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O Diário das Sombras (Fragmentos de um Segredo: Madrid)

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DiarioPervetido

Esta história não é ficção; tudo o que aqui está registrado é a mais pura verdade, transcrita palavra por palavra do diário de meu avô.

(Esta história não é ficção; tudo o que aqui está registrado é a mais pura verdade, transcrita palavra por palavra do diário de meu avô.)

Meu avô faleceu há três meses e alguns dias. Após o enterro, reunimo-nos na casa onde ele viveu seus últimos anos para organizar seus pertences—alguns seriam doados, outros divididos entre os filhos e netos, e os mais valiosos guardados como lembranças. Seu nome era Alberto, e ele morreu aos 87 anos. Eu o amava. Sempre o admirei por suas histórias, pelas viagens que fez ao redor do mundo, pela forma como parecia ter vivido tantas vidas dentro de uma só.
Mas nada poderia ter me preparado para o que descobri naquele dia.
No fundo de um velho armário, dentro de um baú de madeira já desgastado pelo tempo, encontrei dezenas de cadernos de couro, empilhados com um cuidado quase cerimonial. Eram seus diários. A princípio, folheei as páginas com curiosidade, esperando relatos de suas aventuras, descrições de cidades distantes, pensamentos dispersos de um homem que viu o mundo mudar diante de seus olhos.
Mas conforme lia, a fascinação deu lugar ao espanto. À perplexidade. À dúvida se aquilo que eu tinha em mãos era real ou fruto da mente de um homem que, por décadas, escondeu de todos sua verdadeira natureza.
Havia segredos ali que ninguém jamais imaginaria. Um outro Alberto, um estranho, cujas experiências contradiziam completamente o avô que eu conhecia. Relações proibidas, encontros envoltos em mistério, uma vida paralela que ele jamais permitiu que viesse à tona. Cada página era um golpe, uma revelação que me fazia questionar tudo o que pensava saber sobre ele.
Se devo compartilhar isso? Não sei. Talvez eu devesse deixar esses cadernos onde os encontrei, permitir que seus segredos morram com ele. Mas agora que sei, agora que li, como posso simplesmente ignorar?

Abaixo, um trecho de um dos seus diários.

25 de maio de 1968 – Madrid, Espanha

A noite se derrama sobre Madrid como um véu escuro, enquanto as luzes dos postes tremulam nas ruas molhadas. O burburinho da cidade ainda se infiltra pelas janelas do hotel—carros passando, risadas distantes, passos apressados na calçada. Mas aqui dentro, no calor abafado deste quarto, o mundo parece suspenso.

Estou sentado à escrivaninha, a luz amarelada do abajur projetando sombras sobre o papel. Atrás de mim, Bruno repousa entre os lençóis revirados, um braço jogado displicentemente sobre o travesseiro. Seu rosto permanece tranquilo, quase inocente, mas eu sei melhor do que ninguém que ele não tem nada de inocente.

Bruno Gidé. Meu cúmplice, minha ruína. Há algo nele que desafia qualquer tentativa de controle—sua beleza afiada como uma lâmina, os olhos azul-gelo que carregam um misto de desdém e fascínio, os lábios esculpidos que dizem mais do que qualquer palavra. Ele se move pelo mundo como um homem que já venceu todas as batalhas antes mesmo de começá-las. E eu, tolo que sou, sempre o sigo.

Hoje passamos a tarde pela Gran Vía, caminhando sem rumo, imersos na pulsação inquieta da cidade. O ar estava carregado—Madrid fervia não apenas pelo calor do fim de maio, mas pela tensão invisível que pairava sobre cada esquina. Jovens gritavam palavras de ordem, cartazes surgiam nos muros, e a polícia patrulhava com olhos atentos. O mundo estava mudando, mas nós… nós jamais mudaríamos.

Encontramos o moleque no Parque do Retiro, sentado sozinho em um banco, as mãos enlaçadas sobre o colo. Ele era jovem—não mais de catorze anos, talvez menos. O cabelo castanho e fino caía sobre sua testa de um jeito que o fazia parecer ainda mais frágil. Seus olhos, grandes e escuros, tinham um ar perdido, um brilho de quem não sabe muito bem onde pertence. Vestia-se com simplicidade, uma camisa clara um pouco larga demais para seu corpo magro.

— Ele é perfeito — murmurou Bruno, cruzando os braços enquanto o observava.

— É muito jovem — retruquei, sem conseguir desviar o olhar.

— E daí? Eles sempre são.

Bruno se adiantou, sentando-se ao lado dele no banco, como se já fossem velhos conhecidos. O rapaz ergueu os olhos com um sobressalto, mas não recuou.

— Você está esperando alguém? — perguntou Bruno, seu tom casual, quase preguiçoso.

— Não — respondeu ele, a voz baixa, delicada.

— Então é a cidade que está esperando por você?

O rapaz sorriu de leve, como se não soubesse se aquilo era uma brincadeira ou uma verdade oculta. Eu permaneci em pé, observando, sentindo aquele aperto familiar no peito—o mesmo que sempre vinha quando Bruno decidia brincar de caçador.

No fim, foi fácil. Bruno sempre soube como encontrar as palavras certas, os gestos exatos para desfazer qualquer resistência. Quando finalmente nos afastamos do parque, o rapaz caminhava ao nosso lado sem hesitar, lançando olhares tímidos, incertos.

O hotel nos recebeu como sempre, com seu silêncio indulgente, suas cortinas pesadas e seus corredores discretos. A chave girou na fechadura, e o mundo lá fora deixou de existir.

Ele permaneceu de pé no meio do quarto, as mãos trêmulas, a respiração acelerada. Era evidente que nunca tinha estado em um lugar como aquele, com homens como nós.

— Você está nervoso — comentei, tentando suavizar minha voz.

Ele assentiu com um leve movimento de cabeça. Bruno sorriu.

— E devia estar?

O rapaz hesitou. Depois, negou.

Bruno se aproximou devagar, deslizando os dedos pela gola de sua camisa, desabotoando o primeiro botão com uma calma que parecia estudada.

— Então não há o que temer.

O rapaz baixou os olhos, as bochechas coradas. Eu vi, naquele momento, um lampejo de hesitação—talvez uma última súplica muda para que alguém lhe dissesse que podia ir embora. Mas ele não foi.

Bruno sempre sabia como conduzir esses momentos. Ele o fez sentar-se na beira da cama, murmurando palavras baixas, encorajadoras, enquanto traçava a linha de seu maxilar com a ponta dos dedos. O rapaz fechou os olhos, os lábios entreabertos, como se não soubesse ao certo o que deveria sentir.

— Você é lindo — sussurrou Bruno, e aquilo pareceu despertar nele algo entre o orgulho e a vergonha.

Me aproximei, sentando-me ao lado de ambos, sentindo o calor que começava a preencher o quarto. A respiração do rapaz era rápida, entrecortada. Ele não sabia onde colocar as mãos, os olhos alternando entre mim e Bruno, como se procurasse permissão.

Bruno tomou a decisão por ele, segurando-lhe o rosto e beijando-o com uma suavidade que logo se tornou mais firme, mais exigente. O jovem se entregou hesitante, quase sem saber como retribuir. Eu o observei por um momento antes de finalmente tocá-lo, sentindo a pele quente sob meus dedos, a forma como ele estremecia ao menor contato.

Bruno o despira com uma rapidez impessoal, como se tivesse se distanciado do que acontecia, e o corpo do rapaz foi jogado sobre a cama com uma força que contrastava com a fragilidade de sua figura. Ele estava nu, de quatro na superfície macia, exibindo um cuzinho rosa, pequeno e apertado. O cabelo castanho, fino, caía desordenado sobre sua testa, de forma a acentuar a fragilidade de seu rosto, enquanto seus olhos, grandes e escuros, refletiam um misto de confusão e desamparo, como se não soubesse mais onde estava, nem o que lhe acontecia. Sua pele clara, marcada pela vulnerabilidade, parecia quase translúcida sob a luz suave do quarto. O corpo magro, de pernas e cintura finas, estava exposto sem qualquer vestígio de dignidade, a vulnerabilidade nua de quem não tinha mais qualquer defesa contra o que acontecia ao seu redor.

A noite se desenrolou em um jogo silencioso de gestos e descobertas. Sons preenchiam o quarto—o ruído do tecido deslizando pelo chão, o ranger da cama, a respiração pesada que misturava desejo e medo. Ele não sabia bem o que fazer, mas estava disposto a aprender. Bruno e eu o penetramos com força e brutalidade, até que ele tivesse sua boca e seu cuzinho jovem preenchidos pela nossa porra.

Agora, algumas horas depois, o quarto está tomado pelo cheiro de sexo e lençóis amarrotados. O moleque já se foi, os passos abafados pelo tapete do corredor. Bruno dorme, ou finge dormir. Eu, como sempre, escrevo. Tento registrar o que não posso dizer em voz alta, o que jamais será pronunciado além dessas páginas de couro.

Amanhã, ao amanhecer, escreverei para minha esposa. Contarei que Madrid está bela nesta época do ano, que os negócios vão bem, que em breve retornarei para casa. Direi que a amo, que sinto saudades de seus braços, de nossa vida ordenada e tranquila.

E omitirei, mais uma vez, a verdade.

Comentários (4)

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  • Contato: Por favor, deixe seu contato. É lindo e perfeito o que você escreveu!

    Responder↴ • uid:1dyn27hocd1s5
  • Vince: simplesmente perfeito, no estilo e na tensão erótica que consegue expressar

    Responder↴ • uid:9jzube1q5
  • Nelson: Por favor, escreva mais. Obrigado.

    Responder↴ • uid:81rj3z1d9a3
  • Nelson: Que show. Quase um poema. Descrição perfeita da situação altamente sensual sem ser vulgar. Memórias de um vovô. As vezes me pergunto; quem não as tem?

    Responder↴ • uid:81rj3z1d9a3