#Gay #Teen

Entre Muros e Segredos cap 13.1

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Timberlake

Esse é o verdadeiro capítulo 13, o anterior era o 12, então afim de evitar problemas renumerei de forma diferente.

Entre Muros e Segredos cap 13

Na manhã seguinte, Igor desceu para o restaurante da pousada e tomou um generoso café da manhã. Pedro, por sua vez, acordou desconfortável, sentindo o cheiro desagradável de suor seco impregnado em seu corpo. Foi até uma padaria e comeu um pão com mortadela acompanhado de um copo de café. Enquanto se alimentavam, Humberto já havia preparado a casa para recebê-los. Na realidade, o dono da pousada apenas lhes ofereceria um almoço antes da partida, pois a decisão de comprar os revestimentos cerâmicos já estava tomada.
Igor subiu para o quarto, tomou um banho com calma e, depois, esperou a hora de partir deitado na cama, mexendo no computador. Pedro, por outro lado, não sabia onde poderia se arrumar. Sentia-se abandonado à própria sorte naquela cidade, até que recebeu uma ligação inesperada.
— Igor? O que você quer?
— De você? Nada. Onde você está?
— Não te interessa!
— Então tchau.
E desligou. Embora carregasse dentro de si muita ira, Igor não se preocupava com Pedro. Queria apenas se livrar de mais aquela obrigação e voltar à sua rotina. Ignorou a situação, mas Pedro ficou inquieto com a ligação e, mais ainda, com a indiferença de Igor ao desligar na sua cara. Sem conseguir evitar, retornou a chamada.
— O que você queria me ligando?
— Onde você está?
— Pra quê você quer saber?
— Ah, Pedro, tchau!
— Espere!
— Onde você está? Deixe de ser criança!
— Ah, vai tomar no cu. Eu... Igor? Igor?
Pedro ligou mais uma vez.
— Você está de palhaçada, é?
— Deixa eu falar devagar pra você entender: onde-você-está?
— No carro.
— E onde está o carro?
— Aqui, em frente à pousada.
— Viu? Nem foi difícil responder.
— Idiota!
— Suba até o meu quarto.
— Pra quê?
— Pra tomar banho e se vestir.
— O quê? — perguntou, surpreso.
— Pedro, para de fazer o surdo e sobe logo nessa porra.
— O que você quer, hein?
— Pedro, suba, tome banho, se arrume, pois já está quase na hora de irmos para a casa do Humberto. É só isso que eu tenho a dizer. Tchau!
A sensação de ter que obedecê-lo descia por seu esôfago como um ácido, corroendo toda a sua dignidade. Mas não havia escolha. Onde mais poderia tomar banho e se arrumar? Num posto de gasolina? Na rodoviária, usando um banheiro sem higiene e sem privacidade? Talvez fosse até melhor, pois, ainda assim, não seria tão humilhante quanto pedir ajuda a Igor. No entanto, sem pensar muito nas outras opções, com muito esforço, resolveu sair do carro e subir até o quarto do rival.
Parou diante da porta e hesitou por alguns segundos antes de bater. Quando Igor abriu, nem sequer olhou para ele. Simplesmente deu-lhe as costas e voltou para a cama, onde continuou mexendo no computador. Vestia apenas uma cueca e meias, deitado de bruços, sacudindo as pernas no ar enquanto digitava no notebook.
Pedro estranhou aquele despudor. Igor antes não era assim. Agora se mostrava mais, exibia o corpo, algo que antes parecia lhe causar vergonha. Por outro lado, Pedro nunca deu importância para essas coisas. Sem dizer nada, seguiu para o banheiro e se trancou.
Já sob a água quente do chuveiro, percebeu o quanto sua vida havia mudado em tão poucos dias, desde que se mudara para o casarão. Não foi apenas Igor quem causou essa mudança, embora ele estivesse diretamente envolvido. Tudo o que Pedro havia construído para si parecia escorrer pelo ralo, tão simples quanto a água deslizando pelo seu corpo e levando embora o suor impregnado na pele. O pensamento lhe atingiu como um golpe: sua vida estava descendo pelo esgoto.
Enquanto esfregava a pele, pensou novamente em Ulisses – embora o imaginasse como Hugo – e no quanto tinha sido grosseiro com o rapaz. Talvez, se não estivesse tão nervoso, não teria agido daquela forma. No entanto, será que isso teria evitado que sua preferência sexual ficasse evidente? Ulisses era bonito, sim, mas não o interessava. Então, quem poderia interessá-lo? No fundo, Pedro sabia que pensava em Igor. No quanto ele também havia mudado. Ou talvez apenas tivesse se revelado. De qualquer forma, aquela nova versão de Igor lhe fazia muito mal.
Refletia sobre tudo isso, mas sem chegar – ou querer chegar – a uma conclusão.
Olhar-se no espelho agora era uma tarefa difícil. Sentia vergonha de si mesmo. Era gay! Enxugou-se e se vestiu. Mas será que a coragem de sair do banheiro também havia sido levada pelo ralo? Sentou-se no vaso sanitário para calçar os sapatos, mas permaneceu ali, imóvel, esperando por algo.
Do lado de fora, Igor conferiu o relógio e decidiu se vestir. Optou por algo simples e casual, afinal, já não precisava impressionar ninguém. Quando terminou, foi até a porta do banheiro e bateu.
— Pedro!
A porta se abriu, e Pedro saiu. Estava impecável, vestindo camisa e calça sociais. Igor o observou dos pés à cabeça e soltou uma risada.
— Pra onde você vai vestido desse jeito?
— Hã?
— Vai casar com alguém ou ser padrinho?
— Do que você está rindo?
— Da sua roupa, claro! — e continuou rindo.
— Você não acha que está simples demais?
— Eu não. Não preciso convencer o Humberto a comprar mais nada. Ele já decidiu.
— Mas eu não trouxe outra roupa. Até tenho, mas é para dormir.
— Bem, então vamos assim mesmo. Melhor ir vestido de garçom do que de mendigo. Até porque acho que ele vai nos convidar para almoçar lá. Você aproveita e nos serve. Vamos!
Pedro já estava sob uma carga de tensão tão grande que não teve fôlego para reagir. Aliás, era um verdadeiro milagre ainda não ter tido um ataque emocional depois de tantas descobertas e golpes. Desceram para a recepção, onde Igor se dirigiu ao balcão e perguntou por Humberto. Minutos depois, ele apareceu, e juntos seguiram para a rua.
— Humberto, este é o Pedro, filho do Silveira.
— Oi, filho, prazer! — disse Humberto, apertando-lhe a mão.
— Oi.
— Você chegou hoje?
— Sim, chegou hoje, não é, Pedro? — Igor interveio.
— Isso.
— E trouxe os pisos?
— Alguns deles, sim. Estão na van, lá na rua — respondeu Igor.
— Bem, então vamos para minha casa. Lá conversaremos melhor e poderemos almoçar.
— Seu Humberto, posso ir no carro com o senhor?
— Pode, sim.
— Pedro vem atrás, não é, Pedro?
— Isso.
Seguiram então pelas ruas de Aracaju até chegarem à casa de Humberto. Era uma residência de muros altos e bastante espaçosa. Ao entrarem, perceberam que tinha ares de sítio, muito semelhante à pousada, com a diferença de que não possuía um segundo andar. O jardim era imenso, coberto por uma grama bem tratada e algumas palmeiras-imperiais.
Caminharam um pouco pela propriedade enquanto Humberto apontava os locais onde pretendia trocar os pisos cerâmicos. Em alguns ambientes, desejava manter o mesmo modelo; em outros, falava em substituí-lo. Passaram o fim da manhã e o início da tarde dessa forma, sem que Pedro se pronunciasse uma única vez.
Ao final, Humberto levou os rapazes até uma mesa na varanda, onde almoçariam.
— Bom, enquanto eu vejo como anda o almoço, vocês poderiam trazer algumas caixas para cá. É possível?
— Sim, com certeza! — respondeu Igor.
— Então eu vou à cozinha. Fiquem à vontade — disse Humberto, partindo.
Igor voltou-se para Pedro.
— Você ouviu o homem, Pedro. Vá buscar algumas caixas.
— Eu, sozinho?
— Claro.
— E você?
— Eu? Vou ficar bem aqui.
— Mas é cada uma...
— Pedro, o que foi que você fez até agora? Você convenceu o homem a comprar os pisos? Não. Fez com que ele comprasse outros tipos além dos comuns? Também não. Disse ou fez algo que contribuísse para esse negócio? Não. Então, querido, você não fez nada até agora. Faça algo de útil e traga as caixas.
— Não sou seu empregado. Não vou!
— Tudo bem. Eu também não vou. Quero ver o que você dirá ao Humberto quando ele voltar.
— Mas... mas... Igor, você tem que vir comigo!
— Eu? E por quê? Pedro, você é um imprestável, não serve pra nada, não faz merda nenhuma pelo hotel ou pelo antigo negócio da sua família. Só sabe reclamar e não consegue fazer nada sozinho. Então, pelo menos desta vez, seja homem de verdade e vá buscar os pisos. Aliás, nem precisa ser de verdade, finja que é, já serve. Agora mexa essas pernas — já que não consegue usar o cérebro, usa os músculos — e vá buscar as caixas. Agora!
Pedro sentiu-se tão atacado com aquelas palavras que não conseguiu revidar. Ficou chocado com os golpes que Igor acabara de desferir. Sua masculinidade foi atingida em cheio, e ele não conseguiu reagir diante de tantas acusações. Restou-lhe apenas obedecer.
Mais uma vez.
Seguiu até a van e trouxe duas caixas, colocando-as aos pés de Igor, que o olhou de cima enquanto ele as pousava. Em seguida, voltou ao veículo para buscar mais uma caixa. Quando retornava, Humberto apareceu.
— O almoço está pronto. E Pedro?
— Está no carro, trazendo a última caixa.
Pouco depois, Pedro reapareceu com o item, mas Humberto logo apontou um problema.
— Ah, mas não é dessa cor.
— Não? Na van só temos esses três tipos. Acho que da outra cor eu não trouxe — respondeu Pedro.
— Bom, isso não é importante. O essencial é que vocês tenham no estoque.
— É verdade. Então, Pedro, pode voltar para a van e devolver essa caixa — disse Igor, impassível.
Pedro ergueu o olhar e encontrou os olhos de Igor. Ali houve um novo embate silencioso. Os olhos de Igor riam; os de Pedro queimavam.
O almoço transcorreu de maneira tranquila, com Igor conduzindo a conversa com Humberto, enquanto Pedro permanecia em silêncio. Ao final, compararam as tonalidades dos pisos cerâmicos das caixas com os que já estavam aplicados na casa e constataram que eram da mesma cor. Não restavam dúvidas: o negócio estava fechado.
Igor conseguira, sozinho, mais uma vez.
— E tem mais — disse Humberto. — Eu vou, sim, pagar a sua comissão pela assessoria no hotel.
— Não, Humberto, isso não é necessário.
— Claro que é. Você é quase um arquiteto, precisa dar valor à sua profissão, e isso só acontece com reconhecimento.
— Poxa, obrigado!
— Além da conta bancária do Silveira, quero a sua conta pessoal para fazer o depósito.
— Tudo bem.
Pedro achou aquilo muito estranho e desconfiou, mas preferiu não comentar.
No caminho de volta, ele quebrou o silêncio:
— Comissão?
— Sim, Pedro, aquela coisa que a gente ganha por ter sido um bom profissional.
— Você nem é arquiteto ainda.
— E já estou ganhando por isso. Algum problema?
— E o que você fez para merecer isso?
— Não te interessa, Pedro. Se você tivesse vindo sozinho e vendido, como era sua obrigação, talvez tivesse ganhado uma comissão. Mas você não teve coragem, então... Eu ganhei no seu lugar.
Ele sorriu de canto.
— Isso se chama competência.
Entraram na van e permaneceram em silêncio. Pedro dirigia com a sensação de que, se morresse naquele momento, não faria diferença alguma. Talvez até fizesse um bem. Passou a viagem inteira se depreciando, sentindo-se um incapaz. Com a descoberta de sua sexualidade, tudo parecia ainda pior. Se já não tinha habilidade para cortejar mulheres, como deveria agir agora, sabendo que seu interesse era por homens?
Já Igor, por outro lado, sentia-se aliviado, como se tivesse tirado um peso das costas. Só pensava em voltar para casa e retomar as aulas na faculdade. Estava satisfeito com a venda, mas não feliz. Faltava-lhe algo: a liberdade de escolher quem queria ser e o que fazer com sua própria vida.
Após cerca de quatro horas de viagem, já estavam na rua do casarão, prestes a entrar pelo jardim.
— Bem, voltamos ao nosso mundo real. Agora só me resta tomar um banho e dormir…
— E eu com isso? — perguntou Pedro.
— Você? Nada. Mas eu ainda não terminei…
No jardim, Breno e Silveira já os esperavam, ansiosos por boas notícias e algumas explicações. Ainda dentro do carro, Igor lançou um último aviso:
— Só quero deixar claro que, a partir de hoje, tudo será diferente. Não quero nada de você, e nada do que venha de você me interessa. Mas não ouse me incomodar, não ouse se meter comigo nunca mais. Viva sua vida. Ou então, Pedro, você vai se ver comigo… e não vai gostar!
Se estivessem sozinhos, provavelmente Pedro teria reagido à ameaça de Igor. Mas seus pais estavam a poucos metros dali, então só lhe restou escutar e permanecer em silêncio. Ao descerem do carro, os contrastes eram evidentes: Igor sorria triunfante, enquanto Pedro amargava mais uma derrota. Era uma batalha silenciosa, travada apenas entre os dois. Igor não compartilhava com ninguém os conflitos com seu companheiro de quarto; já Pedro sequer tinha alguém com quem conversar.
— Finalmente chegaram — comentou Silveira.
— Finalmente mesmo! Não aguentava mais essa estrada — disse Igor.
— E então, tudo certo? — perguntou Breno.
— Sim, pai, tudo certo.
— Agora me conte direito: o que aconteceu para o senhor sumir em Aracaju?
— Nada demais. Pedro e eu nos desencontramos e, como já estava tarde, fui para a pousada de táxi. Só isso.
— E por que não usou o telefone? Te comprei um celular para quê?
— Pai, Pedro e eu vendemos os pisos, fomos e voltamos. O que mais o senhor quer? Já não basta? Que saco! Estou cansado, acabei de chegar de viagem.
Igor começou a entrar no casarão, demonstrando o mau humor típico de quando discutia com o pai, mas foi interrompido por Pedro.
— Igor, antes de ir embora, por que não conta da comissão que vai ganhar do Humberto?
Igor, que já estava de costas, sentiu a raiva subir ao ouvir aquela voz. Pedro, por mais que desconfiasse de algo, não imaginava que Igor realmente tivesse conquistado sua remuneração de forma honesta. O rapaz girou o corpo e, com um sorriso irônico, respondeu:
— É verdade, tio. Vou ganhar uma comissão pela venda dos pisos. Mas não foi de graça. Fiz por merecer. Convenci Humberto a comprar pisos na cor azul, numa tonalidade parecida com a da marca da pousada. Convenci o homem a fazer uma paginação no salão e até desenhei o projeto.
— Isso é ótimo, Igor. Muito justo! — comentou Breno.
— Sim, mas ainda tem mais. Eu recusei a comissão, não quis o dinheiro. Troquei pela hospedagem na pousada. Mas, mesmo assim, Humberto insistiu em me pagar... Bem, não pude recusar.
— E nem deveria! Aliás, isso é muito justo. Eu também vou te pagar uma comissão pela primeira venda, a de João Pessoa. Você merece, afinal, trabalhou para isso — disse Silveira.
— Trabalhei sim, e trabalhei sozinho. Mas do senhor, tio, eu não posso aceitar, nem mesmo se me obrigar.
— Mas vai aceitar mesmo assim. Porque eu sou seu tio, postiço, mas sou, e os tios são como pais. Se eu estou dizendo que você vai receber pelo seu trabalho, é porque vai.
— Bem, insisto que não me pague. Mas podemos conversar sobre isso depois. O que eu quero agora é tomar banho, comer e dormir. Até mais, pai. Até mais, tio.
Mais uma vez, Pedro sentiu um nó na garganta. Não havia mais palavras. Restava-lhe apenas seguir o mesmo caminho de Igor. Breno e Silveira se despediram, e Pedro fechou as portas do casarão. Estava de volta à sua nova rotina, onde tudo parecia mais acinzentado e nada era óbvio.

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