#Assédio #PreTeen

Segredos Demoníacos: Arco da Transiberiana #2

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Enkou-San

Saí do Aeroporto do Galeão com uma mistura de nojo e repugno.
Era a primeira vez que eu visitava o Rio de Janeiro, e a cidade já me impressionava com as divisões sociais. Favelas e condomínios lado a lado.
O que evitava as pessoas do morro descerem e tomarem as áreas nobres?
Coragem? Vontade? Ódio?
Talvez eles merecessem a vida de merda que possuíam.
Talvez fosse só questão de tempo.
Madeleine, estava ao meu lado, os olhos vazios sem curiosidade enquanto ignorava tudo ao redor.
Ela tentou pegar na minha rola enquanto viajávamos na primeira classe, mas no deixei.
Como caralhos eu explicaria a situação se alguém nos visse?
Será que ela estava irritada com isso?
Não sei.
Ela não falava muito.
Madeleine era de obedecer, não era de pensar.
Devia ter passado por poucas e boas para chegar nessa personalidade tão adestrada.
Por outro lado, ter uma escrava sexual era bom. E ela ainda era um banheiro móvel.
Pegamos um táxi logo na saída do aeroporto.
O motorista, um típico carioca de voz e costumes, nos deu as boas-vindas e começou a nos contar histórias sobre a cidade enquanto dirigia.
Madeleine se aproximou pegando na minha coxa esquerda, ela ignorava cada palavra como se fosse nada, e o carioca logo reparou na nossa proximidade.
Ele não falou nada.
Talvez estivesse acostumado.
Era o Rio de Janeiro, as meninas fodiam desde o berçário.
Afastei a ruiva de novo.
À medida que o táxi avançava pelas ruas movimentadas, comecei a notar a transformação da paisagem.
Saímos das áreas mais industriais e logo estávamos cercados por prédios altos e modernos.
O motorista nos levou pela orla, e a visão das praias nos atraiu junto da maresia lacrimejando os olhos.
A areia branca e fina se estendia por quilômetros, e o mar azul parecia infinito.
No calçadão, pessoas caminhavam, corriam e andavam de bicicleta.
Havia vendedores ambulantes oferecendo de tudo, desde água de coco até cangas coloridas.
Na areia, famílias faziam piqueniques, crianças construíam castelos de areia e jovens jogavam futebol. O som das ondas se misturava com as risadas, músicas variadas de celulares e aparelhos eletrônicos, e conversas, criando uma sinfonia única.
Madeleine estava colada em mim, segurando minhas mãos, os olhos nos meus, como se pedisse por rola. Eu suspirava, meio irritado.
Ela não tinha nenhum senso comum?
Era melhor conversar com ela sobre modos quando estivéssemos a sós.
Finalmente, chegamos ao nosso destino: um condomínio de prédios altos na área nobre da cidade.
As torres de vidro refletiam o sol, e a entrada era cercada por jardins bem cuidados.
Desci do táxi com a sensação de que estávamos prestes a viver uma grande aventura.
Madeleine segurou minha mão, e juntos, entramos no prédio, prontos para minha primeira missão, e para a iniciação dentro de alguns dias.
Fosse o que isso fosse, aquele velho não especificou nada.
No fim, esperava uma mensagem, ou ligação, apontando onde ir, ou o que fazer.
PARTE UM
Quando chegamos ao apartamento, Vicente, meu pai, esperava na porta.
Nossa distância só nos afastava mais e mais.
— Bem-vindo, Abel! E você deve ser a Madeleine. É um prazer conhecê-la. — cumprimentou ele, estendendo a mão para minha amiga, ela esperou minha ordem e eu segurei a mão direita dela, levando até a dele.
— Ela é tímida. Não se importe. Como estão as coisas com o casamento? — e adicionei com certa esperança. — Podemos ignorar o aniversário duplo e focar no que importa. Eu posso ajudar. Ela não vai de ajuda nenhuma. — apontei para ruiva me fitando. — Mas eu posso servir para algo.
Sofia, minha madrasta, apareceu logo atrás dele.
Ela era muito gostosa, com um ar de serenidade e aquela alegria que a deixava mais jovem:
— Finalmente! Que bom que vocês chegaram. — ela nos guiou para dentro. — Madeleine, sinta-se em casa. E, Abel, seu irmão recebeu a namorada e a amiga dela. Eles saíram para andar no calçadão e comer alguma coisa. Logo estão de volta. Chegaram de madrugada.
Enquanto entrávamos, notei Helena, a irmã de Sofia.
Ela parecia distante, os olhos perdidos em algum ponto além da janela.
Helena sorriu ao me ver. No rosto dela, aquela expressão de interesse.
— Ela está preocupada com as meninas. As duas pequenas. Você lembra delas? — fiz que sim com a cabeça. E Sofia continuou. — As duas saíram com Artur e as meninas. Ela não está acostumada a ficar sozinha.
— Oi, Helena. — fui educado, e ela se aproximou, me estendendo a mão. Quando nossas mãos se tocaram ela me deu um beijo em cada bochecha.
— Oi, Abel. É bom ver você. Quer que eu mostre seu quarto?
— Claro.
Pela sala logo vi outras pessoas.
O apartamento era enorme. Tios e tias. Até lá os avós estavam presentes. Fora primas e primos. E mais crianças e adolescentes. Não decorei o nome de ninguém.
Todos se organizavam em funções visando os dois eventos. O casamento e o aniversário duplo.
Depois de deixar as malas no quarto, com Madeleine fazendo birra para ficar comigo, o que foi aceito a contragosto, com ela ficando com a cama e eu ficando numa cama improvisada no chão, tentei uma última vez, atraindo a atenção na cozinha, onde o almoço de um batalhão de pessoas era preparado por duas das empregadas:
— Vamos ignorar esse aniversário. Ele não importa. Vamos focar só no casamento.
— Não. — uma resposta simples de Sofia. Ela bagunçou meu cabelo e quem estava por perto riu da gracinha dela. — É um momento importante. É seu dia. E o dia de Artur também.
Mulheres. Só elas para se importar com algo tão ridículo.
De qualquer forma, o assunto estava encerrado.
Era segunda-feira quando chegamos, e os dias correram até quarta. O dia do aniversário.
Resolvemos comemorar no shopping.
A ideia inicial era uma festa feita em casa, o que consegui convencer Sofia de pensar outra vez.
Ela me fez prometer que no ano que vem voltaria para uma festa ao estilo família, e eu concordei.
No shopping, num buffet contratado, as crianças logo começaram a se divertir.
Mandei Madeleine brincar com elas, e me diverti um pouco com a ruiva deliciosa entre as crianças. Ela ficou irritada, mas se controlou como de costume.
Até então dormíamos no mesmo quarto, mas um dos primos da casa também dormia lá. Então na dava para me aproximar da ruiva.
E durante o dia sempre tinha alguém por perto, com a pequena Elizabeth, que era adorável e cordial buscando por minha atenção.
A loli era uma pessoa cheia de vida e empolgação, e adorava mostrar as coisas que ganhava.
Ela passou a me chamar de irmão no primeiro dia. O que era verdade, de certa forma.
A outra loli, Liana, filha de Helena, também passou a me chamar de irmão, mas ela era mais introspectiva, e se você não falasse com ela, ela não falava de volta.
Havia algo estranho no ar, envolvendo Liana e Helena, que sempre se aproximava quando eu estava por perto.
— Aquela mulher quer te dá. — Madeleine sussurrou. As vezes ela mandava mensagem com o celular que comprei para ela, o outro, do tempo que ela estava sendo adestrada, a organização tirou dela. Li a mensagem no meio dos parentes. — Você comeria a própria tia?
— Se fosse a Helena, eu comeria. — digitei. E notei Helena atrás de mim. Ela desviou o olhar.
Será que leu o que escrevi?
Quando voltamos para casa depois do aniversário, uma situação chamou minha atenção.
Um homem no elevador parecia conhecer a família. E era daquelas situação onde há um clima tão pesado que casa palavra é contida.
Artur me contou mais tarde.
Era uma situação complicada.
O homem do elevador era o pastor Ganimedes. O ex-marido de Sofia, minha madrasta, ele é o pai de Elizabeth, a loli alegria.
O irmão de Ganimedes era Saulo, que morreu três anos antes. Esse tal Saulo era o ex-marido de Helena, o pai da loli introspectiva Liana.
Aparentemente, tudo estava bem, porém não tem como tudo permanecer normal com os arranjos familiares sendo alterados.
Nunca teve nenhuma briga entre ele e nosso pai? Eu quis saber, e Artur me revelou que um dia teve na discussão, mas foi por Elizabeth não ter ido à igreja.
O que não se repetiu, nem as discussões. Nem a loli faltar no culto da Universal.
PARTE DOIS
Com a proximidade do casamento, enfim, tive um tempo a sós com a ruiva.
Cada um estava ocupado com algo, e Artur saía todos os dias com Andressa, que se mostrava mais e mais interessada em saber dos valores de tudo.
Aparentemente ela era de classe baixa, como a amiga da bunda enorme dela, Tarsila, com quem ainda não tinha passado um segundo a sós.
— Vamos foder? — Madeleine me perguntou como se não fosse nada.
— Vamos, mas primeiro. O trabalho. Me ajude a procurar pela casa, todo tipo de material eletrônico, celulares, tablets, qualquer coisa. Vamos, não temos muito tempo.
Os aplicativos espiões, que a seita me deu num pen drive, logo passaram a infectar a rede do apartamento, e depois, quando novos dispositivos se conectassem, eles também fariam parte da malha de escutas.
Pensando em linguagens antigas, eu era bom em latim, grego e aramaico, para ler textos ditos magia, acabando com a ideia de conhecimento adquirido em livros empoeirados, eu usava para ler arquivos em PDF de sites indicados pela seita.
Por vezes eu recebia uma mensagem de texto com um link, tinha um tempo para ler e o site era apagado.
Até e tão conhecia centenas de rituais e livros, mas, não vou mentir.
Tudo parecia literatura de fantasia.
Fora livros como o do Céu e o da Terra, que eram em hebraico, e eram basicamente listas de anjos ou demônios. Eles não se diferenciavam nos textos modernos.
E entre as linguagens modernas, também o inglês, espanhol, alemão, francês, e chinês, me eram estudos obrigatórios.
Contudo, onde que mais me dedicava eram as linguagens de programação.
Com isso podia ler, pelo meu notebook alguns arquivos superfícies nos computadores do apartamento.
O próprio apartamento de Helena ficava no andar acima desse. E comecei a vasculhar lá, achando alguns boletins de ocorrência.
Enquanto lia, ao meu lado, na cama, Madeleine realmente parecia entediada:
— Vamos nos divertir antes que eles voltem. — o rosto dela, normalmente inexpressivo, esboçou um sorriso de canto de boca. E fui para cima dela, retirando o top que apertava os seios deixando um decote generoso, até o pastor olhou lá no elevador. — Seu corpo é simplesmente perfeito. Imagina quando você crescer.
— Acha que vou ser mais gostosa que aquela vagabunda que vai casar com sue pai?
A educação de Madeleine.
Por que a seita não cuidou disso também?
— Acho que sim. Seus peitos vão ser bizarros. E ainda podemos aumentar eles. Quem manda nisso sou eu, certo?
— Sim, mestre. Vamos tornar o meu corpo bizarro. — ela suspirou sem interesse.
Eu ri de leve, com a boca nos peitos dela.
Chupava antes de tirar o sutiã preto, rendado, e depois dela sem sutiã continuei a chupar a pele dela.
Ela estava de saía, com barras bordadas negras. Um visual gótico, combinando com a maquiagem pesada.
Ela tinha estilo.
E com a pele branca contrastando com a vermelhidão dos longos cabelos, parecia uma princesa encantada.
Isso no visual, na atitude, segurando minha pica, batendo punheta olhando fixa para rola, ela era uma vadia em cada gesto.
Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e deitou na cama.
A bunda para cima, com a saia revelando a beleza.
A boca na minha pica, lambendo e beijando, dando mordidinhas de leve.
A menina sabia o que fazer.
Doze anos?
Ela tinha espinhas, os hormônios faziam isso com a pele dela.
A maquiagem pesada disfarçava, mas no banho junto com ela eu via o resultado de tanta química no sangue.
Agarrando os leitos dela, com ela gemendo, e os volumes nas minhas mãos, sim, valia a pena.
O que eram um pouco de espinhas?
A punheta dela, agarrando a pele sem tirar a cabecinha da boca enquanto chupava, me deixava louco.
Antes em pé perto da cama, me ajoelhei, com ela deitando a cabeça no meu colo, engolindo o pinto inteiro, até perto das bolas, mamando com o olhar perdido sem foco.
Minhas mãos foram até a bunda dela. E abri a boceta dela em seguida.
Com meia nove se formando cai de boca na menina de doze anos.
Ela esquentava fácil. E se molhava ainda mais fácil.
Era uma boceta acostumada a se abrir. Um dedo era pouco. Dois. Três. Quatro. E ela aceitava com as coxas quentes.
Mordia a pele da menina, nas coxas e depois na boceta vem de leve, sentindo os dedos sendo apertados.
Ao levantar, mantendo os dedos dentro da pré-adolescente, movi mais intenso, a forçando no gozo.
Ela não se negava.
Gozava com as mãos na própria boceta, se esfregando nos quatro dedos.
Eu puxava as paredes da boceta.
A alargava sem dó, e ela se exibia, me ajudando, segurando a boceta aberta enquanto eu cuspia e usava os dedos para enfiar bem fundo.
Depois eu gozei, na boca dela.
Ela não alterou a expressão, mamou, e usou a língua para me excitar mais e mais, sugando cada gota de porra direto para garganta.
Ela continuou lá, mamando, e eu continuei na boceta dela.
Tempos de masturbação fraca, com ela sensível, e tempos movendo tudo o que eu podia, suando até ela gozar, e gozar.
E foram várias vezes entre minha primeira e segunda gozada, também engolida.
Injusto que ela se divertisse tanto e eu só duas vezes.
Quando escutamos a porta se abrir foi um momento ridículo.
O tesão na minha cara virou pavor, e logo as vozes se misturaram, eram todos? Se reencontraram voltando para o apartamento?
Para ela foi mais fácil, para mim, com a rola dura, não tinha como disfarçar.
Me joguei em cima da cama improvisada aos pés da cama, e fingia que dormia, de costas para cima, com a rola pressionada contra o chão.
Algumas cobertas por cima ajudavam a disfarçar.
Artur abriu a porta:
— Cadê o meu irmão?
— Dormindo. Vim acordar ele. — Madeleine estava se divertindo? A espiei e notei a face se satisfação. Artur entrou no quarto e começou a me puxar:
— Vem, você tem que ver isso! — ele estava empolgado.
Por mais que eu tivesse limpado minha mão com cheiro e molhado de boceta de menina de doze anos, provavelmente ficou um pouco, e Artur, junto de Andressa, insistiram, me arrastando até eu me vestir e sairmos.
— Espera, ele prometeu que me levaria para ver a praia! — escutei de Madeleine nos seguindo, continuando o teatro. Ela era péssima fingindo, sem nenhuma vivacidade.
Na sala, um videogame de última geração, bom, eu tinha um desse há dois anos, mas o presente animou os primos menores, e, principalmente, Artur.
Madeleine queria sair, nas era o Rio de Janeiro e estava prestes a anoitecer.
Ficamos no apartamento, revezando o controle e jogando a noite inteira.
No dia do casamento amanheceu chovendo.
Houve certo desespero por parte da noiva, mas a deixamos, e todos os homens saíram juntos.
A cerimônia foi numa igreja no centro histórico do Rio.
A igreja tinha arquitetura barroca e vitrais iridescentes.
Sofia estava radiante em seu vestido de noiva.
O tecido branco brilhava sob a luz suave da iluminação do lugar.
Lá fora o mundo desabava em água.
O vestido era elegante, com um corpete justo adornado com rendas delicadas e uma saia volumosa que se espalhava pelo chão como uma nuvem.
O véu longo e transparente completava o visual, dando a ela uma aparência de virgem, apesar dela não ser.
Como madrinha, Helena usava um vestido azul claro que contrastava com o da noiva.
As duas, lado a lado, pareciam saídas de um conto de fadas.
As damas de honra, Elizabeth e Liana, eram um espetáculo à parte. As duas meninas, loirinhas, usavam vestidos cor-de-rosa com laços grandes nas costas.
Elas seguravam pequenas cestas de flores e jogavam no ar, sorrindo para todos, encantando os convidados.
A decoração da igreja era sofisticada. Pelo menos uns duzentos mil estavam ali, somando com a festa que viria depois, não menos de meio milhão jogado no ralo.
Que desperdício.
Se você parar pensar, nada daquilo fazia sentido nenhum.
Flores brancas e verdes adornavam o altar e os bancos, e velas altas criavam uma atmosfera acolhedora e romântica.
O cheiro das flores se misturava com o incenso, e a chuva, enchendo o ar com uma fragrância doce e suave.
A cerimônia foi emocionante paga Madeleine, finalmente mostrando expressões verdadeiras.
Ela até perdeu algumas lágrimas.
Vicente e Sofia trocaram votos sinceros, e não havia um olho seco na igreja.
Depois da cerimônia, todos se dirigiram para a festa, que foi realizada em um salão no campo do Fluminense, um time de terceira divisão local.
A decoração do salão seguia o mesmo estilo elegante da igreja, com mesas cobertas por toalhas brancas e arranjos de flores agora em muitos tons.
A festa foi animada, com música, dança e muita comida.
Os recém-casados estavam radiantes, e todos os convidados se divertiram muito.
No final da noite, Vicente e Sofia saíram para a lua de mel, deixando a festa em um carro decorado com fitas e flores, e os carros que os viam buzinavam.
Alguns gritando corno e muitos apenas festejando com os desconhecidos.
Eu, meu irmão Artur, Madeleine, Andressa, e Tarsila, voltamos para o apartamento com as lolis e o pai de Elizabeth, Ganimedes, que nos pegou numa praça próxima da igreja.
Que homem evoluído, pensei, e depois percebi uma foto no carro, ele também estava casado com outra e tinha filhos, pelos menos dois pequenos, sendo um ainda bebê no colo de uma bela mulher.
Estávamos exaustos.
E então vi a mensagem.
Número desconhecido.
Apenas um endereço. Minha iniciação estava marcada com data, hora, e lugar.
PARTE TRÊS
— Eu vou com você. — era madrugada, Madeleine me seguiu até o elevador.
— Não vou levar você para favela do Preto Morto. Porra, não faz sentido. Vai para dentro. — ela me olhou, e pensou um pouco antes de repetir:
— Eu tenho que ir com você.
— Não. — e lembrei do óbvio. — É uma ordem. Entra e mente por mim, diz que fui para casa de algum amigo que conheci online. Ganha tempo para mim.
Quando tempo pode levar o ritual de iniciação?
O de consagração levou uma noite.
E as núpcias demorariam três dias.
Estava tudo perfeito. Bom, tirando o fato de que ao descer e chamar um táxi ele se recusou a seguir até o endereço.
— Olha, paulista. É um lugar de merda. Nenhuma boceta vale isso. Entra e vai bate uma punheta. — o sotaque carioca ficou e o taxista foi embora.
Depois foi a vez do Uber.
Escrevi o endereço e dois recusaram logo de cara.
O terceiro aceitou, mas só me deixaria próximo do lugar, eu teria que ir andando até a favela.
Na falta de algo melhor, aceitei.
Era madrugada quando o Uber parou numa praça perto da entrada da favela do Preto Morto.
O motorista, um homem de meia-idade com olhos cansados, virou-se para mim e disse:
— Olha, garoto, é melhor você não ir até lá. Não é seguro a essa hora, e nem em nenhuma outra hora. Tu não consegue comprar um pó naquela porra de condomínio que tu mora?
Agradeci pelo conselho, mas não tinha o que fazer.
Mostrei o endereço e o homem foi gentil, colocando no GPS do carro, era bem no alto do morro.
Ele me olhou desaprovando e paguei uma gorjeta extra para ele.
Saí do carro e comecei a caminhar em direção à favela.
As ruas estavam desertas, iluminadas apenas por alguns postes de luz e pelas janelas das casas.
O silêncio era interrompido ocasionalmente pelo som distante de música e risadas.
A favela tinha uma energia própria, uma mistura de desesperança e ilusão.
As casas eram construções improvisadas, empilhadas umas sobre as outras, formando um labirinto de becos estreitos e escadarias íngremes.
As paredes eram cobertas de grafites retratando cenas da vida cotidiana e mensagens de resistência, ou de gangues locais, séries de números e letras que não faziam sentido aos visitantes.
Andei descuidadamente, absorvendo cada detalhe.
O cheiro de comida frita e café fresco vinha de uma lanchonete aberta, e eu podia ouvir o som de uma televisão ligada em algum lugar.
Passei por um grupo de crianças jogando bola em uma viela, suas risadas ecoando pela noite.
Foi então que avistei três figuras estranhas mais à frente.
Eles surgiram do nada.
Um deles era alto e magro, vestindo um casaco escuro que parecia grande demais para ele.
O segundo era mais baixo, com uma barba rala e um boné virado para trás.
O terceiro, uma mulher, tinha cabelos longos e cacheados, e usava uma jaqueta de couro, ela tinha olhos vidrados, de viciada, e fedia algum tipo de droga que eu não conhecia.
Meu coração acelerou, mas continuei andando, tentando parecer confiante.
Quando me aproximei, eles pararam de conversar e me olharam com curiosidade.
— Ei, garoto, o que você está fazendo aqui a essa hora? — o homem de casaco iniciou a conversa e apontou para cima. Lá, vi outro homem, armado com um fuzil. — Dependendo da sua resposta, vai ser um diálogo bem curto.
— Preciso chegar em lugar. — a situação era absurda. Tentei manter a voz firme. — Não quero problemas.
— Veio comprar crack? — a mulher tentou. E eu falei para ela, bem baixo, o endereço.
Eles se olharam e o de boné se aproximou, o cheiro de álcool veio junto da voz:
— É melhor você ir embora. Que se foda o lugar que você quer ir.
Merda, pensei que eles saberiam algo daquilo.
Que tipo de situação é essa?
Será que era um teste?
Essa já era a iniciação?
Não parecia ser o caso.
Escutei a arma ser engatilhada.
— Eu preciso chegar lá.
— Por que? — o homem alto inquiriu mais próximo, ele sabia ser amedrontador.
— Não posso dizer.
Eles riram e levei um soco forte, no estômago.
Nunca me imaginei como alguém forte, porém vomitar na rua após um mísero golpe era bem menos do que eu esperava.
Ele tentou me chutar e usei um dos braços para me proteger.
Cai com as costas no chão, olhando para cima.
O homem armado nem apontava para mim. Ele parecia entretido.
Eu não era ameaça.
— Agora você vai dizer quem é, e porque veio até aqui no meio da madrugada. — o de boné me chutou no chão. E eu não respondi. Eles ficaram ali, me olhando, sem entender.
Do ponto de vista deles, eu era um maluco que veio arrumar briga no meio da noite!
Terminou com um cara me segurando e outro me socando na barriga.
— Fala, caralho! A gente te seguiu até aqui. — ele pegou o celular. — Normalmente quem vem tão longe leva tiro antes de poder falar. Ele encostou um trinta e oito na minha cabeça. — A senha do celular e o que você está fazendo aqui. Agora.
Passei a senha e tentei uma última vez:
— Não posso dizer o que estou fazendo aqui.
O cara com a arma até estranhou. Ele passou um tempo mexendo no celular. Não tinha nada errado, exceto algumas conversas com Madeleine, mas ele ignorou, ou não viu.
Depois ele me mostrou a tela com o endereço:
— Alguém te mandou aqui. De um número desconhecido não rastreável, e você veio. É isso? Parece que você é a pessoa mais retardada que eu já encontrei.
De certa forma, era isso.
— Vamos até lá.
— Onde?
— Até o endereço. Lá eu te explico.
— O que tem lá? — maldição, ele não sabia!
O problema é que eu também não fazia ideia.
— Não posso dizer.
Ele voltou a colocar a arma na minha cabeça:
— E se eu explodir a sua cabeça?
Suspirei.
Antes ele me matar do que expor a organização.
Eles escravizavam mulheres.
Sacrificavam bebês.
Imagina o que fariam comigo.
Não.
Era melhor morrer ali.
Abaixei a cabeça, totalmente entregue.
A mulher pegou uma faca.
Ela se aproximou e me deu um golpe.
Eu estava olhando para o chão quando vi o sangue escorrer.
Merda!
Arfei de dor.
Controlei para não gritar.
Ela tirou a faca e fez de novo.
— Última chance. — ela advertiu, os olhos tremendo.
— Me leve até lá. É uma ordem. — ergui a cabeça e os três se olharam sem entender.
— Qual é o endereço? — o homem com a arma quis saber. E ele escutou quando o negro alto leu da tela do celular.
— Caralho... — foi a última palavra que escutei.
PARTE QUATRO
Tinha um homem velho que entrava e cuidava de mim duas vezes por dia.
Ele tirava do próprio sangue, e numa improvisação usava uma mangueira fina amarronzada para fazer a transfusão de sangue.
Ele também trocava os curativos.
Minha consciência voltou no final do segundo dia.
Liguei para o apartamento e disse que passaria mais alguns dias fora.
Eles avisaram que alguém buscou Madeleine, e deduzir ser alguém da seita.
Quando falei com meu pai, pedi desculpas por estragar a lua de mel dele, que preocupado voltou antes.
Ele me questionou sinceramente o que estava acontecendo, e eu sabia que estavam escutando a ligação, eu mesmo era responsável por hackear o telefone do homem, então apenas deixei claro que não era algo com o que se preocupar.
— É uma daquelas estranhezas. — assumi, falando pouco, mas muito ao mesmo tempo.
— Estranhezas da sua mãe. — ele tentou saber. E respondi com um simples:
— É.
Foi tudo o que precisava ser dito.
Ele desligou imediatamente.
E não consegui me mexer por um mês inteiro.
Carregava o celular ao lado da cama improvisada. E passava o tempo lendo.
Não existia nenhuma outra mensagem.
Nada.
Só eu e o homem que me tratava.
Ele deixava um pacote de bolacha recheada e água.
Essa era a refeição diária.
Emagreci.
Quando levantei, olhando pela janela, vi a favela de cima.
Estava bem no topo.
Ele chegou no dia em que comecei a andar.
Era um adolescente, negro, com um fuzil na bandoleira.
Tinha o corpo com músculos definidos.
— Me chamam de Cão. — ele sentiu perto da cama, onde eu já deitava descansando de novo.
— Abel. — percebi nele aquela coisa da gente que é diferente. — Vim pela iniciação.
— E quase morreu antes disso. Aqueles que você encontrou. Eles eram aleatórios. Tipo, viciados. Te matariam por menos. Acho que você é alguém de sorte.
Olhei para o meu estado, e a cama com marcas de sangue:
— Nem tanto.
— É a minha iniciação também. — ele assumiu. — Fazem dois meses que começou. Eles não explicaram muita coisa. Falaram algo para você? Alguma dica?
— Dois meses? Que tipo de teste é esse? E não, eles não explicaram nada.
— É melhor ver do que eu contar. Consegue andar? Não é muito longe daqui.
— Consigo. — comi a última bolacha traquinas do pacote e segui ao lado do Cão.
— Quando cheguei tinha outro. Que cuidava do tráfico. Foi um inferno por umas duas semanas. Matamos todos eles. E depois o controle do Preto Morto veio para as minhas mãos. O problema é que não estou interessado nisso. Eles me prometeram tanto. E me deixaram aqui. Estou errado em pensar que é o mesmo contigo?
— É parecido. Você era de onde?
— De outro morro aqui perto, Acari. E você?
— São Paulo, perto da Liberdade.
Ele perguntou quem governava lá, e eu não soube dizer.
Achei melhor não me expor, mas, ao mesmo tempo, ele passava certa aura de confiança.
— Comigo é de família. Tenho parentes nessa coisa. Seja lá o que for isso.
— Que sorte.
— Depende, pelo que entendi, se eu não passar nisso, estou expulso.
— Por expulso você quer dizer morto.
— É. — eles deixaram Artur sair por ser pequeno. Eu não teria a mesma sorte. E com Vicente e a nova esposa dele hackeados. Bom, seria fácil se livrar de qualquer problema.
Descemos por um bananal no alto do morro.
Uma estrada de terra nos levou até algumas covas.
Depois vi a casinha no meio do mato.
Dois caras, fortes, toravam aquela viciada que me esfaqueou. Um no cu, outro na boceta. Eles metiam tão forte que a pele entre a boceta e o cu estava fina.
A mulher tinha a cara chorosa. Cabelos ondulados e castanhos, cortado na altura do pescoço. Corpo extremamente magro, com os ossos marcando a pele.
Ela aguentava quieta.
Não tinha diferença daquilo para estupro.
O sofá tinha marcas de porra, e o cheiro de sêmen se sentia antes mesmo de entrar.
Passamos por eles.
Ela me olhou e não reconheceu.
Estava drogada.
Um dos caras gozou.
Ele saiu e veio outro.
Tinha pelo menos oito lá.
A foda continuava e ela nem gemia. Parecia oca.
Descemos uma escadaria fina e íngreme, que dava acesso a uma parte parcialmente soterrada da construção.
Antes o lugar era parte da favela, com casas e ruas.
Depois do soterramento era preciso levar energia elétrica até lá pela fiação correndo pelas paredes e pelo teto. Ainda tinha parte da rua, e algumas casas embaixo da terra.
Construções antigas, talvez da década de cinquenta.
Notei que não tinha ninguém lá, só o Cão e eu.
Fomos até uma rua ainda mais enterrada, depois de passar por um declive. Quando saltei pouco mais de um metro caí segurando a barriga.
A facada doía.
Cão se aproximou e me pegou pelos braços, ombro a ombro seguimos até o que antes era o fim da rua, e que na caverna era um tipo de barranco.
Não tinha nada lá no final do barranco se não uma parede.
Por um segundo pensei que ele fosse me matar ali. Ele olhava com raiva.
Depois percebi que a raiva dele era pela parede, que ele apontou.
Fui até lá.
— Escuta.
Coloquei a orelha na terra fria e escutei. Alguém chorava do outro lado. Baixinho, quase inaudível.
— O que é isso?
— É isso. — ele explicou. E complementou. — O teste é aqui. Nossa iniciação é conjunta. Me mandaram só deixas você entrar. E estou aqui nessa merda, ouvindo esse filho da puta chorar. As vezes eu durmo aqui, outras passo horas. Tinha até instalado um Playstation aqui, mas os fios deram curto. Também não sei o que fazer. Alguma ideia?
— Já tentou cavar? Tirar essa coisa daí?
— Óbvio. Mas aqui é dentro do morro, não tem nada do outro lado. Cavei a parede inteira.
E realmente havia uma pá ali, e muita terra espalhada.
— Pode tentar também. Eu tenho mais o que fazer. Você pode sair, e voltar, e ir embora para casa. Acho que essa porra vai demorar. Até dei uns tiros na parede. Nada acontece. E os que te pegaram, eu dei um jeito neles. Se quiser estuprar aquela vadia, é seu direito.
— O que você fez com os outros dois?
— Estão enterrados lá em cima, nas bananeiras.
— Obrigado. — agradeci e ele acenou. Dei as costas a ele.
Toquei na parede.
E agora?

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Comentários (1)

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  • Anônimo: Continua que tá muito bom!!!

    Responder↴ • uid:1e70t3ef8zam