O mecânico a criança e o zé mané (penúltimo capitulo)
Maurício vai até o orfanato de Emerson, e lá embarca em novos prazeres altamente perigosos.
Mesmo com o barulho estridente e caótico das ruas de Madureira, naquela segunda-feira eu acordei relaxado e senti um contentamento diferente, como se uma nova fase importante da minha vida estivesse começando. Um peso no peito estava me incomodando, e quando abri os olhos, constatei que era Rogério deitado com a cabeça sobre mim e abraçado ao meu tronco. O viado dormia tranquilamente feito uma bela adormecida. Davi estava dormindo entre as minhas pernas e a cabeça sobre a minha barriga.
De uma forma estranha me senti responsável por aqueles dois, como se tivesse que protegê-lo dos perigos e maldades dos outros. Rogério era um retardado e facilmente cairia na lábia de algum escroto, e de brinde entregaria meu pequeno Davi. Só de pensar nisso, no meu bebê nas mãos de algum pervertido, meu coração gelou.
Sorri dos meus próprios atos, quando percebi que estava fazendo carinho nos dois. Estava abraçando Rogério e alisando os cabelos dourados de Davi. O que estava acontecendo comigo? Era possível compreender os meus sentimentos pelo menino, mas quanto àquele cara, não. Havia beijado a sua boca. E não foi um simples beijo. Foi com tesão, muito tesão. E o agravante é que nunca antes tive vontade ou interesse de beijar outro homem. E não por questões machistas ou homofóbicas. Sou tranquilo quanto a minha masculinidade. Já dei de mamar a alguns brothers que curtem pau, também já tive um rolo com uma traveca. Mas nunca beijei nenhum deles. Era apenas por prazer, pra saciar o tesão, apenas isso. Mas com Rogério foi diferente, foi uma vontade imensa de lhe beijar, de sentir a sua boca na minha. E agora estava ali, dividindo a minha cama com ele e o seu filho, abraçado aos dois, fazendo carinho, e isso me dava um prazer e uma excitação muito boa.
– Acorda, viado – falei sacudindo Rogério. – Meu peito não é travesseiro.
Ele balbuciou alguma coisa e voltou a se acomodar sobre mim. Sorri novamente. Acho que naquela manhã eu estava realmente muito tranquilo. Falei outra vez:
– Viado, acorda. Sai de cima de mim ou vou lhe jogar no chão.
– Oi? – ele perguntou ainda de olhos fechados e alisando o meu peito.
– Vou contar até cinco, se você não sair de cima de mim, vou lhe jogar no chão. Meu peito não é travesseiro.
– Tá tão bom aqui – falou ainda sem levantar e me alisando.
– Quer ficar deitado no peito do seu macho? – perguntei sacaneando.
– Hum hum – respondeu lânguido. – Quero.
– Eu sou seu macho?
– É sim.
– Você é viadinho mesmo, né? – perguntei, e num ato sem pensar, quase automático, coloquei a mão na sua cabeça e fiquei alisando seus cabelos.
– Sou – respondeu.
– Meu viadinho?
– Hum hum.
– Tá feliz de ser meu viadinho?
– Estou.
– Então hoje vou arrancar o cabacinho do seu cu. Você quer? – perguntei com escrotidão.
– Quero.
– Quer mesmo?
– Quero – respondeu com convicção.
Ainda não estava acreditando naquela cena. Deveria ser um pesadelo. Eu jamais estaria na mesma cama que Rogério. E pior, alisando seus cabelos, como se fôssemos um casal apaixonado. A vida verdadeiramente prega peças que a gente não espera. E sem entender, comecei a ficar excitado. O pau endureceu me enchendo de tesão. Olhei pra ele, deitado nu, com a bunda pra cima e realmente senti vontade de meter. Era um traseiro gostoso, bonito, redondinho e empinado. Nas horas que Davi estivesse indisponível, já teria outro cuzinho pra me receber.
– Dê uma mamada gostosa aí no meu pau pra mostrar que você é mesmo meu viado – mandei.
Desceu a mão pela minha barriga em busca da minha pica. Quando encontrou, fez um carinho apaixonado, passou os dedos pela cabeça espalhando a baba.
– Bota a boca lá no meu pau que tenho um presente pra você – mandei.
A vontade de mijar estava grande, e iria fazer ele beber tudo. Se queria ser minha putinha, então teria que fazer tudo que eu quisesse, atender a todos os meus fetiches.
– Vai, viado – mandei de novo, agora empurrando sua cabeça do meu peito. – Mama minha pica.
Era gostoso ver a obediência dele. Um homem submisso a outro, sempre disposto a agradar. E o melhor, ser feliz em ocupar esse papel. Levantou a cabeça, seus olhos estavam brilhando e esboçou um sorriso de contentamento, se acomodou ao meu lado, ficando perto de Davi, com carinho tocou o meu pau, lambeu a cabeça pra provar da baba que escorria. Percebi que já não fazia isso feito um bobo sendo enganado, mas porque era a sua vontade. Queria ser minha mulherzinha. Com certeza era isso que sempre desejou, desde a época do colégio quando vivia atrás de mim implorando por um pouco de atenção.
– Bota na boca – mandei.
Apenas obedeceu. Gemi ao sentir a cabeça ser engolida. Sua boca estava quente e tinha espaço suficiente para meter inteira. Empurrei e segurei sua cabeça fazendo engasgar. Percebi sua garganta inchada, acomodando o meu pau.
– Fica assim – falei. – Agora bebe tudo.
Liberei o primeiro jato de mijo que desceu direto pra sua barriga. Meu prazer se multiplicou em saber que o estava alimentando e hidratando. Tirei da sua boca por um instante para ver a sua reação.
– Gostou? – perguntei.
– Gostei – respondeu sorrindo.
– Quer mais?
– Quero.
– Diz pra o seu macho o que você quer.
– Quero mijo – pediu, se mostrando a putinha que sempre desejou ser.
– Bota na boca e bebe. Engole tudo pra não molhar a cama.
Meti só a cabeça e liberei mais uma mijada. O suficiente pra encher a boca e beber devagar, saboreando cada gota. Olhei sua bundinha empinada e outra vez tive vontade de meter nele. Era um viadinho gostoso, daqueles que dá vontade de botar no colo e fazer cavalgar.
– Sua bundinha é muito gostosa – falei. – Tô com muita vontade de meter nela.
Ele empinou ainda mais me mostrando que eu era o dono e estava disposto a me dar a hora que eu quisesse. Enchi outra vez sua boca de mijo, e esperei ele beber sem pressa.
Davi despertou do seu sono angelical, olhou para o pai e de imediato não compreendeu o que estava acontecendo. Esfregou os olhos e se espreguiçou para espantar os resquícios de inércia. Sorriu pra mim e perguntou:
– Meu pai tá chupando seu caramelo?
– Tá – respondi. – Tá tomando suquinho. Você também quer?
– Quero.
– Tome dele – mandei –, e bote na sua boquinha. Mas é pra beber tudo.
– Eu vou beber – afirmou.
Bem rápido, encostou a cabeça perto de Rogério e disse:
– Me dá, papai. É minha vez agora.
Rogério não queria largar meu pau, não queria dividir, então Davi o empurrou e tomou. Disse chateado:
– Caramelo é só meu!
– Deixa eu chupar mais um pouquinho – Rogério pediu.
– Não – respondeu com birra.
– Só um pouquinho, filho?
– Não e não – respondeu chateado.
– Deixa seu pai chupar mais um pouco – eu pedi.
Davi me olhou com dúvidas. Pedi outra vez:
– Deixa, só um pouquinho. Depois é todo seu.
Esboçou aquele sorriso lindo de menino travesso, e disse:
– Tá certo. Só um pouquinho!
O viado tomou meu pau com uma vontade imensa. Enfiou inteiro na boca, como que para compensar todo o tempo perdido. Mamou com gula, mas não mijei, guardei pra o meu pequeno Davi.
– Pronto! – Davi empurrou outra vez Rogério e segurou meu pau. – Já chupou um bocado.
Para não ter mais brigas entre eles, abri minhas pernas pra acomodar os dois e mandei:
– Rogério, chupa meus ovos. E Davi mama no pau.
Sem mandar uma segunda vez, ambos meteram a boca em mim. Davi chupou do jeito que conseguia, com menos da metade dentro da boca, mas Rogério engoliu as duas bolas e chupava de uma forma tão gostosa que me fazia sentir arrepios e gemer. Segurei a cabeça de Davi pra ele não se assustar com a mijada e soltei um jato. Engasgou um pouco e deixou escorrer para meus ovos, que logo foi sugado por Rogério. Mais uma jato de mijo quente na garganta do meu bebê, e mais uma vez engasgou, fazendo forças para largar sua cabeça.
– O que foi? – perguntei.
– Você fez xixi – respondeu chateado.
– Foi só um pouquinho – falei.
– É ruim.
– Beba só mais um pouco – pedi.
– É ruim, não gostei.
– Vou ficar triste se não beber – fiz chantagem emocional. – Você não quer beber porque não gosta de mim.
– Gosto sim – falou sério.
– Então beba pra provar que me ama.
Ficou me olhando, analisando a situação, então falou:
– Só um pouquinho.
– Tá certo.
Voltou a me engolir, deixei chupando um pouco, do jeito maravilhoso que ele sabia.
– Vou mijar – falei. – Deixe na boca, não engula e nem deixe derramar.
Soltei um pequeno jato que encheu sua boquinha. Devagar pra não derramar nenhuma gota, tirei o pau e puxei ele pra mim. Lambi seus lábios. Senti o sabor do meu mijo, era forte e delicioso.
– Despeje na minha boca – pedi.
Abocanhei os seus pequenos lábios, e senti ele derramando sobre a minha língua. O prazer em fazer isso foi imenso. Bebi cada gota de mim mesmo.
– Vá pegar mais – mandei.
Dessa vez ele foi até o meu pau com rapidez. Enchi novamente, e logo voltou me oferecendo os lábios. Derramou tudo na minha boca. Sorriu feito um anjo pervertido e perguntou:
– Quer mais?
– Quero – respondi louco de tesão vendo a perversão latente que existia naquela criança.
Correu contente pela traquinagem que estava cometendo e esperou com a pica nos lábios pelo meu mijo. Voltou mais feliz e logo me ofereceu a boca. Dividimos cada gota em um beijo cheio de prazer. Puxei Rogério, que ainda chupava meus ovos, pelos cabelos e fiz engolir novamente meu pau. Despejei todo o resto em sua garganta.
– Quer mais? – Davi me perguntou empolgado se afastando do meu beijo.
– Acabou – falei. – Seu pai bebeu todo o resto.
– Poxa! – falou cruzando os braços.
Então fez a coisa mais excitante que vivi naqueles três últimos dias. Segurou o pinto e perguntou:
– Quer do meu?
Segurei a cabeça de Rogério para parar com a mamada ou gozaria imediatamente. Davi estava me fazendo descobrir perversões que desconhecia em mim mesmo.
– Quero – respondi. – Bota aqui na minha boca.
Apreciei com desejo aquele garotinho aproximar o pauzinho no meu rosto, encostar a cabecinha nos meus lábios, me fazendo abrir a boca pra enfiar tudo que tinha. Talvez cinco ou seis centímetros de pica, mas já sabia usar pra proporcionar prazer a outro. Passei a língua em todo o seu comprimento sentindo o seu sabor infantil. Eu estava chupando uma pica. A primeira vez que fazia isso na minha vida. E era a de uma criança ingênua e risonha que, se divertia com aquele ato, como se fosse uma alegre brincadeira de jardim de infância.
Senti as primeiras gotas de mijo molharem minha boca. Desceram como mel pela minha garganta. Depois mais, sem interrupção, em um jato contínuo e abundante. Quando percebi que havia acabado, não consegui mais segurar o meu gozo. Prendi Rogério com força e fiz ele engolir inteira a minha pica. Gozei toda a porra que havia dentro do meu saco. Esvaziei por completo toda a produção de leite.
Desabei ali mesmo deitado. Parecia que iria deixar de existir no meio de tantos prazer. Davi se deitou sobre mim e ficou intercalando entre beijos, sorrisos e carinhos. Senti Rogério subir de mansinho e se acomodar ao meu lado, me olhou de uma forma estranha, enigmática. Por um instante me senti desconfortável com aquele olhar. Perguntei:
– O que foi?
Ainda me olhando, disse:
– Eu te amo.
– Qual é sua onda, viado? – falei lhe afastando. – Vai procurar o capeta pra amar. Me erre.
Coloquei Davi no chão e me levantei da cama. Rogério ficou deitado, olhando nós dois entrarmos no banheiro.
Estava me preparando para ir pra oficina quando meu ZAP notificou uma nova mensagem. Era Emerson avisando que alguém estaria nos esperando na Barra. Me deu as informações necessárias para encontrar um tal de Eduardo, o homem que nos levaria até o orfanato. Ainda pensei se queria realmente embarcar naquela história, pois era algo arriscado, muito arriscado. Também não poderia colocar a integridade física de Davi em risco, e até mesmo a de Rogério, apesar de estar pouco importando para o seu bem estar.
Sentamos à mesa para tomar café, olhava para os dois e muitas coisas passavam pela minha mente. Estava apreensivo e temeroso, mas por outro lado, pensava na grana que poderia ganhar. Provavelmente seria apenas pra gravar um vídeo metendo a rola mais uma vez no cuzinho de Davi. Isso eu faria mesmo de graça, imagina recebendo uma bolada. Meu ZAP notificou outra vez uma nova mensagem de Emerson dizendo:
“Prepara o garoto que ele vai engolir muito leite podre. Vai ficar super vitaminado.”
Enviou uma imagem estranha que parecia um aviso de radioatividade.
Sem saber ao certo o que queria dizer ou significava, respondi:
“Pode deixar. Ele está preparado.”
“Traga também o pai retardado.” – avisou.
“Pode ficar tranquilo, ele também vai.” – teclei.
“Então, daqui a algumas horas nos veremos” – teclou e ficou offline.
– A gente vai fazer um passeio – falei para Davi e Rogério.
– A gente vai passear aonde? – perguntou Davi.
– Vamos na casa de um amigo.
– Eu conheço? – perguntou Rogério.
– O doutor Emerson que falamos com ele ontem – respondi.
– É sobre o seu tratamento?
– Com certeza – respondi sorrindo. – Tem tudo a ver com o meu tratamento.
– Será que você vai precisar novamente fazer aquilo com Davi? – perguntou preocupado.
– Isso é uma certeza – falei. – Você tem algo contra? Não quer mais me ajudar?
– Não é isso – respondeu desconcertado. – Quero ajudar, sim. Só fico com medo de Davi não aguentar, porque já fez ontem, e fazer hoje outra vez pode machucar ele.
– Meu bebê aguenta – falei alisando o rosto de Davi. – Ele é forte, e sou carinhoso com ele. Não vou machucar meu amorzinho. A não ser que você queira ficar no lugar dele. É isso?
Rogério sorriu com vergonha, mas falou:
– Se você quiser, tudo bem.
Sorri para Rogério, levantei e me encostei em suas costas, fiz um carinho em seu pescoço e me abaixei pra falar em seu ouvido:
– Tá doidinho pra sentir o pau do seu macho rasgando suas pregas, né viado?
– Não é isso.
– É sim, cara, confesse! Também estou com vontade de enrabar você. Estourar esse cuzinho no meu pau. Lhe transformar de verdade nesse viadinho submisso que você é.
Passei a língua pelo seu pescoço fazendo se arrepiar. Falei:
– Vai, pede meu pau. Diz que tá morrendo de vontade de ficar de quatro pra mim. Confesse que a vida toda você desejou ser a minha putinha. Vai, viado, me pede pica.
Rogério ficou quieto, me ouvindo, mas eu percebia que ele estava louco de vontade de levantar daquela cadeira e empinar para eu meter fundo. Continuei passando a língua pelo seu pescoço e orelha. Era notório a sua excitação, senti seu corpo esquentar, e quase ouvia o coração estrondando em descompasso. O viado até tinha um cheiro agradável e uma pele gostosa. E o seu jeito de aceitar tudo calado mexia comigo. Se eu curtisse homem, com certeza assumiria ele. Suspirou sem mais conseguir conter o prazer que estava sentindo, e eu também senti meu pau endurecer. Peguei sua mão e fiz ele colocar sobre minha dureza pulsando dentro da calça. Recebi seus carinhos com satisfação. Perguntei baixinho no seu ouvido:
– Quer pra você?
– Hum hum – respondeu letárgico.
Davi nos olhava com certa inquietação, com uma pontada de ciúmes. Pra tentar me separar de Rogério, levantou e me puxou pela mão, dizendo:
– Vamos passear logo.
– Calma – falei. – Já vamos. Tô contando um segredo ao seu pai.
– Que segredo é? – perguntou curioso.
– É segredo meu e dele – respondi.
– Também quero saber.
– Outra hora – dei um beijo no rosto de Rogério e falei no seu ouvido:
– Depois eu lhe dou o que você tá querendo.
Dirigi até a Barra pensando em tudo que estava acontecendo. Principalmente na minha nova relação com Rogério e Davi. Estava confuso com os meus próprios sentimentos. Perguntei-me se estava sentindo tesão por ele. Pela criança tinha total certeza que sim, era puro tesão e desejo o que me fazia estar perto dele. Olhei para ele ao meu lado, e constatei que seu semblante era de um homem perdido no mundo, sem saber ao certo que direção tomar. Sem amigos, sem amores, sem perspectivas. Apenas vivendo inofensivamente, sem causar danos a ninguém. Entretanto, por ser tão inofensivo, o mundo lhe deu tantas porradas, e muitos, inclusive eu, sempre o tratou com desprezo e arrogância. Inesperadamente naquele momento senti algum tipo de carinho por ele. Não era uma pessoa ruim, apenas tinha um jeito diferente e peculiar de agir. O jeito próprio dele, tranquilo e pacífico. Botei o braço pelo seu ombro e perguntei:
– Tá tudo bem?
– Tá – respondeu me olhando sem acreditar que meu braço estava sobre si, em um gesto de cuidado.
– Tô sentindo você meio estranho.
– Um pouco ansioso – explicou. – Só isso.
– Com o quê?
– Não sei direito. Uma sensação estranha.
Passei a mão pelos seus cabelos e falei:
– Fique tranquilo. Você está comigo. Tá tudo certo.
Sorriu tímido e virou para a janela, olhando as ruas movimentadas do Rio de Janeiro.
Minutos depois já estávamos na Barra e imediatamente identifiquei o carro que Emerson disse que estava esperando pela gente. Ao lado, um homem pequeno e franzino, que provavelmente seria Eduardo, e ao nos ver, logo se manifestou, mostrando que já sabia quem éramos nós. Depois das apresentações, ele disse:
– Precisamos ir logo, pois parece que vai cair uma tempestade. E subir a serra desse jeito é muito arriscado.
– Emerson não me disse que iríamos para a serra – falei.
– Sim, o orfanato é na serra – explicou. – Mas não se preocupe, sou um ótimo motorista.
– Espero que seja melhor do que eu – brinquei.
Não foi uma das melhores idas à serra, até porque nunca gostei daquele lugar. Prefiro o barulho caótico da cidade. A cada segundo que o carro avançava, minha dúvida quanto ao que estava fazendo aumentava mais. Várias vezes olhei para trás, e Rogério não parecia estar mais à vontade do que eu. Davi estava dormindo com a cabeça em seu colo, e ele alisava os cabelos dourados do filho com um imenso carinho que me tocou de uma forma inusitada. Eu estava estranhamente me sentindo diferente naquele dia, como se novos sentimentos estivessem tomando conta de mim. Em silêncio, cogitei pedir a Eduardo que nos levasse de volta, mas havia outros motivos que me fizeram ficar calado. O dinheiro que me aguardava. Emerson disse que havia muito mais à minha espera.
Horas depois o carro entrou em uma via particular. Percorremos por uma longa estrada privada que nos levou a uma grande casa. Um lugar estranho, onde parecia não existir nada ou alguém. Havia um silêncio perturbador, atípico ao que eu esperava de um orfanato.
– Enfim, chegamos – Eduardo disse ao estacionar em frente a casa.
Quando saimos do carro, a grande porta daquela mansão foi aberta e dois homens veio ao nosso encontro. Logo reconheci que um era Emerson. Andou sorrindo até parar à nossa frente, me olhou e disse:
– Estava ansioso pela chegada de vocês, mas antes de qualquer coisa, quero dar um abraço apertado nesse príncipe aqui.
Voltou-se para Davi que se mostrou acanhado.
– Tudo bem? Eu sou o tio Emerson. Posso ganhar um abraço seu?
Davi balançou a cabeça permitindo que Emerson o carregasse. Trocaram um abraço.
– Você é mais bonito pessoalmente – disse Emerson. – O menino mais lindo que já vi em toda a minha vida.
Davi sorriu encabulado.
– Agora você – falou me olhando e estendendo a mão. – Fico grato que tenha aceitado o meu convite. Vou fazer de tudo pra que tenha momentos maravilhosos.
Estendi a mão para lhe cumprimentar e percebi no seu pulso uma tatuagem idêntica a imagem que ele havia enviado para mim. Isso me deixou intrigado, pensando no que significava. Havia alguma mensagem por trás. Cumprimentou também Rogério que respondeu com um sorriso tolo no rosto.
– Vamos entrar – chamou a gente –, antes que essa tempestade desabe sobre nós. Quero mostrar o orfanato para vocês.
Caminhou na nossa frente ainda com Davi no colo.
– Onde estão as crianças? – perguntei quando entramos.
Era uma grande sala, cheia de móveis e decorações. Tudo em um tom escuro que dava um ar sombrio ao ambiente. Centralizada ao fundo havia uma grande escada que levava para o andar superior.
– As crianças estão em aula – respondeu. – Porém, no momento estamos com poucas. Todas as outras já foram enviadas para os seus papais adotivos.
– Aqui mesmo no Rio?
– Não, não – respondeu sorrindo. – Essa foi uma carga tipo exportação. Material de primeira qualidade – beijou o rosto de Davi. – Tipo esse príncipe aqui, não é pra qualquer um, muito menos permanecer em um país subdesenvolvido.
Essa frase me causou um grande incômodo e automaticamente tomei Davi do seu colo. Queria ir embora naquele mesmo instante, mas preferi agir com cautela, pois não sabia quem eram aquelas pessoas. Qualquer passo errado e alguma merda muito grande poderia acontecer.
Emerson nos mostrou todo o andar de baixo da casa. Ainda faltavam dois superiores, onde disse ficar os quartos das crianças. Quando estávamos pra subir as escadas, o homem que estava com Emerson e que não fomos apresentados, segurou Rogério e disse:
– Você pode ficar aqui embaixo. O patrão vai tratar de assuntos profissionais.
Olhei temeroso para aquela situação, algo não estava bem. Rogério quase gritou de pavor quando viu eu me afastar e o deixar para trás. Isso não estava certo. Ou ele ficaria ao meu lado ou iríamos embora imediatamente. Então gritei do topo da escada:
– Espere! Ele vem comigo. Deixe ele subir.
O homem, provavelmente um capataz, olhou para Emerson em busca de uma autorização. O que foi dada. Rogério subiu as escadas rapidamente e se colocou ao meu lado. Continuamos andando por um corredor escuro, e quando me dei conta, estava com Davi no colo e segurando a mão de Rogério. Seu olhar era de puro pavor. Naquele instante me arrependi profundamente de duas coisas. Não ter vindo no meu próprio carro, e não ter trazido um revólver. Nunca fui tão ingênuo em toda a minha vida. Entretanto, procurei manter a calma, talvez fosse apenas uma suspeita boba, afinal eles trabalhavam com um grande crime, então, era entendido o motivo de toda a segurança que parecia existir.
Ao final do corredor havia um quarto aberto, e sobre uma cama tinha um bebê dormindo e um cachorro de grande porte deitado ao seu lado. A imagem me chamou a atenção, perguntei:
– Um bebê? Por quê?
– Uma grande mercadoria – explicou Emerson. – O mercado é imenso e eles valem muito.
– Esse bebê vai ser vendido?
– Não, não – sorriu. – O destino dele é outro. Mas vamos tratar agora do que realmente nos interessa.
No escritório de Emerson decidimos tudo que poderia acontecer. Conversando a sós com ele, consegui relaxar um pouco, me passou um pouco de confiança. Aquilo era um negócio altamente lucrativo, e tudo era tratado como tal. Um mercado onde ele oferecia o que muitos queriam comprar. E o objeto da vez era Davi. E eu ganharia uma boa grana apenas deixando filmar o pequeno dando o cuzinho para mim e mais outro cara. Era muito arriscado, mas valia à pena.
Enquanto conversava com ele, uma mulher entrou no escritório e disse:
– Emerson, o bebê e o cão já estão prontos. Já está tudo em ordem no estúdio, apenas esperando por você.
– Me dá cinco minutos que já chego lá – ele respondeu.
Quando a mulher saiu, ele me disse:
– Temos uma gravação agora. Vamos assistir?
– Por mim, tudo bem.
Quando estávamos saindo do escritório, e Rogério vinha atrás com Davi, Emerson disse:
– Acho bom eles ficarem aqui. Pode ser impactante.
– Tem certeza? – perguntei.
– Absoluta.
Concordei então. Mas antes de seguir, abracei Davi e Rogério e disse lhe acalmando:
– Está tudo bem, fique aqui com Davi. Está tudo tranquilo. Confie em mim.
Me olhou temeroso, mas disse:
– Eu confio.
Em um impulso que não sei explicar, beijei os seus lábios. Vi seus olhos brilharam e beijei novamente. Falei:
– Eu já volto.
– Eu te amo – falou alisando meu rosto.
Era a segunda vez que ele dizia isso no mesmo dia. A primeira vez, achei bastante incômodo, mas ali, em um momento de vulnerabilidade, acabei sendo tocado. Mais uma vez sem pensar no que estava fazendo, apenas o puxei e lhe abracei com todo o carinho que por muito tempo faltou em mim, que sempre neguei dedicar a outro alguém.
(Infelizmente não poderei postar o conto inteiro aqui, por conta de limites que o site impõe. Mas você pode ler na íntegra no canal do telegram.)
(Esclareço que, Daniel Coimbra e Karl Grimm são pseudônimos do mesmo autor.)
Para mais informações acessem as redes sociais:
Twitter: @KarlGrimmInsano
Comentários (16)
Jhenyyy: O restante desse conto está aonde?? Não achei seu telegram e nem tt 🙁
Responder↴ • uid:477hln2yb09rKall: Tenho uns contos, como faço pra passar pra você??
Responder↴ • uid:8d5rywp8ra5Kall: Como faço praer o resto do conto? Estou curioso...
Responder↴ • uid:8d5rywp8ra5Mic: Adorei que você voltou 😍
Responder↴ • uid:1ecl2n6qzn4akanon: poxa daniel e quem nao tem possibilidade de ter telegram? nao da pra postar a prte 2 aqui?
Responder↴ • uid:1dv7gau127ukaDaniel Coimbra: Como esclareci que Daniel Coimbra e Karl Grimm são as mesmas pessoas, passo a assinar unicamente como DANIEL COIMBRA. Podem me encontrar no twitter: @DanielCoimbraPD
Responder↴ • uid:1cksxkenqzkboBelze: Finalmente, o melhor autor do cnn voltou
Responder↴ • uid:w736p7qiqDaniel Lisboa: Né veado,e eu tenho uma idéia muito melhor pra você contar,chama-se O veado(você),a veadagem eliminada e o grande Herói(eu,John Deere),muito melhor,não é?Cuidado veado,estou pelas ruas,comigo veadagem e veado terminam mais rápido que uma regulagem de faróis!
Responder↴ • uid:1ck91876ubs01Daniel Coimbra: TE AMO JOHN, e sei que você também ME AMA. Não conseguimos mais viver um sem outro. Todos os nossos momentos foram inesquecíveis. Nunca gozei tão gostoso em minha vida como foi daquela vez que você me deu o rabo fantasiado de gueixa. Você é uma puta gostosa, e meu pau pulsa louco por você.
• uid:1cksxkenqzkboDaniel Lisboa: Me respeita,veado sem-vergonha
• uid:1ck91876ubs01Andy: Acabei de enviar uma solicitação no Twitter...
Responder↴ • uid:jsj36pz4h80oContos do Alec: Daniel, como é bom te ter de volta cara, sou um fã imenso dos seus contos, inclusive comecei a escrever por influência sua e tô feliz demais por poder apreciar um pouco mais das suas obras !!!
Responder↴ • uid:1dfx5f36vfw9cDaniel Coimbra: Oi, Alec. Tudo bem? Obrigado pelo carinho. Escrever é uma grande descoberta cheia de prazeres. Seus escritos estão aqui no CNN? Quero ler. Me chama no TELE: KarlGrimmPD
• uid:1cksxkenqzkboBru: Não acredito que você voltouuuuu.. amoo!!!
Responder↴ • uid:1ehcfz6hj2r6rlucio: oi daniel,sou o autor dos contos entrou e muitos outros,gostei de ve-lo por aqui outra vez
Responder↴ • uid:1e760esihy6ruDaniel Coimbra: Oi, Lúcio. Tudo bem? Na verdade escrevi outros contos, mas assinando com outro nome. Karl Grimm.
• uid:1cksxkenqzkbo