Meu Terapêuta mudou minha vida, após grave acidente.
Eu, Marcílio, um ex-soldado de 29 anos, vivi o inferno quando uma explosão num treinamento me deixou surdo por dias e paraplégico para sempre. O silêncio após o estouro foi mais aterrorizante que o barulho. Perdi amigos, como o Zé, que virou pó, e minha vida virou de cabeça pra baixo. Minha esposa, Larissa, tentou me apoiar, mas a ideia de uma família ficou distante quando descobrimos que minha lesão trouxe mais complicações do que imaginávamos. Com o tempo, ela se afastou, incapaz de lidar com minha nova realidade. Agora, com a ajuda do meu amigo e terapeuta Otávio, estou reconstruindo minha vida no Rio de Janeiro, enfrentando desafios, pesadelos e até uns momentos picantes que registro com uma câmera escondida. Minhas aventuras, cheias de altos e baixos, estão no meu perfil, e o que vem por aí? Só acompanhando pra saber.
Não foi a explosão que me pegou de jeito. Foi o silêncio. Um vazio que engolia tudo, como se o mundo tivesse apertado o mudo. A poeira subia, misturada com pedaços de metal retorcido e restos que eu nem queria nomear. Estava no meio do Afeganistão, 2023, com meus 29 anos, e aquele silêncio era mais ensurdecedor que qualquer grito. Meus tímpanos estouraram, os nervos auditivos levaram um soco tão forte que passei dias sem ouvir nada. Quando olhei ao redor, era como assistir a um filme mudo de destruição. O Zé, nosso cara da metralhadora pesada, foi o que sobrou menos. As partes maiores dele ainda agarravam o cabo da arma, como se ele tivesse lutado até o último segundo. Uma névoa rosada desceu do céu, e eu sabia, sem precisar pensar muito, que era o que restava do Zé e de outros irmãos de farda que estavam por perto quando o IED explodiu.
O cheiro era insuportável — óleo queimado, tecido carbonizado, carne tostada. Minha garganta coçava, meu peito apertava. Alguém agarrou minha perna, sacudindo com força, tentando me tirar dos escombros flamejantes do nosso transporte. Eu não ouvia os gritos, não sentia as mãos me puxando. Meu corpo parecia deslizar, depois girar, até que a escuridão me engoliu como um buraco negro.
Silêncio.
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“Caio? Caio, tá me ouvindo, cara?”
Uma luz forte me cegava. Era uma voz? Sim, uma voz, rouca, mas clara, vindo do lado esquerdo.
“Caio, foca em mim, irmão. Tá me ouvindo?”
Tentei responder, mas minha garganta parecia cheia de areia. “Tô… argh…”
“Calma, mano, sem forçar. Tu inalou uma fumaça braba, sua garganta tá um caos. Consegue abrir os olhos pra mim?”
Meus olhos pareciam colados. Senti um pano quente e úmido passando neles, e, com esforço, consegui abrir. Pisquei, tentando focar na figura à minha frente. Era uma enfermeira, cabelo preso num coque desleixado, com um sorriso que parecia dizer “você escapou por pouco”.
“Beleza, tá enxergando direitinho?”
Balancei a cabeça, ainda grogue.
“Sabe onde tá?”
Dei um sorriso torto. Onde mais no mundo eu estaria depois de uma porrada daquelas? “Afghanistão…” Minha voz saiu como um motor velho, engasgando.
A enfermeira, que depois descobri se chamar Dona Lúcia, riu baixo e anotou algo numa prancheta. “Quase, guerreiro. Tu tava lá até uns cinco dias atrás. Te trouxeram pra cá depois do ataque. Bem-vindo de volta ao mundo dos vivos.”
“Tá… valeu…” Tossi, sentindo a garganta raspar como lixa.
“Descansa, Caio. Tu tem um longo caminho pela frente, mas a gente vai te botar no eixo e te mandar pra casa rapidinho.”
Apaguei de novo. Nos meus sonhos — ou pesadelos —, a explosão se repetia, um loop cruel e silencioso, como se meu cérebro tivesse gravado cada detalhe em câmera lenta: o clarão, os pedaços voando, o cheiro de morte.
Horas depois, acordei com o Fábio, um dos caras da minha unidade, ao lado da cama. Ele parecia um cãozinho abandonado, com olheiras fundas e barba por fazer.
“Zé?” perguntei, já sabendo a resposta.
Ele balançou a cabeça, olhos no chão.
“Chico?”
Outra sacudida, mais lenta.
“Leandro?”
Uma lágrima escorreu pela cara dele, e ele nem tentou esconder. Silêncio, de novo.
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Na manhã seguinte, eu já ouvia um pouco melhor, o que me deu um fio de esperança. Queria falar, desabafar, botar pra fora o peso que tava me esmagando. Esperei Dona Lúcia voltar pra me checar e arrisquei.
“Dona, com licença?” Minha voz saiu rouca, como se eu tivesse fumado um maço de cigarros vagabundos.
“Fala, meu filho,” ela respondeu, se aproximando com aquele jeito de quem já viu de tudo.
“Larissa…” Pronunciei o nome dela como se fosse uma oração, um pedido pra que ela ainda estivesse comigo.
Dona Lúcia arregalou os olhos, entendendo na hora. “Tua esposa, né? O doutor falou com ela na primeira noite que tu chegou aqui, e depois da cirurgia. Ela tá sabendo de tudo, e, ó, parece que tá lidando bem com a situação.” Ela baixou a voz, como se fosse um segredo. “O doutor disse que ela tá segurando a barra direitinho.”
Olhei pra ela, confuso. Minha cabeça girava. “Como assim… lidando bem com o quê?”
O rosto dela ficou branco como cera. “Meu Deus do céu, o doutor não falou contigo ainda? Ai, Caio, me desculpa, achei que… anotei no teu prontuário que tu tava consciente, eles sempre vêm conversar depois disso. Me perdoa, meu filho.”
“Falar o quê, Dona Lúcia?” Minha voz tremia, e meus olhos imploravam por respostas.
“Deixa eu chamar o doutor, tá?” Ela saiu correndo, me deixando ali com um nó na garganta e um medo que eu não sabia explicar.
O médico, um cara chamado Dr. Renato, chegou com uma cara séria, mas tentando ser gentil. Explicou que os avanços na medicina de guerra salvaram minha vida, mas não minhas pernas. A explosão tinha ferrado minha medula espinhal. Paraplégico. Pra sempre. Aos 29 anos, eu nunca mais ia andar. Mas, segundo ele, eu era “sortudo”. Minha bexiga e intestinos ainda funcionavam, e o urologista, um tal de Dr. Márcio, até arriscou dizer, com um entusiasmo que me irritou, que eu talvez pudesse recuperar a função sexual com o tempo.
Sortudo? Eu queria mandar ele enfiar a sorte no rabo.
Voltei pro Brasil, direto pro Hospital de Veteranos no Rio de Janeiro, a duas horas de Niterói, onde cresci. Larissa veio comigo, pelo menos no começo. Quando me viu, ela quase desabou de alívio. “Você tá igualzinho, Caio,” ela disse, passando a mão no meu cabelo bagunçado. Eu sempre fui o cara mais bonito da roda, com meus olhos castanhos brilhando como café quente, um sorriso que fazia as minas suspirarem e ombros largos de quem carregava o mundo. Só que agora eu tava numa cadeira de rodas. E isso não ia mudar.
Me joguei na fisioterapia como se fosse uma missão de guerra. Se era pra viver na cadeira, que eu fosse o mais forte possível. Malhava todo dia, transformando meu tronco num tanque de músculos. Meus peitorais pareciam placas de granito, meu abdômen era um tanquinho que até o Zé, lá no céu, ia invejar. A equipe do hospital, vendo meu esforço, juntou uma grana e me deu uma cadeira de corrida. Eu voava pelas ruas do Rio, sentindo o vento na cara, quase esquecendo que minhas pernas eram só enfeite.
Enquanto eu me matava pra me reconstruir, Larissa só pensava numa coisa: filhos. Ela vivia no pé do Dr. Márcio, exigindo soluções pra minha “virilidade”. Cirurgia? Não rolou. Viagra? Meu coração quase explodiu. Bomba implantada? Inútil sem os músculos certos. Até que o doutor sugeriu algo que fez Larissa travar: estimular minha próstata manualmente pra tentar uma ereção. Era a última cartada.
“Você tá brincando, né?” ela disse, com a cara de quem comeu limão azedo.
“Senhora Larissa, é simples. Lubrifica o dedo, insere e…”
“Insere? Tá louco? Meu marido é homem, pelo amor de Deus!”
“É exatamente por isso que pode ajudar ele a se sentir mais homem, senhora.”
“Eu vou é vomitar. Isso é nojento, doutor. Nojento!”
“Se a estimulação manual não for uma opção, tem um estimulador elétrico…”
“Um vibrador? Tô fora. Chega disso.” Ela saiu batendo o pé, deixando eu e o doutor sem chão.
Naquela noite, o pesadelo da explosão deu lugar a algo pior. Sonhei que tava na minha cadeira, pelado, cercado por uma multidão de conhecidos — amigos do Exército, da escola em Niterói, até o pessoal do futebol de praia. Todos nus, com ereções gigantes, rindo e apontando pro meu pau murcho. Larissa aparecia, dançando entre eles, lambendo e beijando cada um, gemendo alto, enquanto eu ficava ali, preso, humilhado. De repente, um calor insuportável tomou conta, e jatos brancos voaram pelo ar, caindo sobre mim, fedendo a mofo e vergonha. Acordei suando, com o coração na boca, convencido de que nunca mais faria sexo. E se eu não pudesse dar a Larissa o que ela queria? E se ela me visse como um peso pra sempre?
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Adaptei minha vida no Rio, com a ajuda de um novo terapeuta, Otávio, um cara de 30 anos que virou meu brother. A gente se conectou na hora, como se já se conhecesse de outras vidas. Depois de semanas na clínica, começamos a correr juntos — eu na minha cadeira de corrida, ele descalço, acompanhando meu ritmo pelas calçadas da Zona Sul. Pela primeira vez desde o Afeganistão, senti que tava voltando a ser o Caio de antes. Às vezes, passava horas sem lembrar que era paraplégico. Mas Larissa não tava mais tão presente. Ela ainda aparecia, mas parecia distante, como se tivesse desistido de mim.
Numa noite, em casa, na Barra da Tijuca, tentei de novo. “Amor, vamos tentar? Pelo menos uma vez?”
“Caio, isso é nojento,” ela respondeu, cruzando os braços.
“Se der certo, a gente pode ter a família que você quer. Não é isso que você sempre sonhou?”
Ela hesitou, olhando pro chão. “Tá bom… mas se ficar muito estranho, eu paro.”
Beleza, pensei. Subi na cama, tirei a camisa e o short, ficando pelado. Abri as pernas e me inclinei um pouco, tentando parecer confiante. Meu corpo ainda era um espetáculo — peitorais esculpidos, abdômen trincado, braços que pareciam feitos de aço. Meu pau, mesmo sem funcionar, ainda era o mesmo que fazia Larissa suspirar quando a gente se conheceu na praia de Copacabana, aos 24 anos.
Ela pegou o lubrificante, passou no dedo com nojo, e tentou. Quando o dedo entrou, senti uma pontada forte, como se tivesse levado um choque. Soltei um gemido, meio de dor, meio de surpresa. “Caralho, Larissa, tá funcionando! Tô sentindo!” Mas quando olhei pra ela, vi a cara de pavor. Ela puxou o dedo rápido, olhou pra ele, todo brilhante de lubrificante, e correu pro banheiro. Ouvi o som de vômito, seguido de um peido alto que ecoou no azulejo. Ela tava em pânico.
Fui atrás, na cadeira, e empurrei a porta. Lá tava ela, sentada na beira da banheira, chorando, com o cabelo grudado na testa. Me olhou como se eu fosse um estranho. Minhas pernas, magras e sem vida, pendiam da cadeira, e meu pau, flácido, parecia zombar de mim. “Larissa, eu sei que é difícil…”
“Não, Caio, o problema é que não é difícil!” Ela gritou, apontando pro meu colo. “Você não é mais o cara com quem eu casei. Não dá pra viver assim.” Ela parou, respirou fundo, e baixou o tom. “Eu te amo, mas não consigo. Vou pegar minhas coisas e ficar uns dias fora. Depois a gente conversa.”
Ela nunca voltou.
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Três dias depois, eu ainda tava em casa, esperando como um idiota. Otávio ligou, preocupado porque eu tinha faltado às sessões. “Mano, tu tá comendo o quê? Não sai de casa há dias!”
“Tô de boa, Otávio. Tem umas coisas na geladeira. Já tá acabando, mas eu me viro.”
“De boa nada. Tô passando aí em 20 minutos.”
Ele chegou em 15, voando baixo. Quando abri a porta, ele entrou como um furacão. “Porra, Caio, tu tá com um cheiro de vestiário depois de jogo! Bora pro banho, agora!”
Ri, apesar de tudo. Ele me levou pro banheiro, que ainda não tava adaptado pra cadeira. Me ajudou a tirar a roupa e me colocou num banco improvisado. Enquanto a água quente caía, lavei o cabelo, sentindo o cheiro de xampu de eucalipto, que me lembrou as manhãs na praia de Ipanema. Otávio ficou no quarto, mas não saiu de casa. “Tô aqui, irmão. Não vou te deixar na mão.”
Depois do banho, ele me ajudou a me vestir e jogou a real: “Essa casa não tá pronta pra ti, mano. Tu não consegue nem chegar na cozinha direito. Vem ficar comigo.”
“Quê? Tô de boa aqui, Otávio.”
“De boa nada. Meu apê na Lapa tá todo adaptado. Meu irmão mais velho, o Diego, era cadeirante. Morei com ele anos. Vem, pelo menos por uns dias.”
Pensei no café que derrubei tentando alcançar a prateleira alta, na solidão que tava me comendo vivo. “Tá, mas só por uma noite.”
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Na casa do Otávio, na Lapa, a vida parecia mais leve. Ele grelhou uma carne na varanda, com aquele cheiro de churrasco que lembrava os domingos em Niterói. Bebemos cerveja gelada, olhando o pôr do sol atrás do Corcovado. Um gato, chamado Pipoca, entrou miando, e eu fiz carinho na cabeça dele, sentindo o ronronar vibrar na minha mão.
“Tu curte gato?” perguntei.
“Nem tanto. Era do Diego. Desde que ele se foi, a Pipoca fica me atormentando, mas é tipo um pedaço dele que ficou.”
“Você sente falta dele,” falei, mais uma constatação que uma pergunta.
“Demais, mano. Ele era meu herói, mesmo na cadeira.”
Levantei minha cerveja. “Por Diego.”
Enquanto a gente conversava, minha cabeça voltava pro e-mail que vi antes de sair de casa. Larissa tinha escrito pra irmã dela, falando de mim como se eu fosse um monstro. “Ele acorda gritando, às vezes se debate. Tô com medo que ele me machuque.” Falava de TEPT, de depressão, de como eu tava “definhando”. Será que eu era mesmo esse cara? Será que eu tava colocando ela em perigo sem saber? A vergonha me engoliu, e eu me perguntei se algum dia ia conseguir ser mais que um peso pra alguém.
Mas ali, com Otávio, a cerveja e a Pipoca, senti um calor no peito. Talvez eu ainda tivesse uma chance de reconstruir minha vida. Minhas aventuras, cheias de dor, peidos acidentais e momentos que ninguém espera, tão todas gravadas com uma câmera escondida que carrego comigo. Quer saber como essa história continua? Quer mergulhar nas minhas próximas batalhas, nas noites de solidão e nos dias em que eu me sinto invencível? Então corre pro meu perfil no www.selmaclub.com, onde eu posto tudo. Tem muito mais por vir, e eu prometo: vai ser uma montanha-russa.
Por favor, não esquece de deixar cinco estrelas pro meu conto. Cada estrela é um empurrão pra eu continuar contando minhas histórias, enfrentando meus demônios e mostrando pro mundo que, mesmo na cadeira, eu sou mais forte que a explosão que tentou me apagar. Sua nota é um pedaço de esperança, um jeito de dizer que minha voz importa. Então, bora lá, cinco estrelas, combinado?
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