#Gay

Dois Advogados Rivais Disputando o Viúvo “Hetero” PARTE 2/10

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Santiago P

PARTE 2

Um mês depois, a mediação estava marcada.

Era no tribunal, numa sala de conferência feita para isso. Henrique, pra sua sorte, conseguiu garantir que todo mundo do lado dele aparecesse. Eduardo e o cliente dele, Caíque Castro, também estariam lá, junto com o mediador, que ia tentar manter o clima de boa enquanto negociavam.

Henrique não botava fé que Castro topasse um acordo e já tinha falado isso pro irmão e pros amigos. Antes do dia, Henrique caprichou: cortou o cabelo, escolheu um dos melhores ternos, azul-escuro, que caía como luva no corpo.

Camisa branca impecável, gravata azul com listras brancas e abotoaduras de ouro rosa, simples, mas chiques. No fundo, ele sabia que não estava fazendo isso só por ser tribunal. Só torcia pra não ser tão na cara. — Papai! — gritou Kiko, o caçula, correndo pra perto. Kiko tinha falado que não se sentia nem menino, nem menina, então Henrique se esforçava para usar os pronomes certos.

Eles pareceram curtir a mudança. — Fiz um desenho pra você hoje. Ó, esse é você no tribunal, esse é o tio Jeremy, o tio Jimmy, o tio Alexandre, a tia Carla, o tio Gustavo e o tio Carter. E esse é o outro advogado.

Henrique pegou o desenho e deu uma olhada no Eduardo desenhado, com cores meio apagadas, já que Kiko nunca tinha visto o cara. — E o que é isso na cabeça do outro advogado? — Eu não sei se ele é advogado bonzinho ou malvado, então botei chifres e uma auréola — explicou Kiko.

— A mamãe sempre dizia que algumas pessoas têm os dois.

Henrique sorriu pro filho. — O outro advogado chama Eduardo, e ele é de boa, mas tá lindo o desenho. Valeu. Ele mostrou pra Kiko que estava guardando o desenho na pasta, deu um abraço e um beijo e partiu pro tribunal.

Chegando na sala, viu que todos os clientes dele já estavam lá e soltou um suspiro aliviado, sentando na mesa. Eduardo apareceu logo depois, todo arrumado, com um terno carmesim e uma gravata borboleta combinando.

A camisa azul-clara dava um charme, e Henrique reparou que, mesmo sem identificar o cheiro, Eduardo tava usando uma colônia mais forte que no primeiro encontro. Deu uma vontade danada de enfiar o rosto no pescoço dele, mas Henrique se segurou — profissionalismo, né? Henrique acenou para Eduardo, tentando não ficar encarando. O mediador já estava na sala, mas só ia começar quando todo mundo chegasse.

Enquanto pegava os arquivos e o bloco de notas, Henrique esqueceu do desenho do Kiko. Ele escapou um pouco debaixo do bloco, o bastante para ficar visível pros dois advogados. Eduardo deu uma espiada curiosa no desenho antes de voltar pro celular. — Com licença, a Sra. Foster, mas meu cliente teve um imprevisto e não vai poder vir.

Fui autorizado a aceitar certas condições em nome dele, se todos quiserem seguir em frente, mas entendemos perfeitamente se preferirem esperar.

Ele disfarçava bem o desconforto, mas um cliente faltar à mediação não era lá muito comum. — Ele quer que a gente espere ou não vai dar mesmo? — perguntou a Sra. Foster, enquanto Henrique rabiscava algo no bloco para Jeremy dar uma olhada. — Parece que ele foi chamado pra Flórida por um assunto de negócios urgente, que não dava pra passar pra outra pessoa — explicou Eduardo, entregando uma folha com a assinatura de Castro. — Aqui tá o que meu cliente está disposto a ceder por agora.

A Sra. Foster deu uma lida rápida, assentiu e passou a folha para Henrique. Jeremy se inclinou para dar uma espiada. As concessões eram quase nada. A lista basicamente mandava a Table of Five cumprir o contrato ou pagar a multa, mas Castro parecia aberto a considerar “alternativas que chegassem ao mesmo objetivo”.

Henrique segurou o riso, apertando os lábios. — Dadas as circunstâncias, até podemos dar uma chance pra ver que outros… projetos… ele tá disposto a trazer — disse Henrique, passando a folha pros outros. — Mas, se meus clientes forem seguir com o contrato, uma condição séria botar uma cláusula proibindo linguagem ofensiva contra qualquer uma das partes, seja por ele ou sobre ele.

Seu cliente topa? Eduardo ficou visivelmente desconfortável por um segundo. — Eu precisaria falar com ele quando voltar da viagem. Mas isso não tá coberto pelas regras básicas de respeito? — perguntou, olhando pro mediador para confirmar. — Eu diria que sim — respondeu a Sra. Foster. — Claro, mas a gente concorda que chamar um colaborador de “bicha” vai contra essas regras, né? — retrucou Henrique, lançando um olhar afiado pra Eduardo por cima dos óculos de leitura. — Meu cliente fez um pedido de desculpas completo, sincero e público por esse deslize — disse Eduardo, ajeitando os óculos com cuidado.

— Assim como, imagino, o Dr. Oliverira se arrependeu do surto dele, incluindo a ameaça de violência contra meu cliente, não é? Nisso, o celular de Eduardo vibrou com um alerta silencioso, ao mesmo tempo que Gustavo recebeu uma notificação: Caíque Castro tinha soltado um vídeo.

— Bom — disse a Sra. Foster, observando os dois —, acho que esse é o máximo que vamos conseguir hoje. — Sr. Ventura, espero que seu cliente esteja na próxima sessão e que os dois lados venham com mais vontade de conversar com calma pra fechar isso de um jeito que seja bom pra todo mundo.

Eduardo assentiu na hora e estendeu a mão por cima da mesa para Henrique, um gesto que, dizem, ele faz de má vontade. Henrique apertou a mão dele e voltou a sentar. A Sra. Foster saiu primeiro, seguida por Eduardo, que já pegava o celular na pasta enquanto passava pela porta.

Assim que eles saíram, Carla abriu o vídeo e botou pra tocar alto. Henrique ficou parado, ouvindo o cliente de Eduardo mandar indiretas bem diretas sobre os colaboradores que estavam “fugindo” dos negócios.

Não quis ver a cara do cara no vídeo — só ia ficar mais puto. Caíque Castro não foi explícito, mostrando que pelo menos aprendia com os erros, mas o recado era claro: estava frustrado com a Table of Five. Falou que se sentia de mãos atadas pelo sistema judicial e que os responsáveis estavam enrolando de propósito, sabendo que a demora estava custando caro pra ele. Henrique deu uma risada.

Sabia que, no momento, o único bolso que Castro estava esvaziando era o do Eduardo, com os honorários de advogado. Mas não falou nada. Os outros também ficaram na deles, até Jeremy comentar sobre o lugar onde o vídeo foi gravado: um point de direita na Flórida, com uma legião de fãs em torno do dono.

Era uma jogada óbvia — todo mundo sabia o tipo de gente que seguia aquele cara. Quando Carla desligou o vídeo, olhou para Henrique. — Então, ele jogou a gente na mira. Henrique assentiu. — O recado é claro: faça o que ele quer, ou ele vai seguir nessa. O pior é que não é bem mentira, então nem dá pra pegar ele por difamação, mesmo que isso faça os seguidores dele caírem matando em cima do negócio.

— É bom se preparar para uma onda de avaliações negativas — disse Jeremy. — Dá pra desativar as avaliações no Facebook por um tempo, mas no Google e no Yelp vamos ter que responder — falou Carla, olhando pro Jimmy. — Quer que alguém te dê uma força com isso? — Aceito qualquer ajuda — disse Jimmy. — E a gente devia se antecipar a essa má fama, soltar um comunicado sobre as negociações, essas coisas. Eu digo que é melhor jogar sujo e fazer ele passar por idiota.

— O melhor é deixar claro que é uma questão contratual e que a gente tá só tentando achar uma solução — cortou Henrique. — Chama de burocracia e diferenças criativas.

Mostra que os dois lados tão só querendo defender seus interesses nessa parceria. — Valeu, Henrique — disse Jeremy, enquanto Henrique dava um abraço em cada um.

A galera saiu da sala, e Henrique se jogou na cadeira pra guardar as coisas na pasta. Encostou a testa na mesa de mogno, sentindo uma dor de cabeça apontando. Não estava a fim de lidar com isso.

Enquanto matutava, ouviu uma batida leve na porta. Ela se abriu, e Eduardo entrou. — Esqueci meu arquivo — disse, pegando uma pasta de papel pardo na mesa e apertando contra o peito. Hesitou um instante. — Só por curiosidade, quem são as pessoas no desenho? Henrique olhou pra ele, meio perdido, até cair a ficha.

Deu uma risada. — Meu caçula, Kiko, adora desenhar. Aí tem eu, os tios e tias deles, e o Kiko disse que, como não sabia se tu era advogado bonzinho ou malvado, teve uma liberdadezinha artística com você. Eduardo soltou uma risada surpresa, um som agudo, bem diferente do barítono de sempre.

Mostrou os dentes perfeitos num sorriso que iluminava antes de dar as costas e sumir pela porta. Henrique sorriu pro vazio, olhando pro desenho. Quem diria que um dos filhos ia trazer um pouco de leveza para um rolo daqueles. De volta ao escritório, Henrique passou o dia brigando com a dor de cabeça e tocando outros casos.

Vitor topou ficar de olho em qualquer comentário pesado sobre a Table of Five na internet e avisar se visse algo antes de Henrique ir pra casa. Ele foi pro treino de natação do Félix, como fazia quando a temporada começava.

Jeremy também estava lá, porque Félix o convenceu a ajudar a treinar o time. Jeremy tinha sido fera na natação e no futebol, e ainda jogava em umas ligas adultas de futebol. Depois do treino, Henrique ajudou Félix com a lição de matemática e ciências, já limpo do banho. As crianças deram uma mão no jantar, enquanto Olivia saía com uns amigos. Olivia, prima da Kat, morava com eles desde que Kat adoeceu.

Era uma mulher incrível. Quando as crianças capotaram, Henrique tomou um remédio para dor de cabeça e caiu na cama. Acordou de novo lá pelas quatro da manhã, zonzo com o sonho que tinha invadido a cabeça.

Fazia tempo que não tinha um sonho quente, e mais tempo ainda que não era com a Kat. Sentiu uma pontada de culpa ao se sentar, tentando conciliar o Henrique viúvo, que jurava nunca seguir em frente, com o Henrique que agora tava caidinho por alguém — e essa queda só parecia crescer.

Henrique tinha acabado de sair do banho, querendo se limpar e tocar uma pra relaxar e dormir, quando o celular começou a berrar. Eram só quatro e meia, e ele ficou de cara ao ver o nome do Jeremy na tela. — Jeremy, tu tem ideia de que horas são? — perguntou Henrique, atendendo. Jeremy deu um suspiro do outro lado. — Sei, sim. Olha, pode me encontrar na loja da East Side? E, não, isso não pode esperar um horário decente. Tinha um tom na voz do Jeremy que fez Henrique ligar o alerta. Era aquela tensão contida, que ele só usava quando a coisa era séria.

Henrique lembrava daquele jeito de quando o Jasper mandou Jeremy pro pronto-socorro pela segunda vez, e depois quando os pais do Gustavo atacaram ele, e também quando Gustavo caiu doente no hospital. — Tá, me dá uns trinta minutos — disse Henrique. — Tamo aqui — respondeu Jeremy, e desligou.

Henrique correu pro outro lado da casa para avisar a Olívia que ia sair, botou uma roupa e foi pro carro, direto pra loja da Table of Five na East Side de Manhattan. Era uma das lojas mais chiques da empresa, com as criações mais top da Carla.

Também era uma das mais lotadas, ainda mais em junho, por causa da Parada do Orgulho. Quando encostou na rua da loja, o coração deu um aperto.

Tinha luzes de viatura piscando e até um caminhão de bombeiro. Henrique achou um canto pra estacionar, pulou do carro e correu até onde a fita policial estava esticada. Não tinha muita gente por causa do horário, mas alguns curiosos estavam por ali. Só depois de mostrar quem era pros policiais que ele chegou mais perto.

Jeremy tava com os outros donos, e até o Carter Fagundes, noivo do Gustavo, estava lá, abraçando um Gustavo visivelmente abalado. Henrique ouvia Gustavo pedindo desculpas sem parar enquanto se aproximava. Jeremy virou e viu que o irmão tinha chegado. A vitrine da loja estava em pedaços, com fumaça saindo pela frente.

Tudo molhado por causa das mangueiras dos bombeiros, e Henrique viu as paredes de tijolo ao redor da loja pichadas com palavras como “BICHA” e “QUEBRADORES DE PROMESSA”. — Que porra é essa? — perguntou Henrique. Jeremy balançou a cabeça. — Pelo que a gente tá juntando, duas pessoas vieram pra frente da loja.

Enquanto uma pichava, a outra jogou um tijolo e depois uma coisa em chamas, com algum acelerador, pra dentro da vitrine. A polícia está olhando as câmeras agora, mas as mercadorias da frente da loja foram pro saco.

O resto pode tá estragado por fumaça e água. Só vamos saber quando puderem entrar. — Tô acompanhando os comentários no vídeo do Castro — disse Carla, a voz tremendo de emoção. — Tanta gente pedindo revanche — disse Carla, a voz pesada. — A culpa é toda minha — murmurou Gustavo, com a cabeça enfiada no ombro do Carter.

Henrique viu Carter apertar o abraço na noiva. — Não, a briga inicial foi meio culpa tua, mas isso aí é tudo culpa dele — retrucou Jeremy. — Isso é incitação à violência, mesmo que seja osso provar no tribunal.

Henrique tirava fotos do estrago que dava pra ver dali, com a fumaça ainda saindo pela vitrine. Os outros tentavam acalmar Gustavo.

Ele tinha melhorado muito com a terapia, mas Henrique sabia que isso podia bagunçar a cabeça dele de novo. Concordava com Jeremy: Gustavo teve sua parte na confusão que levou ao tribunal, mas isso não era culpa dele. — Tu vai contar pro Ventura? — perguntou Jeremy. — Vou ter que contar — respondeu Henrique.

Carla guardou o celular e olhou pra ele. — Acho que a gente devia tirar as crianças daqui, levar pra um lugar mais seguro. E se forem atrás das nossas casas agora? Não é difícil achar onde a gente mora, tá tudo na internet. — As escolas das crianças também não são segredo — disse Henrique, mantendo a calma.

Ele já tinha lidado com repórteres xeretando os filhos na escola, principalmente depois que Kat morreu. Quase processou os jornais por assédio naquela época. Ele entendia o medo da Carla. Fãs não pensam direito. Bastava um maluco pra colocar todas as crianças em risco. Gustavo e Carter, que não tinham filhos, estavam pensando em adotar, mas eram os únicos sem essa preocupação. — Tentem achar um Airbnb agora, mesmo que tenham que dividir — sugeriu Henrique. — Me avisem onde vão ficar. — E tu, vai mandar as crianças? — perguntou Jeremy. — Vou falar com a Olivia e ver o que ela acha — disse Henrique.

— Pode ser que não sejam alvos, mas se ela achar melhor levar eles pra lá, é o que vamos fazer. Só lá pelas oito da manhã conseguiram entrar na loja.

A fumaça tinha baixado, e o lugar estava liberado. Henrique tirou fotos do interior, embora soubesse que a polícia já tinha os deles. Entraram só para avaliar o prejuízo, pra passar pro seguro. As únicas coisas que sobraram eram as que a fumaça e a água não pegaram.

A maioria das roupas estava destruída, e boa parte da linha Pride, que ficava na entrada, virou cinzas. Jeremy trocou uma ideia com o chefe dos bombeiros, e aí saíram do prédio, tomando cuidado para não mexer em nada.

A dor de cabeça pulsava de novo, e Henrique tava morto de cansaço, mas, depois de se despedir da galera, voltou pro carro e pisou fundo até o escritório da Byron & Baldwin. Nem se deu ao trabalho de trocar a calça jeans e o suéter preto que jogou no corpo para encontrar Jeremy às cinco da matina. Entrou no escritório e passou direto pela secretária, perguntando se Eduardo Ventura estava por ali.

— Tem hora marcada? — quis saber a morena bonita atrás do balcão. — Não, mas se puder avisar que Henrique Nogueira tá aqui e que é muito importante falar com ele, eu agradeço.

Tô esperando — disse Henrique, antes de se jogar numa das cadeiras. Ela assentiu rapidinho e pegou o telefone. Henrique não ouviu o outro lado, mas ela falou: — Sr. Ventura? Sei que o senhor tem reuniões hoje, mas o Sr. Henrique Nogueira tá aqui pra te ver. Diz que é importante. — Escutou por um segundo e respondeu: — Claro, Sr. Ventura, agora mesmo. — Desligou e apontou para um escritório pequeno, usado para receber clientes com privacidade, oferecendo um café.

— Café seria uma bênção, valeu — disse Henrique. Ela saiu voando e voltou num piscar de olhos com um café quente, bem doce, com um toque de creme. Henrique pegou, sentou numa das cadeiras e deu uns goles, deixando a cafeína fazer efeito enquanto esperava Eduardo. Ele apareceu quando a xícara tava pela metade, pedindo desculpas pela demora. Henrique só acenou com a cabeça, tentando reunir energia para conversar.

Eduardo se ajeitou na cadeira, com uma xícara de chá na mão, esperando com calma. Tinha um bloco de notas na mesa ao lado, e ele rabiscava umas coisas sem compromisso num canto da página. Henrique puxou o celular, desbloqueou e abriu a galeria de fotos. Mostrou a primeira imagem, deslizando o aparelho para Eduardo ver com os próprios olhos, em vez de só explicar. Eduardo folheou as fotos com atenção, erguendo a sobrancelha de leve.

Quando terminou, devolveu o celular e ajeitou os óculos com cuidado. Henrique ficou de olho nele, pensando em quantas vezes já tinha visto Eduardo mexer nos óculos naquela confusão toda. — Tu faz isso toda hora, quando rola algo… desagradável. — Será? — perguntou Eduardo, pegando o bloco e continuando os rabiscos. — Imagino que seus clientes achem que esse… lamentável… incidente tem a ver com meu cliente e o processo? — É o que faz mais sentido, sim — respondeu Henrique, segurando a irritação.

— Às vezes, a explicação mais simples é a certa. Navalha de Occam, mas aposto que tu sabe. É coincidência demais, com o vídeo dele ontem e agora isso. Ou tá dizendo que não tem nada a ver? — O peso da prova tá com a polícia e o promotor — disse Eduardo, largando o bloco de notas e dando um gole no chá.

— Não vou chutar nenhuma ligação, que processos por difamação pegam pesado, mas sei que tu é o mais centrado dos teus clientes. Se serve de algo, eu sinto pelo que rolou. Vou ter uma reunião com o Castro hoje para garantir que ele libere a agenda pro futuro. Henrique encarou Eduardo por um segundo.

Era o papo clássico de advogado, mas algo ali o incomodava. Talvez porque não era só sobre clientes, era sobre família. Ou talvez por causa da bagunça de sentimentos que aquele cara na frente dele estava causando.

Em vez de falar, Henrique só acenou, mostrando que tinha sacado as entrelinhas. Engoliu o resto do café, jogou a caneca na mesa e se levantou, pegando o celular. Foi aí que reparou no que Eduardo estava rabiscando.

De um monte de traços soltos, virou um esboço foda do rosto do Henrique, captando direitinho a raiva justificada. Mas… era uma auréola na cabeça dele? Henrique ainda estava tentando entender quando percebeu que Eduardo já estava levando pra fora do escritório. No aperto de mão, no cantinho da porta, Eduardo passou algo pela palma dele. Henrique não reagiu, só virou, saiu e foi pro carro.

Só olhou o que era quando já estava sentado, tentando botar a cabeça no lugar. Era um cartão SD. Ele franziu a testa, guardou no bolso e dirigiu pra casa, ligando pro Vitor no caminho.

Chegando, foi pro escritório em casa e sentou na frente do computador pra tentar entender o que Eduardo tinha dado. Tava lotado de arquivos, mas todos criptografados. Ia levar um tempo pra decifrar. Por sorte, não tinha tribunal naquele dia, então podia resolver tudo de casa.

Passou o dia no telefone ou mexendo no cartão, dando uns toques finais em documentos no laptop quando dava. Eduardo ligou lá pelas quatro da tarde, perguntando se ele topava umas asas de frango. Henrique deu uma olhada na agenda, confirmando que as crianças não tinham nada de esportes ou apresentações, e topou.

Eduardo sugeriu o mesmo bar onde se trombaram um mês antes e desligou. Quando Olivia chegou com as crianças, Henrique explicou o rolo. Ela achou que levar as crianças pro Airbnb era uma boa, pra ficarem num lugar mais seguro.

Olivia arrumou as coisas das crianças no carro enquanto Henrique dizia que as encontraria no Airbnb depois de resolver o lance das asas. — Isso é um encontro? — perguntou Félix, direto como sempre. — É… — Henrique hesitou. Era mesmo? Nem ele sabia. — Só uns advogados. Um bando de velho chato, lembra? Felix assentiu, como se tivesse comprado a ideia. Já Kiko tinha uma opinião bem formada sobre a roupa, dependendo se era encontro ou papo de advogado. Para negócios, terno era o caminho.

Mas, se fosse encontro, Kiko jurava que a calça jeans preta, as botas e o suéter azul-marinho que a mãe tinha dado anos atrás eram perfeitos. Henrique nem perdeu tempo perguntando como Kiko sabia o que ele devia usar num encontro.

Só abraçou as crianças, deixou Olivia levá-las pro Airbnb com os primos e subiu pro quarto pra trocar de roupa. Depois de pensar um pouco, resolveu seguir o conselho do Kiko. A roupa de “encontro” podia servir para dois advogados que, quem sabe, queriam virar amigos. Parou na gaveta das joias e pegou o colar circular que nunca tirava.

Quase sem pensar, pegou a aliança, pronto para botar no dedo, mas parou.

Ficou olhando o anel, girando ele na mão, o peito apertado. Com um suspiro, guardou a aliança e fechou a gaveta, saindo do quarto para chamar um Lyft até o bar. Chegando, Eduardo tava numa mesa, entre uma jarra vazia e uma cheia de cerveja preta, a preferida dele. Parecia aguentar bem o trago, mas tava levemente alto. Mesmo assim, levantou com classe e ofereceu um aperto de mão.

Henrique apertou, e os dois sentaram. Henrique se serviu de um copo, e, quando a garçonete veio, pediram a comida. Enquanto esperavam, Eduardo deu um tapinha no ombro de Henrique e soltou: — Parabéns, cara. Não nos enfrentamos no tribunal, mas tô oficialmente fora do caso Castro. E, olha, posso até ficar sem emprego.

Henrique quase engasgou com a cerveja, encarando Eduardo, sem acreditar. — Como assim? Tu é um dos melhores advogados de Nova York. Por que te tirariam do caso, ainda mais te mandar embora?

— Castro se reuniu com os sócios sem eu saber. Quando descobri, meti o pé na porta. Eles me chamaram no escritório, fecharam a porta e mandaram a real — disse Eduardo, com um bico que, pra ser honesto, não caía bem nele, mas que Henrique achou meio fofo. — Parece que elogiaram minhas habilidades, mas aí Castro jogou na cara deles minha sexualidade e minha… identidade. Disse que eu era um risco pro caso porque, abre aspas, “ia mostrar minha verdadeira cara uma hora”.

— Quando os sócios me encurralaram, não teve jeito, tive que abrir o jogo. Mas deixei claro que nem minha orientação, nem as circunstâncias do meu nascimento tinham a ver com minha ética no trampo. Aí eles sugeriram que eu tirasse uma licença por tempo indeterminado — continuou Eduardo.

Henrique ficou sem palavras por um instante. Eduardo estava sendo meio evasivo, mas dava pra pescar nas entrelinhas, ainda mais depois das longas conversas que Henrique teve com Jeremy e Kiko ao longo dos anos.

— Então o cara te dedurou pra firma, e tu que tá levando a pior? — Exato. Parece que os sócios ficaram putos porque eu escondi um “segredo tão grande” por tanto tempo. Falei que minha identidade não tem nada a ver com meu trabalho e que, além disso, é informação protegida.

O climão que rolou fez eles sugerirem essa licença até o caso se resolver — disse Eduardo, antes de dar um gole na cerveja. Henrique encarou o próprio corpo, vendo a espuma grudar na borda. — Foi exatamente por isso que eu e o Martins pulamos fora do escritório onde a gente estava antes.

Levamos um esporro para pegar o caso do meu irmão. Parte porque, né, “não se trabalha com família”, mas também porque achavam que esse tipo de caso dava má fama. Aí mandamos um “foda-se” e pedimos as contas assim que o caso acabou. Tentamos outros escritórios antes de abrir o nosso.

Mano, sinto muito que tão fazendo isso contigo. É uma sacanagem sem tamanho. — Já quebrou a criptografia? — perguntou Eduardo, mudando de assunto do nada, enquanto esvaziava o copo e enchia de novo com a jarra. — Ainda não — admitiu Henrique. — Tô na luta para descobrir a senha.

— Olha, não tenho ideia de onde tu arrumou isso, sacou? Não pode ter nenhum link com minha firma ou comigo, de jeito nenhum. Mas não vou deixar minha fama de profissional ir pro ralo por… uma paixão ou por ser chutado de um caso — disse Eduardo, pegando com animação a cesta de asas que a garçonete trouxe.

Henrique notou o escorregão na palavra “paixão”, mas viu que Eduardo não queria seguir por aí. Sorriu pra garçonete, agradeceu e virou pra ele. — Jamais faria algo que te ferrasse, Eduardo. — Eu sei, Nogueira. De verdade — disse Eduardo, mexendo nas asas. Henrique reparou que ele curtia um tempero seco e era todo meticuloso com a gordura nos dedos e no queixo, mesmo depois de umas cervejas.

Henrique era menos fresco com isso, embora comece com cuidado. Anos indo a jantares e eventos políticos o fizeram criar manias que provavelmente nunca largaria. As crianças também tinham aprendido umas regrinhas para essas ocasiões, mas ele gostava de deixar elas serem crianças. No fundo, jogava a culpa no jeito perfeccionista que herdou da criação. Enquanto comiam, Henrique se pegou pensando se manter Eduardo à distância, usando só o sobrenome, tornaria as coisas mais fáceis.Henrique ficou puto com a própria frustração, franzindo a testa por um instante enquanto pensava nisso.

Quando terminaram de comer, Eduardo mandou ver na cerveja preta e pediu outra jarra. — Tá, talvez essa seja a última, Ventura — disse Henrique, com um toque de preocupação. Eduardo o encarou.

— Tá achando que não aguentou o trago, Conselheiro? — Não, tô preocupado que tu tá querendo se entupir de álcool — retrucou Henrique. Eduardo pareceu ponderar, olhando com curiosidade as jarras na mesa.

— Humpf — resmungou. — Essa garçonete é um desastre para limpar a bagunça. Mas saquei. Hora de dar um pulo no banheiro. — Levantou de supetão, cambaleando um pouco, mas foi com cuidado até o banheiro.

Henrique suspirou, jogou dinheiro na mesa para cobrir a conta e foi atrás, para garantir que Eduardo não se esborrachasse ou acabasse em algum canto que não devia. Quando o alcançou, segurou o cara, passando um braço pela cintura dele pra ajudar.

Eduardo deu uma olhada curiosa, mas aceitou o apoio até chegar na porta do banheiro. Ali, se soltou, pediu desculpas e disse que dava conta sozinho.

Henrique não insistiu e encostou na parede do lado de fora, esperando. Às vezes, ele queria muito poder conversar com Kat. Não só porque sentia saudade da esposa, mas porque ela sempre tinha os melhores conselhos e, acima de tudo, era sua melhor amiga. Fazer amigos no ensino médio e na faculdade foi osso, com tanta competição.

Vitor foi dos primeiros de verdade, porque não ligava pra ser o “melhor”, só queria se dar bem. Mas, num momento como aquele, ele precisava do apoio e da sabedoria da Kat. Queria que a melhor amiga mandasse um sinal do além, mesmo sendo impossível.

Ela saberia o que fazer — sobre o caso, o vandalismo, se ele devia abrir o jogo com Eduardo sobre o que sentia, ou se era melhor garantir que Eduardo não saísse dali direto pra comprar mais cerveja ou algo mais pesado.

A porta abriu enquanto ele pensava nisso. Eduardo, com a barba meio molhada, mas parecendo mais sóbrio, abriu um sorrisão e cruzou a porta com confiança — até tropeçar na soleira quase invisível e cair nos braços de Henrique. Debateu-se um pouco, se afastou, o rosto pegando fogo.

— Tá de boa? — perguntou Henrique, num tom baixo. — Tô, sim — disse Eduardo. — Tropecei naquele maldito… — apontou pra soleira minúscula. Se recompôs e encarou Henrique nos olhos.

— Tô bêbado demais pra perguntar se posso te beijar? — Depende — respondeu Henrique. — Tu vai se arrepender amanhã se fizer isso? — Não, mas vou me arrepender da bebedeira amanhã se ela só me deu coragem pra te contar coisas que não são recíprocas — disse Eduardo, com as palavras saindo claras. Henrique pensou por um segundo. — É recíproco, sim — respondeu, se aproximando para dar um beijo leve nos lábios dele.

Eduardo se entregou, só parando com um suspiro quando ficou sem fôlego. — Tem uma coisa que eu preciso te contar — disse Eduardo, traçando o dedo no peito de Henrique. — Fala — pediu Henrique. — Vamos pegar um táxi, te conto no caminho — respondeu Eduardo, dando outro beijo, agora com um toque de língua.

Henrique sorriu quando o beijo acabou, pegou a mão dele e levou os dois para fora. Não demorou pra entrar num táxi e passarem o endereço da casa de Henrique — ele tinha um café bom e achou que lá podia ajudar Eduardo a ficar menos alto. No caminho, se beijaram mais, tão grudados que esqueceram que Eduardo ia contar algo.

Só voltaram pro mundo real quando o taxista avisou que chegaram. Eduardo pagou, deixou uma gorjeta generosa, e eles caminharam de mãos dadas até a casa. Na porta, Eduardo beijou Henrique de novo enquanto ele tentava pescar as chaves, as mãos dele passeando pela bunda de Henrique de um jeito que não ajudava nada.

Henrique acabou rindo e parando o beijo para abrir a porta, levando Eduardo pra cozinha pra fazer um café. Enquanto o café passava, voltaram pros beijos, com Henrique prensando Eduardo contra o balcão. As mãos de Henrique exploraram o corpo dele, até pararem na bunda, puxando Eduardo mais para si.

Quando tomaram fôlego, Eduardo o empurrou com suavidade, meio relutante. — Quase esqueci — disse ele. — Tenho que te contar uma coisa antes de irmos além. — Hesitou, claramente sem graça. — Olha, desde que não seja uma esposa secreta ou uma seita, manda a real — disse Henrique. — Não sou de julgar. — Eu… sou trans — soltou Eduardo, rápido.

— Nunca fiz cirurgia porque meu peito já era pequeno, e com exercícios e hormônios virou peitoral. Também não fiz nada na parte de baixo. As peças se encaixaram na cabeça de Henrique, agora que não precisava mais ler nas entrelinhas.

— Então era essa a identidade que tu mencionou. Bom, não sei o quanto tu sabe de mim, mas, embora eu tenha sido casado com uma mulher, sou bissexual. Tua identidade de gênero ou o que tu tem aí embaixo não muda o fato de que tô a fim de você. — Espero que eu seja legal com pessoas trans, já que o Kiko vem falando há anos que não é menino e, faz pouco tempo, disse que também não é menina. Perguntou se estava tudo bem, e eu disse que sim.

Eduardo deu um sorrisinho de canto. — Vou pegar sua Medalha de Inclusão enquanto tu faz o café da manhã. — Beijou Henrique de novo, agora com mais jeito. Quando se separaram, Henrique parou por um instante. — Pensando bem, também tenho que te contar uma coisa.

Não fiquei com ninguém, nem sexo, nem romance, desde que minha esposa morreu. E, na real, depois que ela ficou muito doente, a gente também não transou, então faz uns seis anos que não rola nada. Eduardo, já sóbrio — o cara devia ter um metabolismo ninja —, inclinou a cabeça, pensativo. — Tu prefere não… hoje? Eu também não tô com ninguém faz um tempo, mas posso respeitar teu luto.

— A Kat me obrigou a fazer terapia de luto antes de morrer, logo depois de dizer que queria ir pra um estado onde pudesse partir em paz — contou Henrique. — Acho que eu… sei lá, talvez achasse que ninguém ia chegar aos pés do que eu sentia antes. Nunca senti nada por outra pessoa.

Quer dizer, até agora. E… acho que nem tenho camisinha. Eduardo sorriu. — Safado, querendo gozar num cara logo no primeiro encontro? — Riu e puxou umas camisinhas do bolso. — Relaxa, eu te cubro, grandão.

— Então era um encontro — brincou Henrique. — Agora posso responder pro Felix. Tu era escoteiro? Sempre tão preparado. — Nunca entrei pra nenhuma organização paramilitar, nem pro clubinho cristão — disse Eduardo, como se tivesse ensaiado.

— Sou só um devasso que sabe o que quer e pensa no futuro. Henrique ligou o aquecedor da cafeteira para manter o café quente e pegou a mão de Eduardo. — Beleza, isso eu tiro de letra. Levou Eduardo por um corredor até o quarto.

Não era o que dividia com Kat. O antigo quarto principal, no andar de cima, virou biblioteca. Henrique não conseguia dormir lá depois que ela se foi, então reformou dois quartos no térreo, com ajuda do irmão para escolher os móveis. As paredes eram pintadas de um tom água, pra acalmar, e a cama king size tinha um edredom azul-escuro com uma colcha combinando tons de azul-marinho e água.

Os móveis eram de madeira cor cerejeira, e tinha umas fotos das crianças e da família, mas nada que roubasse a cena do quarto. Do lado do quarto, umas portas duplas levavam a um banheiro privativo. Eduardo deu uma espiada e viu uma banheira enorme com jatos e um chuveiro tão grande quanto.

— Meu Deus, que banheira… gigante tu tem! — brincou Eduardo, passando a mão pela virilha da calça jeans de Henrique, bem provocador. — Só de pensar em entrar nela, já tô molhado… Henrique deu uma risada rouca, mas logo soltou um gemido.

Tava duro pra caramba e começava a se arrepender do jeans, que agora apertava tudo. Deslizou as mãos por baixo da camisa de Eduardo, sentindo a pele quente, e ajudou a tirar a peça. Depois, arrancou a própria camisa.

Eduardo foi direto para as calças de Henrique, libertando o pau que já estava pedindo socorro. Olhou com uma cara de fome, os olhos arregalados. — Um cara durão é difícil de achar — disse, fechando a mão com cuidado no pau de Henrique. Sentia o pulsar da veia grossa.

Empurrou Henrique de costas na cama, tirou o jeans, deixando a cueca de seda no lugar. Jogou a calça no chão e passou as mãos pelas pernas fortes de Henrique, parando na borda da cueca. Lambeu o pau por cima do tecido, da base até a ponta, a seda macia na língua, até chegar na abertura e provar a pele nua.

Henrique soltou um palavrão baixinho e gemeu, curtindo a língua de Eduardo. Já tava pingando pré-sêmen de tão ligado. Eduardo puxou o pau pela abertura da cueca e chupou a cabeça com calma, antes de engolir tudo, mostrando que reflexo de engasgo não era com ele. Henrique gemeu, adorando, e deixou a mão na nuca de Eduardo.

Deixou ele mandar ver até sentir que estava quase na borda. Não era mais garotão e não sabia se ia aguentar outra rodada. Puxou Eduardo para cima e o beijou com vontade, antes de virar os dois, deixando Eduardo por baixo. Beijou o corpo de Eduardo, começando pela orelha e pescoço, demorando nos mamilos para provocar, antes de descer.

Abriu a calça de Eduardo, puxou ela com a cueca e jogou tudo no chão. Eduardo não estava depilado e parecia meio sem graça, mas não mentiu sobre estar molhado. O clitóris, mais inchado por causa da testosterona, lembrava um pau bem pequeno. Henrique não ligou pros pelos e mostrou isso lambendo a umidade entre os lábios de Eduardo, antes de subir para chupar o clitóris durinho.

Henrique nunca tinha ficado com um cara trans antes, mas Eduardo logo sacou que ele não só mandava bem no oral, como curtia pra caramba. As mãos de Eduardo se enfiaram nos cabelos de Henrique, puxando de leve. Ele olhou para baixo, cruzando o olhar com Henrique, como quem pede permissão.

Henrique assentiu, sem parar o que estava fazendo. Eduardo apertou mais os dedos, fechando o punho, e puxou a cabeça de Henrique para baixo, levantando os quadris e se esfregando na cara dele.

Não era de falar muito na cama, mas não se segurou: — Mmmmm, chupa esse pau, Conselheiro! Henrique gemeu, vibrando contra Eduardo, louco pelo toque mais bruto. Depois, ele ia rir das palavras, mas ali era só tesão puro. Animado com a empolgação de Henrique, Eduardo jogou a cabeça para trás e soltou um gemido baixo, quase um ronronar de prazer.

Baixou os quadris e puxou os cabelos de Henrique com firmeza, mas suave, trazendo ele para cima para um beijo. Soltou os cabelos, mas a vontade tava na cara enquanto beijava com fogo, mordendo de leve o lábio inferior de Henrique e chupando ele para dentro da boca. Eduardo se afastou e encarou Henrique.

— Tá na hora de usar uma dessas camisinhas, grandão. Bota essa coisa, quero te foder. Henrique deu um sorrisinho, tirou a cueca e pegou as camisinhas. Abriu uma e desenrolou no pau duro.

Se ajeitou entre as pernas de Eduardo, beijando ele enquanto se alinhava e metia devagar. Eduardo gemeu, depois riu, olhando Henrique com um sorriso safado. — Engraçadinho, hein — disse, envolvendo Henrique com as pernas e se impulsionando para virar os dois, ficando por cima.

— Eu disse que ia te foder. Colocou as mãos no peito peludo de Henrique para se apoiar e se esfregou com força no osso púbico dele. Tinha esquecido como era ser penetrado assim e não contava com o quanto seu clitóris ia ficar sensível. Esfregar contra Henrique era um prazer absurdo, tanto que ele teve que dar uma segurada.

Eduardo apoiou os pés no colchão e se levantou um pouco, dando pra Henrique uma visão foda do pau dele, grosso, sendo engolido pela vulva de Eduardo, com o clitóris durinho bem à mostra. Henrique gemia baixo, agarrando os quadris de Eduardo.

Fazia tanto tempo que não metia em alguém que agradeceu a camisinha, porque tava bom demais e ele não queria passar vergonha gozando rápido. Por fim, começou a se mexer para cima, acompanhando o ritmo de Eduardo, indo mais fundo ainda. Eduardo gemeu, deixando Henrique mandar por um tempo, curtindo a sensação de largar o controle. Encarou Henrique e perguntou:

— Tu quer mudar ou tá quase lá? — perguntou Eduardo. — A gente pode trocar — disse Henrique, deixando Eduardo sair de cima. Eduardo sentiu o pau duro de Henrique escapar com um leve arrependimento, mas queria mesmo ser comido por trás agora.

Se ajoelhou, apoiou os cotovelos e olhou por cima do ombro com um sorrisinho safado. — Vem, garanhão. Mete sério no papai — provocou Eduardo. Henrique não precisou de segundo convite. Se ajeitou atrás de Eduardo e meteu de novo, segurando firme os quadris dele. Logo pegou um ritmo rápido e forte, dando exatamente o que Eduardo pedia.

Se inclinou para esfregar o clitóris durinho de Eduardo, mandando uma onda de prazer pelo corpo dele. Eduardo gemeu, arqueando as costas e se apoiando nas mãos, curtindo como aquela posição pegava um ponto sensível perto do colo do útero.

Quando Henrique achou o tal ponto, caprichou para acertar ele direitinho. Em poucos segundos, as paredes da vagina de Eduardo começaram a pulsar ritmicamente em volta do pau de Henrique.

O orgasmo veio forte, e isso levou Henrique junto. Eduardo não tinha transado com ninguém desde que começou os hormônios, e as poucas vezes antes disso não foram lá grandes coisas.

No ensino médio, achava que era lésbica, mas, por algum motivo, continuava atraído mais por homens, mesmo depois de tentar um lance com uma garota. Eduardo se jogou para trás, ainda apertando o pau de Henrique, e se encostou nele, virando para roubar um beijo enquanto sentia Henrique gozar dentro.

O gemido de Henrique saiu abafado contra a boca de Eduardo, que passou os braços em volta dele, puxando-o pelo peito. Foi, de longe, o melhor orgasmo que Henrique teve em anos — a própria mão parecia uma piada agora. Pararam o beijo quando recuperaram o fôlego, e Henrique deixou Eduardo se esparramar na cama enquanto saía dele. Tirou a camisinha, deu um nó e jogou no lixo antes de deitar de lado, colado em Eduardo, com o braço em volta dele. Ficaram quietos por uns minutos, só curtindo a calmaria.

A cabeça de Henrique viajou, com uma pontada de culpa por ter gostado tanto de transar com alguém que não era Kat. Mas outro pensamento apertou o peito dele, dessa vez de preocupação. Por fim, pigarreou. — Espero que tu saiba que não sou do tipo que pega e larga.

Pelo menos, não hoje em dia. — Na faculdade e no comecinho da direito, eu era bem assim, mas acho que todo mundo tem uma fase mais solta nessa época… Eduardo cortou ele: — Shhh, relaxa, advogado.

Também não sou muito de sair pegando geral. Gostaria de namorar um pouco, já que não costumo transar logo de cara, ou no “encontro zero”, como foi esse, que na real era só pra te avisar que saí do caso. Provavelmente vão botar um dos sócios agora, mas os dois são advogados bem padrão, tu não vai ter dor de cabeça.

— Ele parou, mudando de assunto. — Desculpa, não quero falar de trampo. — Tô de boa — disse Henrique. — Entendo que tá foda pra ti agora. Mas não tava brincando sobre vagas melhores. A promotoria é super de boa com a comunidade LGBTQ+, e nosso escritório também tem vários assistentes e advogados da comunidade, inclusive eu, embora nunca tenha falado isso em público. Não parecia importar quando eu era casado…

— Ele mexeu distraidamente no colar no pescoço e resolveu ir pro ponto principal. — Acho que namorar é uma boa, primeiro porque quero te conhecer fora do modo profissional, e também porque tenho três filhos que já passaram por muita coisa. Quero ter certeza de que quem eu apresentar pra eles é alguém com quem eu pretenda ficar por um tempo. Eduardo assentiu, concordando com quase tudo.

Não ia largar o emprego a menos que a firma realmente ferrasse com ele, mas tava numa corda bamba. — Imagino que tu e os teus tenham levado as famílias para um canto seguro. Eu diria pra se juntar a eles, mas redirecionar as chamadas para um celular descartável, para não perder nada do tribunal. Tô aqui falando como se tu não soubesse o que fazer… — Eduardo parou, se recompondo.

— Desculpa, eu meio que me apego rápido — disse, rebolando a bunda contra o pau de Henrique, que ainda devia tá sensível. Henrique soltou um gemido baixo e beijou a nuca dele. — Tô de boa, eu também me apego. A gente falou de pegar um Airbnb no nosso nome, mas o descartável é uma boa ideia.

Meu irmão, Jeremy, toca uma ONG que ajuda a comunidade LGBTQ+ em situações de risco, com moradia, emergência, comida, saúde e mais. Ele usou a Fundação Silas para garantir o lugar onde a gente tá, então tá fora dos nossos nomes. As crianças já tão lá. Só preciso fazer uma mala e pegar umas coisas do trampo pra ir pra lá. — Henrique deu um sorrisinho.

— Mas não imaginava que tu tava preocupado com segurança hoje de manhã. — Tentei te avisar do jeito mais discreto possível — disse Eduardo, ficando vermelho. — Mas, haha, valeu pelo trocadilho.

— Sou pai há doze anos. Tô lotado de trocadilhos e piadas de pai — respondeu Henrique. — Hmm, será que tu ainda tá cheio de porra? — provocou Eduardo, fechando a mão no pau meio duro de Henrique enquanto se virava, cravando os olhos nos olhos azuis dele. Henrique deu um sorriso e, mesmo tendo gozado fazia pouco, sentiu que estava pronto para outra. — Bom garoto — ronronou Eduardo, cuspindo na mão e esfregando Henrique com a palma, bem de leve no pau, pra não fazer ele perder a linha cedo demais. Passaram o resto da noite na cama, explorando cada canto do corpo um do outro, até ficarem tão cansados que não dava mais pra continuar.

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Santiago P #Gay

Comentários (1)

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  • Eduarda: Conto gay é uma delícia, T/dudinharsk

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