Minha época no exército. Parte final.
Minha História com Pedro
A Noite que Mudou Tudo
Em menos de meia hora, tava na frente do prédio no Leblon, um daqueles com portaria toda espelhada e seguranças que te olham de cima a baixo. Toquei o interfone, e o Seu Carlos abriu a porta em segundos, como se tivesse esperando do lado de dentro.
— Boa noite, Gabriel! Valeu por vir, rapaz. Entra aí, fica à vontade — disse ele, com um sorriso meio forçado.
— Boa noite, Seu Carlos! — respondi, tentando soar tranquilo, mas com o coração na boca.
Entrei no apartamento, e a Dona Márcia, mãe do Pedro, tava lá, sentada no sofá de couro branco, com uma cara de quem não dormia há dias. Nem sinal do Pedro ou da Ana. O ambiente tava pesado, como se uma nuvem de tensão pairasse sobre a sala. O cheiro de incenso misturado com o café recém-passado dava um toque meio claustrofóbico. Sentei numa poltrona de veludo, tentando não parecer intimidado.
— Senta aí, Gabriel, por favor — pediu Seu Carlos, se acomodando ao lado da esposa.
— Brigado — falei, cruzando as pernas pra disfarçar o nervosismo.
— Acho que tu já sacou por que te chamei aqui, né? — ele foi direto, com aquele olhar de quem não tá pra brincadeira.
— Tô desconfiado, sim — respondi, mantendo a voz firme.
— Então, vamos ao que interessa. A gente tá por dentro de tudo. Sabemos que tu e o Pedro... bom, que vocês tavam juntos. Sabemos do teu vacilo, do rolo que deu, e da gravidez da Ana.
— É, a Ana tá grávida — confirmei, sentindo o estômago revirar.
— Exatamente, mô quirido — continuou ele. — Eu sou pai, Gabriel. Sempre soube que o Pedro e a Ana eram chegados, que rolou coisa entre eles na adolescência. Não vou ficar aqui de hipócrita, falando que isso é pecado ou sei lá o quê. É normal, acontece. Mas descobrir que o Pedro tava numa relação contigo? Isso, cara, nos pegou desprevenidos.
Foi aí que Dona Márcia abriu a boca pela primeira vez, com uma voz calma, mas afiada como faca:
— Gabriel, a gente sabe que o Pedro não é gay. Isso que vocês tiveram foi só uma aventura, uma curtição. Mas agora é hora de cair na real. Ele tem 22 anos, uma vida inteira pela frente, e engravidou a Ana. É uma tempestade que vem aí, não vai ser fácil. Quando a família toda souber, vai ter falatório, julgamento, gente apontando o dedo. Mas isso é problema nosso, da família. Não te diz respeito. A gente tá aqui pra falar da tua situação com o Pedro.
Eu respirei fundo, sentindo o sangue subir. Não ia deixar eles diminuírem o que vivi com o Pedro. Não era “aventura”. Era amor, caramba.
— Dona Márcia, com todo respeito, o que eu e o Pedro vivemos não foi curtição. A gente se ama. Sei que é duro pra vocês ouvirem isso, mas é a verdade. Passamos por muita coisa, e quando tava tudo se ajeitando, veio essa bomba da gravidez. Eu sei o que tá por vir, o que vocês vão enfrentar. Mas quero que saibam que não vou impedir o Pedro de ser pai. Nunca faria isso.
Seu Carlos me encarou, com aquele olhar de quem tá pesando cada palavra.
— Sempre te achei um cara esperto, Gabriel. Mas tu tem que entender: essa criança vai mudar a vida do Pedro e da Ana pra sempre. Na nossa família, filho é coisa sagrada. Se tu realmente ama o Pedro, vai se afastar. Ele precisa focar na responsabilidade agora, e tu por perto só vai complicar tudo.
Dona Márcia completou, com um tom que misturava súplica e ordem:
— Chegou a hora de acabar com essa história entre vocês. Pelo amor de Deus, Gabriel, pensa bem. Tu ficando na vida do Pedro agora só vai piorar as coisas. A gente não vai deixar a Ana desamparada. Se o Pedro foi homem pra fazer um filho, vai ser homem pra assumir a mãe da criança.
Eu não aguentei. Soltei um suspiro pesado, tentando não explodir.
— Com todo respeito, vocês acham mesmo que filho segura relacionamento? Forçar o Pedro a ficar com alguém que ele não ama não vai ferrar com ele ainda mais?
Seu Carlos se levantou, foi até a janela, acendeu um cigarro e soltou a fumaça com raiva.
— É assim que vai ser, Gabriel. Ele pode não amar a Ana, mas vai assumir ela e o filho.
Eu tava fervendo por dentro, mas mantive a calma.
— Beleza, Seu Carlos. Não vou me meter em assuntos de família. Mas, ó, sem querer ofender, esse pensamento de vocês é meio ultrapassado. Isso só vai destruir o Pedro. Agora, vou ser bem claro: tudo depende dele. O Pedro é maior de idade, independente, mesmo morando com vocês. Se ele quiser ficar comigo, a gente dá um jeito. Nunca vou atrapalhar ele de ser pai. Mas, se ele me quiser, não vou abandonar ele.
Dona Márcia balançou a cabeça, desapontada.
— Que pena tu pensar assim, Gabriel. Tentamos te mostrar o melhor caminho, mas, pelo visto, não tem jeito. Agora, só nos resta agir. Pode ir embora, não temos mais o que conversar.
Eu levantei, com o peito apertado, mas não ia sair sem falar o que tava engasgado.
— Só mais uma coisa antes de ir. Não tem vítima nessa história. Tudo começou com um erro meu, sim, mas o Pedro também errou feio. Tô cansado de me culpar, de ficar me vitimizando. Decidi perdoar ele e dar uma chance pro nosso amor. A Ana? Ela sabia da nossa história, se aproveitou de um momento que o Pedro tava bêbado, vulnerável, e transou com ele sem camisinha. Então, antes de quererem acabar com a vida do filho de vocês por causa dela, pensem bem. Ela não é a coitadinha que parece. Passar bem!
Saí pisando firme, montei na minha moto e senti o vento gelado cortando a cara. Enquanto acelerava pelas ruas do Leblon, a cabeça tava a mil. O que o Seu Carlos quis dizer com “agir”? Será que iam contar tudo no nosso quartel? Não, eles não fariam isso com o próprio filho. Seria humilhação demais. Será que iam mandar o Pedro pra longe? Meu estômago embrulhava só de pensar no que podia acontecer.
No Quartel: A Verdade Vem à Tona
Na manhã seguinte, cheguei no quartel da Tijuca, onde eu e o Pedro servíamos no Exército. Fui direto pro armário dele, mas ele ainda não tinha chegado. Contei tudo pros meus brothers, o João e o Thiago.
— Mano, que vaca essa Ana, véi! Aposto que fez de propósito — disse o João, coçando a barba.
— Calma, João. Por mais que a Ana seja meio sem noção, não acho que ela ia querer ferrar a própria vida só pra prender o Pedro — retrucou o Thiago, sempre o mais racional.
— Também não acho — falei, tentando manter a cabeça no lugar. — Quando ela foi na minha casa contar da gravidez, tava arrasada, cara. Nunca vi ela tão vulnerável.
— Os pais do Pedro querem que eles casem? — perguntou João, com uma cara de nojo.
— Não falaram em casamento, só em “assumir”. Mas, véi, certeza que é isso que tão planejando — respondi, sentindo um aperto no peito.
— Mano, filho não segura relação nenhuma. Que ideia de jerico! — disse Thiago, balançando a cabeça.
Finalmente, vi o Pedro chegando. Tava com olheiras fundas, parecia que não dormia há semanas. Ele veio na nossa direção, e os caras logo se tocaram.
— Bora, João, deixa os dois conversarem — disse Thiago, puxando o amigo.
— Juízo, hein, seus putos — brincou João, antes de saírem.
O Pedro se sentou do meu lado no beliche, com a cabeça baixa.
— Teus pais confiscaram teu celular? — perguntei, tentando quebrar o gelo.
— Sim, cara — ele murmurou, com a voz rouca.
— Fui na tua casa ontem.
— Eu sei. Tava trancado no quarto, mas ouvi tudo.
— Caramba, Pedro, tu não é mais criança pra deixar te trancarem no quarto, tomarem teu celular! Tu tem que se impor, véi!
— Eles são meus pais, Gabriel — disse ele, com um tom de derrota que me deu raiva.
— Mas isso não dá direito de te tratarem assim! Tu é homem, porra!
— Eu sei, mas a pressão tá foda. E agora... véi, vou ser pai. Ainda não caiu a ficha.
— Independente de tudo, eu tô do teu lado. Vamos enfrentar isso juntos. Eu te amo, cara.
Ele levantou o olhar, mas tinha algo diferente nos olhos dele. Um vazio que me fez gelar.
— Podemos conversar depois do expediente? — perguntou, desviando o olhar.
— Tu já sabe o que vai fazer? — perguntei, com o coração na mão.
— No fim do dia, a gente fala. Tô atrasado pra formatura.
— Beleza, Pedro. Te vejo mais tarde.
Aquele dia foi o mais longo da minha vida. Cada minuto parecia uma eternidade, com a incerteza me corroendo. Quando o expediente acabou, o Pedro veio até mim.
— Podemos conversar num lugar mais reservado?
— Claro. Vamos tomar um banho e se arrumar.
Logo ele tava na garupa da minha moto, o vento quente de Copacabana nos envolvendo enquanto subíamos pro Mirante do Leblon. A vista lá de cima é de tirar o fôlego: o mar brilhando, as luzes da cidade piscando, o morro ao fundo. Sentamos num banco de concreto, quase sozinhos, só com uns casais namorando à distância. A noite tava perfeita, mas o clima entre nós era pesado.
— Essa vai ser a conversa mais difícil da minha vida — disse ele, com a voz tremendo.
Eu não consegui falar. Sabia o que vinha pela frente, mas não queria acreditar. Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu lutei pra segurar.
— Eu te amo, Gabriel. Meu Deus, como eu te amo. Mas não posso ir contra minha família. Vou ser pai, cara. Sempre sonhei com isso, mas não assim, não nessas circunstâncias. Tô tentando ser homem, assumir minha responsabilidade.
— Tu tá terminando comigo? — perguntei, com a voz falhando.
— Preciso colocar minha vida no lugar, Gabriel. Tô perdido.
— Fala logo, porra! Tu tá terminando comigo?
— Tô — disse ele, de cabeça baixa, como se não tivesse coragem de me encarar.
Eu enxuguei as lágrimas, levantei e soltei tudo que tava engasgado.
— Olha pra mim, caralho!
Ele levantou os olhos, e eu vi o quanto tava destruído. Mas eu tava com raiva demais pra sentir pena.
— Nunca pensei que tu fosse tão fraco, Pedro. Eu tava aqui, disposto a lutar pelo nosso amor, a enfrentar o mundo contigo, mesmo depois da tua traição. E tu simplesmente desiste da gente?
Ele tentou me abraçar, chorando, mas eu me afastei.
— Não encosta em mim! Tu fez tua escolha, pegou o caminho mais fácil. A partir de hoje, não derramo mais uma lágrima por ti. Vou respeitar tua decisão, não vou me meter na tua vida.
— Calma, deixa eu explicar — ele tentou, com a voz embargada.
— Vai tomar no cu, Pedro! Tu não faz ideia da decepção que tô sentindo. Tu me jogou fora como se eu fosse nada. Não vou implorar pra tu mudar de ideia, porque eu não sou assim.
— Gabriel, meu filho não pode crescer vendo o pai com outro cara — disse ele, e aquelas palavras foram como um soco no estômago.
Naquele momento, vi quem o Pedro realmente era. Ele nunca tava comprometido com nosso futuro. Fui um idiota.
— Tu vai ficar com ela? — perguntei, com os dentes cerrados.
— É a única solução agora.
— Beleza. Tu fez tua escolha.
— Não quero que termine assim — ele implorou, chorando.
— Tu terminou, Pedro. Eu disse pros teus pais que ia respeitar tua decisão. A partir de hoje, tu tá morto pra mim. Não por terminar comigo, mas por ser um fraco que jogou nosso amor no lixo. Tu matou minha admiração por ti. Adeus!
Ele tentou me abraçar de novo, mas eu o empurrei, montei na moto e saí acelerando, deixando ele lá, com os olhares curiosos dos casais ao redor.
A Vida Segue (Ou Tenta Seguir)
Naquela noite, não voltei pra casa. Liguei pros meus amigos — João, Thiago e Mariana — e pedi pra me encontrarem na Praça da Urca, nosso point. Duas horas depois, tava lá, contando tudo, com uma cerveja quente na mão e o coração em pedaços.
— Mano, o Pedro terminou comigo — soltei, sem rodeios.
— Caralho, véi! — exclamou Thiago, arregalando os olhos.
— Calma, Gabriel. Ele tá confuso. Logo vai perceber que errou — disse Mariana, sempre tentando ver o lado bom.
— Acabou, Mari. Ele fez a escolha dele. Não tem volta. A partir de hoje, o Pedro tá morto pra mim. Não quero saber nada da vida dele. Chamei vocês pra dizer isso e pra pedir que não toquem mais no nome dele. Posso contar com vocês?
— Claro, irmão — disse João, batendo no meu ombro.
— Tô triste pra caralho, mas tô contigo — completou Thiago.
— Sempre, Gabriel — reforçou Mariana, me abraçando.
A gente se abraçou, e eu chorei, mesmo tendo jurado que não ia. O vento frio da Urca batia na gente, e eu senti um vazio que não explicava.
Meses Depois: Reconstruindo
Os meses passaram voando. Conviver com o Pedro no quartel foi mais tranquilo do que imaginei. Pra mim, ele não existia. Evitava missões com ele, e, quando precisávamos trabalhar juntos, só falava o básico. O tempo foi curando, aos poucos.
No dia 19 de novembro, meus amigos me fizeram uma festa surpresa no salão do condomínio da Mariana, na Barra da Tijuca. Só nós quatro, umas cervejas, um som maneiro e muitas risadas. Já eram quase 3 da manhã, e a gente tava bêbado pra caralho. Até a Mariana, que é mais na dela, tava soltando uns peidos altos que fizeram a gente rir até doer a barriga.
Eu e o João távamos sentados num canto, enquanto o Thiago e a Mariana foram pegar mais cerveja. O condomínio tava deserto, e o frio da madrugada fazia a gente se encolher.
— Mano, acho que tu vai ter que deixar a moto aqui hoje — disse João, rindo.
— Tô de boa, véi. Não dou conta de pilotar assim — respondi, dando um gole na cerveja.
— Tô ligado. E aí, Gabriel, tá ficando com alguém? — perguntou ele, com aquele olhar de quem tá querendo puxar assunto.
— Nada, João. Nem sexo casual. Tô de boa sozinho.
— Mano, como tu aguenta? — ele riu, dando um tapa no meu ombro.
— Cinco contra um, véi — brinquei, e a gente caiu na gargalhada. — Sério, ainda não tô pronto pra me envolver com ninguém. Tô curtindo meus amigos, minha liberdade.
— Tô ligado. Lembra daquele nosso rolo na trilha da Pedra da Gávea?
— Pô, parece que foi noutra vida — respondi, sentindo um calor subir.
— Pois é. Nunca falamos disso depois.
Olhei pra ele, e ele tava me encarando com aqueles olhos castanhos que sempre me deixavam meio zonzo. Do nada, tava beijando o João. A pegada dele era foda, cara. A língua invadindo minha boca, o cheiro de suor misturado com cerveja, as mãos dele apertando minha cintura. Minha mão já tava dentro da camisa dele, sentindo os músculos definidos, quando um estalo na minha cabeça me fez parar.
— Caralho, João! — falei, me afastando.
— Bora pra tua casa? — perguntou ele, com um sorrisinho sacana.
— Não rola, véi. Tô bêbado, e não quero fazer nada que a gente possa se arrepender.
— Eu nunca me arrependi do que rolou entre a gente, Gabriel. Não seria agora.
— Eu sei, mas ainda não tô pronto pra isso. Me dá um tempo, tá?
— Tranquilo, mô quirido. Eu sei esperar.
A gente se beijou de novo, mas logo o Thiago e a Mariana voltaram, e o momento passou. Aquele beijo ficou martelando na minha cabeça o resto da noite.
Um Encontro Inesperado
Início de dezembro, tava na praça de alimentação do Shopping Tijuca, tomando um sorvete com o João. De repente, vi o Pedro e a Ana passando, com ele carregando um monte de sacolas de loja de bebê. A barriga dela tava enorme, e ela segurava o braço dele como se fosse um troféu. Eram um casal bonito, não vou negar. Mas ver aquilo me deu um nó na garganta.
Eles nos viram, mas era tarde pra desviar. Trocamos olhares, e o ódio no rosto do Pedro era claro. Não trocamos uma palavra, como se fôssemos estranhos. Eles passaram, e sumiram na multidão. Aquela cena me fez pensar em como o amor é frágil, como duas pessoas que se amaram tanto podem virar desconhecidos. Eu e o João decidimos que, por enquanto, íamos ficar na amizade. Nada de beijos ou sexo.
A Volta do Passado
Meses depois, tava finalmente feliz. Meus amigos eram minha família, tava prestes a começar a faculdade de Psicologia na UFRJ, e tinha dado entrada num financiamento de um apê em Jacarepaguá, onde moro até hoje. Era um domingo à tarde, tava de boa assistindo um filme na sala, quando alguém bateu na porta.
Abri e quase caí pra trás. Era o Pedro.
— Podemos conversar? — perguntou ele, com uma cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.
— Sério, cara? — respondi, cruzando os braços.
— Por favor, Gabriel. Só me escuta.
— Não temos mais nada pra falar, Pedro. Tô seguindo minha vida, e tu tá com a tua.
— Me deixa falar, pelo menos por respeito ao que a gente viveu.
— Engraçado tu falar em respeito agora — retruquei, mas abri a porta. — Entra.
Ele sentou no sofá, balançando as pernas de nervoso.
— Tu tá sozinho? — perguntou.
— Tô, sim. Fala logo o que quer, Pedro.
— Ver tu falando assim comigo me destrói, sabia?
— Tu me destruiu primeiro, véi. O que sobrou tá na tua frente.
— Tu não é assim, Gabriel. O cara que eu amo ainda tá aí, em algum lugar.
— O cara que tu ama? Puta merda, tu tá louco?
— Sim, Gabriel. Tentei me enganar esse tempo todo. Foi foda te ver todo dia no quartel e ser ignorado. Teus olhares frios me matavam. Tô cansado de tentar agradar meus pais, de fingir que sinto algo pela Ana. Vim aqui dizer que me arrependo de tudo. Fui um covarde naquela noite. É tu que eu quero, Gabriel. Minha vida não faz sentido sem ti.
Ele começou a chorar, e eu fiquei parado, sem saber o que sentir.
— Tarde demais, Pedro. Tu fez tua escolha.
— Nunca é tarde pra lutar pelo que a gente quer. Quero te pedir perdão, quero que a gente volte. Me dá uma chance de te fazer feliz de novo.
— CARALHO, PEDRO! EU TE PERDOEI, TAVA DISPOSTO A ENFRENTAR TUDO DO TEU LADO, E TU ME JOGOU FORA! — gritei, deixando toda a raiva sair.
— Eu sei, e me arrependo com toda a minha alma. Tô aqui tentando lutar por nós.
— Tu queria que eu lutasse por nós naquela noite? Eu tinha acabado de te perdoar, disse pros teus pais que não ia te abandonar. Tava pronto pra enfrentar o mundo! Tu queria que eu implorasse? VAI TOMAR NO CU!
— Desculpa, Gabriel. Tô desesperado. Ontem disse pros meus pais que ia lutar por ti. Terminei tudo com a Ana. Só quero teu perdão.
Eu não conseguia chorar. Talvez ele tivesse razão: ele me transformou numa pessoa fria. Ver ele ali, chorando como criança, não mexeu comigo.
— Tu destruiu meu coração, Pedro. Não vamos voltar. Nem hoje, nem nunca.
— Tu ainda me ama? — perguntou ele, com os olhos vermelhos.
— Não sei.
Ele se levantou e me abraçou. Sentir o corpo dele, o cheiro de colônia misturado com suor, o toque da pele dele me fez tremer. Ele tentou me beijar, mas eu o empurrei.
— Não faz isso, cara.
— Vou esperar por ti, Gabriel. Vou lutar por ti.
Sentei do lado dele, segurei suas mãos e falei, olhando nos olhos:
— Pedro, nossa história foi linda. Poucas pessoas vivem algo assim. Mas cometemos erros, e quando eu tava disposto a superar tudo, tu não quis. Tu fez uma escolha naquela noite. Agora, convive com ela. Não tem volta.
— Não faz isso, Gabriel. Sei que tu ainda me ama.
— Amo, sim. Acho que sempre vou te amar. Mas acabou. Tu disse que ia respeitar minha decisão. Tu não escolheu teu filho naquela noite. Escolheu a Ana. E isso doeu mais que a traição.
— Isso não é verdade — ele tentou.
— É, sim, e tu sabe. Vamos parar de nos machucar. Não posso te perdoar. Não consigo.
Ele abaixou a cabeça, sabendo que eu tava certo.
— Sempre vou te amar, Gabriel. E vou carregar esse erro pro resto da vida.
— Acho que não temos mais o que falar.
— Só me dá um último beijo?
Não podia negar isso. Nos beijamos, e eu gravei cada detalhe: o gosto da boca dele, a textura dos lábios, o calor do corpo. Sabia que seria o último. Foi o único momento feliz daquela noite.
Ele se levantou, foi até a porta.
— Não fica com rancor de mim, por favor.
— Adeus, Pedro. Seja feliz.
— Adeus, Gabriel. Te amo e sempre vou te amar.
Ele foi embora. Foi nossa última conversa, nosso último beijo.
O Depois
No dia seguinte, o Pedro pediu baixa do Exército. Se mudou pra Salvador com a Ana dois meses depois. Tiveram um menino lindo, que hoje é a cara do pai. O casamento deles durou uns três anos. A Ana tem três filhos agora, cada um de um pai diferente, e tá solteira em Salvador. O Pedro se casou de novo, mas se separou há pouco. Voltou pro Rio há dois meses e me mandou um pedido de amizade nas redes, que ainda não aceitei. Nunca procurei saber dele. As notícias chegaram por acaso, em conversas soltas.
O Thiago e a Mariana são casados, têm gêmeas e moram em Ilhéus. Ainda somos amigos, e eu e o João os visitamos quase todo ano. O João tem um filho, nunca casou, e continua gostoso pra caralho. A gente fica de vez em quando, e o sexo é sempre quente, com ele me pegando com força, o corpo suado, o cheiro de macho invadindo meus sentidos. Mas somos mais amigos que qualquer coisa.
O Caio, outro amigo, é casado e mora em Niterói. Mantemos contato. Saí do Exército após oito anos, quando meu tempo de serviço acabou. Lá conheci o amor da minha vida, o Pedro, e amigos que carrego até hoje. Tive outro relacionamento depois, com um cara que me fez sofrer pra caralho. Essa história é tão doida que talvez eu conte um dia.
Um Pedido do Coração
Galera, essa história com o Pedro foi um pedaço da minha alma. Cada aventura, cada emoção, eu gravei com uma câmera escondida e postei no meu perfil no www.selmaclub.com. Lá tem mais contos, mais detalhes das minhas loucuras, e eu ficaria muito feliz se vocês dessem uma olhada. Se essa história te tocou, te fez rir, chorar ou sentir aquele aperto no peito, por favor, deixa cinco estrelas no conto. É um jeito de apoiar minha jornada e me motivar a contar mais. Quero saber: o que
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Comentários (1)
ArizuDa07: Cara muito bom, não é exatamente um conto erótico em sí, é mais um relato amoroso e bem explicativo. A história é muito boa, bem marcante, sou bissexual, mais chegado em mulheres, e ainda assim me senti super conectado com os personagens em geral. Seria muito bom se você pudesse me apresentar outras coisas escritas por você, meu contato: 92985954430
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