Entre Muros e Segredos cap 22
As vezes o tempo para nos conhecer acaba aprisionando a outra pessoa. O inimigo início finalmente aparece..
Entre Muros e Segredos Cap 22
Já no casarão, Pedro e Igor se preparavam para dormir. Pedro ainda estava um pouco envergonhado pela sua atitude (ou falta dela) horas antes. Mas, mesmo assim, ainda encarava Igor na esperança de obter uma resposta, mesmo que somente visual. Porém, o ex-garoto não havia se prendido a esse detalhe e já tinha esquecido. Ele estava sentado em sua cama, encostado na cabeceira, e lia com atenção. Pedro, que ainda enxugava o cabelo após o banho, não conseguia parar de olhar para o seu companheiro de quarto. Em Igor, ele enxergava todo o vigor que lhe faltava, e isso, sem dúvida, o deixava mais apaixonado. Afinal, amor também é um pouco de admiração, e era justamente isso que Pedro sentia por ele. Igor representava algo que Pedro nunca viu ou nunca deixou que suas namoradas expressassem: iniciativa. "Ele está ainda mais gostoso hoje!"
— Sua avó é uma figura.
— Dona Carmem... Não se pode dar corda, senão ela se espalha.
— Eu poderia ficar horas ouvindo. As histórias dela são muito boas. E que coragem a dela, não? Parece que coragem é de família!
— E você?
— Eu o quê?
— Você está tão sociável, mais falante. O que te deu?
— Não sei...
— Que horas são? Já está na hora de dormir?
— Não, ainda está cedo.
— Pois para mim já está na hora de dormir.
— Então... Boa noite.
— Ei, você não vai me pôr para dormir, não?
A rotina no casarão se configurava e se fortalecia. Muitas coisas ainda precisavam ser revistas, mas era um novo mundo que se abria para eles e, com um pouco de esforço e coragem, talvez a vida fosse mais feliz. Faltava vontade, mais de um que do outro, mas poderiam, ainda jovens, definir os próximos passos. Precisavam entender que agora viviam juntos e, como tudo indicava, morariam assim por muitos anos.
Naquela estreita cama de solteiro, seus corpos, sem muito trabalho, se acomodavam. Era fácil. Pedro, que havia se acostumado a dormir com as pernas abertas, prendia suas coxas no corpo de Igor e o abraçava por trás. Os cheiros pareciam familiares e agradáveis, e o peso dos corpos, um sobre o outro, era o oposto de um incômodo. Porém, no meio daquela noite, Igor acordou, se desprendeu do corpo de Pedro, calçou as sandálias e abriu o portão do casarão. O relógio anunciava a madrugada quando ele simplesmente ganhou a rua e sumiu.
Igor parecia não estar em si. Sem um motivo coerente e sem raciocinar, como se sofresse de sonambulismo, ele se levantou da cama, desceu as escadas e deixou o portão do casarão aberto. Andou no meio da estrada e parecia querer alcançar algum lugar. Uma coisa era certa: queria fugir de Pedro. Seus passos se aceleraram e, segundos depois, suas pernas se moviam em grande velocidade. Não havia ninguém na rua, um perigo que se anunciava com mais força a cada metro que ele se distanciava de sua cama. Mas Igor estava disposto a correr — literalmente — qualquer risco para se ver longe daquele abraço.
Pedro percebeu que estava só quando sentiu que suas pernas estavam abertas e não conseguia sentir o corpo, o calor e o cheiro de Igor. Suas coxas, principalmente nas partes internas, estavam frias, e sua virilha já tinha se refrescado do suor que sentia quando envolvia o quadril de seu companheiro de quarto. Aquela sensação nunca poderia ser imaginada por Pedro, pois ele mesmo odiava dormir com suas pernas fechadas, mas agora não queria mais ter que abri-las sem que Igor estivesse entre elas. Toda essa percepção foi sentida por Pedro enquanto ele ainda dormia.
Quando seus olhos abriram, imediatamente se levantou da cama com uma angústia que simplesmente não o permitia respirar. Seu peito inflava e murchava com uma rapidez tão grande que seu pulmão não conseguia acompanhar. Pedro estava em choque, e seu corpo refletia esse medo. Igor não estava no quarto e ele, sem entender, sabia que o portão do casarão estava aberto. Com passos largos, seguiu para a varanda e se assustou. O portão estava fechado! "Onde está esse cara?". Sua testa brilhava de tanto suor, fruto de uma aflição que aumentava a cada milésimo de segundo e começava a escorrer pelo pescoço, peito e costas.
Ao voltar ao quarto, viu que um feixe de luz surgia por baixo da porta do banheiro, que se encontrava fechada. Uma grande porção de ar invadiu seus pulmões pelas narinas, e finalmente pôde perceber o que tinha acontecido. Levou, então, a mão à cabeça e se sentou em frente à porta. Ainda tentando recobrar o juízo, ouviu o ruído da descarga e o barulho da maçaneta girando. Quando Igor saiu do banheiro, tremeu com a presença de Pedro ali tão próxima.
— Porra, Pedro, que susto! Não tem o que fazer não?
Igor deu dois passos para trás e se apoiou na cômoda. Pedro, porém, continuou calado e olhando para ele. Sua face denunciava que ele não se sentia bem, e Igor percebeu segundos depois. Agora, com dois passos para frente, ele tentaria descobrir o que tinha acontecido.
— Pedro, o que te deu para sentar aqui em frente ao banheiro?
— Eu pensei que você tinha ido embora.
— Embora?
— É.
— Eu só fui fazer xixi.
— É, agora eu sei.
Igor se aproximou mais ainda e se sentou ao lado dele.
— Você teve um pesadelo? — perguntou, colocando a mão em uma das pernas de Pedro.
— Sonhei que você abria o portão e ia embora.
— Embora para onde?
— Para longe de mim!
— Hã?
— Eu sonhei que você me odiava, que descia da cama, abria o portão e saía correndo pela rua.
Igor não se conteve e riu do conto de Pedro. Ele pôs a mão na boca e tentou segurar a gargalhada, mas não conseguiu.
— Você está rindo? — perguntou Pedro, mudando o tom de voz.
— Eu saía correndo pela rua? E eu gritava alguma coisa? Tipo "Socorro, o Pedro quer me matar!"?
— Não tem graça, Igor!
— E eu saía correndo assim de cueca?
Pedro se levantou abruptamente da cama e seguiu em direção à varanda. Lá, inclinou-se um pouco sobre o guarda-corpo e apoiou os cotovelos. Dali, pôde ver que toda a rua estava deserta e completamente imersa na escuridão, assim como o seu peito, que teimava em lhe pregar peças e sustos. Igor ainda achava o pesadelo engraçado, mas também se levantou e seguiu até Pedro. Passou a mão esquerda pelas costas dele e se encostou na grade, olhando-o nos olhos.
— Eu só saio correndo por essa rua se você quiser...
— Não estou no clima de brincadeiras, Igor! — disse Pedro em um tom mais agressivo.
— E nem eu. Ri porque achei que você já tivesse superado o susto.
— E o susto por eu estar apaixonado por outro cara, como eu supero?
— Não supere, se entregue!
— Igor, você gosta mesmo de mim?
— Gosto, mas não sei o quanto. Só sei que você é o único que pode decidir o quanto eu gosto de você.
— Como isso é possível?
— Eu só gosto, ou continuo gostando, de quem gosta de mim. E só persisto nisso se meus sentimentos encontrarem um terreno fértil para crescer. Tudo depende de você.
— Igor, estou aqui de cueca e você também, e a única coisa que eu consigo pensar é que quero te arrastar para a cama e te encher de selinhos.
— Eu gostei dessa ideia...
— Igor, eu estou com medo!
— E o que você quer que eu faça?
— Que você não fuja de mim!
Os olhos de Pedro se encheram de lágrimas e ele finalmente se virou, encarando Igor de frente. O que ele não esperava é que os olhos de Igor já estivessem chorando. Pedro abaixou a cabeça e, com o dedo indicador, tocou a barriga de Igor. Com delicadeza, subiu o punho até tocar com toda a palma da mão o peito de Igor. Seu coração batia com muita calma. Pedro estranhou e levantou o rosto.
— Você não tem medo?
— Eu tenho medo de você me rejeitar. Mas esse medo eu sinto o tempo todo, nem é mais novidade. Meu coração já se acostumou.
— Você me odeia, não é?
Igor se aproximou e fez com que suas coxas se encaixassem delicadamente entre as de Pedro. Ele encostou seu corpo frio ao corpo quente daquele rapaz medroso e pôs seu ouvido no peito dele.
— Seu coração parece um tambor. Você está com tanto medo assim?
— Meu coração já se acalmou, Igor. O que você está ouvindo é a pulsação normal dele.
— Seu coração bate forte assim o tempo todo?
— Não sei. Eu só percebo como o meu coração bate quando você está perto.
Igor levantou rapidamente o rosto e o olhou nos olhos.
— Então não fuja de mim, Pedro. Por favor! — suplicou Igor com a voz embargada.
— Mas eu é que tenho medo...
— NÃO! Quem foge é você. O que te faz ter medo é que eu me canse da sua indecisão. Mas eu estou aqui...
Pedro, que já tinha o corpo de Igor todo encostado ao seu, rapidamente o abraçou, selando aquele momento de entrega e de eliminação dos medos. Eles estavam com as almas nuas um para o outro. Sem nenhum receio, seus olhos e bocas expressaram honestamente suas angústias e incertezas — embora tivessem mais certezas agora. Ainda abraçados, Pedro, com a voz chorosa, perguntou:
— Você quer namorar comigo?
Igor ficou um instante em silêncio, mas depois se desfez do abraço de Pedro. Ainda de cabeça baixa, encostou-se na grade da varanda e respondeu:
— É melhor não, pois não fará diferença a gente namorar ou não. Vamos continuar morando juntos e ficando. Você ainda não se sente pronto para não ficar com meninas e eu não quero me prender de novo no meu corpo.
— Você também quer ficar com outras pessoas?
— Não, mas não quero cortar minhas asas agora que finalmente as abri.
— Mas eu não vou te impedir de ser livre.
— Conscientemente não, mas eu, como seu namorado, vou ter que dar satisfações sobre um monte de coisas e você não vai gostar de muitas delas. Eu vou querer sair com o Rafa e com sua irmã, por exemplo, e você não vai gostar; eu vou te chamar para ir junto e você não vai poder. E, sem perceber, fará um pequeno inferninho para que eu também não vá. Eu vou acabar não indo depois de tanto você reclamar e, no fim da noite, vamos acabar brigados porque vou descontar em você a minha falta de alegria, que, afinal de contas, será sua culpa mesmo.
— E você já sabe tudo isso e nunca namorou...
— E tem mais...
— O quê?
— Se você pode ficar com outras pessoas, mesmo sendo mulheres, eu também tenho o direito de ficar, mesmo que não seja minha intenção.
— Mas...
Namorar parecia muito mais simples que um relacionamento aberto.
Igor descobria o potencial sexual de seu corpo pela primeira vez, e Pedro se redescobria, chegando à conclusão de que pouco havia aprendido em anos de uma vida sexualmente ativa. Ambos se ensinavam como se explorar mutuamente. Tornou-se rotineiro, assim como as idas de Pedro à academia e os almoços feitos por Igor. Com o tempo, também se distanciavam da obra, à medida que seus pais não mais apareciam no casarão. Eles realmente se tornaram moradores, readaptando-se àquelas condições e modificando o que fosse necessário para viverem com conforto e privacidade.
Porém, essa mecanicidade em relação aos momentos em que se relacionavam intimamente eliminava, aos poucos, os sentimentos que surgiam, tornando esses instantes meramente instintivos. Ou seja, realizavam apenas seus desejos mais urgentes e se esqueciam de discutir suas situações e o futuro compromisso que possivelmente viriam a ter. Mas, inseridos em uma rotina que começava a ser desgastante, não se deram conta de que apenas se entregavam um ao outro, mas não se deixavam ficar na manhã seguinte.
— Vai sair?
Pedro chegava ao quarto após trancar todas as janelas do casarão. Igor estava no banheiro tentando pentear o cabelo, ao mesmo tempo em que usava o secador.
— Vou.
— Mas já são onze horas... Ou mais.
— É, eu sei. Mas só é bom sair a essa hora mesmo.
— Posso saber com quem?
— Você sabe com quem.
— Rafael!
— E sua irmã.
Ele então saiu da porta do banheiro e se sentou em sua cama. A ideia não o agradava, mas era ainda mais irritante saber que, pelo fato de não estarem namorando, Pedro não poderia reclamar. Pegou o controle remoto e tentou se distrair com a TV, mas seus pés o denunciavam, pois não paravam de sacolejar. Alguns segundos depois, seu corpo todo começou a se descontrolar. Cruzou os braços e, ora olhava a tela, ora olhava Igor no espelho.
— Vão para onde?
— Boate.
— Que boate?
— Uma que você provavelmente nunca foi.
— E provavelmente nunca irei.
— É, aí eu já não sei.
— Mas eu sei. A boate onde você vai tem um monte de homem de sunga rebolando em um palco, tem um monte de bichinhas gritando e um monte de gente se beijando e se agarrando o tempo todo.
— Ah, então você já foi? Por que não me disse antes? — disse Igor, ironizando.
— Não seja idiota, Igor. Eu nem preciso ir algum dia pra saber que é assim que funciona uma boate gay.
— Vai continuar não indo e sem saber como realmente funciona.
— Você nega tudo isso?
— Nego! Às vezes não tem gogo boys, às vezes tem show de drags.
— Ah, grande diferença. Saem os garotos de programa e entram as aberrações purpurinadas. E você lá, achando tudo lindo e se divertindo.
— Sim. Eu, Rafael e sua irmã!
Pedro pegou o controle remoto e aumentou o volume. Voltou a cruzar os braços e começou a morder o lábio inferior. Seus pés continuaram agitados e sua respiração se intensificava a cada segundo. Duas coisas o incomodavam: o fato de Igor interagir com outros gays que, segundo Pedro, poderiam ser má influência, em um ambiente totalmente desregrado e imoral; e a possibilidade dele ficar com outra pessoa, ou outras. Mas não poderia ele elencar o que mais o preocupava, pois, mesmo estando apaixonado, não gostava de visualizar Igor como um homossexual comum. Só que esse “comum”, obviamente, estava carregado de preconceitos.
Ele saiu do banheiro e se sentou em sua cama, de frente para Pedro.
— Pedro, me ajuda a me calçar?
— Não!
— Vai, Pedro, deixa de besteira.
— Não vou compactuar com isso, Igor.
— “Compactuar”? — Igor soltou uma leve gargalhada. — Credo! Parece até que estamos falando de um crime ou coisa assim.
— É praticamente um crime, mas contra a moral.
— Contra a moral? Não sabia que você era moralista. Quando você transava com aquelas prostitutas da sua faculdade, onde ficava a moral? No porta-luvas?
— Não enche, Igor!
— Hum, muito fácil enfiar a moral onde é conveniente, não é?
— Estou assistindo o jornal.
— Imagine se a gente estivesse namorando. Provavelmente eu estaria amarrado ao pé da cama.
— Mas não estamos namorando. Não era isso o que você queria?
— Ai, que tédio... — pegou o telefone no bolso da calça e ligou para Melissa. — Alô, Mel? Oi, você ainda vai demorar muito? ...Tem como você vir agora e me ajudar a me calçar? ...É, acredite, eu preciso de ajuda pra amarrar os cadarços... Hã? Pedro? Quem é Pedro? Ah, o traste do seu irmão? Não, morreu... Tá, vem logo, por favor, senão vai acabar o efeito do meu laquê.
— Eu morri, não é?
— Inutilidade e morte são a mesma coisa.
— Então agora eu sou inútil também?
— Ah, Pedro, não vou “compactuar” com a sua criancice, não!
Igor tentou então pôr as meias e, com muita demora, conseguiu vesti-las, mas o tênis seria uma tarefa difícil, pois os cadarços ainda precisavam ser postos. Ele então se deitou, com o tronco encostado na cabeceira, e ficou a assistir TV também. O silêncio e a naturalidade de Igor incomodavam Pedro, que continuava a agitar algumas partes de seu corpo. Igor bocejou duas vezes seguidas e fechou os olhos.
— Está vendo? Você está com sono.
— Unhum.
— E mesmo assim vai pra porcaria daquela boate imunda?
— Não é imunda, é um ambiente ótimo, especialmente a área VIP.
— Duvido.
— Você sabia que eu até já dormi no sofá da área VIP?
— Dormiu?
— Sim. E só me acordaram pela manhã.
— Você é louco? Poderiam ter estuprado você.
— É, pena que não o fizeram.
— Você vai mesmo, não é? Mesmo sabendo que eu não gosto.
— Mas eu gosto. Aliás, eu adoro. Amo dançar!
— Como uma bicha louca?
— Mas não tem nada mais gostoso que dançar como uma bicha louca!
— Você é doente.
— Você também deveria soltar a bicha dentro de você.
Pedro se levantou da cama e, de pé, olhou Igor de cima e berrou.
— Eu não sou bicha!
— É, você é boyzinho!
— Vai se foder!
Ele voltou a se deitar e a cruzar os braços, enquanto fingia ver o noticiário. Igor voltou a fechar os olhos e a bocejar pela demora de Melissa. Minutos depois, ele ouviria a voz de Pedro mais uma vez.
— Você vai ficar com alguém?
Igor abriu os olhos e se virou para ele.
— Não sei.
— Você quer ficar com alguém?
— Bem, eu não vou pra ficar com ninguém. Vou pra beber e dançar com meus amigos, mas eu não estou desconsiderando nada.
— Então você quer ficar com alguém!
— Satisfação eu não devo a ninguém, certo?
O diálogo foi interrompido pela buzina do carro de Melissa. Os dois se ergueram, mas Igor continuou sentado na cama.
— Vá abrir o portão para sua irmã.
— Eu?
— É, eu não posso, já calcei as meias.
— Não vou.
— Pedro, você vai deixar sua irmã sozinha lá na rua, a essa hora, buzinando?
Igor usava a mesma tática de Silveira. Contra aquela chantagem, Pedro não conseguia se desvencilhar. A contragosto, então, ele desceu as escadas e abriu o portão para sua irmã.
— Então você vai com Igor pra uma boate gay, né?
— Ele contou que é gay?
— E precisa contar?
Pedro e Melissa subiam as escadas enquanto discutiam.
— Vamos, vamos sim. Quer ir junto?
— Engraçadinha... O papai sabe que você vai pra um bueiro?
— Bueiro?
— Boate gay é o que? Bueiro. Deve ser um lugar nojento.
— Bem, eu não sei quais as boates que você anda frequentando, mas essa é ótima, simplesmente.
— Até que enfim você chegou! Anda, põe os cadarços no meu tênis pra gente voar daqui.
Melissa pegou os calçados e começou a ajudar o amigo. Pedro continuou de pé, com os braços cruzados, insatisfeito com aquela situação.
— Você bem que poderia fazer isso, não é, Pedro?
— Eu não. Não sou seu empregado!
— É, mas comer da minha comida você come, não é?
— Dane-se!
— Igor, você contou ao Pedro que vamos à uma boate gay?
— Ele descobriu sozinho. Eu só disse que ia em uma boate.
— E precisava dizer que tipo de boate era? — berrou Pedro.
— Enfim, não liga não. Pedro já sabe há muito tempo que eu sou boiola.
— E Rafael, será que já está pronto?
— Duvido. Ele demora muito pra se arrumar.
— Maquiagem demora pra fazer, não é? — provocou Pedro.
— Depende do maquiador. Quando eu me maquio, não demoro tanto assim.
— Igor, você se maquia? — perguntou Pedro, surpreso.
— Claro. Veja aqui meu rosto com atenção, veja! É maquiagem masculina, super comum.
— Que absurdo!
Ele andou até a varanda, com passos fortes, e se apoiou no guarda-corpo. Igor e Melissa se olharam e riram.
— Você não tem medo que ele saiba? — sussurrou ela.
— Não. Eu faço pequenas ameaças. Quando ele começa a fazer pirraça, eu chantageio com o almoço e o jantar.
— Você não existe!
Melissa ajudou o amigo a se calçar e logo estavam prontos para sair.
— Pedro, Pedro!
— O que é? — gritou da varanda.
— Estamos indo. Não esqueça de trancar as portas, ouviu?
— Some daqui.
— E feche a fossa também!
Do casarão, Melissa e Igor partiram em busca de Rafael e seguiram para a boate. Pedro relutava consigo mesmo para não se chatear com aquele episódio, mas isso não era possível. Restou-lhe voltar para a cama, assistir televisão e se perguntar muitas vezes qual o motivo de não poder conduzir sua própria vida. Era inimaginável para ele que as pessoas soubessem sobre sua sexualidade; era algo semelhante a ter lepra. Era, de fato, um medo com fundamento, mas que o impedia de realizar suas vontades pessoais. Não parecia justo, mas para a sua idade, só ele mesmo poderia lhe fazer valer a justiça.
Na boate, Igor andava com cuidado, pois tinha medo que algo acontecesse com seu braço engessado. Seu desejo era dançar, mas se preocupou com os copos nas mãos dos outros que dançavam ao seu lado. A solução que encontrou foi se refugiar na área VIP e sentar em uma das poltronas. Com a bebida posta sobre a pequena mesa à sua frente, ele ficou a observar os amigos dançando e os outros rapazes que se divertiam. “Bela ideia vir à boate com o braço engessado!”
— Igor, você vai passar o resto da noite aí?
— O braço...
— Que besteira.
— Tenho medo que derramem alguma coisa ou que esbarrem com força.
— Fica com a gente, aqui perto da parede.
— Não, eu prefiro ficar aqui.
— Você é quem sabe!
Igor até achou engraçado o seu desânimo, pois não era apenas o braço que o impedia de dançar, mas também o sono, que o incomodava. Então, ele se acomodou ainda mais em seu assento e continuou a beber. Enquanto olhava para frente e observava as risadas de Melissa e Rafael, sentiu algo diferente à sua direita. Ao virar o rosto para conferir, viu um enorme sorriso sentado ao seu lado.
Marcelo ajudou Igor a caminhar até o bar para pedir outra bebida. Eles seguiam em passos curtos e lentos, com Marcelo à direita de Igor, protegendo seu braço.
— Chegamos!
— Você é ótimo para escoltar.
— Sou ótimo em muitas coisas.
— Ah, é? Você é ótimo lambedor de cotovelo?
— Eu posso lamber o seu cotovelo.
— Ah, muito fácil. Eu também posso lamber o seu.
Quando voltaram, Marcelo tomou a liberdade de abraçar Igor pela cintura.
— É para proteger seu braço melhor!
— Obrigado.
O resultado não poderia ser outro: Igor se sentiu confortável para beijar Marcelo e, até que o sol surgisse no lado de fora da boate, ficaram juntos. Marcelo era um rapaz de vinte e três anos; seu porte físico poderia ser considerado comum, mas seu sorriso, sem dúvida, era sua característica mais marcante. Igor se divertiu com ele e nem mesmo precisou beber mais alguns copos. De longe, Melissa e Rafael vigiavam o namoro dos dois e riam da forma desajeitada como Igor se comportava devido ao braço. O fato é que Marcelo, embora pudesse ser considerado “atirado”, parecia ser alguém inteligente e conseguia acompanhar as piadas de Igor sem precisar repeti-las ou explicá-las. Isso agradava a Igor.
— Igor, nós já estamos indo.
— E nós também, Melissa.
— Olá! – disse ela.
— Oi.
— É que eu sou um pouco mal-educado. Esse é o Marcelo, e essa é minha amiga, Melissa.
Depois que saíram da boate, encontraram Rafael ao telefone, encostado ao automóvel. Marcelo ainda segurava Igor pela cintura enquanto caminhavam. Entraram no carro e Melissa seguiu dirigindo.
— Mel, vamos tomar café da manhã em algum lugar?
— Vamos. Onde?
— Tem um café ótimo perto da praia. É um pouco caro, mas vale a pena. – disse Marcelo.
— Não sei por que, mas eu senti que você toma muito café da manhã lá depois da noitada, não é?
— Ué, mas eu nem te pedi em namoro ainda e você já está com ciúmes?
— “Ainda”?
— É, porque eu pretendo fazer isso ainda.
Marcelo era um rapaz charmoso, isso não podia ser negado. Rafael e Melissa ficaram encantados com ele e com a possibilidade de Igor finalmente conhecer alguém com quem pudesse se envolver, já que, para os amigos, ele só havia beijado uma única vez em toda sua vida, e nunca houve outras oportunidades. Durante o café da manhã, Marcelo soltava mais frases de efeito que deixavam Igor corado, finalizando com a troca de números de telefone. Melissa deixou o amigo no casarão, e ele seguiu em silêncio para a cama e dormiu.
Pedro acordou cedo e nem viu a hora em que seu companheiro de quarto chegou. Com o peso que ainda se encontrava em seus olhos, continuou sentado em sua cama, esfregando os olhos e observando aquele corpo ali abandonado e descoberto. Após algum tempo o olhando, levantou-se, tirou-lhe as meias e a calça jeans, e o cobriu com o lençol, pois aquela manhã estava um pouco fria para os padrões maceioenses. Pedro voltou para a sua cama e continuou a olhá-lo. “Eu sei que você ainda pode me dar uma chance, Igor. Eu sei que você pode. Só seja um pouco mais paciente!” Ele realmente o queria como seu namorado, queria sentir que esse relacionamento era um compromisso para ser levado a sério. Seria o primeiro de sua vida.
Seguiu para o banheiro, tomou banho, desceu as escadas somente de cueca e decidiu fazer o café da manhã. Embora fossem dias monótonos, adoravam os fins de semana, pois não havia pedreiros invadindo todos os cômodos da casa, violando a privacidade. Café com leite, algumas torradas e manteiga. Era o máximo que Pedro, em sua pouca experiência com a cozinha, poderia fazer. De volta ao quarto, pôs a bandeja em cima de sua cama enquanto tentava acordar Igor.
— Não, Pedro, eu estou cansado!
— Mas precisa comer, nem que seja só o café.
— Eu já comi, tomamos café na praia.
— Mesmo assim, já passa das dez. Que horas você tomou café?
— Cedo...
— É, mas eu aposto que você bebeu muito.
— Nem bebi tanto assim...
— Igor, acorda, vamos.
— Ai, que saco!
Sua preguiça era tanta que foi preciso segurar a xícara com as duas mãos. Pedro se divertia com cada movimento dele.
— O café está bom. Nem parece que foi você quem fez.
— Quem te ofereceu cigarro?
— Não se preocupe, sua irmã não fumou.
— Mas quem ofereceu?
— Um amigo do Rafa.
— Que amigo?
— Um cara lá.
— Que cara?
— Um que provavelmente você não conhece. Então, para que você quer saber?
— É, você é livre, não é?
Pedro se levantou da cama e se aproximou de Igor. Com um movimento rápido, retirou a bandeja e seguiu para a porta.
— Ei, eu ainda não acabei as torradas...
— Acabou sim!
— Deixa de bobagem, Pedro.
— Vá fumar cigarro!
— Anta!
Igor riu da situação e terminou de tomar o café. Pôs a xícara no chão e voltou a se cobrir com o lençol. Depois de alguns minutos, o peso em seus olhos retornou. Dormiu até o fim da manhã e o início da tarde. Pedro voltou ao quarto irritado com a novidade e se deitou na cama, cobrindo apenas as pernas com o lençol. Ligou a TV e fingiu que a assistia. De braços cruzados, via o noticiário de esportes por um minuto e, no outro, vigiava o sono de Igor. Irritava-o o fato de Igor poder experimentar a sua adolescência como qualquer outro jovem, inclusive como o próprio Pedro fazia — ou fazia antes de se conhecer melhor.
O fato é que Pedro queria preservar em sua memória a imagem imaculada que tinha de Igor. Não que isso alterasse a paixão que sentia, mas significava que ele já não era realmente aquele garotinho que se impressionaria com coisas fáceis e comuns. Em seu coração, sentia que o perdia aos poucos para as grandes possibilidades que sua juventude lhe reservava. Igor era livre e começava a exercer sua liberdade. Tinha o direito de se envolver com quem quisesse e de experimentar coisas próprias para sua idade, como o cigarro. Como Pedro poderia competir com isso, já que tudo o que ele poderia oferecer eram algumas boas noites enquanto o casarão estivesse vazio?
No meio da tarde, Igor finalmente acordou e desceu as escadas enrolado no lençol. Pedro, na cozinha, desembrulhava a encomenda do almoço que tinha feito.
— Igor, olha aí o lençol arrastando pelo chão. Vai sujar todo!
— Bobagem...
— Você tem outro lençol, tem?
— Pedro, deixa de ser chato. Deixa eu ver o que você comprou aí...
— Galeto, feijão tropeiro, arroz...
— Hum, eu gosto disso. Comprou refrigerante também?
— Não. Você poderia fazer o suco, não é?
— Ai, Pedro, hoje não é dia de eu fazer nada. Estou todo moído de ontem.
— Cigarro provoca cansaço.
— Ai... Tédio!
Igor ajeitou o lençol em seu corpo, amarrando-o na cintura, e espremeu algumas laranjas.
— Quer ajuda?
— Ajuda para quê? Para girar o botão do liquidificador?
— Acordou grosseiro hoje, hein?
— Eu não... Não fui eu quem te tomei as torradas enquanto você ainda as comia.
— Eu fiquei irritado.
— Então pronto. Nem vem... Aliás, vamos aprender a lavar as coisas na cozinha? Olha a porção de pratos e copos sujos que você nunca lava.
— Você também não lava.
— É, eu só cozinho, não é, Pedro?
Almoçaram no quarto enquanto assistiam à TV em silêncio. Se olhavam às vezes, mas não se manifestavam. Pedro acabou primeiro e continuou com o prato em seu colo, esperando pelo companheiro.
— Posso levar seu prato para a cozinha?
— Pode.
Pedro desceu as escadas enquanto Igor seguia para o banho. Passaria muito tempo debaixo do chuveiro, pois ainda não tinha se lavado depois da boate. Só com o cabelo, ele se ocuparia por metade do tempo que ficaria trancado no banheiro. Pedro reapareceu no quarto e se deitou, mas assim que se encostou no travesseiro, o telefone de Igor tocou. O aparelho ainda estava na calça. Ao retirá-lo do bolso, viu que o nome que brilhava era desconhecido. “Marcelo? Quem é Marcelo?”. Com a desconfiança que já lhe era peculiar, resolveu atender.
— Alô?
— Oi Igor, tudo bem? Acordou vivo?
— Quem é?
— É o Marcelo. Não se lembra mais de mim?
— Não.
— Então eu vou ter que te beijar de novo para você se lembrar?
— Quem está falando é o namorado do Igor, e você faça o favor de nunca mais ligar para esse número, está ouvindo? — berrou.
— Namorado? Mas...
Após desligar, Pedro guardou o telefone de volta no bolso da calça e voltou para a cama. Curiosamente, não sentiu ciúmes, mas irritação pela intimidade com a qual Marcelo se comunicava. Ele, sem dúvida, era alguém muito mais resolvido que Pedro, e isso não era bom. A irritação logo se transformou em inveja da coragem que Marcelo tinha em se sentir à vontade para ligar e comentar sobre o beijo. Pedro então poderia até comemorar que, em seu íntimo, percebia que a competição para ganhar Igor não existia, pois se sentia confiante, não se sentia tão ameaçado. Mas sua atenção não estava voltada para esse detalhe, e sim para a liberdade que ele mesmo não se permitia ter.
Igor saiu do banho, se enxugou e vestiu um moletom. Pegou o telefone e o computador, sentou-se em sua cama e conferiu as ligações. “Marcelo não ligou ainda!”. Abandonou o telefone e se entreteve com o computador. Pedro o olhava por sobre o ombro, e pequenas gotas de fúria pingavam em sua garganta. A noite chegava ainda mais fria, e ele ainda estava de cueca.
— Será que se a gente pedir pizza, eles vêm entregar com essa chuva?
— Não precisamos pedir, temos pizza congelada no refrigerador.
— Então esquenta para a gente, Pedro, estou morrendo de fome!
— Não estou com fome.
— Por favor, Pedro. Eu não vou conseguir fazer as coisas direito com esse braço, né?
Ele então desceu. Foi a chance que Igor teve para telefonar.
— Marcelo? Oi, sou eu, Igor.
— O que você quer?
— Você me disse que ia me ligar hoje à tarde e...
— É, seu namorado fez o favor de atender.
— Meu o quê?
— Olhe, assim como ele me disse, eu também direi: faça o favor de não me ligar mais.
Igor ainda custava a acreditar nas palavras de Marcelo. Seu sorriso nervoso não escondia o quanto ele estava irritado com a atitude de Marcelo, mas nada se comparava à fúria que sentiu por Pedro. Ele então desceu as escadas e seguiu para a cozinha. Pedro apertava os botões do micro-ondas quando Igor chegou.
— Então você conheceu o Marcelo, não é?
— Hã?
— Não se faça de desentendido, Pedro. Você atendeu o Marcelo hoje!
— O cara com quem você fumou e beijou? É, eu atendi.
— E disse que é meu namorado?
— Disse.
— Desde quando?
— Bem, eu te pedi em namoro, não?
— E eu disse não.
— Não vou discutir com você, Igor.
— Você não tem o que discutir. Está errado!
— Se a gente namorasse e você me pedisse para sair em nome da sua liberdade, era isso o que você iria fazer? Me trair?
— Não misture as coisas. Você não me conhece. Eu nunca trairia e uma coisa não tem nada a ver com a outra, eu posso ficar com quem eu quiser. Sou solteiro!
Pedro se calou. Encostou-se na pia e cruzou os braços. Com a cabeça baixa, disse em tom baixo:
— É, você é solteiro!
Seguiu até a geladeira e voltou com uma garrafa de água. Enquanto bebia, suas lágrimas escorriam pelo rosto.
— O fato, Igor, é que você é muito insensível comigo. Eu não sou como você, me desculpe. Eu não consigo simplesmente esquecer o mundo em que vivemos e sair por aí com você de mãos dadas.
— E nem eu quero que você saia comigo de mãos dadas. Não te pedi para assumir quando te pedi em namoro. Mas não me peça para achar natural que você fique com outras pessoas. Se você está sofrendo, eu também sofreria se te visse ou soubesse que você ficou com outra pessoa.
— É diferente!
— Não é nada diferente, Pedro. E se for, diga isso ao meu coração, não para mim. Minha cabeça pode suportar, mas meu coração não.
— Você teve a sorte de se descobrir cedo e se aceitar com o tempo. Eu não tive a mesma chance. Será que nem isso você pode considerar?
— E você não pode considerar o fato de que, não importa o tempo que eu levei para me aceitar, eu sofri muito mais do que você provavelmente vai sofrer? Porque é isso o que vai acontecer. Não temos o mesmo pai, nem a mesma vida. Você não teve que se desfazer do convívio dos seus amigos, pois você não tem muitos. Eu tive que me desfazer de tudo. Mas não adianta a gente competir sobre quem sofreu mais, porque esse não é o ponto. Você não se aceita porque você é homofóbico!
— Como isso pode ser possível se eu sei que sou gay?
— E você acha que não existem gays homofóbicos? Então deixa eu citar um exemplo. O que acontecia entre você e seus amiguinhos quando viam algum casal gay se beijando? Aposto que, no mínimo, achavam nojento.
— Eu era hétero. O que você queria que eu sentisse?
— Não tem nada a ver. Heteros não são necessariamente homofóbicos. Existe um monte de cara hétero que não se importa nem um pouco e que nos apoia. Ou seja, não me culpe se você ainda não se aceita com facilidade, pois eu não tenho o dever de te curar com o tempo. Se você fosse hétero e não fosse homofóbico, nada disso estaria acontecendo, mas você é preconceituoso sim, e isso é o que te impede de crescer, não a minha insensibilidade.
Pedro terminou de beber o copo de água e continuou respirando fundo.
— Olha, quer saber? Não quero discutir com você.
— Porque sabe que eu estou certo...
— SIM, VOCÊ ESTÁ CERTO, SATISFEITO?
— Não, não estou satisfeito. Isso não é o bastante!
— Então procure alguém perfeito como você, pois eu não sou.
— O que aconteceria se namorássemos?
— Eu quis isso. Não quero mais.
— E quando você queria, o que aconteceria se eu me maquiasse todas as vezes em que saíssemos? O que aconteceria se Rafael e eu começássemos a falar gírias? E o que aconteceria se um dia eu pegasse em sua bunda? Me diz...
— Eu só acho que, só porque você é gay, não precisa agir como uma bichinha. Eu sou gay e gosto de homens, mas homens com jeito de homens!
Igor caminhou até a pia, ao lado de Pedro, e abriu a porta do micro-ondas. Pôs as pizzas em um prato e subiu com ele, um copo de suco na mão. Pedro continuou na cozinha, sem entender como todos aqueles argumentos tinham surgido do nada. Suas mãos tremiam e sua cabeça pesava. Aquele sem dúvida era o maior golpe de realidade que ele já havia sofrido. Recorreu a mais um copo de água e, sem muito sucesso, tentou digerir todas as palavras que Igor lhe despejou no rosto. Sua vergonha era tanta que ele não conseguia nem mesmo achar seu amor-próprio. Restou-lhe, então, encher os pulmões de ar e subir as escadas. Com passos pesados, cada degrau parecia quilométrico, mas com o fôlego que ainda lhe restava, conseguiu chegar ao quarto. Ao abrir a porta, tudo estava escuro, mas Pedro conseguiu ver um vulto volumoso e estranho. Ao acender a luz, seus olhos foram atacados por uma imagem incrivelmente assustadora. Com um revólver na mão, um homem usando meia-calça no rosto segurava Igor pelas costas e lhe tapava a boca.
— Finalmente o filhinho de papai marrentinho chegou!
Continua.....
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