razão. Pelo menos você tentou, não é verdade? O "não" você já tinha. Pena que não conseguiu o "sim".’
Do outro lado da linha, Anderson suspirou.
“Eu também queria estar aí com você, Renato. De verdade. Cara... não é só você que sente saudade, eu também sinto. Essa saudade me tortura, porque eu te amo pra caralho. Muito. Mas prometo que, assim que der, eu vou compensar isso, tá bom?”
Respirei fundo, tentando afastar a tristeza.
“Eu sei disso. E aceito, claro. Como já disse, queria você aqui, mas entendo.”
Anderson continuou:
“Meu amor, sei que vai ser ruim passar mais uma festa longe. Principalmente numa data tão especial que é a virada de ano. Mas tente entender, tá?”
Assenti, mesmo que ele não pudesse ver.
“Tá bom. Vamos superar isso também.”
Logo nos despedimos, e desliguei o telefone.
Um misto de sentimentos tomou conta de mim. Raiva, tristeza, frustração. Era um turbilhão, mas decidi que isso não iria arruinar o meu dia de Natal. Afinal, o almoço estava prestes a ser servido, e eu não seria louco de estragar o momento da minha família.
Respirei fundo, levantei a cabeça e voltei para a mesa. Sentei, ri, brinquei, interagi. Fiz o possível para que ninguém notasse o que se passava dentro de mim. Mas, claro, isso não passou despercebido para quem me conhecia bem.
Letícia, sentada ao meu lado, sussurrou:
"O que tá acontecendo? Rolou alguma coisa?"
"Nada não", respondi, tentando desviar.
Ela insistiu:
"Renato, eu te conheço. O que tá pegando?"
Suspirei, vencido.
"Além do Manuel, o Anderson também não vem na virada do ano."
"Poxa...", disse ela, visivelmente sentida. "É complicado, mas com certeza deve ser por um motivo maior."
"Sim, pior que é."
Ela colocou a mão no meu ombro e sorriu, tentando me animar:
"Mas não fica assim não. Nosso Ano Novo vai ser perfeito. Tu vai ver. Vai ser tão bom que você nem vai lembrar deles."
Antes que eu pudesse responder, Ricardo, que estava ouvindo parte da conversa, entrou no papo:
"Nosso Ano Novo vai ser perfeito, pode ter certeza. Eu já chamei o Naldo, alguns caras da capoeira e até uns amigos do meu trabalho. Pedi pra você chamar gente animada também, como o Gil, o Diney e até o seu patrão se você quiser chamar. Pode crer, vai ser muito animado, não espero pouca coisa não."
Letícia, completou:
"Concordo. Vai ser inesquecível."
Olhei para ela, que devolveu o olhar com um sorriso tranquilo, como se estivesse tentando me transmitir confiança. Eu sabia que, apesar da saudade de Anderson e Manuel, teria que fazer o possível para aproveitar o momento com quem estava ali.
Durante aquela tarde, enquanto eu e meus familiares assistíamos a uma série, meu celular tocou. Era Gil. Com sua animação habitual, ele me convidou para ir à casa dele. "Vem pra cá, amigo. Vamos papear um pouco. Chamei o Breno e o Dinei também. Vai ser só um encontro entre amigos, pra gente dar risada e se distrair."
A ideia era tentadora demais para resistir. Eu já tinha passado a ceia com minha família, e fazia tempo que eu e meus amigos não nos reuníamos de forma descontraída. Era uma oportunidade perfeita para reviver momentos divertidos e reforçar os laços de amizade.
Avisei à minha mãe sobre o convite e expliquei que ia sair por algumas horas. Ela sorriu e disse: "Vai lá, meu filho. Só não volte tarde, tá?"
Vesti uma roupa confortável, ajeitei o cabelo rapidamente e saí. A caminhada até a casa do Gil era breve, mas já dava pra sentir a expectativa de uma noite agradável. Afinal, reencontros com amigos sempre trazem aquela energia especial que renova a alma.
Quando cheguei, a primeira coisa que notei foi que o bar estava fechado, o que mostrava que eles ainda preservavam momentos de tranquilidade e vida social fora do trabalho. Ao chamar pelo Gil, ele apareceu rapidamente com seu sorriso largo e me convidou para entrar. "Entra aí, Renato. Dinei e Breno ainda não chegaram, mas já já tão aqui", ele disse com entusiasmo.
Pouco tempo depois, Jefferson surgiu. Estava à vontade, vestindo apenas um short e sem camisa, como quem já se sentia em casa. Ele veio direto até mim, todo solícito, me abraçando calorosamente. "Fica à vontade, meu querido! Aqui você é de casa. Quer beber alguma coisa?"
Dei uma risada e respondi: "Bom, já que estou aqui, pra não quebrar o costume, vamos de cerveja, né?" Porém, fiz questão de reforçar: "Mas olha, eu ajudo nas despesas, viu? Não vou deixar você no prejuízo, não."
Jefferson riu e balançou a cabeça. "Relaxa, Renato. Hoje é pra gente se divertir. Mas, se insistir, aceito a ajuda depois." Ele piscou, já saindo em direção à cozinha para pegar as bebidas. O clima era leve, e eu já podia sentir que aquela noite seria marcada por boas conversas e risadas.
E automaticamente, Gil falou: "Ai, Rê, eu tô tão feliz de você ter vindo. Na verdade, quem teve essa ideia foi o Jefferson. Ele sugeriu: ‘Por que você não chama os seus amigos?’ E olha, obrigado por ter vindo mesmo."
Sorrimos e nos sentamos à mesa. Aproveitei para perguntar logo: "E sua avó, como tá? Melhor perguntar agora, antes que a gente acabe quebrando o clima com notícia ruim depois."
Gil respondeu, suspirando: "Tá na mesma, Renato. Não piorou, mas também não melhorou. Não tô defendendo ninguém, mas até o Jefferson notou isso: meu tio tem ajudado bastante."
Eu comentei: "Lógico, é a mãe dele. Se ele não fizer por ela quem vai fazer? É o mínimo que ele pode fazer por ela. Depois de tudo que ela já fez por ele, né? Mesmo ele estando errado."
Jefferson riu e acrescentou: “ Eu gosto disso. Você fala na cara. Se eu falasse isso, o Gil ia reclamar."
Gil revirou os olhos e retrucou: "Ah, não começa, Jefferson."
Eu brinquei: "Ó, se começar a discutir aqui, eu vou embora, hein!"
Gil levantou as mãos, rindo: "Não, a gente não tá discutindo, não."
Jefferson completou: "Cara, a gente nem tá discutindo. Você ainda não viu esse acontecimento. De vez em quando, esse seu amigo aí, ó, é cabeça dura. E eu também sou, então a gente se estranha."
Respondi: "Normal em todo relacionamento, né, filho. Eu também... Você tinha que ver as minhas discussões, as minhas brigas com o Anderson. Já teve inúmeras. Com o Manoel nem tanto. Mas com o Anderson... Já perdi até a conta. Faz parte, né?"
Gil acrescentou: "Ah, mas seu primo, ele é cabeça dura mesmo. Lembra que no começo eu não gostava dele? Ele era super desagradável, metido, se achava. Lembra que eu até falava que ele era bonito e tudo, mas eu achava ele super arrogante."
‘Sim. Você tinha uma birra dele.” Falei.
Jefferson entrou na conversa sobre meu relacionamento e comentou: "O Gil já tinha me contou umas histórias sobre você, o Anderson e o Manuel. Sabe, nunca tinha conhecido um trisal antes." Ele parou por um instante, riu, e corrigiu: "Quer dizer, trisal eu já conheci um monte, mas geralmente uma das partes só sabia que estava numa relação a três quando descobria a traição da outra parte."
Eu ri e retruquei, brincando: "Ah, bobo! Mas a gente é diferente. Somos um trisal de verdade, tá? Sem segredos."
Foi ali que percebi algo novo. Pela primeira vez em muito tempo, Jefferson estava realmente presente, sentado à mesa, conversando comigo. Normalmente, ele saía rapidamente ou só participava de relance, enquanto servia eu e Pedro. Mas agora era diferente. Ele estava engajado, trocando ideias, e eu estava gostando dessa interação mais próxima com ele.
Jefferson comentou: "Falando em Pedro, ele tá curtindo uma rapariga por aí, né?"
Respondi, com um tom despreocupado: "Não sei, tá?"
Ele concordou com a cabeça, dizendo: "Bom, pelo menos eu joguei duas na mão dele."
Eu ri e completei: "Aquele ali não perde tempo não, não brinca em serviço. O que ele tem de gente boa, ele tem de safado."
Nesse momento, ouvimos Dinei chamar lá fora. Gil foi recebê-lo. Assim que o vi entrando, levantei e abracei Dinei. Ele estava tão bonito, tão radiante. Não que ele não fosse antes, mas parecia que todos esses acontecimentos — trabalho, relacionamento — estavam fazendo muito bem para ele.
Eu sorri e comentei: "Dinei, tá bonito, hein? Esses últimos tempos tão te fazendo bem, hein?"
Ele agradeceu com um sorriso. Depois de todos se cumprimentarem, sentamos à mesa, abrimos as cervejas e começamos a beber, enquanto o clima de descontração e amizade tomava conta do ambiente.
Começamos conversando sobre como cada um tinha passado o Natal. Depois que todos compartilharam suas experiências, Dinei virou para mim e perguntou:
"E o Anderson e o Manuel? Eles vêm pra cá?"
Respondi: "Pra VR? Não, infelizmente não deu pro Anderson vir por conta do trabalho, já que ele está se dedicando bastante. E... o Manuel... Bom, ele simplesmente não quis vir. Essa é a verdade."
Gil estranhou, franzindo a testa: "Nossa! Agora o Manuel tá podendo escolher? Tá assim agora? Tá muito estranho..."
Balancei a cabeça, concordando: "Tá sim. Pra falar a verdade, a gente mal tem se falado. Ontem conversamos por videochamada, por ser uma data especial, porque até então, era só mensagem."
Dinei, curioso, perguntou: "E o Réveillon? Você vai pra lá? Eles vêm pra cá?"
Respondi, tentando manter o tom leve: "Não. Cada um vai passar na sua casa." Mudei rapidamente de assunto: "Aliás, vocês estão convidados a passar o Réveillon comigo, tá? A gente vai alugar um sítio, com piscina, sauna... tudo direitinho. Meu irmão pediu pra convidar vocês. Vai ser uma festa muito bonita e animada, e eu quero as pessoas que gosto por perto. Já que meus boys não vão vir, mais do que nunca vocês têm que estar lá."
Gil brincou: "Ah, tá convidando porque eles não vão vir, né?"
Ri e retruquei: "Ah, para com isso, Gil. Meu irmão pediu pra convidar vocês de qualquer jeito. E eu quero vocês lá."
Dinei, sem hesitar, respondeu: "Amigo, eu vou." Olhou para Breno e completou: "Nós vamos. Natal já passamos com a família, né? Agora é hora de curtir."
Olhei para Jefferson e disse: "E você, Jefferson, vai fechar esse bar e ir também, tá? Não aceito não como resposta."
Ele riu e respondeu: "Tranquilo, eu vou sim. Mas, tem que levar alguma coisa?"
Expliquei: "Minha família vai entrar com a comida e o local, mas você tem que levar as bebidas, combinado?"
Ele assentiu e confirmou: "Fechado, pode deixar."
Foi então que Gil, mudando o tom, comentou: "Falando em Manuel... Depois daquele dia que você e Pedro vieram pra cá, o Pedro veio sozinho outro dia."
Jefferson tentou interromper: "Gil, cuidado com o que você vai falar..."
Mas Gil continuou: "Ah, eu vou falar mesmo. Renato é meu amigo, e eu tenho consideração por ele. Achei muito estranho, Renato. O Pedro parece estar discutindo com o Manuel. Não sei o que rolou, mas foi uma discussão feia."
Fiquei em silêncio, processando o que Gil acabara de dizer, enquanto o clima na mesa parecia ter mudado levemente.
Jefferson tentou explicar:
"Então, eu não ia falar nada, mas como o Gil já começou, Pedro estava discutindo feio, sim. Eu nem sabia que era com o filho, mas o Gil escutou o nome dele e veio me contar."
Olhei para Gil, curioso, e perguntei: "Mas você não lembra do que eles estavam falando?”
Gil retrucou em tom de justificativa:
"Ah, mas naquele dia o bar estava cheio, não estava fácil ouvir nada. Eu até tentei obter informação, Renato, mas, amigo, não deu. O bar estava cheio, e esse povo hétero, bêbado, fica falando alto, misturando tudo, não dá pra entender nada. E outro ponto: eu nem podia ficar muito próximo do Pedro porque ele ia sacar, né? Afinal, eu sou seu amigo."
Jefferson concordou com sabedoria: "Justamente. Então, deixamos ele lá na mesa discutindo e seguimos fazendo nosso trabalho."
"Embora eu estivesse curioso para entender o motivo da discussão entre Pedro e Manuel, não conseguia sequer pensar sobre isso. Parecia tão fora de lugar que não fazia sentido tentar entender. Eu olhei para meus amigos, sem saber o que dizer, e acabei soltando: 'Gente, agora eu quero saber o que está acontecendo.' Mas antes que qualquer um pudesse responder, Jefferson deixou claro: 'Você não veio aqui para ficar pensando em fulano ou ciclano. Veio para comemorar e esquecer os problemas.'"
Ele abasteceu o meu copo e a gente foi bebendo uma cerveja atrás da outra. O tempo foi passando e eu fiquei levemente alterado, e o Dinei também já estava rindo, sem motivo algum. Foi então que Gil teve a ideia de tomarmos banho de mangueira.
A princípio, achei uma péssima ideia, mas depois que Jefferson insistiu, dizendo que estávamos em casa e que era para a gente curtir, tudo mudou. Eu, Dinei e Breno acabamos cedendo.
Dinei nem pensou duas vezes: tirou a roupa, ficando só de cueca, e foi direto tomar banho com o Gil, que já estava lá. Breno, inicialmente, relutou um pouco, devido à timidez, mas, ao ver o namorado lá, acabou se juntando a ele.
Enquanto eu tirava a bermuda, percebi que Jefferson não tirava os olhos da gente. Ele parecia observar cada movimento, quase sem disfarçar. Quando notou que eu estava percebendo, desviou o olhar, balançou a cabeça e comentou:
— É, rapaz... a vista está interessante..
Eu ignorei o comentário e segui para onde meus amigos estavam, pronto para aproveitar o momento com eles.
A gente virou crianças de novo, brincando com a água da mangueira. Jogávamos água uns nos outros, gritávamos e ríamos como se não houvesse preocupações no mundo. Era uma alegria simples, mas suficiente para tornar o dia especial.
Gil, em um momento, notou que Jefferson ainda não tinha se juntado à diversão.
“Ei, amor, vem pra cá! Vai ficar só olhando?” — chamou Gil, animado.
Jefferson sorriu sem graça, mas não se moveu. Foi aí que decidi reforçar o convite:
“E aí, Jefferson? Você não vai vir?” perguntei. “Você mesmo disse pra gente ficar à vontade!”
Ele hesitou um pouco, mas acabou cedendo. Tirou a bermuda, ficando apenas de cueca, e se juntou a nós. Quando entrou na brincadeira, vi um certo olhar de orgulho estampado no rosto do Gil.
Jefferson era moreno, um homem mais maduro, provavelmente na casa dos 40, mas com um corpo bem cuidado. Dinei, por outro lado, parecia não disfarçar enquanto olhava fixamente para o volume de Jefferson. Ele não desviava o olhar, e estava evidente a sua tensão. Breno, no entanto, nem sequer percebeu. Estava ocupado demais tirando selfies e postando nas redes sociais..
Foi então que peguei a mangueira e joguei água em Dinei, o que o fez voltar à realidade. Ele riu meio sem graça, e eu, me aproximando, falei baixinho:
“Eu vi, tá?”
Acabei jogando água também no Jefferson, que riu, mas tentou desviar. Logo depois, entreguei a mangueira para ele, permitindo que tomasse um banho mais sossegado. Enquanto isso, Gil ficou por perto, meio que dando apoio, abraçando Jefferson de forma discreta. Era evidente que Jefferson não era do tipo que gostava de demonstrar afeto na frente de conhecidos, mas parecia confortável com aquele gesto do Gil.
Depois de todos já molhados e satisfeitos com o banho, pegamos as cadeiras e ficamos um pouco no sol, curtindo o calor para secar. Foi quando resolvi puxar um papo com Jefferson sobre algo que estava na minha cabeça.
"Jefferson, posso te fazer uma pergunta?" perguntei, olhando para ele. Ele me olhou e, percebendo o tom da conversa, respondeu: "E quando começa assim é porque vem bomba, né?"
Eu ri da situação e respondi, "Depende." Ele então se inclinou um pouco para frente e disse: "Manda aí.”
Perguntei: “Pelo que eu sei, antes de você se relacionar com o Gil, você pegava mulher. Ou seja, se considerava hétero. Hoje, eu não sei como você se identifica. Mas como foi essa mudança pra você?' Até o Gil parecia interessado em saber a resposta dele. “Fala, agora até eu tô querendo saber.'”
"Cara, é complicado", começou Jefferson, pensando por um momento. "Até porque... eu não tenho o que reclamar. O Gil me satisfaz na cama, entende? Ele atende todos os meus pedidos, não tenho o que reclamar mesmo. E olha que sou bem danado. Mas em relação a mulher... eu pensei que seria mais difícil. Mas, como sou um cara satisfeito, eu não sinto falta. Diferente do Pedro, que disse aquele dia... que sente falta de uma buceta. Já eu não. Sabe, se estou tendo prazer, eu não tenho o que reclamar. Eu vou ser escroto agora. Se tiver um buraco, e me dá prazer, tá tranquilo.”
Neste momento, Dinei resolveu também tirar uma dúvida. "Tá, mas vocês assumiram as relações de vocês? Tipo, a família do senhor sabe? Essas coisas."
Jefferson respondeu: "Cara, saber, eles sabem. Eu confirmei pra alguns, mas essas notícias se espalham, vocês sabem. Eu sou um cara independente, cara. Eu tenho este bar, que é o meu sustento. E foi através dele que eu conheci o Gil. E o Gil sabe que, às vezes, é difícil a gente ter uma vida social, mas eu falo pra ele sair com vocês no fim de semana, mas ele prefere ficar aqui e me ajudar já que é dia de movimento."
Dinei então complementou: "Igual a mim. Minha família é evangélica, era contra tudo que eu fazia, até eu começar a trabalhar. Tipo, eles conhecem o Breno como meu namorado, mas não interferem na minha vida, eu não dou satisfação, mas noto algumas mudanças desde que comecei a trabalhar. Eles sabem que posso sair de casa a qualquer momento, já deixei claro isso daí, então me tratam com uma educação e amor que nunca vi igual."
Breno disse: "Eles me odeiam, mas me tratam bem por conta do Dinei. Me toleram, eles têm medo de perder o Dinei."
Gil comentou: "Eu já teria saído. Odeio religiosos."
Dinei adiantou: "Tô quase, Gil. Só faltam uns detalhes."
Jefferson pergunta para Dinei: "Mas vocês... se dão bem como casal? Vocês se veem juntos no futuro? Ele é bom na cama? Vocês se completam nesse aspecto? É porque, sabe, é tudo um conjunto. Não adianta ter um amor romântico, mas, na cama, ser um desastre."
Dinei responde: "Sim, a gente se dá muito bem, por sinal. Concordo com você. Se não rolar bem na cama, tem grandes chances de dar errado."
Eu olho e pergunto: "Então o sexo tem um papel importante na relação?"
Gil ri, debochado: "Você tá de sacanagem, né? Bicha, duvido que se Anderson fosse péssimo na cama, você ainda estaria com ele.”
Dinei também ri e acrescenta: "Não só Anderson, né? No caso dele, são dois. O do Manuel eu já encarei conheço, e não é pouca coisa, não."
Eu então falo: "Gente, só fiz uma pergunta. Mas, pra mim, o sexo é um complemento. Agora, duas coisas que não dão certo numa relação: pênis pequeno e fino ou gozar rápido.”
Gil então diz: "Ah, nesse quesito, creio que tivemos sorte, né? Encontramos grandes homens, né, meu amor?" Ele dá um beijo de selinho.
Jefferson, sorrindo, diz: "Você nunca reclamou e eu me garanto.”
Jefferson continuou a conversa. "Outro dia, quase cometi uma loucura lá no bar. Era um sábado, já tinha passado da hora de fechar, mas ainda tinha um cliente muito conhecido, que sempre frequenta aqui. Começamos a beber e eu fui ficando mais chapado, mais solto. Fiquei roçando no Gil atrás do balcão, tentando fazer com que o cliente não percebesse o que estava acontecendo ali. Até que sugeri ao Gil que chamasse o cara para ver a gente brincando.
Mas Gil, que até então estava sóbrio, disse algo importante: 'Caso o cara não aceitasse, provavelmente a gente perderia um cliente.'
Aí o Breno comentou: 'Ah, por que você não chamou a gente? Já vi o Renato transando, ele já me viu, sabe? Coisa de íntimo. É só chamar que a gente vem. Ah, e o Dinei gosta disso também.’
Gil então, rindo, disse: 'Renato também já me viu transando, né, amigo? Abafa!'
Eu, rindo, respondi: 'Gente, pelo amor de Deus, estou me sentindo no meio de um grupo de sodomitas!”
Diante do meu comentário, Jefferson olhou pra mim e soltou:
“Não estou acreditando que você seja tão puritano assim... Você tá falando sério?”
Gil, como sempre, caiu na gargalhada e não perdeu a chance de debochar:
“Nunca que ele é puritano! Se juntar todo mundo aqui, ainda assim não dá um Renato.”
“Que pecado, Gil!”, retruquei, fingindo indignação.
Jefferson sorriu de canto e me analisou por um instante antes de dizer:
“Estou sacando…”
Jefferson ainda confessou que tinha esse desejo há algum tempo, já que, no passado, ele havia participado de uma suruba quando ainda se relacionava com mulheres. Agora, estando com Gil, seu desejo era diferente: ele queria ser assistido, mas sem que ninguém participasse, pois preferia manter a intimidade restrita a algo a dois.
Eu acredito que, se Jefferson quisesse, Gil abriria o relacionamento, afinal, foi assim com Naldo, então por que seria diferente agora? Além disso, tenho a impressão de que Jefferson não queria apenas ser observado; ele estava querendo se sentir admirado; o fato de saber que ali só havia gays provavelmente o fazia se sentir desejado. Mesmo sendo amigos de Gil. Por isso, ele se sentiu confortável em compartilhar conosco esse fetiche, ele sabia que ninguém passaria dos limites, mas talvez quisesse despertar curiosidade ou ate mostrar o quão foda ele era na cama. É aquela vontade de chamar atenção e se sentir desejado, mesmo que de forma discreta.
O assunto estava quente, e com cerveja rolando sem parar, comecei a sentir que eu estava bebendo mais do que o habitual. Jefferson pediu para pegar mais cerveja e trazer um tira-gosto, e como bom submisso, ele nem pestanejou. Enquanto Gil foi buscar, Jefferson me chamou para um canto. Ainda meio sem jeito, ele foi direto:
“Cara, é o seguinte…de todos os amigos do Gil, você é quem eu tenho mais intimidade.”
“Sim, sou.” respondi, já imaginando o que viria a seguir.
“Então... como eu disse, tô há um tempo com esse desejo de ser assistido.”
“Hum... “murmurei, enquanto ele prosseguia:
“Acho que pro Gil não vai ser problema. Ele é mente aberta, e se eu pedir, ele topa.”
“Mas aqui e agora?”, perguntei, incrédulo. “E como seria isso?”
“Eu levaria o Gil pro quarto, a gente se pegaria lá, e depois vocês entrariam. Deixo até cadeiras lá pra vocês.
Soltei: “Tem certeza que isso vai dar certo? O Gil vai topar mesmo?”
Jefferson, confiante, respondeu:
“Deixa o meu menino comigo. E aí, você topa?”
Decidi consultar Dinei e Breno para ver se eles topariam. Breno, no automático, respondeu que sim e ainda disse que "precisava ver aquilo". Dinei, um pouco mais contido, acabou concordando.
Voltei para confirmar a Jefferson, que parecia ficar mais tenso à medida que tudo avançava. Ele afobadamente começou a explicar a dinâmica para os outros dois.
Breno, curioso, perguntou:
“A gente vai poder interagir lá dentro?”
Jefferson foi firme:
“Não. Apenas assistirão.”
Ouvir aquilo me causou uma certa indignação, e eu disparei:
“Sacanagem isso!”
Eles riram, mas Breno não perdeu a chance de me alfinetar:
“É o preço que você paga por namorar dois caras que estão longe. Vai ficar só olhando.”
Gil voltou com cervejas, azeitonas e biscoitos salgadinhos.
“Jefferson, foi o que eu achei.”
“Tudo bem, obrigado.” respondeu ele, enquanto Gil colocava tudo na mesa.
Começamos a comer, e Gil, como sempre, não parava de falar. Ele falava de tudo, de coisas aleatórias a assuntos mais sérios, até que puxou o tema da virada de ano:
“ É pra ir de branco?”
Respondi:
“Amigo, acho que sim. Vou falar com meu irmão pra fazer um convite com o endereço e todas as informações necessárias, aí mando pra vocês.”
Dinei, curioso, perguntou:
“Vai poder dormir lá?”
“Claro!” Confirmei.
Brinquei dizendo: “Só não sei se vai dar pra fazer besteirinhas.”
Gil respondeu, com tom provocativo:
“Me conta outra, Renato. Você, Manuel e Anderson souberam aproveitar lá direitinho.”
Jefferson interrompeu, ponderando:
“Mas a gente tem que seguir as regras de quem tá organizando a festa.”
Jefferson deu uma tossida forçada, pediu licença, dizendo que ia colocar o celular pra carregar. Entrou na casa, enquanto Gil ficou ali conversando com a gente. O assunto em questão era se ele ia poder dormir junto com Jefferson.
Dinei, com aquele tom descontraído, disse:
“Bicha, você tá preocupado com uma coisa tão desnecessária. Você nem sabe se seu macho vai querer fazer a linha casal contigo!”
O comentário de Dinei deixou Gil chocado.
De repente, ouvimos Jefferson gritar lá de dentro:
“Gil, onde tá o meu carregador?”
Gil, sem perder a calma, respondeu:
“No lugar que você sempre deixa, em cima da cômoda no quarto.”
Passaram-se alguns minutos, e Jefferson chamou Gil para ajudar a encontrar o carregador.
Breno, já suspeitando, comentou:
“Será que é agora que vai começar a brincadeira?”
Dinei, mais tranquilo, respondeu:
“Acho que não. Ele deve estar realmente procurando o carregador.”
Eu, então, disse, com uma risada:
“Se o Gil demorar a voltar, é porque está rolando algo lá.”
Como nenhum dos dois voltaram, ficou claro que Jefferson já havia dado início ao plano para realizar aquele desejo.
"A gente espera mais um pouco ou vai de uma vez?" perguntou Breno animado.
"Espera mais um pouco, pra dar tempo do Jefferson relaxar. Vocês repararam que ele estava muito tenso aqui, né?" Eu disse, olhando para os dois.
Ficamos ali, em silêncio, a tensão crescente no ar, esperando os minutos passarem. Até que, finalmente, eu falei, quase em um sussurro:
"Agora acho que dá pra ir."
Com passos cautelosos, entramos na casa. O primeiro cômodo era a cozinha. Atravessamos o corredor, e então avistamos a porta do quarto entreaberta, como se estivesse nos chamando. Cada passo parecia ecoar, aumentando a expectativa. Quanto mais nos aproximávamos, ouvimos Jefferson gemer baixo, o que despertou um tesão.
Minha respiração ficou mais pesada enquanto eu lentamente empurrava a porta, e o que vi foi uma cena maravilhosa.
Jefferson estava em pé ao lado da cama do casal, em direção a porta, já Gil estava de joelhos de costa para porta, segurando o pau e chupando, fazendo uma sucção que dava pra se ouvir. Jefferson dizia: Isso! Chupa, gostoso!
Jefferson, com um olhar que misturava confiança e tesão, quando nos viu acenou com a cabeça, nos convidando a entrar. As cadeiras que ele mencionara estavam encostadas na parede, oferecendo uma visão lateral da cama, exatamente como ele havia dito. Estava tudo pronto para o fetiche de Jefferson ser realizado.
Sentamos na cadeira, Dinei no meio, eu no lado direito, totalmente hipnotizados em ver Jefferson daquela maneira, como nunca vimos antes.
Percebendo que estávamos gostando da visão que ele estava nos oferecendo, Jefferson segurou os cabelos de Gil e começou a socar pica freneticamente dentro da boca dele.
Por um momento, pensei que Gil não soubesse que estávamos ali, mas logo refleti: como explicar as cadeiras no quarto? No mínimo, Jefferson havia jogado a real, e Gil parecia ter topado.
Enquanto Gil pagava um boquete gostoso, Jefferson olhava dentro de nossos olhos, um olhar penetrante e provocante. Ele nos olhava e nos dizia frases do tipo: "Chupa safado!”.”Mama, isso!”, “Tá gostando de usar a sua boca na minha pica? Tá?”
Após piscar um dos olhos, ele mostrou para Gil que agora tínhamos espectadores. O dono do bar pediu para Gil nos dar as boas-vindas da forma que ele havia combinado antes.
Com um movimento sutil e ainda de joelhos, Gil balançou a cabeça, sorrindo, como se já soubesse exatamente o que fazer.
"Meus amigos fiquem a vontade.”
Jefferson, então, veio até nós, e ali na nossa frente se masturbava, se exibindo de forma provocante, com confiança, e logo voltou para seu lugar inicial, dando surra de pica no rosto de Gil.
Olhei para os meninos, tentando perceber a reação deles. Dinei, estava focado sem piscar, como se não conseguisse desviar o olhar. Ele então virou para mim e, quase sussurrando, disse: "Porra, ele é muito gostoso."
Jefferson, percebendo que Dinei havia dito algo pediu para que ele falasse mais alto. Dinei, nervoso, começou a gaguejar, tentando se explicar, até que Breno interveio, dizendo para Jefferson: "Você mesmo disse que a gente não podia interagir."
Jefferson, com um sorriso malicioso, colocou Gil novamente para mamar, e disse com confiança: "Vocês estão aqui para ver a nossa foda.” Ele insistiu para que Dinei repetisse, e Dinei, olhando para Breno, voltou a olhar para Jefferson e, finalmente, disse: "Eu disse que você é muito gostoso."
Essas palavras, de certa forma, elevaram ainda mais o ego de Jefferson, e, como eu percebi, era exatamente isso o que ele queria.
Ao ouvir, Jefferson fez Gil parar de mamar e, com um olhar penetrante, perguntou: "Tá ouvindo? Ele disse que sou gostoso." Gil, sorrindo de forma quase adoradora, confirmou: "Mas você é.”
Breno corrigiu o casal que estava ali diante de nós: “Ele não disse gostoso, ele disse muito gostoso.”
Jefferson foi de encontro com o rosto de Gil e lhe deu um beijo de língua: "Sou muito gostoso?”
“É muito.” Diz Gil como o olhar fixado em Jefferson que lhe respondeu passando a mão pelo o peito até chegar no pau : "Você é meu gostoso e isso aqui é tudo teu.”
Ele mandou Gil ficar de quatro na cama, e no meio dessa cena intensa, ele se aproximou de Breno. Parando bem na frente dele, perguntou com um olhar desafiador: "Você não sente ciúmes de ouvir ele me chamando assim?"
Breno, sem hesitar, balançou a cabeça negativamente e, com uma expressão calma, respondeu: "Não."
Jefferson, questionou o motivo, e Breno, mais à vontade do que Dinei, olhou para o pau de Jefferson e respondeu com confiança: "Porque ele não mentiu. Gil está de parabéns."
Ele foi para a direção de Gil novamente:
"Você viu?! Ele disse que você está de parabéns."
Beijou a nuca de meu amigo e foi descendo até chegar na bunda.
"Sim, eu sou acima de tudo sortudo por ter você meu amor." disse Gil.
Ao ouvir isso, Jefferson abriu as nádegas de seu namorado e caiu de boca, fazendo meu amigo, fechar os olhos, gemer de prazer. Ele não só chupava, como também mordiscava a bunda e penetrava uns dedos. Finalizou dizendo: "Eu também sou sortudo por ter você."
Ele veio até mim."E você?” Ele disse.
"Eu o quê?" Perguntei, o que acha disso tudo? Resolvi não ser direto, mas fazer rodeio em primeiro momento.
"Te acho normal!"
"O quê?" Ele questiona. Meus amigos me olham sem entender.
Mas ele sacou o que eu queria fazer e diz:
"Quer fazer joguinho?"
"Joguinhos? Não sou fã disso", respondi, tentando manter o controle da situação. O olhar de Gil não me deixava, ele observava de longe, como se esperasse uma resposta melhor.
Ele voltou para onde Gil estava ficando atrás dele, mas dessa vez, parecia que a tensão havia subido mais um nível. "Gil, seu amigo quer jogar. Vamos entrar no jogo dele?" ele perguntou, quase desafiador, porém olhando diretamente pra mim.
E assim, ele cuspiu e foi penetrando, tanto ele, e agora Gil me olhavam. Gil gemia bem puto, enquanto aquele macho seguia invadindo o cu dele com aquela pica.
Os movimentos de Jefferson eram calmos, Gil sorria, demonstrando uma satisfação que transparecia em seu rosto. O ritmo das metidas foram aumentando, cada vez mais, de acordo que Gil ia relaxando e pedindo mais.
Eu vi Breno ajustar a bermuda discretamente, apertando o volume. Já Dinei, ainda com os olhos fixos, parecia maravilhado pela cena que se desenrolava diante de nós. Era como se o ambiente ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas aquele jogo sedutor no centro de tudo.
Jefferson metia até o fundo e lançava olhares rápidos para nós enquanto dizia: 'Olha só, eles estão gostando...'
Jefferson continuava metendo gostoso em Gil, e entre gemidos e trocas de olhares, Jefferson olhou para Breno e disse: “Pode bater uma se quiser, mas nada além disso. Uma punheta não faz mal à ninguém."
Breno, sem hesitar, abriu a bermuda e começou a se masturbar, uma maneira que ele encontrou de jogar pra fora o tesão que ele estava sentindo.
Eu seguia sentado excitado, mas apenas observando o macho com o seu puto submisso.
Não satisfeito, Breno, animado, sugeriu que Dinei fizesse o mesmo.
"Mas aqui?" perguntou Dinei, hesitante.
"Amor, para de graça! O cara liberou pra gente bater uma.", Breno respondeu com um sorriso provocador.
Literalmente nos tornamos voyeur, sentado e observando Jefferson dominar nosso amigo.
Jefferson marcava presença, dominava. Ele conduzia a transa de forma muito gostosa, como sabia que tinha plateia, ele penetrava com charme que era impossível ignorar, era nítido que buscava não somente dar prazer pra si mesmo mas também para Gil. Cada gesto, cada fala, era para ele se exibir, isso era um fato, mas não era apenas ele o protagonista, mas sim o casal.
Jefferson era experiente, e isso ficava claro. Por um momento botou seu olhar em mim, um dos espectadores que estava atento daquela cena.
"Ei, você aí, fala uma posição pra gente fazer," disse Jefferson, sem interromper as metidas que era dadas no rabo de Gil.
Por um momento, hesitei, mas depois dos pedidos de Dinei que quase implorou para eu dizer algo, logo decidi entrar de vez no jogo, contribuindo para que ele saciasse aquele meu amigo.
"Vocês querem uma opinião de um puto expert?" perguntei, meio provocativo.
"Colocam ele de frango assado! E adivinhem? Essa é a minha posição favorita" Ordenei, indicando o que fazer.
Jefferson seguiu minhas orientações, como se minha participação fosse a peça que faltava para tornar aquele momento ainda mais marcante.
"Agora, vai segurar no rosto dele, o fazendo olhar dentro de seus olhos." sugeri, com um tom firme. "Demonstra que você tá no controle da situação."
Jefferson parou por um instante, absorvendo minhas palavras, segurou o rosto de Gil com uma mão firme, fazendo Gil o assistir ele lhe fudendo..
"Tá gostando?" ele perguntou, com a voz autoritária, quase num grito, que preenchia todo o ambiente.
Gil, com um gemido, apenas assentiu, enquanto se masturbava vendo Jefferson colocar todo peso do seu corpo para lhe penetrar. A cena se tornou tão magnética que era impossível desviar o olhar.
Olho para Breno e Dinei e vejo que eles batiam punheta um para o outro. Foi nesse momento que não resisti ao tesão do momento, tirei o meu pau pra forte comecei a bater uma.
“Dá pra melhorar.” Comentei. Jefferson completou “ Sempre dá.”
“Esse puto está merecendo uns tapas na cara!”, expliquei logo em seguida que eram tapas leves, nada muito exagerado.
Jefferson realmente deu um tapa que posso dizer que foi mediano, vi Gil pedir mais e o pedido foi atendido.
“Ele gosta!” Breno afirmou..
“Dá mais um!” Pediu Dinei.
Jefferson nem pensou duas vezes, sem para de meter, deu mais um tapa bem dado na cara de Gil, que gemia feito uma fêmea, creio que isso fez com que o tesão do dono do bar aumentasse e ele socou mais ainda no cú de meu amigo.
Jefferson, por um segundo, parou, ainda com a pica dentro de Gil, e olhou diretamente para mim. Com um sorriso desafiador, perguntou:
“Só falta você dizer alguma coisa. Ou vai ficar nesse jogo?”
Fiz-me de sonso, inclinando levemente a cabeça.
“Mas o que você quer que eu fale?”
Ele arqueou a sobrancelha, sem tirar o sorriso do rosto.
“Comece dizendo o que está achando disso tudo.”
Fingi confusão.
“Disso o quê?”
Jefferson riu de canto, um riso carregado de malícia.
“Quer ver mais né?” provocou ele.
Jefferson, com um ar decidido, comentou:
“Bom, já que o seu amigo não está ajudando, vou ter que abusar de você mais um pouquinho.”
Gil, mordeu os lábios e concordou com um sorriso travesso.
Foi então que Jefferson tirou o seu pau, e de forma firme penetrou tudo de uma só no cú de Gil o fazendo gritar.
“E agora? Tá melhor assim?” perguntou ele, me desafiando.
Olhei para o meu amigo novamente, que parecia estar curtindo aquilo. Gil acenou com a cabeça e piscounum dos olhos, demonstrando que estava tudo bem. Mas preferi não responder, apenas o observei com atenção.
Jefferson repetiu o movimento, dessa vez alternando o ritmo, como se quisesse demonstrar controle e habilidade.
Com Gil gemendo loucamente, sendo penetrado inúmeras vezes. Jefferson com o corpo todo suado, insistia em ouvir algo de minha parte.
Eu me masturbava freneticamente.
“Tá esperando o quê?” Fala alguma coisa!” insistiu ele, entre uma metida e outra.
Era inegável: Jefferson sabia exatamente o que estava fazendo. Era bom no que fazia. Tanto que, além de satisfazer Gil, conseguiu despertar em mim, Dinei e Breno uma excitação justamente por estar o assistindo.
Naquele momento, aquele homem viril, com o corpo brilhando de suor, ligeiramente ofegante, mas completamente focado no que fazia, era quase impossível ignorar. A intensidade com que ele dominava a situação parecia muito boa.
E sem conseguir evitar, deixei escapar:
— Sim, você é um macho gostoso!
Jefferson apenas sorriu, seguro de si, como se já soubesse exatamente o impacto que estava causando.
“Agora sim!” disse Jefferson, visivelmente satisfeito, com um sorriso confiante no rosto.
Ele me olhou intensamente e pediu: “Repete.”
Sem hesitar, repeti: “Você é um macho gostoso.”
Mas isso não parecia ser suficiente para ele. Jefferson saiu de cima da cama, ergueu-se e, olhando para os outros, ordenou:
“Agora vocês. Quero ouvir todo mundo repetir o que ele disse.”
Sem demora, Dinei e Breno, quase que sincronizados, repetiram:
“Jefferson, você é um macho gostoso!”
Ele apenas sorriu, triunfante, aproveitando o momento de adulação, como se aquilo fosse o combustível perfeito para alimentar ainda mais seu ego.
Jefferson se deitou novamente na cama e se dedicou a dar prazer para Gil. Eu, Dinei e seu namorado seguia nos masturbando, se deliciando com a cena. Mas depois de uns minutos, Jefferson parou de meter, olhou pra gente e falou:" Vamos gozar todos juntos." Ele abraçou Gil por trás e de lado foi metendo, Gil acelerou a velocidade da punheta e não demorou muito para anunciar que gozaria, pouco tempo depois Jefferson urrou gozando dentro de Gil. E no meio de gemidos e gozo, Breno foi o primeiro a gozar, dando início a vários jatos de porra, seguido de Dinei e eu meio que tenso gozei por último. Tenso por que de acordo que eles gozavam parecia esperar que o próximo gozasse e eu fui o último, por tanto todos esperavam eu gozar.
Depois que todos terminaram de gozar, Jefferson permaneceu deitado na cama junto de Gil, aparentemente descansando. Sem graça e sem avisar ninguém, levantei-me e fui ao banheiro, que ficava fora do quarto. Ao me olhar no espelho, não pude evitar o pensamento: "Bixa, que loucura foi aquela? Como Anderson e Manuel reagiriam se soubessem disso?"
Logo em seguida, respondi a mim mesmo: "Para de bancar o arrependido! Você não fez nada de errado, só assistiu, não se envolveu diretamente. Anderson e Manuel nem precisam saber... Muito menos o Manuel." Por um breve momento, lembrei que minha relação com ele não estava das melhores e tentei afastar essa preocupação.
Peguei um papel higiênico, limpei onde havia gozo e, depois, urinei. Ao sair, notei Dinei e Breno na varanda, cochichando. Assim que me viram, Dinei saiu em disparada e entrou no banheiro.
Aproximei-me de Breno, que me recebeu com um sorriso e logo disse:
"Eles ainda estão lá no quarto. Daqui a pouco aparecem."
Olhei para ele e comentei:
"Pra quem não esperava muita coisa, até que hoje rendeu, hein."
Ele riu baixo e respondeu:
"Ô, e como rendeu."
Aproveitei que Dinei não voltava e resolvi perguntar:
"Breno, se vocês tivessem a oportunidade de abrir a relação, você aceitaria?"
Ele me olhou de cima a baixo antes de responder:
"Lógico que não! Mas por que essa pergunta?"
Expliquei que, diante do que tinha acontecido naquela noite, tanto ele quanto Dinei pareciam super à vontade com a situação. Fui além, dizendo que, na minha opinião, se Jefferson os convidasse para participar de algo mais íntimo, eles provavelmente não pensariam duas vezes.
Dinei retornou ao nosso encontro nesse momento, e Breno apenas me respondeu de forma vaga:
"Sei lá, Renato... impressão tua."
“Menino, que homem é aquele?” Dinei perguntou, ainda impressionado.
Ri, cruzando os braços, e respondi:
“Jefferson. O patrão do Gil, que pelo visto virou não só o macho, mas também o amor da vida dele.”
Dinei, sem esconder o fascínio, confessou:
“Amigo, dessa vez ele pegou bem! Caralho! Que loucura... fiquei doido de tesão. Me segurei até,e olha que não sou dessas coisas.”
Cerrei os olhos, cético. Conhecendo Dinei, estava claro que ele estava tentando passar uma imagem de puritano que definitivamente não condizia com a realidade.
“Ah, para, né!” falei, rindo.
Breno entrou na brincadeira, abraçando Dinei por trás e provocando:
“Não é dessas coisas, mas é de outras, né?”
Soltei uma risada debochada e completei:
“E eu não sei?! Me poupe!”
Dinei ficou visivelmente sem graça, enquanto Breno gargalhava da situação.
Pouco depois, Gil e Jefferson voltaram, ambos de banho tomado, parecendo completamente tranquilos, como se nada tivesse acontecido. Eles não mencionaram nada, e nós também seguimos a deixa, mantendo o clima descontraído.
“Querem mais cerveja?” Jefferson perguntou casualmente.
Eu me antecipei, já me preparando para encerrar a noite:
“Não, valeu. Já tá tarde, preciso ir pra casa.”
Breno e Dinei concordaram, dizendo que também iam embora.
Pedi um carro pelo app e, enquanto esperávamos, Jefferson nos agradeceu pela companhia e, com um sorriso sincero, comentou:
“Foi muito bom. De verdade. Vocês me ajudaram a realizar um desejo hoje.”
Sorri e respondi de imediato:
“Que isso, nem precisa agradecer.”
“Nósque lhe agradecemos!” completou Dinei, com um olhar divertido.
Nesse momento, olhei para Breno, como quem diz: Eu avisei!
Ele apenas murmurou, desconcertado:
“Dinei...”
Gil não perdeu a chance e deu uma gargalhada:
“Tá com ciúmes, Breno? A essa altura do campeonato?”
Jefferson, ainda descontraído, concluiu:
“Foi bacana mesmo.”
O carro finalmente chegou, e nos despedimos rapidamente. Durante o trajeto, dividimos o pagamento, e fui o primeiro a ser deixado em casa.
Ao entrar em casa, encontrei minha mãe na sala, assistindo televisão. Ao me ver, ela suspirou aliviada, mas com um tom de leve reprovação, e disse:
"Renato, essas são horas de chegar?"
Soltei um sorriso cansado, mas sincero, e respondi:
"Mãe, você sabia onde eu estava. Precisava distrair a mente um pouco... Mas já cheguei, tá tudo bem."
Ela balançou a cabeça, murmurando algo que não consegui entender direito, mas que, no fundo, era puro cuidado. Enquanto subia para o quarto, lembrei de como era bom ter essas cobranças no meu dia a dia. Pequenos gestos como aquele me lembravam que alguém se importava de verdade comigo.
Depois de um banho gostoso e já no quarto, deitei na cama com os pensamentos ainda girando em torno do que havia acontecido naquele dia. Agora, sem culpa, encarei tudo como uma divertida brincadeira. Além disso, era bom saber que Gil tinha encontrado o cara ideal para ele.
Até que me lembrei: Anderson havia mencionado que Manuel me ligaria. Mas, até aquele momento, nenhuma chamada perdida não constava. Imaginei que provavelmente estivessem ocupados ou dormindo.
Para evitar incomodar, peguei o celular e enviei uma mensagem curta:
"Oi, estou bem. Só passando para desejar uma boa noite."
Enviei e coloquei o celular de lado, eles não iam ligar mesmo.
No grupo de WhatsApp dos meus amigos, a interação no momento girava em torno de Jefferson, o gostoso. Sim, Breno e Dinei estavam praticamente idolatrando, quase venerando o boy de Gil. Achei um pouco exagerado. Tudo bem, eu não tiro o mérito de Jefferson ser um cara atraente e de, claramente, saber como agradar na cama. Mas o entusiasmo deles parecia passar dos limites.
Por um instante, me perguntei: seria apenas admiração ou algo mais? Talvez fosse desejo disfarçado de elogio, ou quem sabe, só o impacto de ter vivido algo tão diferente e marcante. Dinei era meu amigo, mas, no quesito relacionamento, eu ficava meio desconfiado. Principalmente, depois que ele ficou com Manuel. Ele disputou até a atenção do Manuel comigo e, sei lá, vai que ele tentasse algo semelhante no relacionamento de Gil. Mesmo ele namorando, não dava pra ignorar essa possibilidade. Claro que eu desejava sim a felicidade dele com o Breno, queria que tudo desse certo, mas, não dava pra esquecer alguns fatos do passado. Fiquei observando as mensagens até que decidi soltar uma indireta:
"Meus amigos Breno e Dinei, eu sei que vocês são safadinhos. Mas vale lembrar que Jefferson é praticamente esposo do Gil. Eles moram juntos, então... Vamos saber separar as coisas."
Gil respondeu primeiro com um emoji sorrindo, mas logo abaixo não perdeu a oportunidade de provocar:
"Dinei, não é o que você demonstrou lá no quarto. Você estava hipnotizado, e não era por mim!"
O grupo ficou em alvoroço com a provocação. Dinei, claramente sem graça, tentou se justificar:
"Jamais pensei em pegar o Jefferson, tá? Breno me satisfaz muito bem."
Breno, sem perder o ritmo, respondeu diretamente ao namorado:
"Será mesmo? Sei lá, por mais que a gente estivesse ali vendo tudo aquilo... realmente, você tava meio que hipnotizado. Tudo bem, o cara manda bem, é bonito. Mas desde então você só fala nisso.”
Tentei amenizar a situação para o lado de Dinei, dizendo:
"Gente, todo mundo olhou! Estávamos naquele quarto pra isso. Mas convenhamos também, né, ninguém saiu de casa planejando ver eles transando. E você, Breno, saiu de casa para ver aquilo? Também creio que Dinei não saiu com essa intenção. E, de fato, foi algo realmente quente, prazeroso de se ver. Mas... Vamos deixar claro uma coisa. Aqui todo mundo gosta de uma putaria! Aliás, eu me incluo nessa lista também."
A conversa ficou em silêncio por um instante, como se todos estivessem absorvendo minhas palavras.
Resolvi encerrar o assunto com humor, rindo da situação:
Vou dormir, princesas! Já vivi tudo que tinha que viver hoje.
Comentários (12)
Passivo fel: Por favor não demore postar o próximo capítulo amo essa história
Responder↴ • uid:mt965vxidmFã do trisal e do daniel: Que capítulo incrível, amei demais!!! Será que o relacionamento do trisal vai de ralo?? Fiquei curioso agora, e amei que o daniel apareceu, ele é mto querido, será que vem um bis por aí?? Esse capítulo foi mto bom e estou ansioso para os próximos, espero que o renato pare pra focar em si e nos aspectos de sua vida! Terminei de ler cheio de tesão e com expectativas para o próximo, ansioso e mal posso esperar pra ler, você é um escritor maravilhoso!!!
Responder↴ • uid:1esgvg91b73foLuiz: Esse conto ta pior que novela mexicana naoacaba mais e tachato demais pensei nessa exibiçãode Jeferson junto com Pedro e renato e GIL acho que isso ainda pode acontecer
Responder↴ • uid:3v6otnnr6iclBeto: Você é hater ou fã? Reclama dos contos postado por PUTOVR, mas tá sempre aqui comentando. Assume que você ama essa história assim como a gente.
• uid:1d9znablopi3pPICA PICA CHU: Acho que deveria ter mais um caos,por exemplo:briga,traição e novos relacionamento,e um caminho amoroso com o Daniel.Deveria ter uma história entre Renato e Daniel.
Responder↴ • uid:1dm6gtcsdg0l5Antony: Mais uma vez decepcionado com o que agora considero bixinha pão com ovo este Renato, só ele ainda não percebeu que eles Anderson e Manoel já o colocaram pra escanteio a muito tempo e estão seguindo suas vidas, até o pai do manual que está de conchavo com o filho e inclusive o aconselhando a ficar o mais longe junto com o Anderson deste idiota já percebeu. Lamentável ver ao ponto que uma pessoa que ainda acredita estar apaixonada chegar,amor próprio nenhum,sendo descaradamente sendo abandonado tanto no Natal como no réveillon, e ainda mostrando pra ele que ele não faz falta nenhuma, torna-se até ridículo. Renato tem sair por cima deixar de entrar em contato com eles e seguir dia vida,arrumar um cara muito lega le aí sim se apaixonar e ser amado de verdade,apesar de tudo só ele fica esperando as esmolas destes dois idiotas. Até o Ricardo concorda com o meu caráter go Manuel é mesmo assim o imbecil ainda acredita que eles o amam, chega a dar pena. Caro PUTOVR faça com que estes dois sofram um pouco,principalmente o Manuel ao ser descoberto pelo Renato que estava arquitetando este plano sórdido junto com seu pai,e quem poderia avisalo disto tudo seria Veronica, afinal o Renato sabendo de tudo poderia jogar sinicamente contra eles arrumando um amor verdadeiro e só esperando a reação dos idiotas quanto descobrissem que ele não esta nem msis para os dois ,vida que segue,deixando os dois enlouquecidos,enfim Renato vivendo uma vida que deixou guardada quando tudo isto começou. Mas meio improvável que isto vê há acontecer já que neste conto só quem sofre é pelo jeito as humilhações continuam e iram continuar é o Renato, mas como disse quem mando no conto é o autor,portanto...
• uid:1dy7nv40dh0kcPapo Reto: Só Renato que não percebe que está sobrando. O Manuel nunca foi confiável. Se Renato tivesse vergonha na cara já teria terminado esse relacionamento há muito tempo. Chega dar pena. A história já se perdeu. Talvez esteja na hora dar um fim nesse conto.
Responder↴ • uid:1cm8r4o1pudm1Edson: Manuel, quando foi pra Joinville, não se furtou de ter seus pegas. Anderson também, quando surtou com Renato, retomou sua vida de hétero por um tempo. Enfim, Renato que sempre foi o cara do toque, da pegada, agora se contenta em ser voyeur, e ainda se questionando. Nem digo em pensar em Daniel ou Pedro, que deixam bem claras suas vontades quanto ao sexo com mulheres, mas que Renato ficou e está ficando um bom tempo sem nada que lhe dê prazer, isso está! Anderson já retomou sua posição de macho alfa sobre Manuel que, aparentemente, assim como Anderson, não consegue se colocar no lugar de Renato. Já sei que um dos ganchos pro próximo episódio será a discussão tida entre Pedro e Manuel, mas nada, absolutamente nada, justifica essa apatia sexual do Renato. Enfim, parece que só o safado do Dinei manteve sua personalidade 😂😂😂, pois Anderson agora posa de equilibrado, de apaziguador 😂😂😂, e Renato de celibatário! 😂😂😂
Responder↴ • uid:barx1ng4hpjwLuiz: nao vejo nenhum problema em Pedro e Daniel gostarem de mulher e comerem Renato afinal isso ja aconteceu uma vez com cada um deles com Renato continuo a achar que Pedro tem que ficar com Renato e podiam fazer uma suruba com Jeferson e Gil
• uid:3v6otnnr6iclRic: Que lindo. Queria ter uns amigos assim
Responder↴ • uid:q0jrf31qyjjbCaiçara: Perfeito demais cara, acho que está na hora do Renato dar um choque de realidade no Amderson e no Manuel e mostrar que o mundo não é só eles, não quer vir blz tem um mundo de gente pra interagir e se relacionar
Responder↴ • uid:fi07cbmm42Antony: Penso igualzinho a você meu amigo,mas o autor adora fazer o Renato de idiota, enquanto os outros dois se divertem. Só o Renato ainda não percebeu que ja esta fora deste trisal a tempos.
• uid:1dy7nv40dh0kc