#Abuso #Gay #Voyeur

Pagando a aposta pro meu primo. PARTE 59

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PUTOVR

Enquanto o céu se coloria com fogos de artifício, havia quem aproveitasse a data com muito fogo.

Com a aproximação do Ano Novo, os dias se tornaram cada vez mais agitados. Havia tanto para organizar, tanto para preparar. Ricardo estava animado, mas, conforme a data se aproximava, ele começou a demonstrar sinais de nervosismo. A responsabilidade de organizar tudo recaiu sobre ele, e isso não era pouca coisa, já que a lista de convidados era maior desta vez.
Claro, ele contaria com a ajuda de nossos pais, de Letícia e minha, mas ainda assim, a pressão parecia ser maior do que no Natal, uma data que já estávamos acostumados a celebrar juntos. Agora, tudo seria diferente: não haveria ceia, mas sim um churrasco; as decorações não teriam as cores tradicionais de Natal, mas sim do Ano Novo, branco e dourado. Também havia a questão da quantidade de mesas e cadeiras, o que dificultava muito, pois alguns ainda não tinham confirmado presença.

De última hora, meu pai conversou com meu irmão e conseguiu convencê-lo a mudar de ideia. Ficou definido que cada convidado contribuiria com trinta reais para ajudar nas despesas. Meu irmão incluiu essas e outras informações no convite que enviamos aos convidados. Felizmente, meus amigos confirmaram e, assim que receberam o convite, fizeram o Pix prontamente.
Faltando três dias para a virada do ano, recebi uma mensagem de Anderson marcando uma videochamada para aquela noite. Não sabia ao certo o que ele queria, mas tinha quase certeza de que era algo relacionado à nossa relação como trisal.

Admito, eu me afastei muito de Manuel nos últimos tempos.
Mas Manuel também não ajudou muito. Ele é teimoso, e eu também sou. Nenhum de nós resolveu ceder, e tudo isso começou por conta da virada de ano. Nesse dia, resolvi ir para minha casa para garantir uma certa privacidade durante a conversa com Anderson.

Depois de organizar tudo em casa, tomar um banho e jantar, mandei uma mensagem para meu primo:
"Quando você quiser ligar, eu estou pronto, tá?"

Não demorou muito para ele ligar de volta.

Quando atendi a ligação, Anderson e Manuel surgiram de imediato, lado a lado. Manuel estava mais fechado, mais sério, enquanto Anderson aparentava estar mais descontraído. Foi meu primo quem puxou o assunto.

— Boa noite. E aí, tudo bem? — perguntou ele.

— Sim — respondi de imediato. — Mas confesso que tô querendo saber o motivo dessa videochamada. Você sabe que sou ansioso.

Anderson olhou rapidamente para Manuel, como se esperasse que ele dissesse algo, mas decidiu continuar.

— Renato, eu vou ser direto — começou ele, mas parou no meio da frase, respirou fundo e continuou: — Eu acho que vocês dois precisam conversar. Já passou da hora de se acertarem. Não dá pra ficar assim, esse clima tá chato. E antes que falem que não é problema meu, é sim. Eu tô no meio da relação de vocês dois. Não posso compartilhar nada sobre Renato com você, Manuel. E não posso compartilhar nada sobre Manuel com você, Renato. É uma situação desconfortável.

Dito isso, Anderson se levantou repentinamente e, sem mais explicações, saiu, me deixando sozinho com Manuel.

Agora, era apenas eu e ele.

Houve um certo constrangimento. Eu não sabia o que falar. Estava sem graça, e o Manuel também parecia estar. Estávamos completamente sem jeito. Mas foi ele quem teve a iniciativa.

— Oi, Renato. Tudo bem? — perguntou Manuel, tentando quebrar o silêncio.

Balançando a cabeça, respondi:

— Sim. E você?

— Estou bem — disse ele, com uma voz calma, mas carregada de sinceridade. — Mas o Anderson tem razão. Não dá para continuar assim. Não dessa forma.

— Então, o que sugere? — perguntei, curioso, mas ainda um pouco desconfortável.

Manuel respirou fundo antes de continuar, como se estivesse reunindo coragem para falar mais abertamente.

— Sabe, relacionamento é construção. É cheio de altos e baixos. Você deveria saber disso, Renato. Porque a nossa relação sempre foi assim. Eu entrei na relação de vocês assim, lembra? Quando eu vim pra cá, eu tive que enfrentar a solidão. Tive que me controlar, ficar na minha. Me contentar com você e o Anderson em videochamada, em ligações... coisas que hoje você está passando.

Eu, então, falei, mais refletindo do que respondendo:

— Eu te dei carta branca pra você ficar sozinho aí, solteiro. Eu sabia que era difícil.

Manuel fez uma pausa, pensou nas palavras e, finalmente, disse:

— Você sabe que não seria igual. Por isso que insisti tanto em continuar com vocês, mesmo longe.

Fiquei em silêncio por um instante, tentando processar tudo o que ele estava dizendo.

— Mas vamos voltar para a realidade, para o hoje. O fato de eu não querer ir até você neste Réveillon, não quer dizer que eu não quero estar com você, que eu prefiro ficar longe, não é nada disso. Então, é que neste momento, eu preferi estar aqui, na minha cidade, vivendo isso ao lado de meus amigos e do Anderson.

Foi aí que eu não entendi. Nesta parte, eu não concordava com o Manuel. Então, eu disse, já começando a expressar minha frustração:

— Mas é uma data tão importante, Manuel. Manoel, eu estou há praticamente 3 meses sem ter um toque, um carinho, uma transa de verdade. Cara, eu preciso disso. Me masturbar não me satisfaz. Punheta não é sexo. Está me entendendo? Eu sei que você já passou por isso, mas são situações diferentes, são pessoas diferentes.

Eu estava no limite, tentando explicar o quanto essa distância estava me afetando.

Ele sorriu, parecendo incrédulo com o que acabara de ouvir.

— Tá. Então me explica. Por que é diferente? — perguntou ele, ainda tentando entender a minha frustração.

Eu respirei fundo e tentei explicar, tentando colocar em palavras o que estava sentindo.

— Manuel, é diferente porque você está aí por uma opção sua, por uma oportunidade que surgiu pra você. Vamos dizer que o Anderson também. Surgiu uma oportunidade pra ele e ele está aí. Basicamente, vocês foram tirados de mim. Eu que fiquei aqui. Entende? Estou sozinho. Não por opção.

De imediato, Manuel argumentou:

— Mas isso não anula, não muda os fatos de que eu fiquei sozinho, dos dias solitários que passei aqui também. Sim, são situações diferentes. Foram escolhas que me trouxeram até aqui. Mas você também pode vir para cá, como feriados prolongados igual agora na virada do ano.

Então, eu respondi:
— Sim, daria para ir, mas seria um bate e volta bem rápido, uns três dias no máximo.

Manuel foi direto:
— Você quer que eu faça o quê? Que eu converse com meu pai para te dar mais uma folga durante a semana? Ou quem sabe, quando você precisar?

Aquela fala dele soou arrogante para mim. Não precisava ser assim.

Respondi:
— Eu não quero privilégios só por ser o namorado do filho do patrão.

Ele, com um tom de quem queria me convencer, respondeu:
— Viu como fica difícil? Como o Anderson diz: “Deixa eu te ajudar. Me ajuda que eu te ajudo.'"

— O que é isso? Dá pra falar direito? Dá pra diminuir esse tom de voz? — Falei. Parecia que ele tinha caído em si.

Automaticamente, me pediu desculpas pelo ocorrido.

— Viu como você está estranho? Você não era assim, Manuel. Não sei o que aconteceu, ou o que pode estar acontecendo. Mas esse, de fato, não é o Manuel com o qual eu me apaixonei.

— Ah, Renato, sei lá, pode ser que eu tenha mudado. Pode ser pressão do dia-a-dia, é tanta coisa, sabe? É trabalho, é o Anderson. Isso tudo aqui me estressa, sabia? — Falou Manuel

— Mas aí que tá Manuel! Você não precisa lidar com isso sozinho. Você não precisa passar por isso. Além do Anderson, você tem a mim. Tudo bem, eu estou distante, mas eu posso te ouvir, te aconselhar. Porra! A gente parou de falar do nada. É como se nos tornasse estranhos. Não vou mentir, assim como você, eu tenho meu orgulho.

Manuel revelou:
— Eu não vou te julgar, porque eu também não corri atrás, sabe? Eu tenho minhas culpas, mas acho que você errou em algumas partes. Principalmente quando eu dei minha visão a respeito da possível ida de Anderson para aí, do risco que ele estava correndo em relação ao emprego. Eu te juro, eu tive as melhores intenções.

— Tá. Posso ter vacilado, nesse ponto, mas eu estando aqui sozinho só aumenta a minha saudade e a falta que eu sinto de vocês. Fico inseguro, sabe? Carente mesmo. Eu preciso do contato físico, do toque, do cheiro. Sabe o que é desejar com intensidade? Estar ao lado de alguém, mas essa pessoa estar longe, em outro estado. Você já passou por isso, não é? Você me entende.

Manuel respirou fundo e respondeu:
— Eu sei, Renato, eu entendo. Mas você precisa aprender a lidar com isso, cara. Estamos longe, e não vai ser por pouco tempo.

Eu perguntei: — E nós, como ficamos nessa situação?

Manuel logo respondeu:
— A gente continua. Somos um trisal. A gente não termina aqui.

—Tem certeza? — perguntei, ainda em dúvida.

— Sim, confirmou Manuel.

— Então faz o seguinte, chame o Anderson lá. — Pedi.

Ali mesmo, gritou Manuel. "Anderson!" E meu primo veio rapidamente.

Com um toque de humor, Anderson disse:
— Ai, me chamaram na melhor parte da série?
Mas logo se explicou:
— Estou brincando, tá? Vocês são a série que mais gosto de acompanhar. Se bem que, ultimamente, só tem rolado drama nessa série…

Anderson sentou ao lado de Manuel, como no início da chamada de vídeo. Então, tentei ser o mais claro possível:
— Olha, se vocês, em algum momento, acharem que não dá mais pra continuar, que deu pra vocês, não pensem duas vezes. Não fiquem empurrando esse relacionamento com a barriga, entendem? Vocês têm a liberdade de terminar comigo quando quiserem.

Anderson balançou a cabeça, bolado, negativamente.
— Não tô gostando desse assunto, Renato. O que rolou entre vocês?

Eu continuei:
— Não, eu tô falando isso à toa. E isso serve pra mim também. Se vocês quiserem continuar, tranquilo. Só não quero que se sintam presos. Se não estiver bom pra vocês, se de repente o tesão acabou, o amor esfriou, não se prendam a isso."

— Não! Nada disso! — Manuel disse e depois completou:
— Você fez uma colocação que acho importante. Mas, diante de você e de Anderson, eu confirmo. Eu quero continuar com vocês. E tentarei, de alguma forma ou de outra, me doar novamente 100% para esse relacionamento.

— Perfeito! Falei concordando com Manuel.

Então eu completei:
— Porque este ano eu vou me colocar como prioridade. Pensei bastante e decidi voltar a estudar, fazer faculdade, sabe? Quem sabe eu volte a dançar também nas horas livres. Não tô botando a culpa em vocês. Muito menos os criticando. Mas acho que está na hora de pensar um pouco em mim. Sabe? Eu me doei muito nesse relacionamento, e acabei me deixando um pouquinho de lado.

Anderson, então, falou:
—Claro! Eu te apoio. E, se quiser ajuda financeira, pode contar comigo. Você tem que voltar a fazer as suas coisas. As coisas que gosta. Principalmente para ocupar o seu tempo.

Manuel entrou na jogada:
— Já pensou no que você quer fazer na faculdade? Qual o curso?

Logo eu disse:
— Eu quero seguir na área da contabilidade. Na verdade, até antes de eu trabalhar com o seu pai, eu tinha inúmeras possibilidades, muitos planos. Mas, na opinião do seu pai, ele acha que eu tenho talento na área. Então, por que não investir?

— É verdade, tem mesmo — falou Manuel.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Manuel soltou um comentário que me pegou de surpresa:
— Renato, só corrigir um ponto. Em nenhum momento eu e Anderson pedimos pra você dar uma pausa nos seus estudos ou coisa do tipo, viu? Mas eu gosto de saber que você está pensando em investir um pouco em você. Assim como Anderson falou, se você quiser ajuda financeira para pagar a faculdade, pode contar comigo, viu?

Então, eu expliquei:
— Não foi pedido para eu abandonar, mas acabou acontecendo. De certo modo, o que eu quero dizer é que, em um dado momento da minha vida, eu parei tudo para que vocês seguissem adiante. Tanto você, Manuel, quanto Anderson, seguiram a vida de vocês. Será que vocês me entendem?

Anderson então admitiu:
— É, olhando por esse lado, você tá certo. Manuel veio pra cá, arrumou a vida dele. Eu, em toda reviravolta, com todos os contratempos, também segui minha vida. Você tá certo. Nunca tinha pensado por esse lado, não.

Então, eu falei:
— Só tô deixando ciente das coisas, entende? Vou investir em mim e, de verdade, não quero ser um fardo na vida de vocês. Se quiserem botar um ponto final, não fiquem empurrando esse relacionamento com a barriga. Tudo bem?

Ambos concordaram. Foi então que Anderson quis mudar o clima:
— Vamos falar da gente agora. Nada de crise. Vamos mudar totalmente o assunto.

— Tudo bem. Agora quero que vocês me contem as novidades. Aquelas novidades que vocês deixaram de me contar. Afinal de contas, como o Anderson disse, ele não podia falar muita coisa sobre o Manuel comigo, por conta desse distanciamento nosso — pedi.

— Não, não tem nada demais, sabe. O nosso Natal foi de boa, com a família e amigos de César. Fomos super bem tratados, tanto pela família quanto pelos amigos do César. Eu só conhecia o César, mas o Manuel já conhecia alguns — respondeu Anderson.

Manuel então acrescentou:
— Pô, aquela galera lá, tudo gente boa, da melhor qualidade. Se não fossem, eu não teria levado Anderson pra lá, jamais.

— Eu maneirei na bebida, mas já o Manuel bebeu todas. Ficou louco, você tinha que ver o estado dele, Renato. — comentou Anderson, rindo. — Mas aquele ditado, né? Cú de bêbado não tem dono.

Manuel admitiu que tinha bebido mesmo, ele estava entre amigos.

Anderson riu, mas logo acrescentou:
— Na verdade, é nessas horas, quando as pessoas estão bêbadas, que elas revelam muitas coisas.

Manuel pareceu não gostar do comentário e retrucou:
— Ah, vai começar de novo, não, né, Anderson?

Anderson deu uma gargalhada. Eu não entendi bem o que ele quis dizer.

Anderson, então, voltou ao assunto:
— Você acha que eu ia perder a oportunidade de transar com o Manuel em pleno Natal? Claro que não! Embora os tios do César insistissem pra gente dormir lá, eu fiz questão de voltar pra casa. Aleguei que o Manuel não estava muito bem.

Eu percebi um pequeno sorriso surgir nos lábios de Manuel.

— Continue, quero saber! — Falei.

— Resumindo toda a situação, trouxe ele pra cá — contou Anderson. Ele abraçou Manuel de lado e continuou: — E esse cara deu muito pro papai aqui naquela noite… Ah, o peru de Natal não faltou pra ele — completou Anderson com um sorriso malicioso.

Todos nós caímos na risada com esse comentário.

— E sabe o que é o pior, Renato? — disse Manuel. — Eu não lembro praticamente quase nada. Tem alguns flashes, algumas lembranças. Mas de detalhes, não muita coisa.

— Ah, é sério que você perdeu o melhor da noite? — falei, rindo. — Deu mole. Devia ter aproveitado mais.

— Então... — respondeu Anderson, com um tom provocativo. — Eu soube aproveitar. E muito. Te garanto.

Resolvi revelar também as minhas emoções na noite de Natal.

— Tirando o que vocês já sabem, eu fui para a casa do Gil no dia 25. Lá encontrei Breno e Dinei também. Passamos por momentos agradáveis. Tomamos banho de mangueira e bebemos cerveja. O assunto rendeu bastante. Foi bem interessante.

— Pô, aquele cara lá, o dono do bar, parece ser bastante maneiro.
— Ele é — respondi. — Deixou a gente muito à vontade, nos recebeu totalmente bem. Não sabia o que fazer pra agradar.

— Então, engana-se vocês se acham que não tive uma emoção desse tipo no Natal. Embora seja diferente, confesso que foi gostoso.

Eles ficaram surpresos. Não tiveram reação. Mas, prossegui:

— O Jefferson, o dono do bar que o Anderson conheceu, tinha um desejo de ser assistido enquanto transava. Primeiro, comentou numa conversa mais discreta, sabe, com uma certa timidez, entre a gente lá. Mas depois, ele admitiu que queria fazer aquilo, e ainda armou um plano para que acontecesse. E aconteceu.

Olhei para eles antes de continuar:

— Agora, imaginem a cena. Eu, o Breno e o Dinei, sentados em três cadeiras, de frente pra cama, assistindo à foda acontecendo.

Dei uma risada antes de concluir:

— Cara... Foi louco.

Manuel perguntou:

— Mas só rolou isso? Tipo, digo... E vocês? Só ficaram assistindo?

Balancei a cabeça negativamente e disse:

— Não, Manuel. A gente não participou da brincadeira. Só ficamos assistindo.

Pausei por um momento e continuei:

— Pode parecer loucura, mas o Jefferson apenas queria realizar um desejo. Ele deixou bem claro que não queria uma interação maior.

Manuel pareceu refletir sobre minha resposta, enquanto Anderson apenas observava, sem dizer nada.

— Pra não dizer que não fiz nada, a única coisa que me ocorreu foi me masturbar. Apenas isso. Não só eu, mas Breno e Dinei se masturbavam entre eles, eles não puderam trepar não. O combinado era assistir Jefferson e Gil.

Por um momento, eles ficaram quietos. Então, Anderson concordou comigo:

— Ah, deve ser interessante. Por mais que eu ache o Gil um pouco afeminado, deve ter sido uma cena gostosa de assistir. Um cara Macho e sua passivinha. — Ele riu, mas continuou: — Deve ser a mesma coisa que assistir o Naldo e o Gil juntos.

— Aí é que você se engana, meu bem. — respondi, rindo. — O Naldo pode ter a tal pegada que o Gil sempre foi apaixonado, mas, ao contrário do mestre de capoeira, o Jefferson tem algo a mais. Ao mesmo tempo que ele é machão, ele sabe ser carinhoso. E eu acho que isso é o que diferencia o Jefferson do Naldo. Além do prazer, dá pra sentir que existe sentimento entre os dois.

Anderson ouviu atentamente, mas não disse mais nada.

Manuel debochou, dizendo:

— É, pelo visto, tem gente aí que não só prestou muita atenção no Jefferson, mas que tá o defendendo com unhas e dentes.

Respirei fundo, revirei os olhos para demonstrar o quão patético tinha sido aquele comentário e respondi:

— Por que colocar maldade em tudo, cara? Eu podia muito bem omitir esse assunto pra vocês. Vocês nem iam ficar sabendo, mas a questão é que eu não vi nada demais em participar daquele momento, em nenhum momento quis transar com ninguém ali, ao meu ver, não é traição. Ou é?

Anderson riu, balançou a cabeça e respondeu:

— Claro que não.

Manuel, então, interveio:

— Você bem que poderia ter nos avisado por via das dúvidas.

Eu franzi a testa, já me irritando:

— Deixa eu ver se eu entendi. Eu teria que ligar ou mandar mensagem pra perguntar se eu tinha autorização pra ver eles transando?

Anderson riu e rapidamente disse:

— Dá ideia pra ele não! Nem ele faz o que tá falando.

Anderson concluiu seu raciocínio:

— Imagina só! "Oi, galera, posso ir ali ver meus amigos transando? Prometo não participar da transa! Tudo bem pra vocês?"

Manuel olhou para Anderson, surpreso com aquela atitude, mas ficou em silêncio enquanto eu suspirava, tentando encerrar o assunto.

— Então — adiantei —, a diferença é que eu respeito o que a gente tem, nossa relação como um todo. Manuel, eu podia estar com raiva de você, mas ainda estávamos juntos. Eu tenho o Anderson. Entende? Eu não só respeito vocês, mas também a minha amizade com Gil.

Fiz uma pausa, buscando as palavras certas, mas logo continuei:

— Os outros dois, Breno e Dinei, vocês tinham que ter visto o quão fascinado o Dinei ficou. Se você tá falando isso pra mim, Manuel, se você tivesse visto o quanto o Dinei ficou falando do Jefferson depois da transa, você me daria razão.

Manuel, com aquele típico sorriso irônico, respondeu:
— Olha, falando em Dinei... Sei exatamente como ele é na cama. Faz a linha, cheio de manha, cheio de não me toque, mas depois se revela na cama. O que estraga nele é ele ser pegajoso, um grude.

Eu sorri de canto e retruquei: — Posso te garantir que o Dinei está tentando ser menos careta, com isso, mais safado. Não vejo ele ser pegajoso com o Breno, e olha que eles têm uma química legal.

Anderson não perdeu a chance de falar.
— Pô, Manuel, o cara (Dinei) era novinho! Tudo bem que nosso Renatinho também era, mas, pelo menos, nwsse quesito a gente deu sorte.

Anderson aproveitou o assunto e mandou:

— Já que você tá andando assistindo os seus amigos trepar, a gente bem que podia fazer uma videochamada maior para 18 anos.

Eu ri e respondi:

— Isso pra mim é uma tortura, sabe né?

— Não exagera. Na última, você estava bem animado, né? — indagou Manuel.

— Cara, ali eu não tô participando. Prefiro que seja uma ligação onde a gente fala putaria e toca uma, tipo um sexo virtual. Mas, se vocês quiserem, eu até participo. Uma vez ou outra.

Anderson sorriu, meio convencido.

— Sim, é que também me divirto com isso. Vendo você participando de um jeito ou de outro.

— Mas me conta, como estão os preparativos para a festa no sítio? — Manuel quis saber.

— Está indo. Ricardo está uma pilha de nervos, mas está tudo sob controle... Pelo menos eu acho. Uma pena vocês não estarem aqui. A propósito, vocês vão passar com a família do César novamente?

— Não — falou Anderson.

Manuel continuou:

— Vamos ver os fogos no centro da cidade. Todo mundo que passou o Natal com a gente vai. A gente vai levar o cooler e acompanhar a queima de fogos.

Depois disso, conversamos sobre assuntos variados. Comentei que, nesse recesso de trabalho, eu estava ficando mais na casa dos meus pais e que, inclusive, no dia seguinte, iria pra lá novamente.

Estava ficando tarde, e antes de desligar, meu primo perguntou:

— Só pra ter certeza, então tá tudo certo? Tudo resolvido entre vocês, né?

Não disse nada, apenas balancei a cabeça, confirmando.

Manuel falou:

— Claro. Tá vendo? Em outro momento, um de nós dois nem estaria aqui.

Aí, nesse momento, eu respondi:

— É verdade. Dias atrás não tinha espaço para um diálogo.

Então nos despedimos. A videochamada foi desfeita, após as falas de boa noite e eu te amo.

A mesma velocidade que o tempo ia passando, os preparativos para a virada do ano iam acontecendo e estava tudo dando certo, tudo conforme o planejado: comidas, bebidas e a decoração, tudo comprado, esperando só o dia chegar. Para minha surpresa, meus tios confirmaram presença e logo nos avisaram que Amanda não viria, pois passaria o réveillon na igreja, no culto da virada. Quando fiquei sabendo, não aguentei e tive que falar:

— Você sabe que não é bem isso, mas que bom que ela vai para o culto da virada. Para mim, eles sabem que ela não ia ser bem-vinda na festa.

Vi minha mãe esboçar um sorriso, mas ela disfarçou e me repreendeu:

— Renato, você não pode falar isso, nem perto do seu pai e dos seus tios. Pelo amor de Deus, vamos evitar o estresse.

Na noite do dia 30, eu e minha família nos reunimos na sala para acertarmos os ajustes finais para a festa. Depois de muita troca de ideias, Ricardo me mostrou a lista das pessoas que já tinham confirmado. A lista tinha alguns nomes que eu não conhecia, parentes de Letícia e colegas de Ricardo do trabalho. Tirando o resto, eram meus amigos, família e o pessoal da capoeira. Olhei pra ele e falei:

— Ah, então vai ficar maneiro. Vai ter bastante gente.

Ricardo respondeu:

— É, eu queria mais, porém muita gente gosta de passar a virada na praia, gosta de viajar.

Eu concordei.

— Mas, é melhor a gente contar com o que já temos.

Logo após a reunião, eu, meu irmão e meu pai fomos para o sítio. Lá, armazenamos as carnes, nossas cervejas e refrigerantes, já que os convidados levariam os seus. Dei uma volta e vi que o dono daquele local tinha feito algumas mudanças. Não algo radical, mas ele deu uma revitalizada no sítio. O campinho estava reformado, com a arquibancada bem mais moderna, ainda eram três degraus, mas agora cimentados e pintados. Colocaram ventiladores na varandão, que muitas vezes virou dormitório dos meninos. Não precisávamos mais levar caixas de som, pois agora o lugar tinha uma enorme, sem falar que até TV e Wi-Fi tinha na área de churrasco. Agora tinha até um playground, que, na minha opinião, não ia servir pra nada.

Meu irmão comentou:

— Agora eu entendo o motivo do preço do aluguel do sítio ter aumentado.

Meu pai virou surpreso e falou:

— Ninguém mandou você inventar moda. A gente tinha parado de fazer isso. — e riu, mas logo completou: — Ah, mas deixa disso. Seus tios também resolveram soltar uma grana pra nos ajudar. Então, no prejuízo, você não vai ficar.

Eu sorri e pensei, uma coisa eu tinha que admitir: meus tios podiam ser o que fossem, mas quando gostavam ou se comprometiam com algo, eram as melhores pessoas. Por isso, não me surpreendi com o que meu pai disse, sabendo que eles já estavam na fila para ajudar.

Resolvemos ir embora. Quando cheguei em casa, conversei com o Anderson, que notou rapidamente o quão nervoso e ansioso eu estava. Ele tentou me acalmar, dizendo que tudo daria certo. O Manuel também veio falar comigo. Contou que Pedro havia mencionado meu nome na ligação que havia feito cedo..

Antes de desligar, confirmei para Anderson que os pais dele iriam passar a virada conosco. Ele não demonstrou muita emoção, mas disse que bom. Logo em seguida, falei para eles que minha próxima ligação seria feita lá no sítio, pois eu e minha família chegaríamos cedo para organizar tudo.

Acordei no dia 31 com Letícia praticamente arrombando a porta do meu quarto, já gritando meu nome e pedindo pra eu acordar, dizendo que já estava na hora. Eu não acreditei que aquela cena estava acontecendo. Botei o travesseiro em cima da minha cabeça e falei:

— Só mais alguns minutinhos, por favor.

Ela, sem piedade, veio até mim e me sacudiu.

— Não, não, não. Acorda.

Levantei, tomei banho, e percebi que havia esquecido de arrumar minha roupa no dia anterior. Comecei a arrumar minhas mochila, de repente, Letícia entrou novamente no meu quarto, surpresa.

— Mentira que você não preparou suas roupas ainda?

E eu, envergonhado, admiti que também tinha esquecido de comprar uma roupa nova para o réveillon.

— Você não vai comprar roupa agora não. Você sabe disso, né?

— Por favor, linda.

— Não, Renato.

E assim, seguimos para a cozinha tomar um café, onde todo mundo já estava arrumado e pronto, com suas bolsas. Ricardo então perguntou:

— Podemos ir?

Depois de todo mundo comer e tomar café, respondi:

— Sim, podemos.

Quando chegamos no sítio, a primeira coisa que vimos foi que as cadeiras e as mesas que alugamos já haviam sido entregues. Aquele detalhe fez tudo parecer mais real, mais próximo da nossa festa. Depois de nos acomodarmos, começamos a arrumação. Eu e Letícia ficamos responsáveis pela decoração. Tentariamos dar o nosso melhor, combinar tudo de forma que fosse simples, mas ao mesmo tempo elegante.

Enquanto isso, meu pai, meu irmão e minha mãe começaram a organizar o churrasco. Eles fizeram as tarefas necessárias, mas logo voltaram para o trabalho, se concentrando na comida e na parte que sempre dava mais trabalho. Letícia então me falou:

— Olha, a gente podia se apressar na decoração, não fazer coisa feia ou mal feita. Digo isso porque daqui a pouco o dia vai ficar bonito, ensolarado, e a gente podia entrar na piscina. Mas reafirmo, Renato, nada de fazer trabalho de porco. A gente tem que fazer a coisa certa e bonita.

Então, eu disse:

— Ou a gente organiza um pouco, dá uma pausa para almoçar, ficamos na piscina um pouco e depois a gente volta para a decoração, o que você acha?

Mas ela preferiu finalizar tudo para depois entrar na piscina, assim ela estaria livre dos trabalhos.

A montagem da festa foi ganhando forma aos poucos, com cada um de nós cuidando de um detalhe importante. Letícia, com seu olhar atento à estética, teve uma ideia genial: colocar várias bolas brancas na piscina, mas isso só seria feito mais tarde, quando o anoitecer chegasse. Ela imaginou que, com a luz suave da noite, as bolas flutuando na água dariam um toque de sofisticação e charme ao ambiente, criando um cenário perfeito para o momento da virada.

Enquanto isso, eu e meu irmão começamos a ajeitar as mesas. Decidimos que a área de dança seria no meio do salão, e só depois colocamos as cadeiras e mesas ao redor.

O arco de bolas, logo ao lado da mesa principal, foi montado com cuidado. A decoração começou a tomar forma.

Enquanto isso, meu pai limpava a grade da churrasqueira. Já Ricardo e minha mãe estavam na cozinha preparando um cardápio: arroz de lentilha, tinha arroz branco pra quem não curtia lentilha, macarronese, farofa e vinagrete. Tudo pronto para complementar o churrasco e garantir uma festa deliciosa.

Com a decoração praticamente pronta e todos os detalhes alinhados, sabíamos que logo seria hora de relaxar. A ideia era aproveitar um tempo na piscina antes do pôr do sol.

Com a nossa decoração praticamente pronta, sabíamos que era hora de relaxar. Vesti a sunga, Letícia também vestiu o biquíni dela, e fomos para a piscina. Ali conversamos sobre a expectativa da festa. Perguntei se Letícia conhecia os amigos de trabalho que o Ricardo tinha convidado.

— Não — disse ela. — Por quê?

Falei que também não os conhecia, mas como fiquei um tempo ausente de casa, pensei que talvez ela tivesse conhecido. Ela negou com a cabeça e respondeu:

— O pessoal da capoeira a gente já conhece.

Então, olhei para ela com uma expressão séria e falei:

— Eu preciso te falar uma coisa. Sabe que o Gil vai vir, né? Com o namorado dele, o Jefferson. Na verdade, é esposo. Eles moram juntos. O Naldo também virá. Será que vai dar algum problema?

Letícia ficou pensativa e respondeu:

— Conhecendo o Naldo, é difícil dizer não para essa pergunta. Mas eu vou falar com seu irmão pra conversar com ele. Acho melhor.

— Não. Deixa que eu falo. Agora eu tô conversando com o Ricardo. Acho melhor eu falar. Conheço o meu irmão… Ele vai questionar o porquê eu não contei pra ele.

Depois de um tempo, Ricardo caiu de ponta na piscina e logo submergiu.

— Água boa, né? Porra. Isso é muito bom.

Como eu e Leticia não sabíamos disfarçar, trocamos olhares,. E Letícia adiantou:

— Seu irmão quer falar com você.

— Fala, Renato! — Pediu meu irmão.

— Não é nada demais! Você sabe que o Gil vai vir com o esposo dele. E nesse lugar também vai estar o Naldo. Já parou pra pensar? Pelo pouco que eu conheço o Naldo, ele pode criar problemas aqui — adiantei.

— Cara, eu não tinha pensado nisso. Mas creio que ele não é louco de fazer nada aqui não. Disse Ricardo.

— Mas, por via das dúvidas é melhor conversar com ele, né, meu amor? — disse Letícia.

Ficamos conversando sobre a expectativa da festa. Letícia chegou a perguntar ao meu irmão quem eram os caras que ele havia convidado, e ele respondeu que eram todos muito parceiros, que era pra ela ficar tranquila. Em tom de brincadeira, ele perguntou se as minas que viriam de Barra do Piraí com os pais dela eram gatas, porque, se fosse o caso, apresentaria os caras para elas. Letícia desdenhou, dizendo que na hora veria isso com as amigas.

Eles começaram a se abraçar e a trocar beijos na piscina, e, como eu não estava no clima para assistir cenas de romance, olhei para eles e disse:
— Vou sair, não tô afim de ficar vendo um casal aos beijos, não.

Meu irmão riu e comentou:
— Tá na seca, né?

Eu, sem perder o humor, respondi:
— Seca é pouco, Ricardo. Tô atravessando o mesmo deserto que o povo de Israel passou.

Eles riram, e eu, ainda de sunga, fui encher as bolas que seriam colocadas na piscina ao anoitecer.

A noite foi se aproximando, e estava tudo pronto para a festa. Minha mãe e Letícia estavam no quarto, fazendo escova e chapinha uma na outra. Enquanto isso, eu estava lá fora, sentado à mesa, conversando com meu pai e meu irmão. Em um momento, Ricardo comentou:
— Sacanagem! Aqueles pestes do Anderson e do Manuel podiam ter vindo.

— Pois é, nem me lembre — respondi.

Não demorou muito para que meu irmão pedisse licença e nos deixasse a sós. Meu pai segurou minha mão e, com um tom tranquilo, disse:
— Renato, meu filho, Deus sabe de todas as coisas. Olha só, você está aqui conosco, tem a sua família do seu lado. Já imaginou se nós tivéssemos virado as costas pra você, igual seus tios fizeram com o Anderson? Sei que a virada de ano seria melhor com eles aqui, mas não fique com essa cara. Aproveite essa noite que seu irmão organizou com tanto carinho. Beleza?

Concordei balançando a cabeça, e, antes de encerrar o assunto, falei:
— Pai, eu sei que sou um privilegiado por ter vocês como família, principalmente você como pai. Obrigado pela força que sempre me deu!

Aproveitei o momento e contei a ele sobre meus planos de fazer faculdade e voltar a investir em mim.

Ele parou por um instante, refletiu e, com os olhos brilhando de felicidade, sorriu:
— Renato, meu filho! Que notícia boa! É bom ver que você está querendo voltar aos estudos. Tô orgulhoso!

Era visível a emoção dele, e isso me deu ainda mais coragem para continuar. Depois dessa conversa, decidimos entrar e começar a nos arrumar para a tão esperada festa.

Meu look foi pensado exatamente para a ocasião. Escolhi uma camisa branca de linho, leve e despojada, com as mangas dobradas até os cotovelos. Combinei com uma bermuda bege de sarja e um cinto de couro trançado. Nos pés, optei por alpargatas brancas, bem confortáveis. Finalizei o visual com uma corrente prateada no pescoço e um relógio no esquerdo. Queria causar impacto, já que eu não podia pegar ninguém — pelo menos, queria ser notado.

Ao sair do quarto, me deparei com Letícia, que estava deslumbrante. Não dava nem para competir, porque ela já era linda, mas agora... ela estava simplesmente impecável. Usava um vestido branco floral, com detalhes delicados que destacavam sua pele. Joias douradas brilhavam em seu pescoço e o penteado — um coque baixo com algumas mechas soltas — dava um ar sofisticado.

Olhei para ela e disse:
— Mulher, você nem sabe brincar, né? Tu tá linda! Por que tanta produção?

Ela agradeceu com um sorriso e retribuiu:
— E você, Renato? Tá um arraso também! Você é um gato, meu cunhado lindo!

Fomos para o lado de fora, e meu irmão estava lá, simples, mas incrivelmente sedutor. Ele vestia uma bermuda branca e uma camiseta justa, que destacava seu corpo atlético. Parecia que nem estava tentando, mas conseguia chamar a atenção.

Meus pais seguiam o mesmo padrão, todos de branco. Minha mãe optou por uma saia longa de tecido fluido, combinada com uma blusa de renda. Simples e elegante, como sempre.

— Gente, vocês estão lindos demais da conta! — praticamente gritei, indo pegar uma cerveja para brindar aquele momento. — Só por isso, a gente vai brindar... Por tudo que esse ano trouxe e por tudo que vamos receber no próximo!

Brindamos, sorrimos e ficamos sentados na mesa, conversando esperando o povo chegar.

O churrasqueiro que meu pai contratou chegou dentro do horário previsto, meia hora antes do início da festa, exatamente para se organizar, arrumar seus utensílios de trabalho e começar a preparar as carnes. Seu nome era Samuel, um homem de aproximadamente 48 anos, moreno, gordinho , de bigode e com preto com alguns fios de cabelo branco que davam um ar de maturidade e charme.

Samuel combinou que ficaria conosco até as duas da manhã, mas deixou claro que, se precisássemos dele por mais tempo, poderia estender seu serviço, desde que fosse pago o extra combinado. Era um detalhe que mostrava sua flexibilidade e profissionalismo.

Se fosse em outra época, Gil certamente teria se interessado por Samuel. Afinal, Gil sempre teve uma queda por "coroas". Samuel, com seu bigode charmoso, jeito experiente e aqueles cabelos brancos que só aumentavam o seu apelo, era exatamente o tipo de homem que Gil curtia. Mas agora, claro, as coisas eram diferentes. Gil estava namorando Jefferson, e o relacionamento dos dois era sério. Mesmo assim, conhecendo Gil, eu sei que ele notaria o Samuel de alguma forma, ainda que apenas como um olhar discreto, sem qualquer intenção além disso.

Logo depois, apareceram Breno e Dinei, simpáticos como sempre. Ambos vestiam camisas brancas com estampa florais idênticas. Achei fofo e, após eles abraçarem e falarem com meus pais, os arrastei para uma mesa e pedi para ficarem à vontade. Enquanto Breno foi buscar cervejas, Dinei elogiou a decoração do local.

— Tá lindo aqui! — disse ele.

Meu irmão ligou a caixa de som, o que trouxe mais alegria ao ambiente.

Meus tios, pais de Anderson chegaram, visivelmente sem graça, e foram direto falar com meus pais. Percebi a tensão, mas decidi ir até eles. Cheguei com um sorriso e os cumprimentei como se nada tivesse acontecido:

— Oi! Finalmente chegaram! Sejam bem-vindos e aproveitem a festa.

Minha tia veio logo me dar um abraço apertado, tão sincero que me pegou de surpresa.

— Você está bem? — perguntou ela. Ao confirmar que sim, ela respondeu: — Que bom! Que Deus te abençoe.

Meu tio, mais reservado, também me surpreendeu. Estendi a mão para ele, mas ele puxou para um abraço.

— Por que a sua tia merece um abraço e eu só um aperto de mão? Saudade de você, rapaz!

Falei sorrindo pela situação:
— Calma, gente! Tem abraço pra todo mundo!

Saí de lá confuso, olhando para meus pais com os olhos arregalados, tentando entender o que estava acontecendo. Eles não sabiam como agir naquela situação. Resolvi voltar para os meus amigos.

Os colegas de trabalho de Ricardo chegaram em seguida. Eram cinco ao todo, incluindo uma namorada de um deles. Meu irmão foi recebê-los e os apresentou aos meus pais e tios.

O pessoal da capoeira chegou logo depois, no meio deles estava Naldo . O que mais me chamou a atenção foi que o mestre de capoeira não trouxe a mulher dele, estava só ele com os alunos — cerca de seis.

Naldo veio até a mim depois de dar boa noite perguntou:
— Onde está Ricardo?

— Boa noite! Tudo bem contigo? — perguntei. Ele sorriu, balançou a cabeça e eu apontei para a mesa onde Ricardo estava com os amigos. Ele agradeceu e foi até lá.

Breno e Dinei, que já estavam comentando sobre a camisa social branca que Naldo usava.

— A camisa dele vai rasgar a qualquer momento de tão apertada. — disse Breno, rindo.

— Ele faz capoeira pra isso — explicou Dinei.

— Errado ele não tá — acrescentei. — Se eu tivesse o corpo que ele tem, faria a mesma coisa.

— E pra completar, o Gil é ex do Naldo — Dinei lembrou Breno , o que fez o assunto render.

Falando em Gil, a ausência dele estava me incomodando. Perguntei a Dinei:

— Será que Gil não vem?

— Não sei, Renato. Até então, ele tinha confirmado. Será que Jefferson desistiu? — respondeu Dinei.

Imediatamente, imaginei o pior:
— Será que aconteceu algo com a avó dele?

— Deus me livre! Vira essa boca pra lá! — disse Dinei, apavorado.

Breno completou:
— Notícia ruim espalha fácil. Se isso tivesse acontecido, já estaríamos sabendo.

Mesmo com a ausência de Gil, a festa já tinha ganhado sua forma. Era bom ver que todos os convidados que ali estavam escolheram passar aquele momento conosco. O clima era de paz, e nem parecia que minha família, tempos atrás, havia enfrentado tantas crises.

Quando pensei que a lista de convidados já estava completa, eis que aparecem Denilson e Tânia, nossos vizinhos. Denilson e Tânia pareciam ter a mesma idade dos meus pais. Não eram tão próximos, mas, por algum motivo, foram convidados. Para mim, eles eram os vizinhos do "Oi", aqueles que eu cumprimentava ao passar na rua, mas com quem nunca tive muito contato. Apesar disso, sempre foram cordiais e nunca me trataram mal.

Pouco depois, chegou outra família de vizinhos: José e Carmen, um casal mais idoso que meus pais. Eles já tinham uma longa história no bairro e eram conhecidos por terem uma vendinha por ali. Assim que chegaram, colocaram algumas cervejas no freezer e se juntaram a Denilson e Tânia na mesma mesa.

Meu telefone toca, olho para a tela e vejo que era Manuel solicitando uma videochamada. Peço licença aos meus amigos e procuro um lugar mais silencioso e reservado. Assim que atendo, percebo que Manuel está em um local que parecia ser uma praça cheia de gente. Ao fundo, uma música animada tocava, e era possível ver luzes coloridas piscando, dando a entender que estava rolando música ao vivo.

Com um sorriso no rosto, Manuel já começa a explicar:

— Renato, apenas escute. O som aqui tá muito alto. Vou desejar minhas felicitações agora porque, mais tarde, com os fogos e as músicas, vai ser quase impossível.

Manuel me desejou um feliz ano novo e disse que esperava uma infinidade de coisas boas, não só para mim, mas também para o trisal. Ele destacou que torcia para que o próximo ano trouxesse crescimento e que colhêssemos bons frutos.

Logo depois, Anderson pegou o celular. Com um sorriso ainda mais radiante, começou a falar:

— Meu anjo, é o seguinte, eu te amo. Sei que este ano passamos por muitas coisas, mas quero que saiba que a única coisa que não mudou foi o meu amor por você. Desejo que este ano que se inicia seja bom para nós e cheio de surpresas boas, porque a gente merece.

Em seguida, ele virou o celular, mostrando as pessoas que estavam com eles, e disse:

— Galera, dá um feliz ano novo pra ele!

Todos acenaram e, em coro, disseram:

— Feliz Ano Novo!

Por fim, Anderson se despediu, e eu acenei, dando tchau e mandando um beijo, encerrando a chamada com um sorriso no rosto.

Por mensagem, agradeci tanto ao Anderson quanto ao Manuel pelas felicitações. Escrevi que, de fato, o ano que estava se encerrando foi um verdadeiro turbilhão de emoções. Mas que, em meio a tantos acontecimentos, o nosso amor prevaleceu, e isso já era mais do que suficiente.

Desejei que o ano novo pudesse facilitar nossos encontros, que, mesmo com a distância, esses momentos se tornassem rotina e que nada nos impedisse de nos vermos. Finalizei dizendo que a saudade que sentimos apenas nos fortalece e nos aproxima cada vez mais.

Anderson me respondeu com um emoji de coração e pediu para eu mandar um abraço para o Tio Júlio. Na hora, pensei comigo mesmo: "Mas o Tio Júlio nem chegou ainda." Então, respondi: "Meu amor, o Tio Júlio não chegou até o momento. Ah, e só para te deixar ciente, seus pais estão aqui e me trataram naturalmente, muito bem, por sinal." Ele respondeu com outro emoji, agora sorrindo.

Voltei para a festa e, para minha surpresa, lá estava o Tio Júlio! Ele estava sentado junto com meus pais e tios, ao lado de sua mulher e de sua filha. Não perdi tempo: fui até ele e o abracei calorosamente, dizendo: "O Anderson pediu para te mandar um abraço!"

Tio Júlio, com aquele jeito espontâneo, respondeu: "Ué, mas cadê aquele safado?"

Desconversei rapidamente, até porque os pais de Anderson estavam pertoi: "É uma longa história, Tio. Depois a gente conversa sobre isso." Dei uma risada e saí antes que a conversa se prolongasse.

Voltei para a mesa onde estavam Dinei e Breno. O assunto agora era sobre os amigos do meu irmão, que, para nós, eram uma completa novidade. Era a primeira vez que os víamos, e, aparentemente, todos eram héteros. Na maioria, padrão, exceto por um deles, que era negro e estava acompanhado da namorada. Não sabíamos os nomes, já que, ao chegarem, cumprimentaram rapidamente o Ricardo e foram direto para a mesa.

Mas uma coisa era certa: nenhum deles era feio. Então, eu e meus amigos começamos a dar notas para cada um deles rindo da situação.

De repente, Dinei interrompe: "Olha quem está chegando!"

Viro na direção em que ele aponta e vejo Gil, agora com o cabelo loiro, vindo em minha direção. Ele parecia um pouco sem graça, acompanhado de Jefferson.

— Oi, amigo. Cheguei! – disse Gil com um sorriso tímido.

— Nossa! Pensei que não viria mais– Respondi surpreso.

Jefferson, com seu jeito direto, logo comentou:
— Renato, nem me fale! Eu quase desisti. Esse seu amigo é pior do que mulher pra se arrumar. Muito enrolado! Agora, com esse cabelo então...

Caímos todos na risada.

—Tô loiro, amigo! Igual a você. — disse Gil, me abraçando.

— Arrasou, viado! – Breno completou, em tom divertido.

Logo depois, levei Jefferson para apresentar aos meus pais. Não fiz questão de apresentar Jefferson como esposo de Gil, porque um bom entendedor já sabia que eles eram um casal.

Falei para meus tios e meus pais que Jefferson era dono de um bar. Tentei explicar onde ficava o bar, mas foi em vão. Até mencionei que meu patrão, Pedro, adorava frequentar o lugar. Então, meu pai comentou: "Depois me passa o endereço direitinho, que a gente marca um dia pra ir beber lá, ué."

Jefferson respondeu com um sorriso:
— Serão muito bem-vindos.

Reforcei: — Quando ele diz isso, pode ter certeza de que é verdade.

Agora tudo estava encaminhado para a festa que prometia ser memorável.

Enquanto voltávamos para nossa mesa, percebi o olhar de surpresa de Naldo ao ver Gil. Ele o seguiu com os olhos, e por um momento fiquei me perguntando o que passava pela sua cabeça. Não sei se Gil percebeu aquele olhar, mas eu com certeza não era louco de comentar nada, especialmente com Jefferson ao lado.

Estava decidido. Assim que tivesse uma oportunidade, falaria com Gil sobre a presença de Naldo. Eu ainda tinha receio de que pudesse haver algum atrito entre Jefferson e Naldo, mesmo que tudo parecesse tranquilo.

De repente, vejo Letícia se aproximar da caixa de som e começar a mexer em algo. No primeiro momento, achei que fosse trocar a playlist ou ajustar o volume, mas, ao ouvir a interferência do microfone e vê-la segurando o objeto com um sorriso enigmático, entrei em pânico.

Minha mente foi direto para o dia do meu aniversário de 18 anos, quando meus pais pegaram o microfone e fizeram discursos emocionados. Aquilo foi lindo, mas este não parecia ser o caso agora. O que Letícia fazia com o microfone na mão?

Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, Letícia, com toda sua presença e, com uma voz animada, chamou meu irmão, eu e meus pais para estarmos ali ao lado dela.

No primeiro momento, Letícia segurou, falou que estava imensamente feliz em ver todos ali reunidos. Reforçou que cada detalhe daquela festa foi feito com muito carinho e que o objetivo era criar momentos especiais.

Logo depois, ela passou o microfone para o meu irmão, que agradeceu a presença de todos. Ele comentou que fazia tempo que não conseguíamos reunir tantas pessoas queridas como nos velhos tempos. Com o jeito descontraído, ele pediu para que todos ficassem à vontade, pois ali só tinha gente boa.

Quando o microfone chegou às minhas mãos, eu hesitei por um instante, sem saber exatamente o que dizer. Olhei para o público, captei sorrisos e então falei:

— Bom, eles já agradeceram, mas nunca é demais, né? Eu também agradeço muito por vocês estarem aqui. E o que eu tenho para falar é o seguinte: se vocês estão aqui, é porque em algum momento vocês foram lembrados. E se foram lembrados, é porque temos um carinho enorme por cada um de vocês. Então curtam a festa, bebam horrores! Afinal, é o último dia do ano, né? Hoje está permitido. E daqui a pouquinho eu vou passar na mesa de vocês. Só me deixem me animar um pouquinho antes, tá?

Terminei e entreguei o microfone para minha mãe, que ficou aflita e imediatamente antes de falar no microfone perguntou: "O que eu vou falar?" Dei de ombros e respondi: "Não sei. Eu tive que falar, ué." Ela suspirou, se recompôs, segurou firme o microfone e agradeceu a todos pela presença.

Com um olhar emocionado, voltou-se diretamente para os meus tios e disse:

— Lúcia e Josival, meu coração se alegra em vê-los aqui. Vocês não fazem ideia do quanto. Eu desejei muito isso. Obrigada por virem.

Depois, ela incentivou todos a aproveitarem a festa e tentou passar o microfone para o meu pai, que, sem pensar duas vezes, fugiu da situação com um sorriso meio sem graça. Foi quando minha cunhada pegou o microfone e declarou: "Depois da virada, o microfone estará aberto para quem quiser desejar felicitações!"

Letícia desligou o microfone e colocou a playlist anterior para tocar novamente. Aproveitei a deixa e falei:
— Precisava disso, Lê?

Ela, com aquele jeito dela, respondeu:
— Rê, a gente tem que ser receptivo. Viu que cena linda dessa mãe com os seus tios?

Admiti, realmente, tinha sido uma cena fofa, mas insisti: — Mas não precisava.

Ela deixou o microfone na mesa que havia ao lado do sim, e voltamos aos nossos lugares. Com meus amigos, continuei bebendo e me divertindo.

Estávamos rindo de algum assunto bobo quando, de repente, Jefferson cortou o assunto no meio e perguntou, direto e seco:
— Por acaso aquele cara bombado que não para de olhar para a nossa mesa é o tal do Naldo?

Foi instantâneo. Todos na mesa arregalaram os olhos, e só esse gesto coletivo já entregou a resposta para Jefferson. Mas foi Gil quem confirmou, com um tom despreocupado, ainda que visivelmente tenso:
— Sim, é ele! Mas é só ignorar.

Sentindo a tensão que começava a ser formar eu entrei no assunto tentando aliviar a situação:
— Então, Jefferson, eu estava super preocupado com isso, sabe? Tipo, de vocês se estranharem. Mas, por favor, se ele provocar, não entra na dele. Não vale a pena.

Jefferson não tirava os olhos de Naldo. Com o semblante firme, respondeu:
— Meu amigo, é o seguinte: eu sou um cara tranquilo. Mas se ele começar a fazer graça, eu simplesmente saio e vou embora. Comigo não tem essa. Gosto de sair da mesma forma que cheguei: pela porta da frente. A não ser que...

Antes que ele terminasse, Gil o interrompeu com firmeza, tentando cortar qualquer possibilidade de confronto:
— A não ser nada! Não vai ter nada.

Jefferson ainda parecia cético, mas acabou balançando a cabeça, aceitando as palavras de Gil. O clima, embora amenizado, ainda estava carregado.

Decidi que era hora de eu cumprir a missão de ser receptivo. Levantei, tomei coragem e comecei a passar nas mesas, conversando com o povo.

Minha primeira parada foi a mesa da família de Letícia. A mãe dela, sempre muito gentil, me recebeu com um sorriso caloroso e começou a elogiar:
— Só ouço coisas boas a seu respeito. Letícia fala de você com tanto orgulho e carinho. Olha que já ouvi até umas reclamações sobre o Ricardo, mas de você, nunca.

Dei um sorriso modesto e reforcei:
— Ah, tia, nós somos parceiros. Além de minha cunhada, a Lê é uma grande amiga.

Falei também com as meninas que acompanhavam a família. Uma delas me chamou a atenção, devido ao tamanho dos cabelos. Mas ao me aproximar vi que na camisa da mesma estava escrito Deus é fiel, lembrei que ela era a amiga homofóbica da Letícia, aquela que fez uma oração no noivado do meu irmão. Cumprimentei-a de forma educada, mas mantive minha conversa direcionada apenas às outras duas.
— E aí, meus amores, estão gostando da festa? A paisagem tá boa né?! — perguntei, com um sorriso provocativo. Elas riram timidamente.
— Qualquer coisinha, é só me chamar, viu?

Saí da mesa rindo, satisfeito por ter quebrado o gelo sem dar muita moral para quem não merecia.

A próxima parada foi na mesa dos amigos de trabalho do irmão. Ricardo também estava ali, aproximei, observando a cena, e decidi provocar um pouco.
— Você não vai me apresentar os seus amigos, não, Ricardo?

Ele riu, e disse:
— Claro, Renato, chega aí.

Os amigos dele pararam de conversar por um momento e ficaram me observando. Era hora de causar uma boa impressão.

Sorri e, tentando desconversar, falei para eles:
— Me desculpa, né, meu irmão não sabe apresentar o povo não.

Todo mundo riu, e a atmosfera ficou mais descontraída. Ricardo não perdeu a chance de brincar também, e logo me apresentou aos amigos.
— Gente, esse daqui é meu irmão Renato, um cara super maneiro, é chato pacas mas eu tenho o maior orgulho de tê-lo como meu irmão.

Fiquei até surpreso com a apresentação dele. Então, ele continuou, apresentando o primeiro amigo:

— Renato, esse daqui é o Fabiano.

Fabiano era um cara que chamava atenção. Ele era branco, tinha um corte de cabelo estilo exército e uma barba grande em relação aos outros, estilo lenhador, tinha uma tatuagem em todo o braço esquerdo, que eu não consegui identificar o que era. O que mais me impressionou foi seus olhos cor de mel, que contrastavam com o cabelo claro. Definitivamente, ele tinha uma presença.

Logo, ele estendeu a mão, apertou a minha e, de forma típica, deu três tapinhas nas minhas costas. Um gesto bem “hétero top”.

Logo, passamos para o próximo.

— Esse aqui é o Max. É o cara mais sério do grupo.

Eu, rindo, não perdi a chance de brincar:
— Jura? Aqui você tem que dar um sorriso, hein. A não ser que você seja um desdentado.

Max não aguentou e esboçou um sorriso de canto. Eu me diverti com aquilo e completei:
— Agora sim! Você deveria rir mais.

Ele era branco também, estava de boné, seu cabelo era castanho escuro, era o único da mesa que não tinha barba, no geral, ele tinha um corpo parrudo, mas com pelos visíveis nos braços e até na parte do peito, que insistiam em ficar à mostra. Ele estendeu a mão para me cumprimentar, e fiz o mesmo.

— Valeu pela recepção, irmão — disse Max, com um tom que voltou a ser sério.

E, de fato, ele era sério. Eu estava começando a perceber que ele não parecia se deixar levar pelas brincadeiras, mas a maneira como ele tentou sorrir indicava que estava tentando se adaptar.

— Esse daqui ó, é o Thiago, mais conhecido como Thiagão. — Meu irmão disse com sorriso, — Se ele fizer uma gracinha aqui, não liga não, porque ele é o comédia do grupo. O que faz geral rir.

Thiagão tinha este nome por conta da altura, creio eu. Ele era alto, o que o fazia destacar entre os outros. Tinha cabelos preto, barba cerrada e pele branca. De todos ali, Thiago foi o que mais me chamou a atenção. Ele tinha um sorriso lindo e um humor tão leve que se destacava na mesa.

Estendi a mão para cumprimentá-lo e falei:
— Ah, então temos um contraste. Já que Max é o sério, você é o palhaço do grupo.

Thiagão então falou:

— É, mais ou menos. Pô, mas não humilha não, chamar de palhaço também é sacanagem.

— Perdão. Eu disse, — Tem que pensar antes de falar, né?

O clima ficou leve.

E finalmente, por último, fui apresentado ao casal da mesa, Éder e Flaviane. Éder era o único negro da mesa, mas não decepcionava. Tinha um corpo atlético. Cabelo com um disfarçado bem disfarçado mesmo. Lábios carnudos. Já foi logo pegando a minha mão, falando:

— Prazer, rapaz. Seu irmão fala muito de você.

—Eu sei que ele é meu fã. Ele só não admite.

Ricardo só ria.

E Flaviane... Era morena, cabelos lisos, longos e pretos. Olhos castanhos. Tímida. Apenas sorriu e disse:

— Prazer.

Meu irmão os apresentou como o casal que quebrava a regra da empresa. Que a direção nem podia sonhar que eles estavam juntos, senão um deles seria remanejado ou mandado embora.

Sendo apresentados, eu falei:

— Gente, vou agora ali na outra mesa, mas fiquem à vontade, viu?

Foi realmente um prazer conhecer todos vocês.

— Vai lá, mano, disse Ricardo.

Na próxima mesa eu já conhecia todo mundo. Era a mesa do Naldo, com os seus alunos. Mas, ao passar cumprimentando cada um, eu vi que tinha um ali que eu não conhecia. Pelo menos, eu nunca tinha visto na Roda de Capoeira. Até que Naldo me apresentou:

— Ah, esse aqui você não conhece não, né? É novo na turma. O nome dele é Felipe. Viu? É isso que dá não ir na Roda de Capoeira assistir os amigos.

Decidi ignorar as provocações. Olhei pro menino. Que sorriu timidamente e disse um oi.

Aquele oi foi o suficiente para eu desconfiar que Felipe era gay. Felipe não era afeminado, mas quando ele falou comigo, olhando para mim, simplesmente vi ali alguém que era como eu. Não consigo explicar em palavras, só quem é gay sabe como é esse lance de reconhecer os outros só pelo olhar.

— Meu nome é Renato, não faço capoeira, mas ela praticamente faz parte da minha família. Fique à vontade — falei.

Naldo me disse que, antes de eu chegar, ele tinha falado sobre mim para o jovem, dizendo que eu era irmão do Ricardo.

— Devo me preocupar? — Perguntei.

Felipe respondeu:

— Acho que não.

— Acha que não? Nossa, legal! — Falei, rindo.

E, para cutucar Naldo, falei:

— Como você aguenta ficar do lado dele? Toma cuidado, viu? Naldo não presta não.

Ele riu timidamente .

Naldo mudou o assunto da conversa e comentou, olhando para a mesa onde estavam meus amigos:

— É, se aquele cara for o mesmo que Gil estava depois que terminei com ele, parece que o lance ali deu certo mesmo, né?

Respondi, quase de imediato:
— Eu não vou entrar nesse assunto com você. Não quero me chatear.

— Que isso, mano? Só fiz um comentário.

Ainda sorrindo, tentando forçar uma simpatia, olhei para Naldo e falei:

— Você teria um minuto?

Ele prontamente respondeu:

— Claro.

Assim, fui para a área da piscina e ele me seguiu até lá. Olhei para ele e falei:

— Olha, Naldo, não é nada pessoal, de verdade, mas eu quero entrar em um assunto que não sei como você vai reagir.

Ele, com um semblante tranquilo, disse:

— Pode falar, sem grilos.

Então, eu continuei:

— Naldo, como você viu, o Gil está aqui com o esposo dele. Todo mundo aqui quer curtir, quer se divertir. Ninguém está pensando em briga ou qualquer tipo de confusão. Então, se por acaso isso passou pela sua cabeça, eu peço, em nome da minha família, que evite. Evite qualquer situação que possa estragar o clima.

Naldo passou a mão no rosto, visivelmente indignado, e respondeu:

— Eu não sei de onde vocês tiraram isso. O Ricardo já veio falar comigo a respeito, e agora você? Cara, em nenhum momento passou por minha cabeça fazer algo. Eu só fim um comentário pra você.

Respondi, tentando encerrar o assunto:

— Que bom, Naldo. Assim espero. — Eu respondi.

Voltamos para o nosso lugar. Sentei na mesa, meus amigos queriam saber quem era quem lá na mesa dos meninos que trabalhavam com meu irmão. Fui comentando e falei:

— O Éder é aquele negro lá do grupo, tá vendo? Ele tá com a namorada dele.

— Max é o de boné, o mais sério do grupo.

— O Fabiano? É o da barba mais cheia, aquele com tatuagem no braço.

— E o Thiagão é o mais alto, meu irmão falou que ele é um comédia e de fato foi supersimpático. Sempre tá fazendo piada e animando o pessoal.

Ri. Breno, com sua frase de duplo sentido, disse:

— Será que o Thiagão é grandão?

Eu respondi: — Provavelmente.

— Pronto, agora vocês já sabem quem é quem. Satisfeitos? — provoquei.

Dinei, sem pensar muito, já soltou:

— Quem vocês acham pegável ali?

Olhei imediatamente para Jefferson, preocupado se ele poderia ficar desconfortável com a pergunta, mas, para minha surpresa, ele agiu tranquilamente, como se aquilo não o afetasse.

— Fala você primeiro, já que foi você quem começou... — respondi, provocando Dinei, enquanto Breno já ria, antecipando alguma resposta absurda.

Dinei, então, respondeu:

— Aquele de boné lá. Parrudinho…É bem bonitinho. Interessante.

Breno e Dinei apenas se entreolharam.

Foi a vez de Breno falar sua preferência:

— Eu escolho o Thiagão, só pra conferir se ele é realmente grandão.

A mesa inteira caiu na gargalhada, enquanto Jefferson balançava a cabeça em negação, rindo.

— Você é muito sem noção, Breno! — falei, tentando me recompor. — Mas se fosse pra escolher eu pegaria o Thiagão também. Primeiro por ele ser alto, o que me atrai, sem contar que é uma simpatia.

Jefferson, ainda rindo, parecia não acreditar no que estava ouvindo.

Olhei para Jefferson e, sem pensar duas vezes, joguei na roda:

— E você, Jefferson? Qual você prefere?

Ele olhou meio bolado e respondeu de imediato:

— Não prefiro nada. Prefiro... o Gil.

— Ah, para com a bobeira — falei, tentando aliviar o clima.

Então Gil, com um sorriso, entrou na conversa com o amado.

— Ih, Jefferson... Pode falar. A gente está entre amigos aqui. Eu não vou ficar com raiva por essas coisinhas, não — completou Gil, descontraindo ainda mais o momento.

Breno também incentivou, entrando na conversa com um sorriso:

— Isso, rapaz. Entra na brincadeira. Tem que saber separar, pô.

Jefferson respirou fundo e respondeu, ainda um pouco relutante:

— Tá, mas eu vou responder no sentido do menos pior, ok?

Todos nós paramos para ouvir, criando aquele suspense.

— Então... — começou Jefferson, com um tom desconfiado.

— Pô, nada a ver essa comparação, mas se for pra escolher, eu fico com o de boné. Porque é o único que tá sem barba ali... É isso. — disse Jefferson, finalmente entrando na brincadeira. Ele ainda se justificou: — Deve ser estranho ter uma barba roçando em mim.

— E você, Gil? — perguntei, curioso.

Ele prontamente respondeu:

— Ah, todos são bonitos, mas por uma questão de gosto, eu prefiro o negro. Negros não decepcionam.

— Mas, gente, ninguém escolheu o Fabiano? Só porque ele é o mais barbudo? — questionei, rindo.

Breno foi rápido na resposta:

— O Fabi tá no banco de reserva. Sabe como é, por via das dúvidas ou no caso de desistência.

— Vocês são fodas! — admitiu Jefferson, caindo na risada junto com o resto da mesa.

Então, gente, mudei de assunto:

— Depois fui na mesa do pessoal da capoeira, onde eu pensava que conhecia todos. Gente, o Naldo tem um aluno novo. Aquele novinho moreno, de cabelo liso, da turma. Tá vendo? O nome dele é Felipe — Já fui logo soltando. — Ó, meu Gaydar apitou pra ele. Esse aí é gay.

Nesse momento, Jefferson, completamente perdido na conversa, se sentindo um peixe fora d'água, perguntou. — Que porra é essa de gaydar? Como assim apitou?

Eu tinha esquecido que esse mundo era uma coisa muito nova para Jefferson. Então, Gil pacientemente explicou. — Amor, é que a gente consegue reconhecer outro gay, entendeu? Gaydar a mesma coisa que radar. É por isso que falamos que o nosso gaydar apitou.

— Ah, saquei. — disse Jefferson, começando a entender.

Vi meu pai acenando acenando para mim perto do balcão, próximo à churrasqueira. Ele estava lá com meu tios e alguns vizinhos (as esposas ainda estavam sentadas nas mesas) conversando. Fui até ele para ver o que queria.

— Renato, qual é o nome daquele cara que chegou junto com seu amigo Gil? — perguntou meu pai.

— Jefferson, pai! — respondi.

— Fala pra ele que, se quiser, pode vir beber uma com a gente aqui. -- sugeriu meu pai.

Por um lado, seria uma boa ideia. Jefferson estaria mais à vontade em um ambiente predominantemente masculino e hétero, pelo qual ele já está acostumado. Mas, por outro lado, eu não sabia se ele aceitaria, ainda mais por causa do Naldo ali na área. Além disso, não sabia qual seria o assunto deles, mas Jefferson era desenrolado e vivido, então resolvi fazer o convite.

— Jefferson, meu pai está te convidando pra beber com meu tio. Acho que Ele está achando meio perdido aqui.

Gil, como sempre, adiantou:

— Se você quiser, pode ir. Estamos entre amigos.

— Tem certeza? Não vai ficar chateado? — perguntou Jefferson, visivelmente indeciso.

— Claro que não! Amor, eu já estaria lá. — brincou Gil, rindo.

— Então eu vou lá. Qualquer coisa é só me chamar. — decidiu Jefferson.

Levei Jefferson até meu pai, que prontamente pegou uma banqueta para ele sentar. Jefferson logo se acomodou e começou a puxar assunto com eles.

Voltei para a mesa e comentei com Gil:

— Naldo me garantiu que não tem pretensão de fazer nada.

— Tomara, mas ele não para de olhar pra cá. — disse Gil, um pouco desconfortável.

Dinei, sempre prático, sugeriu:

— Gil, evita olhar pra onde ele tá. Assim, você não dá assunto.

Concordei, enquanto olhava ao redor. Foi quando me dei conta de que a festa de Réveillon da minha família estava parecendo uma festa de casamento evangélico, com todos sentados nas mesas, conversando apenas entre si.

Sem pensar muito, fui até a Letícia. Desconectei o celular dela, que estava tocando sertanejo, e conectei o meu. Peguei o microfone e me preparei para animar a festa, mas antes de anunciar a música, me aproximei da mesa dos pais da Letícia e perguntei:

— Meus queridos, teria algum problema se eu colocasse funk pra tocar?

Eles riram e responderam:

— Não, claro que não. Pode colocar.

Olhei para a Letícia, que, incrédula, assistia a cena, e falei:

— Você está de prova! Seus pais não foram contra.

Letícia balançou a cabeça, ainda rindo, enquanto eu voltava peguei o microfone e falei:

— Gente, já me animei! Mas tô achando vocês muito parados. Vou melhorar isso aqui!

Olhei para o pessoal que trabalhava com meu irmão Ricardo e perguntei:

— Vocês gostam de funk?

Ouvimos um coral respondendo "Sim!", acompanhado de sinais de "joia" no ar.

— Pessoal da capoeira, vocês gostam de funk?

Eles responderam com outro "Sim!" empolgado.

Olhei novamente para a mesa dos pais da Letícia e comentei:

— Vocês não podem dizer nada, hein! Já liberaram.

— E vocês? — perguntei, virando para meus familiares e vizinhos. — O que acham? Acho bom vocês toparem.

-— Coloca logo, Renato. — Pediu meu pai rindo.

— Tá vendo? Se até meu pai tá mandando, ninguém tem desculpa! — falei, rindo, enquanto preparava a playlist.

— Então, vamos de funk! Quero ver todo mundo dançando ali, ó! — apontei para o espaço que eu e Letícia havíamos reservado para a dança.

Coloquei minha playlist para tocar. E, para minha sorte, o pessoal realmente se levantou, com o copo na mão, e foi para a pista. No fundo, fiquei aliviado, porque se ninguém tivesse se levantado, eu teria fechado o ano com mais essa vergonha na conta.

Mas as bichas, que eram minhas amigas, ainda estavam sentadas na mesa, observando de longe. Fui até lá demonstrar minha indignação:

— Vocês juram que vão fazer as tímidas a essa hora? Bora, vamos!

Dinei tentou argumentar alguma coisa, mas eu logo cortei:

— Xiu! CALADO.

Antes de irmos para a pista, pegamos mais cervejas. E então, finalmente, fomos dançar.

É incrível como a música tem o poder de mudar o ambiente. Até o Ricardo, que geralmente era mais reservado, estava na pista fazendo os passinhos de dança com seus amigos.

Em outra época, eu seria bem mais ousado na dança, mas, como eu estava comprometido e em um ambiente familiar, dancei, porém sem exageros. Mesmo assim, meus amigos estavam nessa comigo, e por alguns momentos parecia que estávamos na boate.

Entre uma música e outra, eu e meus amigos mudávamos de posição na pista. O propósito era claro: dar close, atrair olhares e, claro, observar os boys que dançavam sarrando. Justiça seja feita: na arte de sarrar, o povo da capoeira dava de dez a zero no pessoal que trabalhava com meu irmão.

Em meio à dança e ao calor, decidi ir ao banheiro. Chegando lá, encontro Thiagão no mictório. Pensei em voltar, mas ele me viu, então continuei e entrei no box. Mijei ali mesmo, sem fechar a porta, porque, na minha cabeça, se eu fechasse, ele poderia pensar que eu estava cagando.

Enquanto estou ali, ele comenta:

— Porra! Você dança pra caramba.

— Ah! Obrigado. Eu fazia aula de balé. — respondi, tentando ser casual.

— Então tá explicado.

Terminei de urinar e fui até a pia. Ele estava lá, se ajeitando em frente ao espelho. Quando me viu pelo reflexo, comentou:

— Tá calor, né?

— Sim, e não é pouco. — respondi, enquanto pegava um papel-toalha ao lado da pia para enxugar o rosto e o pescoço. Peguei outro para secar os braços.

Ele lavou as mãos e, antes de sair, disse:

— Pow, vou voltar pro pessoal.

Fiquei parado por um momento, estranhando aquele elogio vindo dele. Afinal, eu tinha evitado ao máximo fazer certos movimentos mais ousados na dança. Ou seja, ele de certa forma me reparou dançando... reparou em mim.

Voltei para onde meus amigos estavam dançando e, ao me aproximar, comentei sobre o que tinha acabado de acontecer no banheiro. Breno, com uma cara de quem não acreditava muito, disse:

— Ah, sério? Logo ele? Muita coincidência, hein? Hum...

Dinei, curioso, perguntou:

— E aí? Rolou alguma coisa?

Eu, logo respondendo:

— Claro que não!

— Nem uma chupadinha? — Insistiu Dinei.

— Meu amor, ainda tenho compromisso. Meus boys estão longe. — Esclareci.

Gil, piscando pra mim, disse:

— O que os olhos não veem, o coração não sente, né?

Dinei, meio provocador, soltou:

— Sim, mas eles estão a milhares de quilômetros... Vai saber o que eles estão fazendo por lá...

Breno, agora mais sério, cortou a conversa:

— Credo, Dinei. Você tá falando sério?

Tentando amenizar a situação, Gil disse:

— É o álcool batendo, gente. Deixa baixo.

Mas Breno, com um tom mais preocupado, continuou:

— Dinei, se o álcool realmente estiver batendo, melhor parar de beber e tomar um refrigerante ou uma água, vai...

— Calma, amor. Eu tô brincando — disse Dinei, tentando se explicar. Mas Breno, visivelmente desconfortável, respondeu:

— Brincadeira sem graça. Não gostei. E outra, você tá desrespeitando seu amigo, cara.

Dinei deu uma risada nervosa, um pouco sem graça, mas parecia ter entendido o recado. Aproveitei a deixa para mudar de assunto, e disse:

— Gente, vamos aproveitar que a pista tá animada e deixar esse papo pra depois?

Todos concordaram, e logo peguei o celular, coloquei a playlist de pop que sabia que todos adoravam dançar. Comecei com Anitta, para dar aquele clima animado. A pista logo se encheu, e a diversão estava garantida.

Até a Letícia se juntou a nós para dançar. Claro, ela dançou do jeito dela, porque não conhecia nossa coreografia. Quando a outra música começou, Letícia chamou as amigas dela da mesa para se juntar à diversão. Mesmo um pouco tímidas, elas vieram, se entregando ao momento. Eu, no entanto, ainda que dançando, observei que os rapazes estavam olhando para o nosso grupo, mais precisamente para elas.

De repente, senti uma mão no meu ombro. Ao me virar, para minha surpresa, era o Felipe.

— Posso dançar com vocês? — ele perguntou, com um sorriso brincalhão. — Aqueles caras só sabem fazer capoeira, não têm noção de como dançar esse tipo de música.

— Nem precisa pedir — falei, sorrindo.

Antes de continuar, o apresentei para os meus amigos, dizendo:

— Esse é o Felipe, o novato da capoeira.

O apresentei assim para que meus amigos se ligassem que era o menino de quem falávamos há pouco.

Agora é só dançar, menino — falei para o Felipe.

E quando ele começou a dançar... Eu fiquei chocado. O garoto sabia dançar de verdade. Ele ia até o chão com uma facilidade impressionante... E, de fato, ele não estava se importando com nada. Parecia que era fácil para ele. Ah, mas não ia ser assim. Pensei comigo mesmo. Fui até o lado do Felipe e comecei a dançar junto. Dessa vez, não ia maneirar em nada. Descia até o chão com o Felipe, rebolava e subia de novo. Embora todos estivessem dançando, uma coisa era clara: só dava eu e o Felipe na pista. Parecia que estávamos disputando quem dançava melhor.

Eu já tinha perdido a noção de quantas músicas havíamos dançado juntos. Depois de um tempo, vi Ricardo vindo na minha direção. Ele pediu, sem cerimônia, que eu conecta-se o celular dele no som, para ele trocar a playlist para pagode, porque o pessoal do trabalho dele estava pedindo. Nem resmunguei. Nada mais justo. Falei:

— Beleza, mas espera só acabar essa música.

Quando terminou, conectei o celular de meu irmão no som e ele colocou a playlist de pagode dele e aproveitei para ir falar com Felipe.

— Garoto, eu adorei você! Você dança muito!

Ele, sempre simpático, respondeu:

— Ah, obrigado! É que eu sou fã dessas cantoras pop e sei algumas coreografias. Mas você também arrasa.

Convidei-o para sentar na nossa mesa, mas ele disse que precisava voltar para o grupo da capoeira, já que testava com eles. No entanto, garantiu que passaria na nossa mesa mais tarde.

Com o pagode tocando, a pista já não estava tão cheia quanto antes, mas o clima era de pura animação. Principalmente o pessoal do trabalho do meu irmão, que parecia estar adorando. Eles não saíam da pista, e até Max estava lá, cantando com empolgação.

De volta à mesa, percebi que Breno ainda estava chateado com o que Dinei tinha dito mais cedo. Ele reforçou:

— Você sequer pediu desculpa para o seu amigo. Não tô te reconhecendo, cara.

Intervim, tentando aliviar a tensão:

— Nem precisa, Breno. Deixa pra lá.

Mas Breno não deixou barato:

— Precisa sim! Se fosse uma brincadeira, tudo bem. Mas não foi! Se não sabe beber, não bebe.

Enquanto eles discutiam, Gil sugeriu que a gente fosse buscar mais cerveja. Aceitei a deixa e, a pedido de Breno, também pegamos refrigerante para Dinei. No caminho, Gil resolveu dar uma passada onde Jefferson estava para ver se ele estava bem, e eu fui em busca da cerveja, esperei Gil vir até onde eu estava para que a gente pegasse um prato com carnes e levasse pra mesa.

Quando voltamos, Gil não se aguentava de rir:

— O Jefferson tá tão à vontade que nem pretende voltar pra nossa mesa! Tá lá, se sentindo em casa!

Eu ri, já imaginando Jefferson no meio da roda de conversa, esbanjando carisma.

Enquanto voltávamos para nossos lugares, avistei Thiagão vindo na nossa direção, cantando a música que estava tocando e balançando a cabeça. Ele nos segurou pelo braço, nos puxou para onde o resto do grupo dançava e falou:

— Ué, não se garantem no pagode?

— Mais ou menos — respondi, tentando me justificar. — Gente, estsmos com latas de cerveja e prato na mão.

— Não tem problema — afirmou Thiagão, com um sorriso desafiador. — Max, coloca lá na mesa deles.

Max prontamente veio, pegou as latas e os pratos das nossas mãos e as levou para a mesa. Thiagão aproveitou para provocar ainda mais:

— Se fez aula de dança, tem que saber dançar de tudo, né não, Ricardo?

Depois, Thiagão queria saber onde estava o outro rapaz que estava dançando comigo.
Meu irmão, deduziu que era o Felipe e foi o buscar para se juntar à dança. Eu, em pânico, pedi para ele chamar a Letícia também.

— Letíííícia! Você tá sendo solicitada aqui! — Falou Thiagão.

Enquanto ela vinha reclamando dizendo que ia me matar, eu dava gargalhadas. Já Thiagão sambava bem, enquanto os outros ficavam naquele um passo pra lá, um passo pra cá. Eu sambava timidamente, claramente contra minha própria vontade, enquanto Felipe se achava a própria rainha da bateria. Letícia e Gil, por sua vez, estavam mais parados do que dançando, totalmente sem graça, com um sorriso forçado, tentando disfarçar a vergonha.

Enquanto isso, notei que mesmo quem estava nas mesas olhava para a gente. Até Dinei e Breno pararam de discutir e agora nos observavam rindo. Eu só conseguia pensar: "Que vergonha, meu Deus."

Tivemos que dançar mais uma música ali, mas dessa vez o casal Éder e Flaviane entrou no meio da gente, mostrando que eles tinham samba não só no pé, mas no sangue. Até Felipe parou para assistir os dois dançando. Thiagão, por sua vez, ficava sambando e simulando tocar um pandeiro com as mãos, arrancando risadas de todo mundo.

Quando a música acabou, o casal foi aplaudido por todos, Felipe e Letícia me deixaram sozinho no meio da roda. Gil, envergonhado, já estava querendo ir pra mesa, e eu brinquei com Thiagão e Max:

— Posso voltar pro meu lugar agora?

— Dança muuuito! — afirmou Thiagão, me abraçando de lado, enquanto Max ria da situação.

Apontei para Max e, com um sorriso, provoquei:

— Ele riu!²

Ricardo pegou o microfone e disse que faltavam dez minutos para a virada do ano. Pedi licença ao pessoal e puxei Gil comigo. Passamos pela mesa para pegar minha cerveja, que estava meio morna por causa da demora, e chamei meus amigos para sentarmos nos bancos, aqueles tipo de praça, onde eu sempre ficava lendo meus livros quando passava o natal ali.

Sentamos, esperando os minutos passarem, tirando selfies e rindo. Até Jefferson, percebendo que faltava pouco, veio se juntar a nós.

E então começou a contagem: 10, 9, 8, 7... Já dava para sentir a energia no ar. 6, 5, 4, 3... Olhei ao redor e vi meus amigos abraçados com seus namorados, prontos para o momento. 2, 1...

— Feliz Ano Novo! — Todos gritaram.

Sem perder tempo, Breno e Dinei começaram a se beijar apaixonadamente.

Olhei para Jefferson, que parecia buscar uma aprovação minha e brinquei:

— Vai fundo, amigo! É agora ou nunca, meu filho!

Ele riu, se virou para o Gil e, finalmente, se entregou ao momento.

Meu pai e o tio Júlio começaram a soltar fogos de artifício, enchendo o céu de cores e luzes. Era um verdadeiro espetáculo, com rojões e bombas 12x1 que ecoavam pelo bairro. Aos poucos, as pessoas foram se reunindo onde estávamos para assistir ao show no céu.

Depois dos beijos e abraços de ano novo, fui abraçar o povo, e quando chegou a vez de abraçar a minha tia Lúcia, ela estava visivelmente emocionada. Ao me desejar um feliz ano novo, a dor dela transbordou e, sem mais nem menos, ela começou a chorar. Aquelas lágrimas, de um jeito doloroso, me atingiram em cheio. Eu sabia que aquilo era algo mais profundo.

— Filho, por favor, fala com o Anderson para me procurar, pelo amor de Deus... Eu sinto tanto a falta dele. Liga pra ele, por favor — Ela falou com a voz trêmula, sem conseguir esconder o arrependimento.

Eu fiquei parado, sem saber o que dizer, porque eu sabia que o peso das palavras dela era mais do que uma simples saudade. Era uma confissão silenciosa de culpa, de escolhas feitas e de um tempo perdido. Eu olhei para ela, e falei:

— Tia... ele não vai poder falar agora, ele está numa festa na cidade. Mas amanhã, a senhora vai estar aqui, não vai? A gente tenta falar com ele, eu prometo.

Minha tia desabava em prantos, e não demorou muito para meu tio Júlio se aproximar, acompanhado dos meus pais. Eles pareciam, de certa forma, inseguros, como se temessem que aquele momento pudesse se tornar tenso. A voz preocupada do meu tio ecoava suavemente enquanto ele colocava uma mão no ombro dela:

— Calma, Lúcia, calma...

Minha mãe, sempre com seu tom acolhedor, se juntou a ele:

— Tá tudo bem, querida. Vamos resolver isso.

Eu fiquei ali, no meio deles, sentindo o peso da preocupação no ar, mas determinado a acalmar os ânimos. Com um tom firme, mas tranquilo, tentei aliviar a tensão:

— É só um desabafo, nada demais. Vamos ouvir o que a tia tem a dizer.

Ela me olhou fixamente, mas não parecia acreditar nas minhas palavras. As lágrimas não paravam, e a dor nos olhos dela era clara. Finalmente, ela falou, com uma tristeza profunda:

— Eu sei, Renato. Sei que ele não vai querer falar comigo. Você mesmo me disse uma vez... Ele poderia esta aqui com a gente agora, mas eu fiz a escolha baseada no que seu tio pediu e pelas coisas que Amanda me dizia, me deixei levar pelo orgulho, e agora... nem sei como ele está. Não posso nem ao menos dizer um "oi" para ele.

O peso daquela confissão parecia esmagá-la. Então, com firmeza, eu falei, tentando ser claro e honesto:

— Tia, essa é a maior mágoa que o Anderson tem de vocês. Vocês nem sequer ligavam para ele para saber como ele estava. Ele se sentia abandonado, como se ninguém se importasse, como se ele fosse um fardo. Isso foi muito doloroso para ele.

Ela engoliu em seco, e pude ver a dor crescer no seu olhar. Não era só arrependimento. Era uma percepção amarga daquilo que ela havia perdido, mas que ainda sentia que poderia recuperar. Ela olhou para mim, e, com um suspiro pesado, disse:

— Eu sei, Renato... Eu deveria ter me esforçado mais, feito as coisas de outra forma. Eu... eu fui inconsequente. Eu sei que você tem raiva de mim, e tem razão de ter. Mas, por favor, me perdoe. Não sou mais a mesma. E eu sei que o Anderson também tem muito a me perdoar.

Aquilo me pegou de surpresa. Ela estava ali, com os olhos cheios de arrependimento, pedindo perdão por tudo o que fez, e se lamentando pelas escolhas erradas. Eu podia sentir a sinceridade nas palavras dela. Ela não estava mais tentando se justificar. Estava apenas reconhecendo o erro.

Eu não podia negar que tinha mágoas, mas a raiva não era o que eu sentia naquele momento. Respirei fundo, coloquei a mão no ombro dela e, com a voz suave, disse:

— Tia, eu não guardo raiva de você. Não é fácil pra ninguém, muito menos pro Anderson que teve que recomeçar do zero ... Ele é orgulhoso, sim, mas ele tem o coração grande, e sei que se você mostrar que está arrependida de verdade, ele pode baixar a guarda.

Ela olhou para mim, as lágrimas cessando aos poucos. Sua expressão era de esperança, como se ainda houvesse uma chance. Eu sabia que não seria fácil, mas uma parte de mim acreditava que o momento para isso finalmente estava chegando. Então, com convicção, eu falei:

— Tia, eu vou fazer o possível para que esse contato entre você e o Anderson aconteça. Não vou prometer que ele tope, mas a gente tenta. Vamos dar o primeiro passo.

Minha tia enxugou as lágrimas com as mãos trêmulas e olhou para mim, ainda com a voz embargada:

— Renato, eu só quero que ele saiba o quanto eu ainda o amo. O quanto eu me arrependo de tudo... Não sei nem por onde começar.

— Você já começou, tia. Só de admitir tudo isso já é um passo enorme. Agora é ter paciência. O Anderson é cabeça-dura, mas ele não é insensível. Se você for sincera, ele vai perceber.

Ela me abraçou de novo, com força, e naquele abraço senti o peso de anos de arrependimento, mágoa e esperança. Era o início de algo, e eu sabia que seria um caminho longo, mas estava disposto a ajudar.

Logo após esse desabafo, minha tia me olhou com os olhos ainda marejados e disse:

— Obrigada, Renato. De verdade.

Eu sorri, tentando passar confiança, e virei para o meu tio. Ele deu um pequeno sorriso, meio contido, mas que eu interpretei como algo positivo. Talvez, finalmente, ele também quisesse resolver aquilo.

— Tá bom, gente. Agora vamos curtir a festa, né? — falei, tentando mudar o clima e devolver um pouco de leveza ao momento.

Deixei-os lá, ainda assimilando o que acabara de acontecer, e fui em direção ao banco, lugar onde meus amigos ainda estavam.

A primeira coisa que percebi ao me aproximar dos meus amigos foi que Dinei, contrariando a vontade de Breno, havia voltado a beber cerveja. No entanto, a essa altura, Breno já havia ligado o foda-se. Ele estava cansado de se estressar com o namorado e claramente não queria mais prolongar a discussão.

Enquanto isso, Jefferson estava no telefone, desejando felicitações para sua família. Gil, por sua vez, virou para mim e comentou:
— Sua família é imprevisível, hein? Eu vi o que acabou de acontecer com sua tia.

— Acontece nas melhores famílias — respondi, tentando levar na leveza. — Mas, sendo sincero, acho que o arrependimento dela é genuíno.

Gil me olhou com curiosidade e perguntou:
— E você vai tentar falar com o Anderson?

Suspirei antes de responder:
— Vou. Por mais que ele não queira falar, acho que, lá no fundo, ele espera por isso. E mais... eu acredito que ele sente falta deles também.

Gil assentiu, pensativo, enquanto dava um gole em sua bebida. Era evidente que aquela conversa não seria fácil, mas, naquele momento, eu sabia que precisava tentar.

Logo após finalizar a ligação, Jefferson se aproximou da gente com um sorriso tranquilo. Ele comentou:
— Seus pais são muito queridos, Renato. É bonito de ver como eles tratam todo mundo bem.

Entre um papo e outro, o inesperado aconteceu. Naldo apareceu do nada e, antes mesmo que eu percebesse sua presença, escutei sua voz:
— Fala, galera!

Confesso que levei um susto. Jefferson, por outro lado, fechou a cara na hora e se posicionou ao lado de Gil, enquanto Dinei exclamava dramaticamente:
— Ai, meu Deus! Fudeu!

— Calma, rapaziada, só vim desejar um Feliz Ano Novo pra vocês — disse Naldo, em tom conciliador.

Jefferson, no entanto, não estava para conversa:
— Já deu. Agora vaza!

— Que isso, véi? Aperta minha mão aqui, chegado. Falou Naldo que estendeu a mão, mantendo o gesto por alguns segundos.

Jefferson, visivelmente irritado, acabou pegando na mão dele, provavelmente mais para encerrar aquilo do que qualquer outra coisa.

Em seguida, Naldo se virou para Gil e repetiu o gesto. Gil, de maneira educada, o cumprimentou sem hesitar. Naldo, então, disse:
— Que você continue sendo esse rapaz bacana.

Jefferson, sem perder tempo, rebateu olhando diretamente para Naldo:
— Rapaz bacana que você não soube valorizar!

Naldo deu um sorriso debochado e soltou:
— Você tem que dar graças a mim, sabia? Porque, se eu não tivesse terminado com ele, ele estaria comigo até hoje. Vocês nem sequer teriam se conhecido.

A provocação foi como um estopim. Jefferson deu um passo à frente, claramente irritado, mas Gil segurou seu braço antes que ele fizesse qualquer coisa.

— Enfim, Renato, vou sair. Tô indo para não arrumar confusão — disse Naldo, com um ar de superioridade, já se afastando.

Jefferson, no entanto, não deixou passar:
— Mas, se você quiser, é só vir pra cima!

A tensão no ar era quase palpável. Enquanto eu implorava para Naldo sair de vez, Gil e os outros amigos tentavam acalmar Jefferson:
— Cara, deixa pra lá. Não dá ideia, não vale a pena.

Por fim, Naldo acabou saindo, mas deixou um rastro de incômodo e raiva. Eu só conseguia suspirar aliviado por não ter dado em briga dessa vez.

— Cara babaca! — falou Jefferson, ainda irritado.

— Sim, ele é! — confirmei rapidamente. — Mas, Jefferson, vamos curtir a noite. Não é bom começar o ano desse jeito.

Ele olhou diretamente para Gil, que até então estava quieto, e soltou:
— Você era apaixonado por esse merda?

Gil ficou mudo, visivelmente desconfortável com a pergunta.

Breno, percebendo a tensão, interveio:
— Cara, isso é passado. O cara já saiu, tá lá com a turma dele. Vamos esquecer isso.

Mas Jefferson, ainda incomodado, balançou a cabeça e disse:
— Sabe, Gil, acho melhor a gente ir embora. A virada já aconteceu e isso aqui já rendeu assunto demais.

Eu não podia acreditar que ele realmente estava considerando sair por causa de Naldo. Falei com firmeza:
— Jefferson, me escuta. Vocês vão mesmo ir embora por conta daquele escroto? É isso que ele quer! Vai dar esse gostinho pra ele?

Ele continuava pensativo, e eu insisti:
— Eu sei que você está nervoso, mas não deixe isso estragar a noite de vocês. Não vale a pena.

Jefferson ficou em silêncio por alguns segundos, até que respirou fundo e disse:
— Quer saber? Você tá certo. Não vou deixar isso me afetar. Vou voltar lá pra mesa onde seu pai e seus tios estão, de onde eu nem deveria ter saído e continuar bebendo com eles.

Dei um sorriso aliviado.
— Isso mesmo! Vai e aproveita. É assim que se começa um ano novo.

Jefferson deu um meio sorriso e, antes de sair, ainda cutucou:
— Mas, se aquele babaca aparecer de novo, vai ser difícil segurar a minha paciência.

— Relaxa, Jefferson. Ele não vai mais dar as caras aqui. — garanti, embora também torcesse para que fosse verdade.

Com a saída de Jefferson, Gil, ainda visivelmente irritado, falou:
— Que ódio! Que culpa eu tenho desse filho da puta ter vindo aqui?

— Nenhuma, amigo! — respondi, tentando amenizar a situação.

Gil, ainda abalado, continuou:
— Agora o Jefferson tá bolado e foi pra lá sem me dar uma satisfação! Ele deu satisfação pra você Renato, não para mim.

Ele disse isso contendo o choro, o que me fez sentir ainda mais por ele. Falei com firmeza para tentar acalmá-lo:
— Relaxa! Vai ficar tudo bem.

Deixei Gil se recompondo e fui procurar o meu irmão. Sabia que era preciso ele ter uma conversa com Naldo. Afinal, todos ali estavam regados a álcool e a tensão podia facilmente virar uma briga.

Após explicar rapidamente a situação para Ricardo, ele entendeu a gravidade e foi procurar Naldo para conversar. Eu, por minha vez, voltei para onde meus amigos estavam, tentando manter a calma.

Momentos depois, Ricardo se aproximou de nós, pedindo desculpas a Gil pelo ocorrido e garantindo que Naldo não seria mais inconveniente. Isso me deu um alívio, sabendo que a situação estava sendo controlada.

A festa estava a todo vapor, com a galera animada e as conversas fluindo. Foi quando Thiagão, Max e Fabiano se aproximaram, com aquele brilho nos olhos. Não demorou muito para eles pedirem pra gente apresentar algumas garotas pra eles. As que tinha disponível para eles eram amigas de Letícia, e minha prima a filha de meu tio Júlio. Fui direto ao ponto:

Com minha prima não rola, o pai dela tá por aqui, mas vou tentar com as outras.

Fui até as garotas, joguei a ideia e, para minha surpresa, até a amiga homofóbica entrou na jogada. Falando sobre os "três gatinhos" interessados em conhecer elas, logo a curiosidade bateu e elas queriam saber quem eram. Dei as caras e falei quem eram, mas no fundo, o pensamento que rolava na minha cabeça era sobre a amiga homofóbica. "Hipócrita", pensei. Levei as garotas até eles e deixei os três desenrolarem o papo, mas antes, chamei Thiagão e dei um alerta:

Não fica com a que usando a camisa Deus é fiel, hein. É furada.

Ele deu uma risada, não entendendo muito, mas aceitando a dica.

Quando voltei vi que a situação com Dinei começava a se complicar. Ele começou a passar mal, e Breno, visivelmente puto e preocupado reclamava por Dinei ter exagerado, tivemos que levá-lo ao banheiro. Ouvi o barulho de Dinei vomitando e, com isso, Breno ficou decidido: a festa já tinha acabado para Dinei. Ele me perguntou se havia algum quarto onde Dinei pudesse descansar. Conversei com minha mãe, que me garantiu que ele poderia ficar no quarto onde Ricardo e Letícia dormiriam.

Nessa mesma hora, meu tio Júlio apareceu querendo conversar e, ao ver que seria algo mais particular, Gil foi até ajudar Breno a acomodar Dinei. Meu tio, com aquele jeito sério, queria entender o enredo todo que estava acontecendo na nossa família.

Ele havia percebido algumas coisas desde o seu aniversário, onde Amanda causou aquele show, e agora estava tentando entender o que tinha acontecido, já que, segundo ele, o fato de morar em outra cidade fazia com que meus pais e tios o excluíssem das "treta familiares".

O que você sabe? - perguntei, já sabendo que ele tinha percebido algo.

— Sei que tem um distanciamento entre vocês... E na minha festa, ficou claro que havia algo no ar. Só não entendo o que causou isso. Como isso chegou ao ponto de Anderson ter saído de Volta Redonda?

E foi aí que eu decidi contar toda a verdade pra ele. Falei desde o começo, sem esconder nada. Falei também sobre o motivo da Amanda não estar presente. Quando terminei, por um segundo, meu tio ficou estático, pensativo, e me surpreendeu ao dizer que desde quando eu era criança ele já sabia que eu seria gay.

Ele disse que os sinais estavam nas poses das fotos de família. Mas, confessou, nunca imaginou que Anderson gostasse da fruta. Ele sempre viu Anderson como o pegador, aquele que só pegava meninas gostosas.

— Aí, você entendeu porque meus pais e tios evitam te contar as coisas, né? - falei, já quebrando o gelo.

Meu tio, com um olhar mais atento, me perguntou se ainda estava com o Anderson. Eu assenti e acrescentei que, na verdade, tinha o Manuel na história também, e que éramos um trisal.

— Caralho! — Ele exclamou, surpreso, mas logo se recompôs. — Nunca tive nada contra gay, cada um faz o que quiser com o brioco.

Ficamos ali conversando mais um pouco, ele reforçando a ideia de que diferente de meus tios e pais ele era mais mente aberta, mais moderno. Até que ele me agradeceu por falar toda a situação para ele e saiu indo em delirecao onde estava o restante da família.

Fiquei alguns minutos sentado sozinho, processando tudo o que aconteceu até aquele momento. O som da música e as conversas ao redor estavam um pouco distantes, quando de repente, vejo Felipe. Ele passa por mim, e não pude deixar de perguntar, meio na dúvida:
— Já vai?

Felipe me olhou e respondeu, meio constrangido:
— Não, ainda não.
Felipe, segui seu caminho.

Eu fique vendo os status de Anderson e Manuel, e eles estavam muitos felizes. Curti e reagi a cada foto que via.

Não demorou muito para Letícia aparecer, se aproximando com aquele jeito curioso. Ela logo me perguntou sobre suas amigas, então expliquei:
— Foram conhecer os amigos do Ricardo.

Ela ficou com uma expressão preocupada e, logo, perguntou onde exatamente elas estavam. Falei que foram para o estacionamento e, antes que pudesse falar mais, Letícia pegou o telefone e ligou para uma delas, pedindo para elas voltarem pois o pai dela queria ir embora. Não muito tempo depois, as garotas surgiram vindo do estacionamento, acompanhadas pelos rapazes.

Eles se despediram delas e elas seguiram a Letícia sem ao menos parar onde eu estava, mas os caras pararam e trocaram umas palavras. Fabiano foi direto ao ponto, curioso:
— Elas moram onde?

Expliquei, um pouco entediado pela situação:
— Elas moram em Barra do Piraí e dependem da carona dos pais da Letícia.

Nesse momento, Thiagão deu aquela famosa resmungada:
— Agora que estava ficando bom, as minas vão embora...

Fabiano voltou para a mesa onde estava, pediu licença e se afastou. Pouco depois, Breno apareceu, visivelmente mais aliviado.

— Dinei tá bem, apagou de vez — ele disse, sentando ao meu lado.

Thiagão, sempre curioso e sem filtro, comentou:
— O colega fez feio, foi?

— Nem fala... não sabe beber e quer fazer graça — respondeu Breno, com um suspiro de cansaço.

Enquanto conversávamos, Thiagão olhou diretamente para mim e lançou a pergunta:
— E você?

— Eu o quê? — perguntei, confuso.

— Pô, seus amigos todos acompanhados, e você aí sozinho?

Soltei um riso nervoso, tentando levar na esportiva.
— Ah, tá... Eu namoro, só que o meu namorado tá morando em outra cidade.

Thiagão fez uma careta, como se estivesse analisando a situação.
— Aí é foda... Cê é louco! Se é difícil perto, imagina longe.

Max, que até então estava calado, interveio, defendendo meu lado:
— Pow, mas deixa o cara. Ele deve acreditar no relacionamento, né?

Thiagão deu de ombros, rindo.
— É, tem que acreditar mesmo. Mas boa sorte, viu?

Assenti, meio sem graça. Eles saíram, e eu fiquei ali com Breno, que estava visivelmente chateado.

— Quer que eu vá lá para ver como Dinei está? — perguntei, tentando ajudar.

— Não, imagina, ele tem que aprender. Ele tá bem. Falei pra ele me ligar se precisasse de qualquer coisa. Mas, Renato, eu tô puto de verdade com ele. Ah! O Gil foi ficar com Jefferson um pouco. — informou Breno, visivelmente frustrado.

Enquanto tentava consolá-lo, vi Felipe voltando. Ele veio até onde estávamos e sentou no banco ao nosso lado.

— Não tô conseguindo falar com a minha família, cara. O sinal da operadora não funciona aqui — ele reclamou.

— Aqui tem Wi-Fi! Só não sei a senha. Pede ao Ricardo, ele tem a senha. Quem sabe assim você consegue falar com eles — sugeri.

Felipe assentiu, mas antes de responder, percebi algo no mínimo curioso. André, um outro aluno de Naldo, estava voltando pelo mesmo caminho que Felipe tinha vindo.

Disfarcei, como se não tivesse notado nada, e Felipe continuou a conversa.

— Vou tentar mais uma vez ligar pra minha mãe e, se não der certo, peço a senha pro seu irmão. Valeu pela dica.

Ele se levantou e foi para onde o restante do pessoal dele estava reunido.

— Renato, vamos voltar pra nossa mesa. Nem sei o que a gente tá fazendo aqui ainda — disse Breno, tentando se animar.

— Refletindo sobre a vida, talvez? — respondi, irônico.

— Eu? Refletir? Nada disso, o que eu quero é beber. Mas diferente do Dinei, eu sei até onde vai o meu limite. Falou Breno.

Breno soltou um riso e completou:

— E te digo mais: só não meto um chifre no seu amigo porque eu amo ele de verdade.

Eu ri, tentando aliviar o clima:

— Mas nem tem muita opção aqui. Porque, olha, de gay, só temos nós e o Felipe.

Breno deu uma risada sincera e respondeu:

— Que, por sinal, é bonitinho. Mas vou te falar, não se esqueça que, tem muito hétero que curte no sigilo. Seu primo é um que só pegava mulher, e olha agora: ele tá com você. Vai que algum daqueles caras ali curte também... vai saber.

Rimos e fomos pegar mais uma cerveja. Antes de voltarmos para nossa mesa, avisamos ao Gil que estávamos indo para lá. Ele não pensou duas vezes e decidiu voltar com a gente.

Gil quis saber se Breno tinha voltado ao quarto de Dinei para ver se ele estava bem, porém Breno respondeu: "Aquele vacilão deve estar dormindo."

— Que isso, Breno! Tem certas coisas que você tem que relevar. Tadinho, ele só estava se divertindo. — disse Gil, tentando aliviar o clima.

— Não, Gil, eu discordo! A gente veio aqui para se divertir, passar a virada com vocês! E ele está onde agora? É um sem noção, isso que ele é! — retrucou Breno, claramente ainda irritado.

Enquanto isso, eu continuava cismado com Felipe. Desde então, eu ficava observando ele de longe, mas preferi não comentar nada com meus amigos, pelo menos por enquanto.

Meus amigos começaram a perceber que eu estava distante, com o olhar meio perdido. Para disfarçar, falei que estava refletindo sobre a conversa que teria com Anderson a respeito da mãe dele. Eles pareciam acreditar na explicação. Até que, de repente, vejo Felipe indo para o mesmo lugar que ele tinha vindo antes. Levantei-me rapidamente o chamei e fui até ele.

— Conseguiu falar com seus pais? — perguntei, tentando manter a calma.

Felipe, com um olhar de quem estava buscando uma justificativa, respondeu:

— O Naldo me emprestou o celular dele, que é de outra operadora. Ele disse que o sinal aqui funciona tranquilo.

Ele me mostrou o celular, para mostrar que o sinal da tal operadora estava ótimo e pude perceber que era realmente de Naldo, pois a foto dele estava como plano de fundo.

Quando voltei para a mesa, meus amigos estavam curiosos querendo saber o porque eu tinha levantado do nada e ido em direção de Felipe.

Expliquei que, na verdade, minha desconfiança em relação a Felipe tinha uma base, e apresentei os motivos que me levaram a isso, destacando que André havia retornado pelo mesmo caminho. No entanto, procurei amenizar a situação, ressaltando que eu não tinha certeza. Afinal, antes disso, Felipe havia mencionado que estava tentando falar com seus pais, mas a operadora que ele usava não tinha sinal. Naldo, então, lhe emprestou o próprio celular, que funcionava na região, e o próprio Felipe me mostrou que o sinal estava completo.

Gil, rindo, perguntou:

— O André? Nada a ver!— depois me acusou de estar vendo maldade onde não havia. — Amigo, você vacilou! O fato deles terem vindo pelo mesmo caminho não quer dizer nada. Isso não quer dizer que estavam no mesmo lugar ou juntos.

Respondi, tentando justificar minha desconfiança:

— Realmente, pode ter sido só uma coincidência.

A conversa seguiu até que Breno, mais atento, disse:

— Espera aí... Se o cara te falou que a operadora de Naldo funcionava aqui, por que ele teve que descer?

Olhei para onde estavam os amigos de Naldo, mas não o vi em nenhum lugar. Fui até a área perto do freezer, mas nada de Naldo também. Falei para os amigos que ele tinha sumido de repente.

— Deve estar no banheiro — deduziu Gil, meio desconfiado. — Mas eu não vou lá ver.

Breno, sem hesitar, levantou-se e foi verificar. Voltou logo em seguida, dizendo:

— Não está lá.

O clima ficou tenso, e Breno perguntou:

— Será que tá rolando isso que a gente tá pensando?

Eu, com um certo receio, respondi:

— Só tem um jeito de saber... ir até lá e descobrir.

Gil preferiu ficar, já que pra ele Naldo era sinônimo de confusão. Então, eu e Breno decidimos seguir o mesmo caminho que Felipe, que dava acesso a três lugares: a entrada do sítio, uma grande área usada como estacionamento e o campo de futebol. Escolhemos ir para o campo, que, naquele momento, estava completamente escuro. A única luz que chegava ali vinha de uma lâmpada que tinha na entrada do vestiário.

Breno, sussurrando, sugeriu que ligássemos a lanterna do celular. Eu, rapidamente, rebati:

— Claro que não! Assim, se eles estiverem por aqui, vão perceber.

Ele parecia indeciso e perguntou:

— Mas como vamos achar eles então?

Respondi, tentando manter a calma:

— Calma, eles vão dar sinais. Mas, pensa... Se fosse você, onde estaria com o Gil?

Breno não hesitou e apontou para o vestiário.

O lugar parecia óbvio, mas não foi necessário chegar muito perto para perceber que a entrada estava trancada com um grande cadeado.

— Pensa, pensa, Renato... — pensei comigo mesmo.

Eu olhei ao redor, observando o campo, e logo percebi que não havia mais muitas opções. A única possibilidade seria no final da arquibancada no canto do campo, era o local mais escondido, ali.

A gente foi se aproximando e, até então, não havia nenhum sinal deles. Foi quando, de repente, ouvi Naldo dizer: "Isso!"

Olhei para Breno e, sem emitir som algum, fiz um gesto com a cabeça, apontando discretamente.

— Eles estão ali! — falei, mais com os olhos do que com a voz.

Decidimos dar a volta e nos escondemos atrás de uma moita, logo atrás da arquibancada, onde tínhamos certeza de que não nos veriam. Ficamos ali, tomando o cuidado de garantir que ninguém da parte de cima do sítio nos visse, o que, convenhamos, era praticamente impossível.

O que vimos confirmou minha suspeita: Felipe estava agachado diante de Naldo, pagando um boquete, enquanto Naldo o olhava e gemia baixo.

— Caralho! Olha aquilo... — Breno sussurrou, visivelmente surpreso.

— Shiiiiiii! — pedi, fazendo sinal para ele se calar.

— Porra, chupa direito! Você não pediu rola? — Naldo disse.

Ele segurou a cabeça do cara e começou a socar sua pica. Felipe tentava se afastar colocando as mãos nas coxas de Naldo mas em vão.
Enquanto Naldo fodia a boca de Felipe ele falava:

— Você tem que entender que não posso te comer na hora que você quer. Aqui todos me conhecem! Você já deu esse rabo hoje, tá reclamando do que?

Felipe não dizia nada, apenas fazia e com gosto aquilo que estava designado a fazer

A mão de Naldo ainda seguia guiando a cabeça de Felipe até o seu caralho.
Naldo de olhos fechados curtia o carinha mamar.

Depois de um tempo usando a boca do cara, Naldo o ajudou a se levantar e o apoiou na lateral da arquibancada.

Sacando o que ia acontecer, Felipe pediu um beijo.

— Tá bom! — Naldo respondeu, puxando Felipe para si e o beijando em um beijo de língua, porém rápido.

Depois do beijo, Naldo pediu para Felipe para abaixar a calça.

Felipe foi abaixando a calça, empinando o seu traseiro para Naldo, que apenas alisou aquela bunda e de imediato cuspiu dentro, penetrou seu dedo, Felipe foi gemendo, até que um celular tocou.

Levei um susto, achando por um segundo que fosse o de Breno, mas, Naldo botou o cara pra mamar novamente e atendeu a ligação:

— Oi! Fala! O quê? Não precisa! Tá tranquilo. Daqui a pouco apareço aí. Qualquer coisa me liga.

Ele desligou o telefone e sorrindo, curioso, Felipe perguntou:

— Quem era?

Naldo, ainda com aquele sorriso enigmático, respondeu:

— André perguntando se tá tudo bem.

Estava claro que Naldo curtia aquilo, ele viajava enquanto assistia o Felipe o chupando.

Depois do boquete, Naldo o voltou a colocar Felipe de pé, apoiado na lateral da arquibancada, enquanto Felipe com as mãos arreganhou a bunda, convidando Naldo a penetrar.

Breno tirou o pau pra fora e começou a se deliciar com a cena que víamos, já eu estava excitado, porém ainda atento a tudo que ocorria ali.

Naldo segurou firme seu pau e foi penetrando devagar. O Felipe gemia e dava uns gritinhos. Com sua pica dentro, Naldo se tornou um selvagem e enfiava tudo, fazendo o menino gritar, rebolando a bunda e pedir por mais.

Ainda bufando, Naldo parou de meter e falou em um tom firme e autoritário:

— Renato, eu sei que você está aqui. Onde quer que esteja, é melhor aparecer.

Gelei na hora! Breno guardou sua pica dento da calça e arregalou os olhos, esperando uma reação minha..

Já Felipe tentou sair dali, mas Naldo o segurou e disse:

— Pode ficar na sua. Se ele veio até aqui, é porque queria ver algo. E agora vai ver.

Era nítido que Felipe estava com medo por ser descoberto, mas Naldo tentava acalmá-lo, garantindo que aquilo não daria em nada.

— Venha logo! Ou tomarei atitudes radicais aqui — ameaçou Naldo.

Olhei para Breno e falei:

— Se você quiser ir, pode ir. Eu vou ter que ir lá.

Mas Breno negou com a cabeça e disse que só sairia quando eu fosse.

— Renato apareça! — Esbravejou Naldo visivelmente irritado.

Então, respiramos fundo e saímos da moita, caminhando na direção de Naldo.

— Olha, olha, Felipe! Renato trouxe companhia — disse Naldo com um sorriso debochado.

Eu e Breno permanecemos em silêncio.

— E então? Acharam o que vieram procurar? Gostaram do que viram? — continuou Naldo, cruzando os braços.

— Fala! Anda!

Felipe tentou amenizar a situação:

— Melhor a gente subir pra festa e esquecer isso…

Mas Naldo perdeu a paciência:

— Cala a boca e me chupa! — ordenou, e Felipe, sem hesitar, obedeceu ao comando do mestre.

— A gente só sai daqui quando eu gozar.

Naldo então se virou para Breno, analisando-o de cima a baixo antes de perguntar:

— E você, qual é o seu nome?

Breno engoliu seco e, gaguejando, respondeu:

— É... É… Br-Breno.

Naldo abriu um sorriso provocador.

— Então, Breno... tá gostando do que tá vendo?

Breno me olhou por um instante, depois voltou o olhar para Naldo e, surpreendentemente, respondeu:

— Sim.

— Quer participar? — perguntou Naldo, olhando para Breno com um sorriso malicioso.

— O quê? Não! Que isso! Eu tenho namorado, eu só vim porque…

— Porque quis saber — interrompeu Naldo.

— A gente viu o Felipe descendo e viemos atrás — completei, tentando manter a calma.

Naldo riu de canto de boca.

— Então veio me ver com Felipe? Ah, Renato... Se fosse em outra época, você sabe que eu colocaria vocês dois aqui para me chupar também. Imagina! Eu colocando pica na boca dos três, sendo chupado por vocês. Mas como hoje você namora dois chegados meus, vou relevar.

Felipe continuava chupando sem se manifestar, Naldo então olhou para ele,depois para nós e falou:

— Felipe é meu aluno favorito — pelo menos por enquanto. Ele começou a aparecer no ginásio logo depois que eu parei de me envolver com a Amanda. No começo, ele só ia para ver as meninas jogarem vôlei, mas, com o tempo, começou a ficar mais por lá. Esperava a roda de capoeira começar, assistia um pouco e depois ia embora.

O olha de Naldo estava focado no rapaz que o chupava:

— Até que, um dia, ele apareceu com esse meu aluno, que é vizinho dele, e os dois vieram falar comigo. Né felipinho?

Felipe que ainda chupava, apenas concordou com a cabeça, sem dizer nada.

Naldo riu e continuou:

— Eu fui sacando qual era a dele até que um dia convidei ele pra me ajudar a fechar o ginásio. Aí vocês já sabem o que aconteceu lá.

Eu e Breno nos entreolhamos, já imaginando o óbvio.

— Ele me ajuda na roda, liberando a roda, entendeu? — Naldo riu, debochado, carregando sarcasmo na voz.

Então, segurou Felipe pelo cabelo e o puxou levemente para frente, como se quisesse exibi-lo para nós.

— E aí, Renato? O que você acha? Eu tendo um viado gostoso desses, pra que diabos eu ia ligar pra porra do Gil?

Felipe sorriu, claramente satisfeito com a resposta, mas não dizia nada. Eu sentia o sangue ferver, enquanto Breno, ao meu lado, observava tudo sem saber como reagir.

Mais uma vez, o telefone tocou. Dessa vez, era realmente o meu. Mostrei discretamente para Naldo que tinha um número desconhecido me ligando, e ele assentiu, me dando um sinal para atender.

Era Jefferson querendo saber se havia acontecido algum problema, já que Gil estava preocupado por não termos voltado ainda.

— Não, tá tudo bem — respondi, tentando manter a voz firme. — Se minha mãe perguntar de mim, fala que estamos lá no quarto com Dinei, que tá passando mal.

Jefferson hesitou por um instante e perguntou novamente:

— Tem certeza? Tá tudo bem mesmo?

— Sim! — reafirmei, tentando soar convincente.

— Deixa eu falar com o Breno. Pediu o namorado de Gil.

Passei o telefone para ele, que confirmou que estávamos bem, sem entrar em detalhes.
O medo de Jefferson descer até ali e causar uma confusão ainda maior me fez mentir naquela hora. Era a melhor saída, pelo menos por enquanto.

Após Breno encerrar a ligação, Naldo antes de voltar a comer o Felipe disse: Vamos acabar com isso.

— Tira a calça! Ordenou Naldo.

Felipe olhou ao redor, nervoso, e sussurrou:

— Tirar a calça aqui não é uma boa ideia. E se alguém aparecer do nada?

Seus olhos buscavam qualquer movimento suspeito, enquanto as mãos tremiam levemente. Mas Naldo, impaciente e determinado, não deu ouvidos. Com um movimento rápido, ele agarrou Felipe pelo pescoço, pressionando-o contra a parede. A expressão de Naldo era de bolado, seus olhos fixos nos de Felipe, e sua voz saiu em um tom firme e cortante:
— Ninguém vai chegar aqui. O André tá me mandando as informações. Você não ficou me enchendo o saco pra descer e comer seu cú? Agora trate de fazer o serviço completo.

Felipe engoliu seco e Naldo não recuou.

— Agora para de frescura — ele continuo — Você não é assim.

Sem dizer uma palavra, Felipe tirou a sua calça e se escorou na arquibancada novamente, Naldo levantou sua perna e Felipe mesmo guiou aquele pau ao seu cú. A pica de Naldo entrou fácil e ele começou a bombar forte e aproveitou pra fazer mais comentários mesmo que com a respiração ofegante.

— Mas voltando ao assunto… — comentou, como quem retoma algo importante. — Agora ele não vive sem minha pica. Inclusive, hoje mesmo ele teve crise de ciúme do Gil, acredita? Ele insistiu para que eu comesse ele, e só sossegou quando eu disse que daria um jeito.

Naquele momento, eu comecei a gostar de ver Felipe naquela situação. Ele merecia estar ali, daquela forma, passando por aquilo.

Felipe entre gemidos quebrou o silêncio:

— Eu tenho ciúme sim! Naldo é meu nego.

Naldo abriu um sorriso satisfeito, como se tivesse acabado de ganhar um prêmio.

— Só por isso vou mandar mais pica nesse seu cú — ele disse, se divertindo com a situação.

Naldo voltou a meter no rabo de Felipe de novo, o segurando pela cintura, socando sem dó, Felipe quase que chorava, gozou sendo fodido. Já Naldo estava engatado no rapaz e só desgrudou quando urrou e gozou.

Felipe se ajeitou rapidamente para sair, mas Naldo o segurou pelo braço e apontou para a sua pica.

— Volta aqui e limpa essa porra. Já falei: se minha mulher acha um vestígio, ela fica falando disso por um mês inteiro.

Felipe obedeceu. Se curvou e limpou todo vestigio de porra que tinha na pica de Naldo. Quando terminou, Naldo pegou o celular e fez uma ligação.

— Fala! Tá tudo tranquilo? A barra tá limpa? Relaxa, meu irmão, depois te conto o que rolou. Já estamos subindo.

Felipe olhou para Naldo.

— A gente vai chegar junto?

— Não. Renato vai subir com esse cara aí — disse, apontando para Breno. — Depois você sobe. Eu fico aqui mais um tempo e subo com a chave na mão, pra pensarem que eu tava no estacionamento.

Eu e Breno começamos a subir. Como o caminho principal era muito visível, resolvemos dar a volta por trás da casa, saindo discretamente na parte de cima do sítio. Antes de qualquer coisa, passamos no banheiro.

Quando entramos, meu pai estava urinando no mictório, o que fez com que evitássemos tocar no assunto que tínhamos acabado de ver. De repente, Felipe entrou no banheiro às pressas, correu direto para o box e fechou a porta rapidamente. Troquei um olhar com Breno e, após lavar as mãos, saímos juntos para ver como estava o Dinei.

Quando chegarmos no quarto checamos Dinei e ele estava bem.
Breno apoiou os braços na janela e me olhou com um misto de choque e empolgação.

— Renato, caralho! O que foi aquilo?

Soltei uma risada e provoquei:

— Você gostou? Pode falar. Porque, eu conhecendo o Naldo, não o vejo da mesma forma que muitos o vêem.

— Eu vi que ele era um escroto, mas, amigo… Ele é um macho gostoso pra porra! — Breno balançou a cabeça, ainda assimilando tudo. — Caralho elw tem presença, ele domina de um jeito que eu nunca vi. E te digo mais: nunca vi alguém dominar daquele jeito. Nem mesmo o Jefferson que vimos aquele dia faz igual.

Ri da comparação e expliquei:

— Tem uma grande diferença entre os dois. O Naldo usa as pessoas pro prazer dele. O Jefferson, pelo menos, se preocupa com o prazer do Gil também. O Jefferson é carinhoso, o Naldo é selvagem.

Voltamos para a festa e sentamos ao lado de Gil, contando tudo que tinha acontecido, mas omitindo os comentários desnecessários que Naldo fez sobre ele. Gil ouviu tudo com atenção, até que deu de ombros.

— Tomara que eles deem certo, porque tô cagando pra eles.

Breno, ainda intrigado, soltou a pergunta que estava na nossa mente:

— Tá, mas e aí… Quem é André?

Olhei e falei:

— Olhe disfarçadamente, pois ele está nos olhando! André é aquele ali, que está do lado de Naldo. O de camisa de botão meio aberta, relógio preto.

Gil confirmou:

— Pois é, próprio.

Breno arregalou os olhos e disse:

— Será que ele também está comendo ali?

Suspirei, lembrando de tudo que vimos naquela noite:

— Depois de hoje? Não tenho dúvidas.

Breno riu e brincou:

— Se eu soubesse que a roda de capoeira bombava desse jeito naquele ginásio, já teria me inscrito faz tempo.

Soltamos uma gargalhadas. E Gil falou:

— Só aparecer lá, pedir pra participar e, se bobear, no mesmo dia Naldo vai te convidar pra conhecer o vestiário

Acabei lembrando que não tinha jantado. Perguntei ao Gil se ele já tinha comido, e ele confirmou sem hesitar:

— Claro, jamais passo fome.

Eu e Breno nos levantamos e fomos nos servir. Pegamos os pratos e enchemos de comida sem dó. Eu, particularmente, fiz um prato de pedreiro, com tudo o que tinha direito.

Na volta, Thiagão, que estava sentado à mesa com Max e meu irmão, me chamou. Fui até lá já esperando alguma gracinha. E, claro, ele não decepcionou:

— Tá comendo agora? Já vi que você não gosta de comer, hein!

Todos riram, inclusive Breno e meu irmão, que logo tratou de amenizar:

— É brincadeira, pô.

Revirei os olhos, mas entrei no jogo:

— Eu sei, eu sei… Mas e você, gosta de comer?

As risadas não vieram tão espontâneas, mas eu disse que estava brincando. Meu irmão deu um tapa no ombro dele e disse:

— Podia ficar sem essa, hein.

Deixei pra lá e segui para a minha mesa com Breno.

— Cara doido! — Breno comentou, depois riu e acrescentou: — Mas gostoso.

Ri também.

— Sim, o que ele tem de gostoso, tem de sem-noção.

Gil, que ouvia a conversa, deu de ombros:

— Relevem o pobre, ele tá bêbado.

Breno virou para Gil com um olhar desconfiado:

— Eita, de repente, do nada, você virou defensor dos bêbados? Primeiro defende Dinei, agora o Thiagão… Eu, hein!

Depois, abriu um sorriso malicioso:

— Ah, já sei! É o seu público-alvo, né? Já que trabalha em bar…

Gil riu, sacudindo a cabeça.

— Pode ser…

Enquanto comíamos, Breno confessou que, apesar de Dinei ter saído carregado para o quarto e praticamente não ter aproveitado a festa, ele estava adorando passar o Ano Novo com a gente. Disse que, embora tivesse nos conhecido através do namorado, agora se considerava nosso amigo de verdade.

Achei fofo o que ele falou e respondi sem pensar muito:

— Mas você é! É doido falar isso, mas eu me identifico mais com você do que com o Dinei. Lógico que, em termos de amizade, considero ele pacas, mas no quesito identificação, é com você...

Gil, que estava ali ouvindo, sorriu de canto e resolveu soltar algo que claramente estava entalado:

— Olha, gente, nem sei se deveria contar isso, mas, aproveitando que nem o Dinei nem o Jefferson estão aqui, vou falar. E espero que não saia daqui.

Na hora, minha curiosidade foi ativada com sucesso.

— Sabe aquele dia que vocês ficaram assistindo a gente e tudo mais? Então… depois que vocês foram embora, eu e Jefferson morremos de rir da situação. Jefferson disse que Dinei era um tarado, que estava vendo que a qualquer hora ele avançaria o sinal. Mesmo depois da transa ele não parava de olhar para meu homem. E o pior: Dinei ainda mandou mensagem para mim falando que eu tinha ganhado na loteria.

Breno riu balançando a cabeça.

— Pior que depois daquele dia, eu comecei a ver o Dinei com outros olhos. Não que o amor tenha mudado, mas, de atitude em atitude, eu vou vendo melhor quem ele realmente é.

Eu me vi na obrigação de defender Dinei:

— Mas uma coisa é fato: ele te ama, Breno, mas o que eu vejo é que ele se diz puritano, mas é notório que não é. E assim, ele não se permite ir além. Um exemplo: ele faz uma frescura, diz que não gosta de certas coisas, mas a gente sabe que gosta. Em relação ao que aconteceu na casa de Gil, acho que ele simplesmente sentiu um tesão forte em ver Jefferson de pau duro comendo Gil e ficou maluco. Por isso que te falei sobre abrir a relação ou até mesmo um trisal. Não que ele vá aceitar isso, mas uma conversa, de repente, resolveria essa questão.

Breno ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre o que Renato havia dito, e então respondeu:

— Sim, mas eu acho que ele meio que confunde as coisas. O fato de eu brincar junto, levar na esportiva, não quer dizer que eu seja liberal nesse ponto. Com todo o respeito a você, Renato, mas ainda não é bem por aí.

Ele continuou:
— Eu achei o Jefferson um gato, o Anderson, então, um tesão. O Manuel, nem tanto. Agora, vendo o Naldo lá, porra, nem me fala. Mas, tem um limite, uma consciência que eu tenho com a minha relação. Às vezes, ele passa do respeito.

Eu sugeri que ele conversasse com o Dinei sobre isso mais tarde. Ele respondeu que ia pensar sobre.

Os caras que trabalhavam com meu irmão vieram até a nossa mesa e se despediram de nós. Eles disseram que foi massa estar conosco e que pelo menos começaram o ano beijando uma mina. Curioso, perguntei quem tinha ficado com a menina que estava com a camisa Deus é Fiel e o Thiagão apontou de imediato pro Fabiano. Fabiano apertou minha mão e, logo em seguida, Thiagão, com um sorriso, disse:
— Tô indo, mas não chora não.

Como eu já tinha reparado que, quando retrucava, ele ficava sem graça, resolvi brincar:
— Ué, pensei que íamos dormir de conchinha… Ah, lembrei, você não come.

Thiagão ficou vermelho e o pessoal saiu rindo.

Pouco depois, o pessoal da capoeira também se preparou para ir embora, mas antes de sair, o Felipe veio até nossa mesa, querendo conversar.

— Pode falar — eu disse.

Ele olhou para o Gil, como se estivesse esperando que ele saísse para poder falar.

— Fale! Ele é de minha confiança! — cancelando qualquer hipótese de Gil sair da mesa.

Ele se sentou e rapidamente falou:
— Eu só queria te pedir para você não contar nada para ninguém sobre o que você viu. Por favor.

Respondi:
— Felipe, não tem por que eu contar. Mas, da próxima vez, seja mais cuidadoso. Você deu sorte que era eu e o Breno e não o meu pai ou meu irmão. Aí sim seria um problema.

Ele me agradeceu e disse:
— Vou ser mais cuidadoso, sim!

Antes de ele ir, ainda perguntei:
— Só me confirma uma coisa… mais cedo, vi o André vindo lá de baixo também... ele tá junto nessa parada?

Felipe se levantou e disse:
— Sim, ele mora na minha rua.

Logo após, eles se despediram com um tchau e saiu.

Com a saída dele, os outros alunos do Naldo também se despediram, mas antes de ir embora, André veio até mim, apertou minha mão e disse em tom baixo:
— Você não viu nada, hein! Tá ligado?

Balancei a cabeça e disse para ele ficar despreocupado. Ele olhou para o Breno, num tom sério, e falou:
— Você também boca fechada.

Breno, um pouco surpreso, respondeu:
— Sim, sim.

Naldo, por sua vez, nem veio à nossa mesa, pois estava evitando qualquer contato mais próximo a Gil, o que demonstrava que ele queria evitar problemas.

Aos poucos, aqueles que não iam dormir no sítio começaram a ir embora. Quem ficou foi meu tio Júlio com sua esposa e filha, os pais de Anderson, meus amigos e seus namorados, além de minha família.

Ricardo separou os lugares, e como eu e meus amigos éramos a maior quantidade, ficamos no varandão. Meus pais ficaram na suíte, e Letícia e meu irmão ficaram no quarto onde antigamente ele dividia com Daniel e Amanda. O tio Júlio e sua família dividiram o alojamento com os pais de Anderson, já que ele era mais espaçoso e antes era o local onde as meninas dormiam.

Tivemos que acordar Dinei para mudar de quarto. Ele acordou meio zonzo, com dor de cabeça, mas Breno foi pegar água para ele enquanto ele ia ao banheiro. Eu, Jefferson e Gil arrumávamos os colchões no chão, e fui organizando de forma que ficassem a uma certa distância para termos uma privacidade. Gil riu e disse:
— Gente, vocês já nos viram trepando, viado!

Dinei chegou sem graça, perguntando o que ele tinha perdido. Respondi:
— Muita coisa, mas amanhã a gente te conta.

Com todos nos seus devidos quartos, Ricardo passou de quarto em quarto perguntando se estava tudo certo, se queríamos alguma coisa. Quando ele chegou no nosso, eu me levantei e falei:
— Você bem que podia liberar a chave do vestiário para a gente.

Ele quis saber o porquê, então fui sincero.

Ricardo, eu tenho dois casais que irão dormir do meu lado.
— E daí? — perguntou ele.
— Você acha que eles vão se sentir à vontade comigo ali? A não ser que você queira que eles vão para trás do varandão transar, igual você fazia com Letícia. Lembra? Alem de arriscado, quem estava aqui no varandão escutava.

Ele pensou por um momento, e cedeu.
— Tá sob sua responsabilidade, — disse ele, me entregando a chave. — Qualquer coisa, você segura o BO.

Voltei com a chave na mão, e Breno quis saber o que era aquilo.
— Chave para nossa diversão. — Falei.

Comentários (10)

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  • Edson: Cada episódio, um show na escrita! Agora... como esse Naldo é escroto! Usa os que caem na lábia dele de maneira tóxica, como objeto, sempre humilhando, credo! Quanto ao Renato, só acho triste que seu vigor no sexo agora esteja reprimido pelo fato de Anderson e Manuel estarem distantes, e sem perspectiva de que isso mude. Vejo que o Gil é um dos que percebem essa tristeza no Renato, mas fazer o quê?

    Responder↴ • uid:13ry0a0ogufm0
  • SEMAJ: Muito bom. Vejo que está perto de fechar a história. Existe enumeras hipóteses. Mas está gostoso de se ler.

    Responder↴ • uid:1dafti7yj2igd
  • Tinha que ser o Naldo?: Semanas esperando pela história, aí quando chega começa com uma transcrição de DR e termina com sexo com o personagem mais nojento de toda a série... Difícil... Bota logo o renato pra ficar solteiro ou termina essa porcaria de conto

    Responder↴ • uid:8bvve16342p
  • Caiçara: Indiscutivelmente a qualidade do conto, me sinto inserido na história

    Responder↴ • uid:fi07cbmm42
  • Bsb novinho: Ranço do Manuel

    Responder↴ • uid:1e2w9suu7ug79
  • Meu conto favorito: Putovr quando vejo que tem um novo capítulo disponível eu paro tudo que estou fazendo para ler. Cara, você não decepciona NUNCA. Quando eu penso que não pode acontecer mais nada você me surpreende. Parabéns pela criatividade. Espero que seu conto dure a eternidade... Ah! Me identifico muito com o personagem principal.

    Responder↴ • uid:gsut84qrdk
    • PUTOVR: Obrigado pelas palavras! Fico feliz em saber que você além de se identificar com Renato, não se decepciona com minha história. ❤️ Mais o história vai ter um fim. Bjos.

      • uid:1dgbe0us6pebw
  • Alison: Naldo um escroto kkkkl

    Responder↴ • uid:1cs21di6k77xn
    • PUTOVR: Que isso! Ele é um anjo! 👹

      • uid:1dgbe0us6pebw
    • Matheus interior: Vale muito a pela ler seus contos, principalmente porque foce fecha sempre a história, vai com o capítulo até o fim, mais é claro, sempre nos deixando com uma curiosidade do que vira a seguir, é muito bom ler, só não demora muito para postar a continuação...

      • uid:1eehzxurfpk7m