Memórias Libertinas
CAPÍTULO UM
Que há de imaculado nessa vida? Por que logo eu me resguarda às infelicidades?
CAPÍTULO UM
A ideia de um segundo casamento partiu de meu pai.
Eu já era velho. E não guardava qualquer sentimentalismo do início da vida adulta.
Fui casado, me tornei viúvo. E conheci de puta e vadias as belezas da realidade do homem. Somos escravos de prazeres. Viciados em solidão. E fadados ao ciclo de repetições do que mais odiamos.
Ali, aposentado, com meu pai me noticiando do que chamou “planos da família” pensei ordenar ao cocheiro o retorno.
A carruagem atravessava um pedregoso caminho em direção ao templo da cidade. Era meu segundo dia de volta à cidade onde nasci, Vila Casta.
— E quem é a infeliz? Vê se tenho idade para tolerar a uma mulher. Eu vi a guerra contra os avernos. E desembainhei a espada contra mortos-vivos e criminosos diversos. Uma vida devotada ao estado que odeio. E tudo por honra, não, pelo salário que me sustenta e edificou a mansão onde finalmente pisei. Se quer completei uma semana nesse lar. E acha que vou aturar a uma mulher? Por que faria isso comigo mesmo? E, mais importante, por que meu pai anseia minha lástima?
— Tantas questões. — o velho tossicava, mas não deixava de fumar no cachimbo. A nuvem de fumaça impregnava a carruagem e deixava rastros pelas janelas entreabertas. — Minha memória não é a mesma de antes. Nem lembro o que me disse alguns segundos atrás. Ou em casa, lamentando a saída sem aviso. Mas, o que não esqueço, e não perdoarei de você ou seus irmãos, é o fato de não terem me deixado um só neto.
— Está senil, velho. Meus irmãos estão mortos. E seus netos, que eu e eles também, geraram nesse mundo maldito, permanecem enterrados. Culpe a maldita febre.
— Esse é meu ponto! — o velho tossiu ainda mais alto. — Se estão mortos, não estão aqui, é como se nunca tivessem existido. E eu preciso de netos vivos. De que me servem cadáveres? Ou meu filho fode a uma puta morta?
— Mais respeito com sua nora, meu pai. Estava mais para santa que para puta. O que recordo com pesar. E agora descansa. Abandone os pensamentos sobre a família. O destino nos amaldiçoou com a morte.
— Não a mim! — o velho protestou. — E, se depender de mim, e, adianto, depende, não chegará para nosso sangue. Estou praticamente implorando para meu filho comer uma boceta? É homem ou não é mais? O tempo no exército me devolveu uma menininha? — ele riu da própria piada e prosseguiu, ameaçando. — Sei que não precisa de minha herança, a superfície o fez um homem rico, no entretanto, doarei minhas posses se não escutar o choro de uma criança antes de meus dias findarem.
— Velho e louco. Agora fala, quem é a desgraçada nos esperando?
— Três escolha, é o reservado. Impossível que de nenhuma das três goste o mínimo para as núpcias. — e, quando ele explicou, me acalmei. — Três jovens, de famílias inferiores, dispostas a agradar a um homem. Se quiser as três, as compro todas.
— Uma é mais que suficiente. Por outro lado, acertou em algo. De viúva não quero nem o cheiro. E são novas?
— Virgens! — meu velho garantiu.
— Melhor. Honra entre famílias menores?
— Uma raridade. As procurei para meu filho. — me confessou terno. E senti-me errado em o contradizer. Respirei fundo, e junto ao suspiro se foi a relutância:
— Escolherei bem, a que me agradar mais lhe dará um neto. — e inquiri. — E por que meu pai não se casa com as outras duas e me dá irmãos se faz tanta questão de linhagem. Aliás, por que não se casou você com as três?
— A um homem velho, filho meu, é sabido que boceta nenhuma nesse mundo vale a convivência com uma mulher. — a tosse dele se misturava com riso, e dessa vez o acompanhei.
A ESCOLHA DOS TRÊS CORPOS
O templo tinha criminosos dispostos nas escadarias, pendurados, enforcados, atraindo olhares de fiéis subindo e descendo, seguindo em direção às colunas segurando o teto do sagrado, ou em direção à feira, na praça. O aroma podre infestava a tudo.
Era o centro de Vila Casta, algumas poucas ruas, com carruagens seguindo à praça, e por comércios próximos, e não mais de duas centenas de casas simples, de madeira negra e alvenaria nas chaminés.
A maior parte das pessoas viviam espaçadas por sítios e fazendas.
Parreirais seguiam por colinas em todas as direções margeando estradas térreas.
O burburinho, observando os criminosos punidos por roubo, ignorava meus passos e os passos de meu pai.
Quando entramos no templo o frei Hás nos recebeu e logo introduziu três homens, pais de três jovens, que, vendadas e nuas, próximas do altar, me aguardavam para a inspeção.
Ambos os homens, de origem humilde, demonstravam educação e certo nervosismo. Eles sabiam que minha escolha daria a eles privilégios resguardados unicamente à nobreza. Meu pai se sentou num dos bancos longos, que também tinham alguns fiéis orando, e, repreendido por frei Hás, após tentar acender o cachimbo dentro do templo, me indicou:
— Tomai tempo quanto é necessário. Qual delas lhe fará companhia pelo resto dos dias?
Os pais, homens feitos, me cercaram, por trás, decididos a falar pelas meninas, que eram proibidas por lei de dirigir a palavra a qualquer homem.
— É a primeira vez que minha criança vê um homem. — o mais velho dos homens retirou as vendas dos olhos da primeira jovem ao garantir.
A menina tinha doze anos. Seios fartos, com auréolas rosadas. A boceta com pelos finos, críseos. No rosto dela, meio gordinha, o rubescer ao encarar minha face. Ela me encarou, e não desviou os olhos.
Me ajoelhei e avaliei a boceta da menina, e ela desviou o olhar. A franja dela cobriu os olhos azuis. Depois fui até as costas da menina, e escutei do pai:
— Nunca trabalhou. As mãos são como seda. E é pura como santa. Faz orações seis vezes ao dia com a beata Núrmem. Nasceu e foi criada para servir. — os olhos, também azuis, do orgulhoso pai brilhavam observando a filha.
A menina inflou o peito, e os grandes seios, caídos devido ao peso, pareceram ainda maiores.
A bunda dela também tinha tamanho como de mulher.
— Muito bem tratada. — reconheci, e parti para avaliar a segunda menina.
A segunda menina tinha dezessete anos e um rosto severo. Eu sabia reconhecer uma menina abusada quando a via. O pai, com a cartola na frente da rola dura tentava, em vão, disfarçar o tesão.
Sim, era virgem, mas ela se alimentava de leite paterno diariamente. Não julguei o homem. A bela era, de fato, atraente. Cabelos encaracolados, e a pele ainda mais branca que a loira. Os olhos dela, verdes, carregados de vergonha, sabiam que eu percebia que o hímen dela nunca conhecera a porra, mas, que pouco do restante da pele dela viveu sem tal contato.
— É uma menininha educada. — o pai assegurou. — Nunca me disse um não. E jamais, juro, ofertará um não ao esposo.
Ela inclinou a cabeça em reverência. E a tristeza na face dela fez minha rola reagir.
Por outro lado, eu é que batizaria minha esposa em porra, e não outro, mesmo que fosse o pai.
A eliminei de imediato, e só passei um tempo a observando para apreciar as curvas e a enorme bunda que ela dispunha. Mesmo frei Hás me acompanhou no movimento de a vislumbrar de todos os ângulos. A boceta tinha muito pelo, crescendo até perto da cintura, e os lábios, delicados, eram menores que os da boceta da menina de doze anos. Uma obra de arte.
Quando vi a terceira menina, me ajoelhei diante do altar, e ela, desvendada me ofertou um sorriso provocador. As mãos dela seguiram até a boceta e ela, com as pontas dos dedos, me revelou o hímen.
A situação inesperada pareceu armada com o pai, isso por um instante, até eu ver o rosto irritado do homem.
— É uma atirada. Brinca por toda a casa. E sempre que pode fala com quem nos visita. Lê o que é impróprio, de minha biblioteca, os livros são dispostos fora de ordem, o que a denuncia. E mente. Está aqui pela minha palavra a mestre Írva. — meu pai, ou, mestre Írva, ria tossicando escutando o lamento do pai. — Merece uma esposa melhor.
Elas, se quer visavam os fiéis perdendo olhares pelos corpos nus.
Reparei na boceta aberta. O hímen. Ela molhada, o que só eu percebi. O rosto exibido. Quatorze anos. Cabelos pretos, lisos e longos. Seios redondos, durinhos, grandes, mesmo que menores que os outros das concorrentes. As coxas grossas. A nunca pequena e empinada. A pele como canela, o que era herdados da mãe tendo em vista a pele branca do pai irritado.
Os olhos dela, negros, com maquiagem ainda mais escura. O perfume, diferente das outras, que cheiravam a mulher. A morena cheirava a criança.
Minha vontade foi de a beijar ali, contudo, guardei minha escolha para a carta. Como mandava a tradição, escrevi três cartas, recusei as primeiras duas, e meu casamento foi arranjado com a terceira, cujo nome descobri ser Príscia.
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