{O Condomínio} A Bela, a Fera e o Pai Bobo
Amâncio, abandonado pela esposa por ser bobo demais, sem experiência para cuidar de Alice e seu irmão, conta com a ajuda de um vizinho excêntrico.
(Inspirado em outros contos deste site sobre "pai bobo")
Amâncio estava sentado na beirada do colchão, no quarto quase vazio que agora fazia parte de seu novo lar. O olhar perdido fixava o chão, onde as marcas de passos dos antigos moradores ainda resistiam. O barracão, alugado por Seu Jairo no improvisado "Condomínio", tinha poucos cômodos e paredes manchadas de umidade, mas seria o abrigo para ele e seus dois filhos.
A casa onde vivera com a esposa estava à venda, parte do acordo do divórcio. Eles precisavam dividir tudo, e ela havia levado o coração dele junto. Não bastasse a humilhação de ser traído e abandonado, o outro homem, mais jovem e mais interesse, ainda levara a mulher sem nem olhar para trás.
Amâncio não sabia por onde começar. No outro quarto, Alice, de 9 anos, dormia encolhida em uma camisola rosa desbotada, com pequenos desenhos de flores quase apagados pelo tempo. O tecido já gasto pelo uso deixava a calcinha lilás levemente perceptível. Arthur, de 7, estava estendido de barriga para baixo, usando apenas um shortinho de pijama azul, com o elástico frouxo que mal se ajustava à cintura.
Por um momento, Amâncio permaneceu encostado na porta, observando os filhos dormirem. Sentia o coração pesado, tomado por um misto de amor e receio. Será que daria conta? Criar duas crianças sozinho, sem a mãe por perto, parecia uma tarefa muito maior do que ele poderia suportar.
Não sabia fazer café, e o pão que comprara na padaria há uns dias estava duro como pedra. A cozinha era um caos. Quando solteiro, a mãe fazia tudo. Depois que casou, foi a esposa quem assumiu esse papel. Agora, sozinho, ele se via perdido em um mundo de tarefas que nunca precisara enfrentar.
Foi aí que Seu Jairo apareceu como um anjo na sua vida. Eles haviam se conhecido no museu, durante os longos e entediantes dias de trabalho de Amâncio. O idoso, entediado por viver sozinho, visitava o local com frequência, puxava conversa sobre as exposições e, um dia, trouxe um tabuleiro de damas.
— Pra matar o tempo, moço. Parece que você tá precisando — Seu Jairo dissera com seu jeito direto.
A partir dali, os dois jogavam sempre que o movimento no museu permitia. Jairo compartilhava histórias do passado, contando como havia sido o primeiro a invadir a terra que deu origem ao "Condomínio". Amâncio ouvia atento, impressionado com o homem que parecia ter todas as respostas para os problemas da vida.
Seu Jairo só não gostava de falar da sua vida antes do "Condomínio". Amâncio, curioso, já perguntara em algumas ocasiões: se ele já foi casado, se tinha filhos, e em que trabalhava antes. Jairo desconversava, mudava de assunto ou reagia com um silêncio estranho. Porém, quando o assunto era algo recente, ele falava até cansar. Para Amâncio, o comportamento não parecia suspeito; ele apenas parou de insistir nesses temas.
Quando a esposa de Amâncio foi embora, levando não só a estabilidade da casa, mas também a ordem do cotidiano, foi Seu Jairo quem estendeu a mão para ele.
— Ô, Amâncio, tá precisando de um lugar pra ficar? Lá no "Condomínio" tem um barracão vazio. Não é grande, mas dá pro senhor e pras crianças.
Amâncio, um homem cansado e perdido na nova realidade de pai solteiro, aceitou a ajuda. Estava inseguro, sem saber como lidar com a situação, mas com um amigo por perto, pensou que poderia ser mais fácil. E assim, ele e os filhos foram parar no "Condomínio", um lugar simples, mas que agora se tornava o novo lar.
Desde então, Seu Jairo passou a ser presença constante. Quase todas as noites, ele estava lá, visitando o amigo logo depois que Amâncio chegava do serviço.
— Ô, Seu Amâncio, como tão as coisas por aqui? — perguntou ele, entrando sem cerimônia, como já havia se habituado, e sentando-se no sofá, com aquele jeito de quem se sente em casa.
Amâncio suspirou e começou a se lamentar, como sempre fazia.
— Estou gastando uma fortuna comprando almoço todos os dias. E as crianças já estão enjoadas de jantar Miojo toda noite. Hoje até pedi uma pizza para variar um pouco o jantar.
Logo, Alice e Arthur saíram do quarto, os cabelos úmidos e cheirando a banho tomado. Arthur vestia apenas um short de pijama. Já Alice, estava só de calcinha. O menino cumprimentou rapidamente o vizinho e, sem perder tempo, se jogou no sofá, pegando o controle remoto da TV.
Foi aí que Seu Jairo não conseguiu disfarçar sua surpresa ao ver Alice vestida daquela maneira. Ele olhou para ela, os olhos um pouco arregalados, mas sem querer demonstrar nada além da surpresa. Alice, ao perceber o olhar dele, parou abruptamente no meio da sala. Seus olhos se fixaram no chão por um instante, antes de ela recuar para perto da porta do quarto, o rosto ligeiramente corado.
— Papai, não consigo achar uma camisola! — gritou ela, hesitante, a voz um pouco mais alta do que o normal, nervosa pelo vizinho a ter visto só de calcinha.
Amâncio, sem perceber o desconforto da filha, sorriu e respondeu com a mesma naturalidade de sempre:
— Venha aqui, filha. Vem cumprimentar o tio Jairo.
Alice hesitou, uma sensação de embaraço tomando conta dela.
— Mas estou só de calcinha, papai...
— Ah, você é criança, não tem problema.
Relutante, Alice olhou para o chão, se movendo devagar. Seu corpo parecia tentar se esconder da situação. Ela se aproximou, com os olhos ainda baixos, e murmurou:
— Oi, tio Jairo...
Seu Jairo, mordendo o lábio inferior, tentando disfarçar a excitação de ver a menina usando nada mais do que uma calcinha amarela com o tema da Bela e a Fera, respondeu:
— Oi? E só isso depois de tudo que eu tenho feito por vocês? — Ele estendeu os braços com a intenção de abraçá-la, fazendo um gesto exagerado para que ela se sentisse mais à vontade.
Alice hesitou, mas, vendo o pai gesticulando com o queixo na direção do idoso, se aproximou um pouco mais e deu-lhe um abraço rápido. Seu Jairo, em um movimento espontâneo, a abraçou fortemente, deu um tapa brincalhão no bumbum dela e a sentou em seu colo.
— Assim tá melhor! — disse ele, rindo. — Então, princesa, tá gostando de morar no "Condomínio"?
Alice, com sua sinceridade infantil, não hesitou:
— Não.
Amâncio se sentiu um pouco constrangido e tentou suavizar a resposta com um sorriso sem jeito.
— Ela sente falta da mãe. Tá tudo muito novo pra ela, sabe?
Jairo, observando a menina com mais ternura, suavizou a voz e se inclinou ligeiramente em sua direção.
— Ah, princesa... Não fica assim, tá? Logo, logo você vai fazer muitos amigos aqui. Tem um montão de crianças pra brincar, você vai ver.
Alice, ainda sem saber o que pensar, levantou os olhos para o tio e, pela primeira vez, soltou um sorriso tímido, quase imperceptível.
— Sério? Aqui tem muitas crianças?
Ele inclinou-se levemente, apontando para a barriguinha da menina. Com o dedo indicador, tocou de leve o umbigo dela e acrescentou:
— Vamos imaginar que isso aqui é a sua casa.
Alice inclinou a cabeça, intrigada. Seu Jairo manteve o sorriso enquanto prosseguia com a analogia, o dedo traçando um caminho leve sobre a barriguinha dela:
— Aqui, bem acima da sua casa — explicou, movendo o dedo para o alto da barriga — moram duas meninas muito legais, Luiza e Lara. Tenho certeza de que vocês vão se dar super bem.
Ele então arrastou a mão para a lateral esquerda da barriguinha de Alice, descrevendo com entusiasmo:
— E aqui do lado, ó, fica uma casa cheia de crianças. Tem a Júlia, o Caio e a Jade. Eles adoram brincar, sabia? Aposto que vocês vão formar uma turminha imbatível.
Os olhos de Alice começaram a brilhar de entusiasmo. Seu Jairo, percebendo o impacto de suas palavras, continuou com animação:
— Agora, se descermos um pouquinho mais... — ele deslizou o dedo até a cintura da menina, onde o cós da calcinha começava — encontramos a Miriã e o Mateus. Sabe o que é mais legal? O pai deles tem um cavalo chamado Faísca. Esse cavalo já foi meu, mas, agora estou mais velho, dei o Faísca para eles. Se você quiser, posso pedir para o Marcos te levar pra dar uma voltinha.
— Sério mesmo? — Alice perguntou, os olhos arregalados de empolgação.
Seu Jairo assentiu com um sorriso largo.
— Claro que é sério! E tem mais! Descendo só mais um pouquinho... — ele tocou a estampa da Bela e a Fera desenhada na calcinha de Alice, bem em cima da pererequinha — moram a Ketlyn e a Kawany.
O rosto de Alice se iluminou completamente ao descobrir que teriam tantos amigos para brincar, sem notar os toques carregados de segundas intenções do velho, a menina abriu um sorriso radiante imaginando as possibilidades.
— Tá vendo só? Esse lugar é perfeito pra uma garotinha tão bela como você — concluiu Seu Jairo, com um tom acolhedor.
— Siiiiimmm! — gritou Alice, pulando de empolgação no colo de seu Jairo.
No passado, antes do "incidente" que ele se recusava a revisitar, o velho estaria preocupado em esconder a satisfação que, inevitavelmente, sentiria em momentos como esse.
Amâncio, observando a cena, ficou admirado:
— Seu Jairo, o senhor tem mesmo um dom com crianças!
— Ah, eu adoro crianças! — respondeu Jairo, começando a fazer cócegas em Alice, que se contorcia no colo dele entre risadas.
Percebendo a inocência de Amâncio e de Alice, seu Jairo foi ficando mais ousados nos toques. As cócegas que começaram na barriguinha e nas axilas, passaram para os peitinhos e, em passagens rápidas entre a barriga e a coxa, os dedos passeavam brevemente pela virilha da menina.
Ao ouvir o som de buzinas, Amâncio foi até a porta, e voltou trazendo uma pizza ainda soltando fumaça, e o cheiro irresistível de queijo derretido e molho fresquinho tomou conta do ambiente. Na outra mão, ele carregava uma garrafa de refrigerante gelada, o som do líquido borbulhando ecoando enquanto ele a colocava na mesa.
— Olha o que eu trouxe, Seu Jairo! — disse Amâncio, com um sorriso satisfeito. — Vamos jantar com a gente?
Seu Jairo, que estava se divertindo com Alice no sofá, levantou os olhos e sorriu ao ver a pizza.
— Claro, quem resiste esse cheiro, né? — respondeu ele, já se aproximando para pegar uma fatia.
Durante a refeição, as crianças se encantaram pelas histórias fantásticas de Seu Jairo, que sempre exagerava nas suas aventuras. Ele relatava como, quando ainda morava sozinho no "Condomínio", teve que enfrentar cobras, jacarés e até ursos para conseguir levantar o lugar. Suas histórias eram tão animadas que arrancavam gargalhadas e olhares arregalados dos pequenos.
Após o jantar, Alice ainda estava rindo das histórias engraçadas de Seu Jairo, e com os olhos brilhando de curiosidade, pediu ansiosa:
— Conta mais uma história, tio Jairo!
O idoso, sorrindo e balançando a cabeça, pegou a menina no colo, começando a gesticular com exagero enquanto tentava lembrar de mais alguma história para encantar os pequenos. Então, seus olhos caíram na estampa da calcinha de Alice, que exibia a imagem de Bela e a Fera. Um brilho travesso apareceu em seu olhar, e ele teve uma ideia.
— Então, em um tempo antigo, no começo do "Condomínio", havia uma fera. Uma criatura enorme, peluda, com garras afiadas e dentes que faziam até os mais corajosos tremerem. Mas ela conheceu uma menina, uma garota muito bela, como você. No início, a menina tinha medo da fera, porque ela era muito maior do que ela, mas, com o tempo, foi descobrindo que a fera não era tão má assim. Ela tinha um coração bom e era muito carinhosa...
— Ah, seu bobo! Você está inventando, isso é a história da Bela e a Fera! — interrompeu Alice, rindo, claramente satisfeita por ter desmascarado o truque do tio.
Seu Jairo deu uma grande gargalhada, sem tentar esconder o quanto estava impressionado com a sagacidade de Alice. Com um olhar travesso e um sorriso astuto, ele respondeu, levando a brincadeira adiante:
— Você me pegou, princesa! Não sabia que você conhecia essa história! — exclamou ele, ainda rindo.
— Claro que conheço, tenho o livro e o DVD dessa história! — disse a menina empolgada.
— E até a calcinha! — brincou Seu Jairo, tocando na estampa dos personagens na roupa íntima da criança.
Alice riu, agora um pouco sem graça. Os olhos de Seu Jairo brilharam, e ele teve uma ideia.
— Mas o que você não sabia é que a fera que rondava o condomínio era eu! — disse, erguendo os braços e emitindo sons da Fera.
A menina riu da brincadeira do vizinho. Ele, com um gesto exagerado, começou a brincar, tentando agarrar Alice, em seu corpinho quase sem roupas, como se fosse uma fera apaixonada tentando capturar sua Bela.
Alice, se divertindo com a situação, soltava gargalhadas e se esquivava, tentando fugir da "fera", mas sem muito sucesso.
— Não, Fera, não! — ela gritava entre risos, tentando se desvencilhar do abraço apertado de Seu Jairo.
Quando conseguiu escapar dos braços apertados do vizinho, quase perdeu a calcinha, que ficou presa nos dedos dela. Mas rapidamente a menina agarrou a peça e a ajustou em seu corpo novamente.
Amâncio observava a felicidade da filha com um sorriso bobo no rosto. Ficou contente ao ver como Seu Jairo também parecia se divertir com a brincadeira, mas percebeu que já estava ficando tarde e decidiu intervir.
— Muito bem, filha. Agora deixa o Seu Jairo descansar. Vai colocar sua camisola, já está na hora de dormir.
Alice desceu do colo do vizinho ainda rindo, mas hesitou ao chegar perto da porta. Olhou para o pai com uma expressão preocupada e disse:
— Mas, papai, esqueceu que te falei que eu não achei nenhuma camisola limpa.
Amâncio suspirou e, meio constrangido, lançou um olhar cúmplice para Seu Jairo.
— Pois é, tem mais esse problema. O cesto de roupa tá cheio, e eu nem sei como ligar a máquina de lavar.
Seu Jairo soltou uma risada, divertida e acolhedora ao mesmo tempo.
— Ô, homem, isso é mais fácil do que parece. Vem cá que eu te mostro.
Amâncio mandou as crianças irem dormir, com a roupa que estavam mesmo. Depois guiou o vizinho até a área de serviço. Seu Jairo pegou o cesto de roupas sujas e começou a despejar as peças na máquina. Sentia um prazer especial por cada calcinha da Alice que tocava.
Discretamente, observava a parte interna, notou que algumas calcinhas tinham marcas de urina ressecada, atiçando ainda mais o fetiche do idoso por roupas íntimas infantis usadas. Pois sabia que as marcas de uso indicavam o local exato onde o tecido abraçava a xoxotinha da menina. Sutilmente, deixou uma calcinha branca, com marcas mais evidentes, cair no chão, por trás do cesto de roupa suja.
Então começou a ensinar ao Amâncio como usar a máquina.
— Primeiro, a gente separa as roupas brancas das coloridas. Depois, coloca o sabão aqui, no compartimento certo. Tá vendo? Não tem mistério.
Enquanto Amâncio se concentrava no painel, Jairo, aproveitando a distração, pegou a calcinha caída no chão e tentou escondê-la dentro da bermuda. Mas, ao dar os primeiros passos, a peça deslizou pela perna de sua bermuda e caiu no chão. Desde o "incidente", Jairo não usava mais cueca, o que facilitou a calcinha escorregar perna abaixo, atrapalhando seu plano.
Para azar do idoso, Amâncio percebeu a calcinha caída ao lado dos pés dele. Jairo, sem perder a compostura, disfarçou:
— Opa, essa aqui deve ter ficado presa em algum canto. Vai ter que ficar para a próxima leva — disse, recolhendo rapidamente a peça e jogando-a de volta no cesto, tentando não demonstrar frustração.
Amâncio deu um sorriso. E seu Jairo estrategicamente mudou de assunto.
— E amanhã, será o dia de você aprender a fazer o seu primeiro arroz! — brincou, soltando uma risada enquanto batia no ombro de Amâncio.
À noite, Amâncio não conseguiu dormir, consumido pela dor do abandono da esposa. Sentia raiva pela traição, saudade do tempo em que a família estava junta e medo de não dar conta de criar os filhos sozinho. Virou de um lado para o outro na cama, mas o sono não veio. Quando finalmente tentou descansar pela manhã, as crianças o acordaram cedo.
— Estamos com fome, papai — disse Alice, faminta, vestindo apenas uma calcinha, já que não havia nenhuma camisola limpa.
Amâncio, pelo menos, sabia preparar leite com Toddy e servir com biscoitos. Alimentou os filhos e conseguiu ajudá-los com as tarefas escolares. Depois, eles pediram para brincar, e ele tentou, mas a falta de carisma e energia tornou tudo sem graça. Para o almoço, pediu comida por aplicativo. As crianças comemoraram: strogonoff era o prato favorito delas. Durante a refeição, Alice acabou derramando molho na calcinha, a única peça de roupa que vestia. Ela olhou envergonhada para o pai.
— Tudo bem, filha. Depois é só vestir outra para a escola. — Amâncio respondeu com calma, diferente da reação escandalosa que a mãe teria.
Após o almoço, levou as crianças ao quarto para se arrumarem. Apesar da bagunça, conseguiu encontrar os uniformes e uma calcinha limpa para Alice.
— Tire essa calcinha, filha, e vista esta aqui — pediu, esperando que ela se trocasse.
Alice , porém, mostrou-se desconfortável em se despir na frente do pai. Pediu que ele se virasse. Amâncio ficou surpreso, mas respeitou a privacidade da filha. Enquanto isso, Arthur vestiu apenas o uniforme, já que sua cueca estava limpa. Quando Amâncio se virou, Alice também já estava pronta.
Logo depois, Dani, a babá, chegou para buscar as crianças, e Amâncio se despediu, indo para o trabalho. No entanto, o cansaço e a dor de cabeça, resultado de uma noite mal dormida, o fizeram sair mais cedo. Ao voltar para casa, ele planejava tomar um remédio e descansar, mas ficou surpreso ao encontrar a porta entreaberta. Entrou cautelosamente, temendo que houvesse um ladrão. Para seu alívio, era apenas Seu Jairo.
O velho estava na sala, segurando uma calcinha nas mãos — a mesma que tentara pegar no dia anterior. Ao perceber que havia sido flagrado, levou um susto, mas logo se recompôs e forçou um sorriso para disfarçar o constrangimento.
— Chegou mais cedo, o que houve? — perguntou, tentando soar casual, como se nada estivesse fora do lugar.
— Estou passando mal. Mas como entrou aqui? — perguntou Amâncio, desconfiado.
— Tenho a chave de todos os barracões que alugo, caso o inquilino perca ou aconteça uma emergência. Vai que uma casa pegue fogo, né! — explicou Jairo, se livrando do flagrante.
— Ah, entendi. Faz sentido. Mas por que entrou? Aconteceu algo? — Amâncio perguntou, agora mais aliviado, mas ainda sem entender.
— Vi que o varal estava vazio. Se a roupa ficar muito tempo na máquina, ela fica com cheiro ruim. Vim ajudar você. — Jairo respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Amâncio olhou para o velho e, por fim, notou a calcinha na mão de Jairo.
— E por que está segurando a calcinha da minha filha?
— Ah, isso... Bem, me chamou a atenção. — Seu Jairo explicou, apontando para algumas manchas amareladas na parte interna da calcinha. — Essas marcas aqui mostram que a Alice não está se lavando direito no banho.
Amâncio ficou surpreso, confuso, tentando processar o que estava sendo dito. Seu Jairo prosseguiu, como se falasse de algo de extrema importância:
— Agora que você é o pai e a mãe dela, tem que ficar atento a esses detalhes. Você não vai querer que sua filha fique com mal cheiro, ou pior... tenha uma infecção urinária, né?
Amâncio ficou sem palavras, envergonhado por ter desconfiado de Jairo, e uma sensação de desconforto tomou conta dele.
Seu Jairo continuou:
— Se você não se importar, queria lavar essa calcinha lá em casa. Tenho um produto ótimo para remover manchas de roupas brancas. Ela vai parecer como nova de novo.
— Claro, claro... Me desculpe, pelas perguntas, Seu Jairo... A casa é sua, e o senhor... Bem, é meu melhor amigo. Entre sempre que precisar. Mas não quero abusar. Eu vou pendurar as roupas. Achei que era só ligar a máquina e pronto.
— Não é incômodo nenhum. Você disse que passou mal. Vá descansar. Eu penduro as roupas e ainda busco as crianças na escola para você.
— Muito obrigado, mas não precisa buscar as crianças. A babá já vai cuidar disso.
— Babá? Contratou uma babá? Eu poderia olhar os meninos para você sem cobrar.
— Nossa, realmente o senhor é um anjo que caiu do céu para me salvar. — Disse Amâncio, surpreso com a bondade de seu Jairo. — Mas não posso te incomodar com mais isso. Contratei uma mocinha aqui do Condomínio mesmo, não ficou caro.
— Ah, sim... Dani, a filha do pastor. Boa menina. Mas, se precisar, pode contar comigo — disse Jairo, com um sorriso amigável que Amâncio interpretou como genuíno, sem desconfiar das reais intenções do idoso.
Ao entardecer, Dani buscou Alice e Arthur na escola e ficou com eles na casa dela até o pai das crianças chegar do trabalho. Mais tarde, Amâncio, já recuperado da indisposição, foi buscar os filhos na casa da babá.
As crianças corriam na frente, ainda com seus uniformes e mochilas, enquanto Amâncio vinha logo atrás, com passos mais lentos e cansados. Seu Jairo, que estava sentado na sua varanda observando o movimento, se levantou ao perceber a chegada dos vizinhos e foi cumprimentá-los com um sorriso amigável.
Ele se abaixou na frente das crianças, com uma expressão travessa, e disse:
— Tenho uma surpresa para vocês!
Com isso, entregou dois pequenos embrulhos — um rosa e um azul. As crianças, curiosas e empolgadas, rasgaram os papéis com rapidez, revelando seus novos brinquedos: um carrinho de corrida com a Mulher-Maravilha dirigindo e um Batmóvel.
Os rostinhos de Alice e Arthur se iluminaram de alegria. Começaram a balançar os carrinhos no ar como se tivessem asas.
Amâncio observava um pouco sem jeito com tanta gentileza do vizinho, mas satisfeito com a felicidade dos filhos.
— Como é que se diz, crianças? — perguntou Seu Jairo, esticando os braços abertos.
— Obrigado, tio Jairo! — disseram as crianças em ao mesmo tempo, abraçando o senhor com carinho.
— Melhorou, homem? — perguntou Jairo, com um olhar atento, notando a expressão mais tranquila de Amâncio.
— Um pouco, graças a Deus. Consegui descansar. — respondeu Amâncio, ajeitando a alça da mochila de Arthur, que estava pendendo de seu ombro.
— Ótimo! E agora, tá disposto a aprender a cozinhar? Quem sabe começamos com uma janta bem caprichada hoje? — sugeriu Jairo, com um sorriso animado.
Amâncio hesitou por um momento, mas acabou concordando.
— Acho que já passou da hora de começar... Vamos lá. — disse, acompanhando o idoso até sua casa, enquanto as crianças corriam para brincar com os presentes.
Seu Jairo trouxe uma sacola com todos os ingredientes necessários: arroz, bifes, tomates e temperos. Amâncio ficou surpreso com a proatividade do vizinho, e logo seguiram para a "aula de culinária prática".
Enquanto explicava o preparo básico do arroz, Jairo notou as crianças brincando no chão da cozinha, ainda com o uniforme da escola. Ele soltou, quase sem pensar:
— Assim que a Flávia chegava da escola, eu já mandava ela tirar o uniforme pra não sujar.
Amâncio parou, surpreso. Era a primeira vez que ouvia Jairo mencionar algo do passado.
— Flávia é sua filha? — perguntou, tentando puxar o fio da conversa.
O semblante de Jairo mudou instantaneamente.
— Isso não importa. O que importa é que seus filhos vão acabar sujando o uniforme, e você vai ficar com mais roupa pra lavar. — respondeu, desviando do assunto com um tom seco.
Amâncio se assustou com mudança brusca de humor e achou melhor seguir a sugestão.
— Crianças, Seu Jairo tem razão. Tirem o uniforme pra não sujar.
Arthur tirou o uniforme rapidamente, sem nem pausar a brincadeira. Já Alice tirou a blusa, mas hesitou em tirar o short na frente do vizinho.
Jairo percebeu a insegurança da menina e tentou tranquilizá-la, voltando a falar de forma doce novamente.
— O que foi, princesa? Tá com vergonha do tio? Ontem você foi tão corajosa... parecia a Mulher Maravilha!
Alice deu um sorriso tímido e, encorajada, tirou o short. Jairo esboçou um sorriso que Amâncio interpretou como orgulho pela relação amigável com as crianças.
Amâncio, por sua vez, se sentiu aliviado com a mudança de humor do vizinho e admirou a habilidade dele em lidar com os pequenos. A menção a Flávia o fez imaginar que talvez Jairo tivesse perdido a filha, o que explicaria tanto o receio de falar do passado quanto a experiência em lidar com as crianças.
— O jantar está quase pronto. Não vai mandar seus filhos tomarem banho? — perguntou Jairo, lançando um olhar sugestivo para Amâncio.
— Sim, tem razão. — respondeu Amâncio, com gratidão pela presença do vizinho. — Crianças, hora do banho.
Alice e Arthur fingiram não ouvir, querendo estender o tempo da brincadeira com carrinhos pelo chão da cozinha. Amâncio, com sua habitual voz monótona, repetiu:
— Vamos, crianças. Banho.
Mais uma vez, foi ignorado. Jairo, percebendo a cena, decidiu intervir de forma mais envolvente e divertida.
— Eu sou o monstro da sujeira! — exclamou com voz teatral, gesticulando exageradamente como se fosse uma criatura enorme. — Adoro comer criancinhas que não gostam de banho!
Dizendo isso, correu atrás deles, as mãos levantadas como se fossem garras gigantes. As crianças soltaram os brinquedos, gritando e rindo, e correram até o banheiro para escapar do "monstro".
Jairo abriu o chuveiro e olhou para os dois com um sorriso vitorioso.
— Pronto! Agora quero ver quem vai ser o primeiro a entrar no chuveiro!
Arthur, sem cerimônia, tirou a cuequinha e entrou sob a água, começando o banho. Alice, no entanto, ficou parada, segurando o elástico da calcinha, com vergonha.
Jairo se abaixou para falar com ela, com um tom encorajador:
— E aí, princesa? Vai ser a comida do monstro da sujeira ou a Mulher Maravilha que vai tomar banho pra salvar o mundo?
Alice deu um pequeno sorriso, tomou coragem e tirou a calcinha, entrando no chuveiro ao lado do irmão.
Jairo olhou para as crianças, orgulhoso da sua habilidade com elas. A visão foi recompensadora.
Via o corpinho magrinho, de pele morena clara de Alice. Os cabelos cacheados e escuros iam perdendo o volume a medida que se enxarcavam de água. Os olhos castanhos encaravam o idoso rapidamente e logo abaixavam para o chão, demonstrando o constrangimento de constatar que Seu Jairo podia vê-la pelada.
E para piorar a vergonha da menina, o vizinho aproveita a oportunidade. Seus olhos saboreavam cada detalhe da pererequinha da Alice. Os lábios carnudinho e lisinhos, num tom mais claro, assim como toda a sua virilha, que mantinha registrada a área protegida por um biquíni em algum passeio com água. O cortezinho que separava a parte íntima da menina em duas abas eram um convite para os dedos de Seu Jairo. Mas ele sabia que tinha que se conter, pelo menos por enquanto.
Mas sua visão do paraíso foi interrompida bruscamente.
— Nossa, o senhor realmente tem uma habilidade incrível com crianças. É como se fosse um milagre! — disse Amâncio, empolgado, chegando à porta do banheiro.
Ao ver o pai, Alice cruza os braços na frente do corpo, repousando as mãos sobre a virilha, protegendo sua intimidade.
Resta seu Jairo olhar para Arthur. O menino é levemente mais gordinho, a pele um pouco mais clara do que a irmã, as janelinhas deixam o rostinho fofo quando fala. Os joelhos ralados indicam que é uma criança cheia de energia. E o pintinho pequeno anunciava que terá muitos anos de infância pela frente. Mas o corpinho do menino não encanta seu Jairo como o da Alice faz.
— Tenho meus momentos — respondeu Jairo, tentando parecer natural.
— A água do arroz secou, então desliguei o fogo, como você me orientou.
— Ah, perfeito. Agora vamos preparar os bifes — disse Seu Jairo, pegando a calcinha e a cuequinha do chão e indo para a cozinha com Amâncio.
Minutos depois, os cozinheiros ouvem gritinhos do banheiro:
— Papai, terminamos! Traz a toalha!
Amâncio começou a se mover para pegar as toalhas, mas foi interrompido por Seu Jairo.
— Você está quase terminando sua aula. Agora só falta picar o tomate em cubinhos, como te ensinei. Deixa que eu levo as toalhas. Tome cuidado com o tempero, não exagere no sal.
Jairo então pegou as toalhas no varal, uma em cada mão, e seguiu até o banheiro.
Alice, ao notar alguém se aproximando, cobriu a perereca, achando que era o pai. Ao ver que era Seu Jairo, ficou confusa se continuava a se cobrir ou não. Ainda sentia vergonha, mas não queria que ele a achasse uma menina boba. Querendo mostrar que era corajosa como uma grande heroína, descansou os braços ao lado do corpo, exibindo orgulha sua perereca, forçando uma falsa naturalidade.
A visão era tão encantadora para Seu Jairo, que agindo puramente por instinto, como um animal no cio, jogou uma toalha para Arthur se secar, e foi ajudar a Alice. Esfregava delicadamente a toalha pelo corpinho dela, deixando seus dedos a tocarem sempre que possível.
A menina sentia um mix de conforto pelo carinho e vergonha por ter um homem tocando seu corpo nu tão intimamente. As sensações se intensificaram quando o velho afastou as perninhas dela e passou a toalha na virilha e entre as coxas.
Sentiu o rosto corar mesmo, quando Seu Jairo tirou a toalha da frente, olhou de pertinho para a vagina dela e teve a ousadia de perguntar:
— Lembrou de lavar a xoxotinha direitinho?
A menina, sentindo o rosto queimar, respondeu, após se recuperar do susto:
— Sim — disse quase sem voz por conta da timidez.
Mas dessa vez, o idoso não conseguiu se conter.
— Deixa o tio ver se lavou direitinho mesmo — disse, enquanto passava os dedos da rachinha de Alice e levava os dedos ao nariz — parabéns, princesa! Está com cheirinho de sabão.
A menina, com o rosto totalmente vermelho, riu sem graça.
Arthur, inclinou o quadril para frente, deixando o pinto mole em destaque e disse, com toda sua inocência:
— Olha o meu! Eu também lavei.
Seu Jairo não conteve o sorriso. Fez uma pinça juntando todos os dedos da mão, e pegou ao mesmo tempo no pintinho e no saquinho do menino. Deu uma delicada apertadinha e cheirou os dedos. Sentiu um leve aroma de pinto, mas não quis decepcionar o garoto.
— Está cheirosinho também! — disse Jairo, sorrindo enquanto aproveitava para terminar de secar Arthur.
Ele jogou as toalhas na pia e, com agilidade, se abaixou diante das crianças, pegando uma de cada vez e colocando nos ombros, como se fosse uma grande diversão. Alice e Arthur gargalhavam, encantados com a brincadeira do vizinho.
— Peguem as toalhas, crianças! — disse, com um tom dramático, balançando os ombros como se fosse um monstro. — O monstro que gosta de meninos cheirosos está com as mãos ocupadas carregando seu jantar!
As crianças, em pura empolgação, pegaram as toalhas da pia, enquanto suas pernas balançavam no ar, e fingiam gritar de medo, mas a diversão não deixava de transparecer nas risadas abafadas.
Passando pela cozinha, Jairo olhou para Amâncio, que se virou, curioso, para descobrir porquê os meninos riam tanto. Mas nem ele se conteve e sorriu também ao ver os dois debatendo as pernas com o bumbum pelado pra cima nos ombros do vizinho.
Jairo seguiu até o quintal, sem se importar com a falta de roupas das crianças. Ele virou-se de costas para permitir que elas pendurassem as toalhas no varal.
Em seguida, carregou as crianças até o quarto, jogando-as na cama com uma energia contagiante, sempre em tom de brincadeira. Amâncio entrou no quarto logo depois, vendo, com satisfação, os filhos se divertindo tanto. Alice estava tão eufórica com a brincadeira que, sem perceber, se esqueceu de se cobrir ao ver o pai chegando. Amâncio instintivamente olhou para a virilha da filha, e constatou que era apenas um corpinho infantil, sem nenhum motivo para a menina fazer tanto drama dele a ver pelada.
Amâncio e Seu Jairo ajudaram as crianças a se vestirem. Com um sorriso, Amâncio colocou uma cuequinha branca com vários dinossauros verdes estampados em Arthur, enquanto Seu Jairo, com cuidado, ajudava Alice a vestir uma calcinha amarela da Bela e a Fera.
Após ajudarem as crianças a se vestirem, Jairo ergueu Alice nos braços, fazendo um movimento teatral, como se ela estivesse voando. Uma mão apoiava o peito da menina e a outra a virilha. Os dedos de Seu Jair sentia o calor e maciez da intimidade da menina sob a calcinha. Alice, com a adrenalina de estar flutuando pela casa, não sentia a sutileza dos toques. Amâncio, contagiado pela alegria da filha com a brincadeira, fez o mesmo com Arthur, elevando-o com cuidado e imitando o gesto do vizinho. Amâncio sentia o pintinho do filho entre seus dedos, mas o garoto não se incomodou, apenas sorria com a brincadeira do pai. As risadas das crianças ecoaram pelo barracão, enchendo o ambiente de alegria.
Carregando-os "voando" até a mesa de jantar, Seu Jairo liderava a cena com um sorriso tranquilo, enquanto Amâncio vinha logo atrás, satisfeito por ver os filhos tão animados. O pai, em meio àquele momento de felicidade simples, sentia um misto de orgulho e alívio: não só havia feito o primeiro jantar de sua vida, como também conseguira arrancar sorrisos genuínos de Arthur. Estava aprendendo a ser pai.
Depois do jantar, as crianças foram para a sala assistir desenhos, como era de costume antes de dormir. Hoje era a vez de Alice escolher, e ela optou pelo DVD da Bela e a Fera, por ter lembrado das brincadeiras com seu Jairo. Arthur, claramente descontente com a escolha da irmã, pegou seu carrinho novo e ficou brincando ao lado do pai, que o observava com um sorriso tranquilo. Alice, por sua vez, se aconchegou ao lado de Seu Jairo, apoiando a cabeça em seu braço.
Os adultos conversavam em voz baixa, tentando não atrapalhar a menina. Aos poucos, o cansaço do dia começou a pesar. Arthur foi o primeiro a se render ao sono, deitando-se no sofá e usando a perna de Amâncio como travesseiro.
Alice, no entanto, lutava contra o sono, determinada a assistir até o final do filme. Percebendo a resistência dela, Seu Jairo a pegou no colo, ajeitando-a de maneira confortável. Suas pequenas pernas ficaram afastadas, cada uma pendendo de um lado das pernas do velho, enquanto as costas dela repousavam em seu peito. Delicadamente, Seu Jairo fazia carinho em seus cabelos, enquanto observava o filme ainda rodando na tela.
Arthur dormia profundamente, deitado de barriga para cima, a expressão serena de quem estava completamente relaxado. Seu corpo, entregue ao descanso, reagia ao sono com naturalidade. Notando o volume que se formava na cueca do garoto, Seu Jairo lançou um olhar discreto para Amâncio e comentou com um meio sorriso:
— Parece que o garoto está bem confortável nos sonhos dele. — Disse com um sorriso cheio de malícia.
Amâncio viu o voluminho espetando a cueca para cima e sorriu.
Seu Jairo, num tom travesso, sugeriu:
— Põe o pauzinho dele pra fora pra gente ver como está — disse sorrindo.
— Deixa o menino, Seu Jairo. A gente sabe como é.
— É só por zoação, o menino está com a pistolinha durona. Não seja bobo, é só uma brincadeira de homens.
Para Amâncio, ser chamado de bobo foi como um soco no peito. Era um gatilho forte, uma palavra que carregava ecos do passado. Sua esposa costumava chamá-lo assim, com um tom de desdém que ele nunca conseguiu esquecer. Mas, dessa vez, ele decidiu engolir o incômodo e entrou na onda da brincadeira do velho, como se fosse apenas mais um momento descontraído entre amigos.
Abaixou o cós da cueca do filho, e exibiu o pintinho completamente ereto, apontando para o teto. O prepúcio não era grande o suficiente para acompanhar a ereção, e metade da glande do menino ficou para fora.
Amâncio queria provar que não era bobo. Determinado a mostrar que podia ser tão esperto quanto divertido, decidiu ir além do que o velho havia sugerido. Com um sorriso tenso, mascarando o incômodo em seu orgulho, pegou o pintinho do filho e começou a brincar com ele.
O pai esticou o próprio dedo indicador, firme como se fosse uma pequena espada, e encenou uma batalha imaginária. Com movimentos exagerados, balançava a espadinha de Arthur de um lado para o outro.
Os dois homens riram, e Alice, no colo de Seu Jairo, logo se juntou à diversão.
— Você ainda está acordada, menina? — perguntou Seu Jairo, com um sorriso travesso.
Alice, com os olhos brilhando, respondeu:
— Sim! Estou vendo vocês brincando com o piupiu do Arthur porque ele ficou pra cima!
Amâncio engasgou, constrangido, enquanto Seu Jairo arqueava as sobrancelhas, surpreso com a reação da menina. Tentando aliviar o clima, ele riu e disse:
— Essa menina não perde nada, viu? Tá prestando atenção em tudo! — e ajeitou Alice no colo. — Mas já está na hora de dormir, hein?
Alice riu, encostando a cabeça no ombro de Seu Jairo, sem intenção de obedecer tão cedo.
Amâncio, surpreso por Alice ainda estar acordada, sentiu-se desconfortável, como se a brincadeira fosse boba demais para ser vista por ela. Ele desviou o olhar, tentando esconder a vergonha.
Percebendo o constrangimento de Amâncio, Seu Jairo riu e tentou acalmá-lo:
— Relaxa, Amâncio, tá tudo bem. É só uma brincadeira de pai e filho. Nada demais.
Quando Amâncio guardou o pintinho de Arthur, Seu Jairo não perdeu a oportunidade para brincar:
— Ainda bem que essas coisas não acontecem aqui dentro, né? — disse, levantando o elástico da cintura da calcinha de Alice e olhando lá dentro.
Alice corou, mas riu da brincadeira. Amâncio, querendo evitar ser chamado de bobo novamente, forçou uma risada, convencido de que tudo não passava de uma brincadeira inofensiva. Ele até achou legal aquele jeito brincalhão de Seu Jairo, acreditando que ajudava a distrair os filhos da saudade da mãe.
Alice voltou a concentrar no filme. Mas aos poucos, cedia ao cansaço. Jairo deixou suas mãos repousarem sutilmente sobre o virilha da menina, como se a mantivesse segura, caso escorregasse para baixo ao dormir. Ela suspirou, relaxada, enquanto ele olhava para a tela do filme, curtindo o calor do corpinho da garota em seu colo. Amâncio ficou um pouco desconfortável de ver as mãos de Seu Jairo, na calcinha da filha, justamente onde ficava a vagina. Ainda assim, recriminou-se por permitir que tais pensamentos atravessassem sua mente, julgando injustamente o amigo que tanto o apoiava e demonstrava carinho genuíno por sua família.
Quando o filme acabou, o pai pegou Arthur e o levou para a cama, ajeitando-o sob os lençóis. Quando voltou para buscar Alice, viu a serenidade com que ela dormia nos braços de Seu Jairo. Lembrou-se de uma menção anterior do amigo sobre "Flávia" e pensou que talvez Alice representasse uma forma de conforto para o vizinho, algo que ele havia perdido.
— Quer colocá-la para dormir? — perguntou Amâncio, com um tom amigável.
— Sim, ela estava tão empolgada com o filme... Vou só deixá-la mais um pouquinho. — Jairo respondeu, com um sorriso tranquilo.
— Tudo bem. Vou lavar as louças enquanto isso.
Desde o "incidente", Seu Jairo aprendeu que não poderia ultrapassar certos limites. Mas tudo conspirava contra ele naquele momento. A menina dormia profundamente, só de calcinha, em seu colo. E o pai ainda deixa os dois sozinhos na sala. Era demais querer que Seu Jairo agisse com a razão.
Sutilmente, seus dedos invadiram o cós da roupa íntima da menina. O elástico delicado aceitou sem resistir a visita da mão invasora. Após deslizar pela virilha lisinha de Alice, o velho pode desfrutar de toda a maciez daquela pererequinha. Os dedos desfrutavam de cada centímetro. Brincava com uma banda, depois com a outra. Até parar bem no meio, na rachinha onde as dobrinhas se abraçavam.
O dedo achou a dobrinha mais saliente no encontro dos lábios internos. Dentro, o tesourinho escondido de Alice. Seu Jairo massageava o pequeno clitóris com bastante delicadeza. Alice suspirou, mas continuava apagada. Os dedos corriam felizes, subindo e descendo, explorando cada detalhe anatômico. Achou a entradinha da grutinha, mas não ousou ir tão longe. Se limitou a fazer movimentos circulares na portinha.
Ouve os passos de Amâncio voltando. O velho retira a mão, e leva os dedos até o nariz, queria sentir o cheiro da menina. Não resiste e chupa o próprio dedo. Tem sabor de tutti-frutti com uma pitadinha de sal.
— Terminei as vasilhas, vou colocar a Alice na cama — disse Amâncio, enxugando as mãos no pano de prato.
— Sim, já está tarde. Eu vou embora também. Mas vá na frente, eu levo ela pra você — respondeu Seu Jairo, ainda segurando a menina adormecida com cuidado.
Amâncio concordou com um aceno e foi ao quarto, ajeitando a cama para a filha. Logo depois, Seu Jairo entrou, deitando Alice delicadamente sobre o colchão. Ele a observou por um instante, ajustando a posição da menina para deixá-la mais confortável.
— Vou buscar o lençol que ela gosta de usar, deve estar no varal — comentou Amâncio, saindo do quarto.
Antes de sair, Seu Jairo pediu:
— Ah, Amâncio, aproveite e pegue a aquela calcinha da Alice que fiquei de lavar, deixei na área de serviço.
O pai voltou minutos depois, com o lençol numa das mãos e a calcinha na outra.
— Aqui está, Seu Jairo — disse, entregando a roupa íntima usada ao idoso.
Seu Jairo abre a roupa íntima mais um vez. Leva a parte interna próxima ao nariz e inspira.
— O cheiro está até forte. Eu falei com ela no banho para se lavar. Tomara que tenha obedecido. Sinta esse cheiro, para você ver — disse o velho oferecendo a roupa íntima para Amâncio.
Ele ficou sem graça, achava estranho cheirar a calcinha usada da própria filha. Mas não quis ser indelicado com o amigo. Então levou a peça ao nariz.
— Tem cheiro de xixi velho. Mas deve ser normal, não?
— Um pouco sim, mas acho que da sua filha está mais forte. Posso ver se ela obedeceu e se limpou direito dessa vez?
Novamente Amâncio ficou desconfortável com o pedido de Seu Jairo. Mas não queria parecer bobo novamente e assentiu com a cabeça.
A menina dormia de barriga para cima. Seu Jairo abaixou a calcinha de Alice até os joelhos, diante dos olhos do pai.
— Olha como a xoxotinha dela está vermelha — disse o velho, como se não soubesse o real motivo da vagina de Alice estar assim.
Amâncio aproximou para ver melhor e concordou. Seu Amâncio levou as duas mãos em direção a virilha da criança. Usando os indicadores, moveu cada lábio para um lado, abrindo a pererequinha, deixando a parte interna exposta. Estava um pouco pegajoso, a menina já apresentava os primeiros sinais de lubrificação por ter sido estimulada.
— Olha Amâncio, como está grudento do lado de dentro. Passa a mão para você vê.
O pai estava bastante incomodado do amigo tocar a filha assim. Mas ele era incapaz de frustrar o senhor que demonstrava a melhor das intenções. Amâncio se sentia invasivo ao olhar a vagina toda abertinha da filha, podia ver o clitóris e a entrada do canal vaginal protegido pelo frágil hímen da menina. E agora o amigo ainda pedia para ele tocar!
Amâncio, querendo agradar, passa o dedo entre os pequenos lábios vaginais. Sente o rosto corar com o gesto. Mas realmente percebe uma textura diferente.
— O senhor tem razão, Seu Jairo, está bem viscoso e vermelho.
— Sim, você tem alguma pomada para a gente passar, pela cor, já está até com a xoxota irritada.
Amâncio lembrou que a mãe dos meninos tinha juntado todos os medicamentos em uma caixa. E lá, no meio, tinha um Hipoglós.
— Eu tenho, vou pegar. — Ele saiu, com a mente cheia de dúvidas sobre se estava agindo da maneira certa. Mas, no fundo, havia algo de que tinha certeza: o termo que o amigo usara para se referir à vagina de uma criança era, no mínimo, inadequado. Talvez fosse o costume da época dele.
O pai voltou com o frasco na mão. Seu Jairo pegou a pomada, espalhou nos dedos e começou a aplicar na parte íntima de Alice, massageando delicadamente.
Amâncio observava muito desconfortável a cena.
— Pra ser sincero, Seu Jairo, fico meio constrangido de ver um homem tocando assim na minha filha. Mas, pensando bem, tenho que te agradecer. Foi você quem percebeu o problema, eu jamais teria notado.
— Pode ficar tranquilo — respondeu Seu Jairo com calma. — Não estou fazendo isso com sua mulher, e sim com sua filha. Temos que olhar para as crianças com pureza, sem colocar maldade onde não há.
— Tem razão. Me desculpe pelo comentário.
— Não precisa se desculpar. Você até tem razão. Ela é sua filha, e é você quem deveria estar fazendo isso. — Seu Jairo pegou um pouco de pomada e colocou nas mãos de Amâncio. — Aqui, é sua vez. Precisa aprender, afinal, você é o pai e a mãe dela.
Amâncio se aproximou, claramente sem saber como agir, e começou a passar a pomada na vulva de Alice. O rosto dele estava ruborizado de vergonha. Mas, à medida que tocava, ele se surpreendeu com a maciez da pele dela. Estava acostumado a sentir essa região da esposa, que tinha uma textura mais áspera, com os pelos pubianos raspados que faziam a mão pinicar.
Mas a pele de Alice era suave, aveludada, como um toque inesperado de pureza e delicadeza que despertava sensações que não esperava sentir com uma criança, muito menos com a própria filha. O prazer acendeu o instinto primitivo que todo homem carrega dentro de si. Amâncio, atônito, percebeu os sentimentos inapropriados que surgiam em relação à Alice. O volume em sua cueca cresceu, e, de repente, o peso da culpa o atingiu. Rapidamente, interrompeu o gesto, como se quisesse afastar a própria tentação.
— Já está tarde, Seu Jairo. Melhor o senhor ir embora — disse o pai, com a voz baixa, mas firme, subindo a calcinha da filha e cobrindo-a cuidadosamente com o lençol. Como quem protege sua bela e delicada menina das feras ao redor.
Adoleta
Comentários (28)
tele enjoylife2323: Sensacional!!!!! Seus contos são simplesmente perfeitos!!!
Responder↴ • uid:1ets9i6dlcq2eAdoleta: Fico feliz que tenha gostado! Obrigada pelo comentário!
• uid:1clnio1u7u9d6And: Vai ter continuação desse conto?
Responder↴ • uid:7123ykdm9k0Adoleta: Olá! Diretamente não. Este conto é um dos dez capítulo do livro O Condomínio. Nós outros contos, esses personagens aparecem novamente.
• uid:1clnio1u7u9d6Adoleta: Amigos, desculpem a demora. Tive alguns imprevistos. Vou postar hoje à noite.
Responder↴ • uid:1clnio1u7u9d6MSP: Quem bom Adoleta👏espero que voce esteja bem❤muita paz e saude
• uid:g3jki1nd30Adoleta: Estou bem. Obrigada pelo carinho ♥️
• uid:1clnio1u7u9d6Max: Ansiedade nas alturas pelo próximo conto, todo dia verifico se já postou kkkk cadê vc Adoleta!???
Responder↴ • uid:1clt1dkwk82esAdoleta: Voltei 😁
• uid:1clnio1u7u9d6Admiro: Não demore a postar, seus contos são ótimos. esse foi o melhor até aqui.
Responder↴ • uid:72yt3e78r90Adoleta: Fico feliz que tenha gostado!
• uid:1clnio1u7u9d6Alexandre Barbosa: eita sem novos contos??
Responder↴ • uid:5h5z6mzjpAdoleta: Tive um imprevisto, mas voltei a publicar
• uid:1clnio1u7u9d6Carlos Alexandre: Perfeito,, parece relatos de fatos reais
Responder↴ • uid:5jyb7wmop4kxAdoleta: Olá Carlos, Que bom que gostou! Meu objetivo é esse mesmo, ser mais "pé no chão"
• uid:1clnio1u7u9d6Carlos Alexandre: Será que seu Jair já teve oportunidades com outras meninas do condomínio??
• uid:5jyb7wmop4kxAdoleta: Seu Jairo. Até observei no conto depois do seu comentário, e realmente, num momento o chamei assim, mas foi falha de digitação. E sim, terá outras oportunidades 😁
• uid:1clnio1u7u9d6Adoleta: Obrigada por comentar, Edi! Que bom que gostou! E esses convites? Realmente funcionam? Mães te procuram?
Responder↴ • uid:1clnio1u7u9d6Adoleta: Olá, Lawrence! Obrigada pelo comentário. Achei suas colocações pertinentes.. Quanto ao uso da terceira pessoa, foi uma experiência que fiz. Meus demais contos são em primeira pessoa, e realmente passam uma intimidade maior com os acontecimentos.
Responder↴ • uid:1clnio1u7u9d6Max: Bom eu não ia entrar nesse mérito mas já que o Lawrence fez a frente, vou dar minha opinião: A escrita em primeira pessoa de fato tem algumas vantagens, eu pessoalmente adoro ler o que as personagens estão sentindo em situações de exposição. Porém a terceira pessoa tmb tem suas vantagens, como possibilitar que o autor descreva os diferentes pontos de vista de vários personagens em uma mesma cena. A terceira pessoa tmb permite descrever melhor cenários e características de personagens, pq quando vc escreve em primeira pessoa as palavras que você pode usar ficam limitadas à palavras que a personagem usaria. Por exemplo, se o protagonista é uma criança fica mais difícil usar metáforas pra descrever cenários por exemplo, pq uma criança não fala (e nem pensa) assim, e as vezes a situação pede uma descrição mais robusta fazendo uso de metáforas pra enriquecer a escrita. Nesse conto específico eu concordo que a primeira pessoa se encaixaria melhor, mas isso não é uma regra geral. Os capítulos anteriores pra mim estão perfeitos em terceira pessoa. Algumas obras combinam as duas formas de escrita, com um narrador em alguns trechos e depois usa de artifícios como um diário ou mesmo diálogos de personagens pra trazer a tona a perspectiva mais íntima da primeira pessoa. Enfim, no geral eu adoro os contos da Adoleta, acho as duas formas válidas, cada uma com vantagens próprias.
• uid:1clt1dkwk82esMax: De qualquer forma é um site de contos eróticos, não sei se é um lugar bom pra discutir questões narrativas kkkkk mas eu gosto de falar sobre esses temas , desculpe-me por isso Adoleta
• uid:1clt1dkwk82esAdoleta: Eu gosto desse tipo de conversa, acho construtivo e é um tema que me interessa
• uid:1clnio1u7u9d6Lawrence: Um conto enorme de 8000 palavras e um monte de potencial desperdiçado. Parece que foi escrito pra frustrar o leitor e não excitar. Eu gosto desse tema, mas aqui foi bem mal executado. Basicamente você ignorou todos os elementos que fariam esse conto ser gostoso de ler. Por exemplo, a voz em terceira pessoa e narrador onisciente fazem o conto perder o sentido. É bem mais legal quando é contado da perspectiva do pai. São os "avanços" do vizinho, as justificativas dadas por ele e os sinais de que tem algo acontecendo com a filha sem o pai se dar conta ou justificar pra si mesmo de um jeito tosco que dão o tesão na historia. Qual é a graça dele ser flagrado e frustrado pelo pai o tempo todo?
Responder↴ • uid:1dhb3w9qj2f4qAdoleta: Olá, Lawrence! Obrigada pelo comentário. Achei suas colocações pertinentes.. Quanto ao uso da terceira pessoa, foi uma experiência que fiz. Meus demais contos são em primeira pessoa, e realmente passam uma intimidade maior com os acontecimentos.
• uid:1clnio1u7u9d6Ada: Li todos os capítulos anteriores em uma maratona ontem e hoje. Como sempre uma aula de criatividade . PARABENS. A caçadora de dinossauros foi espetacular .
Responder↴ • uid:1esdvuzcgttk5Adoleta: Ada! Que alegria te encontrar por aqui! Nossa, maratona mesmo! 😁 Gostou da caçadora de dinossauros?! 😍 Eu também curti como o resultado final. Que bom que achou legal também!
• uid:1clnio1u7u9d6Seila: Capítulo perfeito adoleta
Responder↴ • uid:44oefle5qrc4Adoleta: Obrigada, Seila!
• uid:1clnio1u7u9d6