Pagando a aposta pro meu primo. PARTE 61
Nem todo amor sobrevive à distância, mas todo amor verdadeiro se transforma com ela. Alguns voltam mais fortes, outros se despedem em silêncio, aceitando que nem toda história precisa durar para sempre. E talvez seja esse o maior ensinamento: entender que o amor não se mede pelo tempo ou pela proximidade, mas pela marca que deixa, mesmo quando está longe.
O recesso de final de ano acabou, e, como tudo que é bom, durou pouco. Era hora de voltar à rotina de trabalho. No meu caso, a área de contabilidade facilitava muitas coisas, e eu não tinha um trabalho tão pesado. No entanto, Pedro, decidiu não voltar a trabalhar nas primeiras semanas de janeiro, deixando-me responsável pelo local. Segundo ele, queria aproveitar mais um pouco a folga na praia. E, de certa forma, ele estava certo. Afinal, ele podia fazer isso — era o dono do negócio.
Enquanto isso, eu, Anderson e Manuel mantínhamos contato diário. Após toda aquela conversa, Manuel acabou se aproximando mais de mim.
Em relação aos meus amigos, Dinei entrou em contato comigo. Ele comentou que a experiência que viveu no sítio realmente ajudou muito na sua vida sexual. Praticamente se libertou de algumas amarras que o prendiam há tempos. Já Gil continuava com a sua rotina: trabalhando no bar, sendo parceiro de Jefferson e cuidando da avó. Nada de muito novo por lá.
Por outro lado, meus os pais de Anderson pareciam querer se aproximar cada dia mais, o que deixou meus pais felizes, já que eles torciam por essa reconciliação há um tempo. Meus pais entendiam que meus tios estavam errados, tanto que não cederam quanto a isso inicialmente. Mas, a partir do momento em que minha tia se mostrou mais aberta para conversar, demonstrou arrependimento e quis consertar os erros, meus pais não hesitaram em estender a mão.
E, nessa correria, o mês de janeiro foi passando muito rápido. Eu ainda não tinha feito tudo o que precisava, como, por exemplo, realizar a matrícula da minha faculdade. Quando dei por mim, Anderson, eu e Manuel estávamos justamente combinando como seria o nosso Carnaval. Manuel queria vir para cá, o que se tornou um grande dilema, porque Anderson queria que eu fosse para lá. E, sinceramente, eu também estava mais inclinado a ir para Joinville, já que em Volta Redonda não tem muita coisa para fazer durante o Carnaval. No entanto, preferi não me manifestar de imediato, porque, sempre que eu dava uma opinião diferente da de Manuel, ele interpretava como se eu estivesse querendo afrontá-lo. Então, decidi deixar que eles chegassem a um consenso por conta própria.
Não demorou nem um dia para que a resposta surgisse. Acho que, quando há uma conversa franca e frente a frente, as coisas fluem de outro jeito. Ficou definido que eu iria para Joinville. Só que, dessa vez, Manuel viria antes para visitar o pai. Esse detalhe me deixou com uma pulga atrás da orelha, especialmente depois daquela conversa em que Gil me contou que Pedro e Manuel viviam discutindo por telefone. Isso me fazia questionar o real motivo de Manuel querer visitar o pai com tanta insistência. Mas, no fim, foi isso que aconteceu.
Eu desconfiava justamente por Manuel querer vir nas vésperas do feriado prolongado para ver o pai, sendo que, no Ano Novo, ele não fez questão de vir a Volta Redonda, mesmo eu tendo insistido para que ele viesse.
Com tudo já marcado, fui conversar com Pedro a respeito do Carnaval e pedir folgas extras, já que o havia substituído no começo do ano. No entanto, ao mencionar que o filho dele viria dias antes do Carnaval, Pedro ficou surpreso. Ele disse que não estava sabendo de nada, e eu confirmei, pedindo que ele esperasse o filho avisar antes de falar algo a respeito. Aproveitei o momento para perguntar como estava a relação dele com Manuel. Pedro, embora fosse sincero em certos casos, era bastante discreto. Ele apenas respondeu que estava "mais ou menos", mas nada demais — coisas de pai e filho, segundo ele.
Manuel chegou em Volta Redonda faltando três dias para o feriado prolongado do Carnaval. Eu já sabia que ele chegaria naquele dia, pois ele me ligou antes de embarcar. No entanto, foi Luana quem me avisou que ele estava no escritório do pai.
— Renato! Você não sabe quem está aqui! — ela disse, animada.
Eu, já achando graça da situação, respondi:
— Manuel?
Ela pareceu surpresa com a minha resposta, mas logo deu de ombros. Acho que percebeu que, como namorado, eu já sabia que ele viria. Confesso, porém, que esperava que ele fosse pelo menos dar um "oi" antes de qualquer coisa.
Resolvi ir até a sala de Pedro para sondar o que estava acontecendo. Dei três batidas na porta e, ao escutar um "entre", obedeci à ordem. Ao ver pai e filho me olhando, tentei agir com naturalidade:
— Boa tarde, senhores! Fiquei sabendo que meu namorado estava nesta empresa, então vim ver com meus próprios olhos, já que ele não foi falar comigo.
Pedro, gostando da minha ironia, respondeu:
— Mentira que Manuel fez isso... Manuel, não foi isso que lhe ensinei.
Manuel veio até mim, me deu um abraço e, ao se desfazer dele, me deu um beijo.
— Desculpa, Renato! É que eu não via a hora de ter essa conversa com meu pai. Mas, lógico, eu ia te ver depois.
Notei o clima pesado. O silêncio tomou conta da sala, e eles trocaram olhares. Decidi, então, deixá-los continuar o assunto:
— Bom, já vou voltar para a minha sala, já que estou vendo que o assunto aqui vai render.
De volta à minha sala, liguei para Anderson e contei que Manuel havia chegado e estava conversando com Pedro. Perguntei a ele se sabia o motivo daquela conversa, mas meu primo apenas disse que era coisa de negócios. Parecia que Manuel queria interferir nos negócios do pai, mesmo estando longe, mas Pedro não estava gostando nada disso.
A conversa entre Pedro e Manuel durou tempo suficiente para que eu não só conversasse com Anderson, mas também adiantasse parte do meu trabalho. Manuel, então, veio até a sala onde eu trabalhava, puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado. Ele quis saber sobre relatórios, balanços positivos e outras questões. Eu fui mostrando tudo o que ele pedia, enquanto ele permanecia sério, analisando cada detalhe. Após um tempo, ele sorriu e me parabenizou:
— Realmente, meu pai estava certo. Você tem se superado. Eu não te ensinei essas coisas.
Respondi que há coisas que a gente vai aprendendo no dia a dia, e como eu gostava daquilo tudo, isso facilitava bastante. Ele então me perguntou se podia dormir lá em casa, e eu disse que sim. Não faria sentido ele estar aqui, e eu, que estava contando os dias para tê-lo por perto, não aproveitar a companhia dele.
Manuel pediu a chave para levar sua bolsa de viagem até lá e aproveitar para tomar um banho. Entreguei a chave, e ele pegou o carro do pai para ir. Só voltou quando eu e Pedro estávamos fechando o escritório. Pedro já estava até meio irritado com o atraso do filho por conta do carro novo. Mas, quando entramos no carro, Pedro assumiu o volante e nos levou para casa. Manuel até sugeriu, olhando para o painel, que fôssemos ao bar do Jefferson, mas Pedro disse que não estava afim de beber.
Em casa, depois do meu banho, Manuel me abraçou e me beijou. Cheguei a arrepiar com os toques dele. Logo, ele foi até a bolsa e me deu um presente.
— Adivinha o que é? — ele perguntou.
Eu disse que não sabia, e, ao abrir, estava lá: o cordão com o pingente de triângulo.
— Eu falei que ia te dar. Promessa é dívida. E a minha tá paga.
Abri aquele presente eufórico de alegria. Afinal, aquele pingente simbolizava nossa relação como um todo. Manuel segurou minha mão e começou a se explicar:
— Olha, eu sei que a gente andou se estranhando. Sei que, de repente, você pode ter ficado magoado ou até mesmo criado um ranço de mim. Eu sei que não facilitei as coisas, e não tiro a minha culpa nisso. Só que, meu anjo, você tem que entender que a rotina minha com o Anderson não é muito fácil. Eu tento ao máximo não brigar, mas, quando vejo, estamos lá discutindo, falando um na cabeça do outro. Eu literalmente tenho me esforçado muito para que esse relacionamento dê certo. Morar com o Anderson tem seus desafios.
Foi então que eu disse que, quando morava com meu primo, a única coisa que ele não gostava de falar era sobre trabalho, justamente porque naquela época ele estava desempregado, e isso parecia uma cobrança. Mas, tirando isso, Anderson até arrumava a casa. Ou seja, eu não tinha essa visão negativa de morar com ele — era outro tempo.
Manuel fez questão de colocar o cordão em mim. Quando o colocou, me beijou o pescoço, o que acendeu um tesão que até então estava adormecido.
O beijo de Manuel no meu pescoço foi suave, quase um sopro, mas o calor dos seus lábios fez meu corpo tremer instantaneamente. Ele sabia exatamente como me provocar, e cada toque era calculado para me deixar à beira de um abismo. Seus lábios deslizaram devagar, subindo até a curva da minha orelha, onde ele sussurrou, com a voz carregada de intenção:
— Você não faz ideia de como eu estava com saudade disso.
Eu me virei para encará-lo, nossos olhos se encontrando em um instante carregado de tensão. Havia algo naquele olhar que me fez perder o fôlego, mas eu não queria palavras naquele momento. Coloquei uma mão no rosto dele, puxando-o para perto, e disse, com a voz baixa e cheia de provocação:
— Deixa pra falar depois. Agora, eu quero outra coisa.
Manuel não precisou de mais nenhum convite. Com o olhar cheio de desejo, ele me puxou para um beijo que foi direto ao ponto. Era como se todas as palavras que não dissemos, todas as distâncias que nos separaram, fossem consumidas naquele momento. Seus lábios eram insistentes, seus dedos ativos, e eu me entreguei completamente ao toque dele.
Sua respiração quente contra minha pele me fez arrepiar. Nossos olhos se encontraram, e aquele olhar era como um convite silencioso. Eu não resisti. Puxei-o para perto, nossos lábios se encontrando em um beijo que começou devagar, mas logo se transformou em algo mais profundo, mais urgente. Era como se estivéssemos tentando recuperar o tempo perdido, cada movimento dos nossos corpos dizendo o que as palavras não conseguiam expressar.
Manuel não tinha pressa. Ele sabia como me levar ao limite, e eu estava disposto a deixá-lo. Suas mãos deslizaram por baixo da minha camisa, explorando minha pele com uma mistura de carinho e firmeza que me fez perder o fôlego. Eu respondi ao toque dele, passando minha mão no cabelo dele, puxando-o suavemente enquanto nossos corpos se moviam em sincronia. Cada beijo, cada toque, era uma troca, um jogo de sedução onde ambos sabíamos exatamente como provocar o outro.
Ele então começou a tirar minha camisa, seus dedos traçando linhas quentes pelo meu peito. Eu arquejei, sentindo o calor do seu corpo tão perto do meu. Ele me olhou nos olhos, um sorriso malicioso nos lábios, como se soubesse exatamente o efeito que estava causando em mim.
— Vou apagar esse fogo, Renato — ele murmurou, sua voz baixa e carregada de desejo. — Vou te dar o que você quer..
Eu não consegui responder com palavras. Em vez disso, puxei-o para outro beijo, mais intenso, mais devorador. Minhas mãos percorreram o corpo dele, explorando cada curva, cada músculo, como se quisesse memorizá-lo de novo. Ele respondeu ao meu toque com um gemido baixo, e aquele som foi o suficiente para me deixar ainda mais sedento por ele.
Manuel então me empurrou suavemente contra a parede, seus lábios encontrando o meu pescoço novamente, enquanto suas mãos desciam pela minha cintura, puxando-me ainda mais para perto. Eu sentia o quanto ele estava excitado, a intensidade do seu desejo, e isso só aumentava o meu. Era um jogo de sedução onde ambos estávamos completamente entregues, cada um provocando o outro, eu já estava entregue para aquele desejo que há tempo me consumia.
— Eu quero você, Renato — ele sussurrou, sua voz quase um gemido. — Quero fuder você. .
Eu não conseguia mais esperar. O desejo que queimava entre nós era insuportável, e eu precisava tocá-lo, senti-lo, prová-lo. Sem pensar duas vezes, me ajoelhei no chão, enquanto desabotoava a calça de Manuel. Ele, por sua vez, tirou a própria camisa com movimentos rápidos, revelando o peito definido que eu já conhecia tão bem, mas que ainda me deixava sem ar.
Quando abri o zíper e olhei para ele, nossos olhos se encontraram, e eu disse, com desejo:
— É disso que eu preciso.
Tirei seu pau da cueca, sentindo a firmeza e o calor dele na minha mão. Sem hesitar, levei minha boca até ele, envolvendo-o com os lábios e a língua. Manuel soltou um gemido baixo, suas mãos se agarrando aos meus ombros enquanto eu o mamava com devoção. Cada movimento da minha boca era calculado para provocá-lo, para fazê-lo perder o controle. Ele não demorou a se sentar na cama, apoiando-se nos cotovelos, enquanto eu continuava a explorar cada centímetro dele, saboreando cada reação que arrancava dele.
— Renato... — ele gemeu, sua voz carregada de prazer e tesão.
Quando Manuel gemeu meu nome, eu parei um segundo, olhei pra ele com um sorriso safado e perguntei:
— Quer que eu pare de chupar?
Ele nem pensou duas vezes. Me botou pra chupar novamente, e falou, já meio sem fôlego:
— Claro que não, cara! Nem eu e nem você queremos isso. Continua.
E eu continuei, é claro. Voltei a chupar ele com ainda mais vontade, sentindo ele ficar mais duro na minha boca. Manuel soltou uns gemidos baixos, a mão dele no meu cabelo, me guiando, mas deixando eu fazer do meu jeito. Dava pra ver que ele tava curtindo cada segundo, e eu também, sabendo que ele tava completamente nas minhas mãos — ou melhor, na minha boca.
— Isso... assim mesmo — ele gemeu, arqueando as costas, totalmente entregue.
Eu estava adorando ver ele assim, mas sabia que a gente tava só começando. Quando ele não aguentou mais, me puxou pra cima e me jogou na cama. A gente se beijou com uma vontade que parecia que ia explodir, Manuel tava com aquela cara de satisfeito, mas ele não parou por aí. Ele me puxou pra cama, me colocou de frango assado — e colocou todo seu peso em mim atrás, me olhando com aquele olhar de safado. Dava pra ver nos olhos dele que ele estava se deliciando em me ver todo louco de tesão.
— Você tá gostando, né? — ele provocou, com a voz cheia de malícia, enquanto começava a me penetrar devagar, mas com aquela firmeza que já conhecia tão bem.
Eu só consegui gemer, sem nem formar palavras direito. Ele estava me olhando no fundo dos olhos, como se quisesse ver cada reação minha, cada expressão de prazer que ele estava arrancando de mim. E eu estava lá, completamente entregue, enquanto o tesão tomava conta de mim.
— Isso, Renato... assim mesmo — ele sussurrou, acelerando o ritmo, cada socada mais intensa, mais gostosa.
Eu estava gemendo sem parar, completamente perdido no prazer que ele estava me proporcionando. Manuel sabia exatamente que eu estava com tesão acumulado e isso só aumentou o meu fogo, e ele estava adorando me ver assim, todo entregue, todo dele. Ele não parou, continuou metendo com vontade, cada vez mais forte.
Ele me virou de costas, me colocando de quatro na cama, e eu senti o peso do corpo dele sobre o meu, sua respiração quente no meu pescoço.
— Você tá todo louco de tesão, né? — ele sussurrou, sua voz rouca e provocativa.
Eu não consegui responder, apenas soltei um gemido quando ele me penetrou, devagar, mas com firmeza. Nossos olhos se encontraram no reflexo do espelho, e eu vi o quanto ele estava se deliciando em me ver assim, completamente entregue, perdido no prazer que ele estava me proporcionando.
Foi quando ele segurou meus quadris com força, me puxando pra trás a cada socada, enquanto eu me masturbava, gemendo e pedindo pra ele não parar. Cada movimento dele era intenso, e eu estava completamente entregue, deixando ele me dominar.
— Toma pica, seu porra! — ele falou, com a voz rouca e cheia de tesão, enquanto acelerava o ritmo. — Não era isso que você queria? Então toma, safado!
Eu empinei mais a bunda, querendo sentir ele ainda mais fundo, e ele respondeu com socadas ainda mais fortes, me fazendo gemer sem parar. Dava pra ver que ele tava curtindo demais me ver assim, todo entregue, todo louco de tesão.
— Manuel... — eu gemeria, quase sem fôlego, enquanto ele continuava a me foder com aquela intensidade que só ele sabia ter. — Por um momento, eu quase tinha me esquecido do quanto você mete gostoso... Mete mais, eu te peço só isso hoje.
Mal terminei de falar, e meu pedido virou uma ordem pra ele. Manuel meteu com uma força e uma vontade que me deixou sem reação, cada socada mais intensa, mais gostosa, até que eu não aguentei mais e gozei quase instantaneamente, gemendo alto, completamente entregue ao prazer.
Mas ele não parou. Ele continuou, acelerando o ritmo, me fazendo sentir cada centímetro dele dentro de mim, até que ele também não aguentou mais. Ele urrou alto, segurando meus quadris com força, e eu senti ele esguichar o leite quente dentro de mim, enquanto ele continuava a meter, devagar agora, prolongando o prazer até o último segundo.
— Caralho, Renato... — ele sussurrou, com a voz rouca e cheia de tesão, enquanto a gente ficava ali, ofegante, completamente conectados.
Depois do êxtase, ficamos deitados em silêncio, o suor grudando nossos corpos naquele calor pós-sexo. Manuel quebrou a quietude com uma pergunta que soou mais como uma provocação armada:
— E aí, superei as expectativas? Dei conta do recado?
Encostei a cabeça no peito dele, evitando o olhar penetrante que sentia mesmo de olhos fechados.
— Se deu conta, eu não sei… — respondi, escolhendo as palavras com cuidado. — Mas uma coisa é certa: eu precisava disso.
Ele soltou um riso curto, quase cínico, antes de beijar minha testa.
— Estava na seca, né?
Rí, mas notei algo estranho na voz dele. Uma ponta de amargura.
— Estava. Agora não mais!
Depois de um tempo, ali deitados resolvi jogar a real:
— E aí, o que te trouxe aqui de verdade?
Manuel me olhou sério, pensou um pouco e soltou:
— Meu pai e a contabilidade.
Fiquei intrigado.
— Tá acontecendo alguma coisa que eu não tô sabendo? O que foi, Manuel?
Ele suspirou.
— Renato, meu pai sempre foi muito esperto, mas ultimamente tenho achado ele meio exagerado, principalmente nessas compras absurdas, tipo o carro novo, viagens. Não tô dizendo que ele tá afundando a empresa, mas achei melhor vir dar uma olhada mais de perto.
— Cara, será que você não tá se precipitando? Seu pai sempre soube o que faz...
Antes que eu terminasse, ele me cortou:
— Pois amanhã eu tiro a prova real. E já que você acha que tô exagerando, você vai me ajudar a descobrir.
Depois que Manuel me jogou essa missão, revirei os olhos e soltei:
— Claro! Farei isso com muito prazer.
Mas ele logo me cortou:
— Vamos deixar esse papo de contabilidade para amanhã, quando estivermos lá.
Sem perder tempo, ele pegou o celular pediu a nossa janta e logo fez uma chamada de vídeo com Anderson, que atendeu rápido:
— Fala, Manu! Fala, Renato! E aí, como estão as coisas?
Manuel respondeu primeiro, com aquele tom satisfeito:
— O dia foi ótimo. E pode ficar tranquilo que o Renato já tá relaxado depois da foda que demos... E em breve, ele vai relaxar ainda mais.
Ri e completei:
— Assim espero! Quero mesmo tirar o atraso com vocês dois.
Anderson sorriu e perguntei:
— E você, como tá?
— Cara, eu não vejo a hora de ter você aqui. Tô morrendo de saudades, Renato, você não tem ideia do quanto.
O papo tava fluindo bem, mas Anderson não demorou a perguntar sobre o motivo real da visita de Manuel:
— E aí, resolveu o que tinha que resolver?
Manuel nem pestanejou:
— Amanhã o Renato vai me ajudar nesse esquema.
Soltei logo:
— A sorte é que está tudo documentado. Ele vai ver que isso é coisa da cabeça dele.
Anderson balançou a cabeça e disse:
— Já falei isso pra ele antes. Não entendo por que agora resolveu pegar no pé do próprio pai.
Manuel suspirou e respondeu de forma direta:
— Só quero cuidar do que futuramente pode ser meu.
Anderson deu um sorriso leve e finalizou:
— Bom, de qualquer forma, fico feliz que vocês dois tenham se acertado.
A chamada terminou, e eu fiquei ali, olhando para Manuel, sabendo que o dia seguinte ia ser movimentado.
Quando o pedido chegou, sentamos à mesa e começamos a comer, mas a conversa logo tomou um rumo mais sério. Dessa vez, o assunto era nós. Eu fiz questão de ser claro:
— O que mais me incomoda, Manuel, é o seu deboche. E, muitas vezes, o descaso. Aquele "tanto faz" que você solta, mesmo que seja de forma indireta ou até involuntária. — Parei de comer por um instante, olhando diretamente para ele. — Eu não tenho a pretensão de terminar, mas você sabe que essa possibilidade existiu e ainda existe.
Ele escutou tudo calado, mastigando devagar, como se cada palavra minha fosse um peso a mais nos ombros dele. Quando chegou a vez de falar, não segurou nada:
— Eu sei das minhas mancadas, Renato. E dos ciúmes, que muitas vezes foram excessivos. — Ele suspirou, passando a mão pelo rosto. — Mas tudo foi uma tentativa de acertar. Porque, às vezes, eu me sinto como um personagem secundário na nossa relação.
Fiquei surpreso com a honestidade dele, mas deixei que continuasse.
— Agora, vivendo algo bacana com o Anderson, fico bolado quando você traz situações que eu mesmo já passei e dei conta do recado. — Ele olhou para mim, a expressão séria. — E, sim, muitas das brigas que eu tenho com ele são motivadas por você. Porque parece que você é o centro das atenções e isso me incomoda. Mas, pra ser justo, o Anderson também não ajuda muito.
— Desculpa tocar no assunto, mas eu precisava falar isso com você. — Manuel começou, a voz um pouco hesitante, mas firme. — E agora, estando aqui, ao seu lado, eu confesso que tinha esquecido dessa sensação boa que é estar com você.
— Manuel, eu entendo o que você está dizendo, mas discordo em partes. — Falei, mantendo a calma, mas deixando clara minha opinião. — As brigas de vocês não são motivadas por minha causa. Eu estive longe, fisicamente e emocionalmente. Desde que o Anderson veio morar aqui, eu nunca cobrei atenção exclusiva ou tentei interferir no relacionamento de vocês. Sempre procurei que a gente conversasse juntos, que houvesse um equilíbrio. Não vejo motivo para você se sentir como um coadjuvante. Na verdade, se alguém acabou assumindo um papel secundário nessa dinâmica, fui eu.
Ele ficou em silêncio por um momento, mas eu continuei, firme:
— Agora, se o Anderson ficava preocupado comigo e trazia o meu nome nas conversas de vocês, isso não é algo que eu possa controlar. Eu não tenho nada a ver com as inseguranças ou os conflitos que surgem a partir disso. Cada um de nós tem suas próprias questões para resolver, e eu não sou o motivo das brigas de vocês.
Manuel me olhou, a expressão ainda séria, mas agora com um ar de reflexão. Ele abriu a boca para responder, mas hesitou, como se estivesse processando minhas palavras. Eu aproveitei o momento para finalizar:
— Eu te respeito, Manuel, e valorizo o que a gente tem. Mas precisamos ser honestos sobre o que realmente está acontecendo. Não dá pra colocar tudo nas minhas costas. A relação de vocês é de vocês, e eu não sou o centro disso.
Manuel então comentou que aquela era apenas a sua perspectiva, um ponto de vista que ele tinha, mas que não era uma verdade absoluta. Ele fez questão de reforçar isso, como se quisesse deixar claro que estava apenas compartilhando sua visão, sem impô-la como definitiva.
— Você me disse uma vez que talvez algo tenha mudado ou se perdido — ele continuou, olhando para mim com um misto de sinceridade e vulnerabilidade. — E, sabe, pode ser que eu também tenha me perdido um pouco pelo caminho.
Ele respirou fundo, como se estivesse tirando um peso do peito, e completou:
— Mas estou aqui, Renato. Totalmente com você nessa relação.
Depois do jantar, a gente lavou a louça juntos, num silêncio tranquilo que só reforçava como a gente estava se reconectando. Cada gesto era simples — passar o prato, secar a panela — mas parecia que tinha um significado maior, como se a gente tivesse reaprendendo a ficar um do lado do outro.
Quando acabamos, seguimos pro quarto quase sem precisar falar nada. A energia entre a gente estava tão forte que dava pra sentir no ar, como se a conversa que a gente teve tivesse aberto uma porta que tava fechada fazia tempo.
Na cama, o toque começou devagar, quase tímido, como se a gente tivesse se redescobrindo. Mas não demorou pra coisa esquentar. Manuel me puxou pra perto, e nossos lábios se encontraram com uma urgência que dizia tudo o que as palavras não conseguiam.
Foi um sexo intenso, daqueles que arrebatam, como se cada movimento fosse uma tentativa de reconectar, de provar que a gente ainda conseguia sentir aquilo um pelo outro. Ele me olhava nos olhos o tempo todo, como se quisesse ter certeza de que eu estava ali, completamente presente. E eu tava.
Quando a gente finalmente gozou, foi como se todo o peso das desconfianças, das mágoas e dos mal-entendidos tivesse ficado pra trás, mesmo que só por um instante. Ficamos deitados, ofegantes, os corpos ainda grudados, e eu senti o coração dele batendo forte contra o meu peito.
— A gente vai ficar bem, né? — ele sussurrou, a voz rouca e cheia de esperança.
— Já estamos bem. — Respondi, apertando a mão dele.
E, naquele momento, eu acreditei nisso.
A gente ficou deitado ali por um tempo, trocando uns beijos de leve, até que o cansaço bateu. Acabei dormindo abraçado com ele, com aquele calor gostoso que só ele sabe dar.
Quando acordei pela manhã, Manuel já veio com novidade:
— Hoje eu não vou pra empresa com você. Vou passar na casa do meu pai.
Fiquei sem entender muito bem, afinal, o próprio pai dele também estaria na contabilidade. Mas resolvi não questionar. Só concordei e chamei um carro de aplicativo.
Cheguei no meu escritório já focado no que precisava fazer. Minha ideia era simples: separar alguns arquivos e do computador para mostrar ao Manuel que ele estava exagerando. Os saldos, os balanços... tudo indicava que a empresa estava em uma boa situação. Eu só precisava que ele enxergasse isso de uma vez.
Não demorou muito para que Pedro aparecesse no meu escritório, visivelmente irritado. Ele já chegou falando, sem rodeios:
— Vê se pode, Renato... O meu próprio filho querendo satisfação, achando que eu estou lesando a empresa!
Suspirou fundo e continuou:
— Renato, faz um favor pra mim. Mostra por A mais B que a gente está certo, até te mandei o contrato do financiamento do carro. Só prova com dados.
Lamentei a situação e disse:
— Pedro, eu não sei o que tá acontecendo com o Manuel, ele está esquentando a cabeça com coisas que nem fazem sentido.
Ele balançou a cabeça, frustrado, e eu continuei:
— Mas pode ficar tranquilo. Quando ele chegar aqui, eu vou mostrar tudo o que puder. Os números falam por si.
Quando Manuel entrou na sala, veio acompanhado do pai, que foi direto ao ponto, sem rodeios:
— Renato, só faça o seu serviço. Mostra pra ele que eu não sou nenhum vacilão.
Antes que eu pudesse responder, Manuel cortou:
— Pai, eu só quero saber como está andando a contabilidade! Pelo amor de Deus, em nenhum momento eu disse que você estava roubando ou algo do tipo.
Mas Pedro já tinha perdido a paciência.
— Pra mim, já é o suficiente!
Virou as costas e saiu, deixando Manuel ali, meio sem graça. Ele me olhou, respirou fundo e tentou mudar o tom da conversa:
— Então... o que temos pra hoje?
Sem enrolar, empurrei uma pasta na direção dele.
— Separei algumas coisas aqui que acho que vão te deixar satisfeito.
Ele começou a folhear os documentos enquanto eu explicava:
— Aqui estão os contratos dos novos clientes do último ano. Seu pai tem fechado bons negócios, e os números mostram isso.
Manuel observava tudo, mas ainda não parecia totalmente convencido. Balançou a cabeça e disse:
— Tá, os contratos são bons, os números tão positivos, mas e essas viagens? E os gastos com hotéis? Tudo isso pesa, Renato. Não dá pra simplesmente ignorar.
Já esperava essa pergunta. Peguei outro relatório e deslizei na direção dele.
— Aqui estão os registros financeiros dos últimos meses. Seu pai não está tirando dinheiro da empresa pra bancar as viagens. Dá uma olhada nesses extratos. As despesas pessoais vêm da conta particular, não da empresa.
Ele franziu a testa enquanto analisava os documentos.
— E o carro novo?
— Foi financiado, olha aqui o contrato. E mesmo que não fosse, ele tem condições de comprar. O caixa da empresa segue estável, as contas estão pagas, os salários estão em dia. O problema aqui não é o dinheiro da empresa, é você achando que seu pai não pode curtir a vida do jeito que quer.
Ele respirou fundo, ainda relutante, mas sem argumentos.
— Então você tá me dizendo que eu surtei à toa?
Dei de ombros.
— Estou te dizendo que os números não mentem. Agora, se você vai aceitar isso ou não, aí já é outra história.
Manuel ficou pensativo, claramente absorvendo tudo que eu tinha falado. Mas como eu já conhecia bem ele, resolvi insistir um pouco mais.
— Manuel, seu pai tem mais é que curtir a vida mesmo! E, sinceramente, é melhor ele gastar com ele do que gastar com mulher, cara.
Ele continuou em silêncio, então fui direto ao ponto:
— E outra coisa, você já pensou na possibilidade de ele querer se aposentar? O que você faria? Ia largar tudo e voltar pra cá pra assumir a empresa? A venderia? Porque, querendo ou não, uma hora isso vai acontecer.
Manuel respirou fundo, mas não respondeu. Eu continuei:
— Seu pai dá o melhor dele aqui, faz de tudo pra manter essa empresa de pé, e graças a Deus tem dado certo. Os números tão aí pra provar. Você pode não ter chamado ele de ladrão, mas foi isso que ele sentiu. E com razão!
Peguei os papéis sobre a mesa e espalhei na frente dele.
— Quer mais relatórios? Quer mais dados? O que mais você precisa pra parar com essa ideia louca?
Manuel abaixou a cabeça, olhando para os papéis sem saber o que dizer.
Aproveitei o momento e puxei mais um relatório, colocando na frente dele.
— Olha aqui, Manuel. Esse é o balanço financeiro comparando com o ano passado. A margem de lucro da empresa tá 30% acima do que era no mesmo período do ano anterior. Isso significa que a empresa continua crescendo.
Ele pegou o papel e analisou, franzindo a testa.
— Trinta por cento? — repetiu, quase duvidando.
— Sim, Manuel. Trinta por cento a mais de lucro. O que significa que seu pai não está jogando dinheiro fora, não está sabotando a empresa e muito menos precisando ser vigiado.
Ele passou a mão no rosto, visivelmente desconcertado.
— Então eu vim aqui à toa...
— Você veio aqui porque duvidou do próprio pai sem nem olhar os números antes. Agora, a pergunta que fica é: o que você vai fazer com isso?
Manuel soltou um suspiro longo e abaixou a cabeça.
— Eu vacilei, né?
— Ainda pergunta? — Confirmei balançando a cabeça — Vacilou feio, mesmo. Seu pai não merecia passar por isso, e tô falando isso não só como funcionário, mas também porque tenho um carinho e respeito por ele. A vida do seu pai é essa contabilidade, e você deveria entender isso, já que foi através dela que ele te criou. E se eu fosse você, ia resolver isso agora. Seu pai não está só puto, ele está magoado.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, balançando a cabeça como se estivesse perdido.
— Não sei nem o que falar... — murmurou, com a voz carregada de culpa.
— Então usa a mesma cara de pau que você teve pra acusar ele e transforma isso num pedido de desculpas — falei, firme. — Ele merece isso, e você sabe.
Ele respirou fundo, pegou o celular e se levantou.
— Vou atrás dele.
Não sei exatamente quanto tempo Pedro e Manuel ficaram conversando, mas foi o suficiente para eu ligar pros meus pais, bater um papo com eles e até receber um convite pra jantar na casa deles. Quando os dois voltaram, Pedro me agradeceu na frente do filho pelo que eu tinha feito, com aquela sinceridade que só ele tem. Manuel, por sua vez, já estava com o celular na mão, me avisando que a gente iria pra Joinville logo.
— Já resolvi o que precisava — disse, com um tom de voz mais tranquilo, como se tivesse tirado uma preocupação das costas.
Pedro deu uma olhada pra ele, depois pra mim, e só acenou com a cabeça, como se estivesse tudo no lugar certo.
Aí, eu comentei:
— Meu pai nos chamou pra jantar lá.
Manuel respondeu:
— Eu e meu pai já temos planos pra noite.
Pedro, então, deu uma ideia melhor:
— Faz o seguinte... vai lá jantar com a família do Renato, e amanhã a gente tira o dia pra fazer algo. Renato me cobre aqui. Tranquilo, Renato?
Eu respondi com um deboche:
— Claro, mas isso quer dizer mais uma folga no combo do Carnaval, né?
Apesar de não ter sido incluído nos planos deles, achei importante que eles passassem por esse momento. Até porque agora eu compreendia que não era de agora esse atrito entre pai e filho. O que o Gil ouviu naquela vez no bar com certeza não era a primeira vez que acontecia.
Pedro nos levou até a casa do meu pai. Apesar de toda a chateação que ele havia passado, ele e o filho estavam se entendendo melhor do que eu imaginava. Antes de sair, ele reforçou sua gratidão pelo que eu tinha feito. Eu me desculpei por ter feito eles adiarem a resenha, mas ele me garantiu que, de certa forma, até tinha sido melhor — assim, eles teriam mais tempo pra curtir juntos.
O jantar, além de delicioso, foi tranquilo e cheio de boas conversas. Manuel já era um querido na minha família, e isso facilitava muito o clima. Ricardo, meu irmão, estava especialmente feliz com ele ali. Os dois não paravam de trocar ideias — sobre capoeira, o casamento do Ricardo, Joinville, Anderson e tudo mais.
Em um dado momento, meu pai bateu no copo com o garfo, pedindo silêncio. Todos olharam pra ele, e ele começou a falar:
— Renato, você já me contou que tá com planos de fazer faculdade e até de dançar, né?
Olhei em volta e percebi que todo mundo já sabia onde ele queria chegar. Todos estavam sorrindo, como se estivessem guardando um segredo.
— Então, meu filho, acho que você vai ter que tirar carteira de habilitação este ano.
— Oi? — Eu tinha escutado direito, mas precisava ouvir aquilo de novo.
Minha mãe então explicou, com um sorriso no rosto:
— O que seu pai tá querendo dizer é que ele vai passar o carro dele pra você.
Meu pai completou, tentando justificar:
— Não é um carro zero, mas é um carro bom, tá?
Levantei todo bobo e fui abraçá-lo, mas, comigo nos braços, ele completou:
— E não é só isso. Também vamos te ajudar nas mensalidades da faculdade.
Nesse momento, a emoção bateu forte. Meus olhos encheram de lágrimas, e eu nem tentei disfarçar. Meu pai continuou, explicando:
— Assim como eu ajudei seu irmão a comprar o apartamento dele, nada mais justo do que te ajudar agora que você decidiu voltar aos estudos.
Fiquei sem palavras. Só conseguia abraçar ele de novo, agradecendo mais uma vez.
— Não precisa agradecer. Está todo mundo seguindo seu caminho, tocando a vida... É assim que tem que ser. Você também vai, né, filho? — Disse meu pai.
Manuel, do outro lado da mesa, me olhava com um sorriso orgulhoso, como se dissesse: "Você merece isso, Renato."
Nessa noite, resolvi dormir na casa dos meus pais. Manuel decidiu dormir na casa do pai dele, e, com o bom senso que tenho, achei que não era apropriado eu dormir lá, considerando toda a história que já rolou naquela casa. Além disso, eu precisava estar na contabilidade logo cedo.
Logo pela manhã, recebi uma mensagem de bom dia do Anderson. Ele dizia estar contando as horas para estarmos juntos. Como resposta, mandei:
— Aguenta só mais um pouquinho, tá? Faltam poucos dias.
Na contabilidade, tudo correu bem durante o dia. Luana, que se tornou uma grande parceira, me contou que Pedro estava satisfeito com meus feitos no dia anterior. No entanto, os outros colegas estavam comentando algo sobre ele. Alguém — e eu tinha quase certeza de que era ela — havia espalhado sobre o que aconteceu no dia anterior, sobre Manuel aparecer para ver os gastos do pai. Vi que era preciso fazer uma reunião para acabar com o burburinho envolvendo o nome de Pedro. Como ele não estava lá, achei que seria o momento ideal.
Precisei da autorização dele, é claro. Quando liguei, ele pareceu meio desconfiado:
— Por que você quer convocar uma reunião?
— É para discutir melhorias — respondi, mantendo a calma. — Quando você chegar, passo a pauta completa.
Ele aprovou, e pedi para Luana chamar os outros funcionários para a sala de Pedro. Não demorou muito, e todos apareceram. Depois das formalidades iniciais, fui direto ao ponto:
— O motivo desta reunião é simples: quero que vocês parem de cochichar pelos cantos falando de Pedro. — Olhei nos olhos de cada um, deixando claro que não estava brincando. — Não sei bem como essa história chegou até vocês, mas quero esclarecer de uma vez por todas que houve um mal-entendido, que já foi resolvido ontem. Da mesma forma que provei com documentos e relatórios, posso mostrar a vocês, se necessário.
Fiz uma pausa, observando as reações. Ninguém disse nada, então continuei:
— Mas acho que não é preciso, porque Pedro tem uma equipe que ele considera parceira. E, aliás, agradeçam a ele. Pelo que entendi, o filho dele quer fazer mudanças, e cortes de funcionários estão na lista. Mas Pedro não aceitou.
A sala ficou em silêncio. Alguns trocaram olhares, outros baixaram a cabeça. Luana, sentada ao meu lado, deu um leve aceno de aprovação.
— Então, vamos focar no trabalho e deixar os boatos de lado. Se alguém tiver dúvidas ou preocupações, minha porta está aberta.
A reunião terminou ali. Enquanto todos saíam em silêncio, Luana ficou para trás e, anunciou que havia comprado as passagens para mim e para Manuel.
— Depois de amanhã, você e ele viajam cedo. O voo está marcado para 9h30 da manhã — disse, como quem já tinha tudo planejado.
A vontade que tive foi de celebrar, mas me contive e respondi para a Luana:
— Ah, que bom! Isso sim é uma boa notícia. — E agradeci.
Ela sorriu e disse que não foi nada. Quando ela saiu, não perdi tempo: mandei mensagem na hora tanto para o Anderson quanto para o Manuel.
— Passagem comprada para depois de amanhã, às nove e meia da manhã.
Só então voltei ao trabalho, mas agora com um peso a menos nas costas. E no decorrer do dia, fui recebendo fotos de Manuel com o pai num resort chamado Aldeia das Águas, que fica aqui na região. Eles pareciam bem felizes, curtindo uma piscina e aproveitando o dia. Fiquei contente em ver que estavam se reconectando.
À noite, combinei de encontrar Breno e Dinei no bar do Jefferson. Era bom estar com eles de novo, me trazendo uma sensação de saudade dos tempos de escola, quando não havia boletos para pagar nem preocupações com trabalho. Com a gente ali, Jefferson liberou o Gil para sentar com a gente, e assim passamos a fofocar e rir como antigamente.
Contei que Manuel tinha antecipado a vinda dele para analisar as contas da contabilidade. Falei também sobre a conversa que tive com Naldo, comentei que viajaria com Manuel para passar o Carnaval em Joinville e é claro falei que em breve eu estaria habilitada e motorizada. Todos riram.
Dinei, por sua vez, disse que cada dia que passa ele tem mais certeza de que está na hora de sair de casa e morar com Breno. Ele mencionou o vídeo que eu gravei e contou que até havia feito uma edição. Notei que ele ficou vermelho ao olhar para Breno, que completou:
— A gente postou o vídeo na internet, criamos um perfil num blog para maiores de 18 anos. Claro, nossos rostos não aparecem na filmagem. Já temos três postagens além desse vídeo e algumas dezenas de seguidores.
Fiquei surpreso. Achei revolucionário, pois jamais imaginei que o Dinei, tão fresco e reservado, aceitaria algo assim. Mas, pelo visto, ele estava adorando se exibir no anonimato.
Já o Gil disse que a vida dele continuava a mesma, mas contou que, depois de uma conversa com o Jefferson, eles decidiram que todas as folgas seriam dedicadas a curtir e conhecer lugares novos, mesmo que fosse aqui na região. O propósito era sair daquele ambiente de bar — afinal, ele morava logo atrás do estabelecimento. A verdade é que ainda não tinham colocado o plano em prática, mas na próxima folga eles começariam.
Ficamos ali conversando por um tempo, até que recebi uma mensagem de Manuel dizendo que estava voltando para minha casa. Então, resolvi ir embora para minha casa e recebê-lo.
Foi Pedro quem trouxe Manuel de carro. Antes de partir, ele resolveu entrar em casa. Depois de elogiar as mudanças que eu havia feito no lugar, ele quis saber o motivo pelo qual eu tinha convocado a reunião. Tentei argumentar que poderíamos falar sobre isso na empresa, mas ele insistiu. Então, expliquei que os funcionários estavam comentando sobre a visita de Manuel e o suposto desvio de dinheiro.
Pedro balançou a cabeça, olhou para Manuel e disse:
— Era só o que me faltava.
Mas eu garanti que a reunião que eu havia feito surtiria efeito e que já havia explicado a todos que aquilo era uma inverdade. Pedro agradeceu e saiu satisfeito.
Manuel me contou sobre como foi o dia com o pai e confessou estar cansado. Mesmo assim, antes de dormir, tomamos um banho juntos, onde mais uma vez fodemos.
Um dia antes da viagem, eu estava eufórico e ansioso. Após o trabalho, passei na casa dos meus pais para conversar sobre a viagem. Eles me deram várias recomendações — aquelas coisas típicas de pais preocupados. Decidi ligar para minha tia para avisar que iria para Joinville. Ela me contou que o Anderson ligava para ela uma vez por semana, geralmente quando estava voltando do trabalho para casa. Prometi que, assim que chegasse ao destino, faria uma videochamada para ela.
À noite, comecei a organizar minha mala. Estava tão nervoso que mal conseguia me concentrar. O Manuel, percebendo minha agitação, me convidou para lanchar na rua. Aceitei, e fomos comer um x-tudo, o que ajudou a distrair minha mente um pouco.
A ansiedade era tanta que decidi dormir mais cedo — claro, depois de fechar com chave de ouro a temporada do Manuel em Volta Redonda, transando gostoso.
Quando chegou o dia da viagem, não foi preciso que ninguém nos levasse ao aeroporto. Pedro estaria na contabilidade, e meu pai, por mais que insistisse em nos levar, tinha seus próprios afazeres. Eu não quis incomodá-lo, então optamos por ir de ônibus até o Rio de Janeiro e, de lá, embarcar em um voo rumo a Joinville.
Eu ainda ficava nervoso com viagens de avião, mas Manuel, mais acostumado, parecia completamente à vontade. Ele até conseguiu dormir durante o voo, enquanto eu ficava ali, olhando pela janela, tentando me distrair com as nuvens e a paisagem lá embaixo.
Era por volta de meio-dia quando finalmente pousamos em solo joinhense, e meu coração começou a bater cada vez mais forte. A ansiedade de ver Anderson depois de tanto tempo era quase palpável. Assim que desembarcamos e pegamos nossas malas, avistei ele à distância. Anderson veio caminhando em nossa direção, com um sorriso que parecia iluminar todo o aeroporto.
— Renato! — ele chamou, abrindo os braços.
Eu não pensei duas vezes. Corri em sua direção e nos abraçamos com uma força que só quem sentiu saudade sabe explicar. Ele me apertou tão forte que quase me tirou o fôlego, sussurrando no meu ouvido:
— Que bom que você veio. Tava com saudade, cara.
O abraço durou minutos, como se o tempo tivesse parado só para aquele momento. Quando finalmente nos soltamos, ele se virou para Manuel, abraçando-o também com a mesma intensidade.
— E aí, como foi a viagem? — perguntou, com um sorriso ainda estampado no rosto.
— De boa — respondeu Manuel, relaxado como sempre. — O Renato aqui é que ficou nervosinho o voo inteiro.
Anderson riu, dando uma leve cotovelada em mim.
— Tá precisando viajar mais, hein?
Sorri de volta, pensando que, se dependesse de mim, eu viajaria toda semana só para tê-lo por perto.
Antes de irmos para a casa, Anderson, que estava com o carro de Manuel, sugeriu:
— Vamos parar num restaurante antes. Tô com fome, e acho que vocês também estão.
Concordei, e logo estávamos sentados em um restaurante aconchegante, com um clima tranquilo que contrastava com a tensão dos últimos dias. Anderson pediu um refri, e eu e Manuel seguimos o exemplo. Enquanto esperávamos a comida, a conversa fluiu naturalmente, e Anderson aproveitou para saber detalhes sobre a curta temporada Manuel em Volta Redonda.
A comida chegou, e por um momento, o silêncio tomou conta da mesa enquanto nos concentramos nos pratos. Foi Anderson quem quebrou o silêncio novamente:
— Olha, eu sei que a gente tá aqui pra curtir o Carnaval, pra sair e se divertir — começou ele, a voz calma, mas firme. — Mas também queria aproveitar que nós três estamos juntos, coisa que é rara, pra conversar sobre algumas coisas. Acho que é hora de redefinir alguns pontos na nossa relação, mudar o que não tá funcionando.
Manuel olhou para ele, apreensivo, mas acabou concordando com um aceno de cabeça.
Eu, por outro lado, fui além. A curiosidade bateu forte, e não consegui me segurar:
— Que pontos são esses, Anderson?
Ele olhou para mim, com um sorriso meio cúmplice, meio enigmático.
— Essa conversa não vai acontecer aqui, Renato. Não em uma mesa de restaurante, e tão pouco no primeiro dia da sua visita.
Fiquei intrigado, mas respeitei a decisão dele. Manuel, ao meu lado, parecia aliviado por não ter que encarar aquele assunto naquele momento.
— Então vamos focar no que importa agora — Anderson continuou, pegando o copo de refri e erguendo-o. — Ao Carnaval, à gente e ao que vem pela frente.
Após o brindarmos, Anderson pediu a conta e fez questão de pagar nosso almoço.
Do restaurante fomos direto para a casa onde eles estavam morando. Assim que fechamos a porta, Anderson veio para cima de mim, me beijando com uma intensidade que me deixou sem ar. Era surreal estar nos braços dele novamente — aquele cheiro familiar, aquela pegada firme, aquele beijo que era único, só dele. Logo, Anderson puxou Manuel, que se juntou a nós, e por alguns minutos, o mundo se resumiu aos três, em um abraço que parecia durar uma eternidade.
Quando finalmente paramos de nos pegar, fomos para a cozinha comer um lanche que Anderson tinha deixado preparado. Eu ainda estava bobo, completamente maravilhado por estar ali. Anderson percebeu e, com um sorriso safado, disse:
— Fala alguma coisa, Renato. Tá parecendo um robô desligado.
Eu me desculpei, rindo baixo.
— É que eu contei os milésimos de segundo pra estar aqui. Não consigo acreditar que finalmente deu certo.
Ele sorriu, satisfeito, e olhou para Manuel.
— Nós também não víamos a hora desse momento.
Depois do lanche, fomos para a sala, ligamos a TV, e eu aproveitei para mandar uma mensagem para meus pais, avisando que tinha chegado bem. Enquanto isso, Manuel decidiu tomar outro banho, deixando Anderson e eu sozinhos por alguns instantes.
Foi quando Anderson tirou o celular do bolso e tirou uma selfie nossa. Ele colocou no status com a legenda: "Ele chegou…". Logo depois, se aproximou de mim, e nos entregamos a um beijo que parecia incendiar o ambiente. Era incrível como meu primo me deixava tão aceso de tesão. O toque dele já era o suficiente para me incendiar, mas quando ele começou a me beijar, seguido de mordidas suaves nos meus lábios, senti arrepios percorrerem todo o meu corpo.
Ele então levou minha mão até o seu pau, que já estava rígido como pedra, e se sentou no sofá, abrindo as pernas. Eu me ajoelhei entre elas, olhando para seus olhos que acompanhavam cada movimento meu com uma intensidade que só aumentava o meu desejo. Mordi meus lábios, sentindo a ansiedade crescer, e desabotoei sua calça jeans. Abri o zíper devagar, puxei a cueca para baixo, e sua pica saltou, já completamente dura e pronta para mim.
Eu não pensei duas vezes. Caí de boca, sem cerimônia, sentindo o gosto que eu tinha passado meses sem experimentar. Suguei com vontade, cada centímetro dele, deslizando minha boca para cima e para baixo, arrancando gemidos baixos e profundos de Anderson.
Quando cheguei nas bolas, ele segurou minha cabeça com firmeza, indicando que queria que eu continuasse ali. Usei a língua, lambendo e explorando cada centímetro, deixando suas bolas completamente molhadas. Ele gemia mais alto agora, os dedos se enrolando no meu cabelo, puxando-me com uma mistura de carinho e agressividade que só aumentava o meu tesão.
— Porra, Renato… — ele gemeu, com a voz cheia de desejo. — Você não faz ideia do quanto eu senti falta dessa boquinha.
Eu não respondi com palavras. Em vez disso, voltei a chupá-lo com ainda mais intensidade, sabendo que ele estava completamente nas minhas mãos — ou melhor, na minha boca.
Quando Manuel entrou na sala, ainda com o cabelo úmido do banho, seus olhos escureceram ao ver a cena.
— Que vista boa… — ele disse, a voz rouca de desejo, enquanto tirava a toalha vindo em nossa direção.
Anderson não perdeu tempo:
— Aproveita e cai de boca também. Ele tá precisando de atenção.
Manuel se ajoelhou ao meu lado, e logo nossas bocas se alternavam no pau dele, sincronizadas como se tivéssemos ensaiado. Anderson segurava nossas cabeças, gemendo mais alto a cada vez que um de nós sugava mais fundo ou lambia as bolas.
— Porra, vocês dois juntos…— ele resmungou, a voz trêmula, enquanto eu sentia Manuel se esfregar em mim, o calor do corpo dele colado no meu.
Foi quando me levantei, passando a mão no pau duro que pulsava sob a roupa.
— Vou tomar um banho, já volto.
Anderson acenou com a cabeça, os olhos semi-fechados de prazer, mas não soltou Manuel.
— Volta logo. E preparado. Quero meter gostoso em você.
Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, os sons do quarto invadiam o banheiro: tapas firmes, gemidos abafados de Manuel e a voz áspera de Anderson provocando:
— Toma, seu filho da puta… Ah, gosta assim, safado?
Era impossível não ficar ainda mais excitado. Saí do banho com o pau latejando, as gotas d’água escorrendo pelas coxas. Anderson, percebendo meu estado, deu um tapão na bunda de Manuel, que estava de quatro no sofá, e ordenou:
— Para de gemer e vai mamar ele. Quero ver você engolir até as bolas.
Me aproximei de Manuel que obedeceu, os olhos vidrados no meu pau. Quando sua boca quente me envolveu, soltei um gemido contido. Era delicioso — sentir ele me mamando enquanto ainda gemia e respirava ofegante.
Depois de muito meter em Manuel, Anderson, já todo suado, o jogou de lado no sofá e me chamou com um olhar que não deixava dúvidas do que ele queria.
— Vem cá, primo gostoso. Vou te dar as minhas boas-vindas.
Nos beijamos novamente, e dessa vez foi ainda mais intenso. Seus lábios eram como fogo, e suas mãos exploravam meu corpo com uma urgência que só aumentava meu tesão. Ele então me virou de costas, e sua língua começou a descer, percorrendo meu pescoço, minhas costas, até chegar na minha bunda.
Sabendo exatamente o que ele queria, apoiei-me no sofá, empinando a bunda para ele. Anderson não perdeu tempo. Sua boca e língua começaram a explorar meu traseiro, provocando suspiros e gemidos.
— Porra, Anderson… — eu gemi, perdendo o controle, enquanto ele continuava a me provocar com a língua.
Olhei para o lado e vi Manuel nos assistindo, batendo uma punheta enquanto observava cada movimento nosso. Seus olhos estavam vidrados em mim, e eu sabia que ele estava tão excitado quanto eu.
— Vem cá, Manuel. Deixa eu te chupar… — eu disse, puxando ele para perto de mim.
Anderson parou de fazer o que estava fazendo e olhou para nós dois com um sorriso malicioso.
— Caralho, é impressão minha ou o meu primo tá mais safado do que nunca?
Eu olhei para trás, ainda com a bunda empinada, e ao vê-lo se deliciando no meu rabo, respondi:
— Estou faminto por pica, Anderson. Precisava disso!
Voltei a mamar Manuel, sentindo o gosto familiar dele na minha boca, enquanto Anderson continuava a beijar minha bunda e usar seus dedos em mim, num ritmo que me deixava louco de tesão.
Anderson então se levantou e pediu:
— Empina mais essa bunda, Renato. Vou te dar o que você tanto quer.
Eu obedeci, e ele segurou minha cintura com firmeza, penetrando em mim devagar, mas com uma intensidade que me fez gemer alto. Por um momento, olhei para trás, querendo ver aquele homem me comendo, e ele percebeu.
— Tá gostoso, primo? — ele perguntou, com um tom provocador.
Balancei a cabeça, afirmando, e ele começou a meter mais forte, cada socada me levando ao limite. Manuel, que ainda estava na minha frente, me puxou para chupá-lo de novo, dizendo para Anderson:
— Dá pica pra ele, Anderson. Dá o que ele tanto quer.
E assim Anderson foi metendo, enquanto eu gemia gostoso, alternando entre chupar Manuel e sentir o pau do meu primo me penetrando. Anderson às vezes acariciava minha bunda, outras dava tapas firmes, me deixando ainda mais excitado.
Depois de um tempo, Anderson sentou no sofá e me fez subir em cima dele. Cavalgar naquela pica era um tesão indescritível, e eu ainda me masturbava, aumentando ainda mais o prazer. Manuel se colocou na nossa frente e começou a me chupar, o que me levou à loucura. Gozei na boca dele, que, sob o comando de Anderson, engoliu tudo sem hesitar.
Exausto, me deitei no sofá, de frente para Anderson, que afastou minhas pernas e penetrou em mim de novo, segurando minhas coxas com força. Ele me fodia como um animal, e eu estava completamente entregue, pedindo mais a cada socada. Ele me pegou no colo, me colocou contra a parede e me penetrou novamente, minhas pernas envolvendo seu corpo. Foi ali que ele chegou ao êxtase, tirando o pau rapidamente para gozar leite quente em mim. Manuel, que estava assistindo tudo, gozou na minha cara, completando o momento.
Depois de toda essa loucura, fomos os três para o mesmo banheiro — embora a casa tivesse mais um —, onde nos limpamos da luxúria que havia transbordado entre nós. No banho, Anderson comenta comigo que a distância acabou ajudando em algo. Curioso, pergunto em quê, e ele responde:
— É que eu te notei mais soltinho, mais safado... Vai ver que você realmente estava faminto.
Não neguei e ainda completei:
— Quando eu falei que tô necessitado, é porque estou mesmo.
Manuel riu e rebateu:
— Ah, mas você não pode reclamar, hein? Você tá levando pica desde que fui pra Volta Redonda.
— Sim, é verdade — confirmei. — Mas nada comparado ao tempo que fiquei sem sexo.
Ao sair do banheiro, ainda enrolado na toalha, Anderson me dá um tapa na bunda, ri e solta:
— Vou apagar esse fogo direitinho por esses dias.
Mais tarde daquela noite, recebi uma ligação de César. Ele estava animado ao saber que eu estava na cidade e perguntou quando a gente ia se ver. Olhei para Anderson e Manuel, sem saber o que responder, e Anderson, percebendo minha hesitação, sussurrou:
— Fala pra ele que amanhã a gente vai dar um rolê no bloco lá na praça da Bandeira.
Após eu informar a César que estaríamos no bloco, ele disse que nós veríamos lá, que não via a hora da gente ferver.
Assim que desliguei, Anderson aproveitou o clima tranquilo para abrir o coração.
— Renato, você acha que o pedido da minha mãe foi sincero? — ele perguntou, a voz carregada de dúvida. — Não quero me decepcionar de novo.
Parei por um momento, olhando nos olhos dele.
— Nunca vi sua mãe daquele jeito. As palavras dela pareciam verdadeiras, cheias de arrependimento. Mas, na dúvida, siga o que você mesmo disse que faria: dê um passo de cada vez. E faça o que aconselhei a ela: siga o coração.
Ele acenou com a cabeça, parecendo um pouco mais aliviado.
Completei dizendo que tinha falado com minha tia, e ela me deixou a par dos contatos dele. Sugeri que, caso ele quisesse, poderíamos ligar para a mãe dele. Desta vez, diferente do Ano Novo, eu estaria ao lado dele.
Anderson parecia mais aberto para isso, tanto que me disse que ligaria outro dia pois já estava tarde.
Manuel deu a ideia de assistirmos a um filme de terror, um filme que ele estava querendo ver, tinha estava no catálogo de lançamento. Eu e Anderson decidimos assistir junto com Manuel, porém Manuel apagou no meio do filme, e eu e Anderson aproveitamos para namorar um pouco antes de dormir.
Na manhã seguinte, acordei com Manuel ligando o som e cantando em alto e bom som. Olhei para Anderson, tentando entender o motivo de tanta animação, e ele, com um sorriso debochado, explicou:
— Ele levou muito no cu hoje de manhã. Mas, na real, tem dias que ele acorda assim, cheio de energia. É raro, mas acontece.
Me levantei, escovei os dentes e encontrei Manuel no corredor. Ele me puxou e me deu um beijo de bom dia, com um sorriso que parecia iluminar o dia.
— Qual é o motivo de tanta alegria? — perguntei, curioso.
— Estou animado para ir para o bloco hoje! — ele respondeu.
Anderson então pediu a chave do carro de Manuel emprestado, dizendo que ia me levar para dar um rolê pela cidade. Manuel nem reclamou, muito menos questionou, apenas entregou as chaves com um sorriso.
Quando entramos no carro, Anderson me revelou o destino:
— Vou te levar para o lugar onde vou me mudar.
Fiquei surpreso.
— Tem certeza de que este é o momento certo para fazer isso? O Manel não vai gostar nada. — Falei, encarando Anderson.
Ele respirou fundo antes de responder.
— Eu sei. Ele não vai gostar. Vai fazer aquele show todo. Mas… é preciso.
Houve uma pausa, e ele continuou, com a voz firme, mas carregada de algo que parecia alívio e exaustão ao mesmo tempo.
— Se eu estou fazendo isso, é porque pensei muito antes de decidir. Vai ser melhor assim.
Chegando lá, vi que era um espaço simples, com entrada individual, espaçosa.
— Gostou? — ele perguntou, observando minha reação.
— Até que é grande, considerando que só você vai morar aqui— respondi, sincero.
Ele me abraçou, agradecendo pelo apoio, e então me contou o motivo por trás da decisão:
— Pode parecer loucura, mas tudo isso tem um porquê.
Anderson olhou ao redor, como se já pudesse visualizar a nova vida que estava prestes a começar. A kitnet que encontrou era simples, tinha apenas um colchão ainda embalado no plástico. Talvez tivesse que viver à base de lanches por um tempo, mas, com o tempo, iria ajeitar tudo. Sua prioridade seria o fogão, a geladeira e a cama, os primeiros passos para transformar aquele espaço em um lar.
Quando voltamos para a casa de Manuel, ele ainda estava ouvindo música — dessa vez, um axé que combinava com o clima de Carnaval. Ele veio até a gente sambando, com um sorriso largo no rosto, e disse:
— Vamos animar, gente!
Resolvi interagir com Manuel, entrando na brincadeira e sambando junto com ele. Anderson ficou nos observando, com um sorriso debochado no rosto, e não perdeu a chance de comentar:
— Vocês são uma figura, hein?
Manuel estava tão animado que até sugeriu alugar fantasias para ir à praça.
— Vamos caprichar, gente! Carnaval é pra isso!
Anderson, no entanto, achou um exagero.
— Fantasia? Tá maluco? Vamos com uma roupa leve mesmo, só pra curtir.
Dessa vez, foi Manuel quem preparou o almoço, algo mais leve, já que dentro de algumas horas iríamos para o bloco. Enquanto ele cozinhava, aproveitei para mandar uma mensagem para minha mãe, dizendo que estava tudo bem por aqui. Também entrei no grupo de amigos e vi que eles estavam juntos em Pinheiral, uma cidade da região onde o Carnaval é bastante animado. Achei maneiro essa proximidade e até senti uma pontinha de saudade.
Pouco depois, recebi uma mensagem no privado de Dinei, com um link que me levou ao blog dele. Lá, havia vídeos dele com Breno, os dois super à vontade, explorando a intimidade deles. Fiquei bobo com o que vi e, depois de pedir autorização a Dinei, mostrei para Anderson.
— Breno manda bem, hein? — ele comentou, aprovando o conteúdo.
Manuel, ao ver o vídeo, não conseguiu se segurar:
— Não me surpreenderia se o Dinei abrisse uma conta em um site de conteúdo adulto, revelando a identidade dele e ganhando dinheiro.
Achei o comentário dele pesado, mas decidi não entrar no assunto.
Quando estávamos nos arrumando para o bloco, Anderson disse que ia de regata, mas que a deixaria no carro. No final, todos nós fomos de bermuda e tênis.
— A gente tem um corpo legal, quero exibir — ele brincou, dando uma olhada no espelho.
Passei as mãos sobre o peito dele, deslizando lentamente até o abdômen, e disse com um sorriso:
— Tá querendo exibir esse corpo, é?
Ele me abraçou, segurando minha cintura com firmeza, e respondeu em um tom baixo e provocante:
— O povo pode até olhar, mas só você e Manuel têm acesso a esse corpo.
Manuel se juntou ao abraço e, com um tom firme e protetor, logo disse:
— Ninguém é louco de fazer graça com vocês não. Aí de quem meter o louco, não me responsabilizo. Tô falando sério.
Diante disso, entramos no carro e partimos rumo à Praça da Bandeira.
No caminho, Manuel ligou para César, dizendo que estávamos a caminho. Depois de definir um ponto de encontro, Anderson pediu para Manuel perguntar se a galera toda estava lá.
— Sim, todo mundo já chegou — respondeu César do outro lado da linha.
Foi difícil encontrar uma vaga para estacionar, mas depois de muito rodar, Anderson sugeriu:
— Melhor estacionar em estacionamento particular, Manuel. É mais seguro.
Manuel concordou e, ao sairmos do carro, nos deu um sermão:
— Gente, vamos nos comportar, hein?
Anderson, sempre pronto para uma provocação, respondeu na mesma moeda:
— Te digo o mesmo, Manuel.
E assim, seguimos para o bloco, prontos para curtir o Carnaval e deixar os problemas de lado, pelo menos por algumas horas.
Quando chegamos ao ponto de encontro definido por César, ele veio todo animado me cumprimentar.
— Renato, cara! Que bom que você veio! — ele disse, abraçando-me com um sorrisão no rosto.
Depois de cumprimentar Anderson e Manuel, César me puxou pelo braço e começou a me apresentar a todo mundo que estava ali com ele.
— Gente, esse é o Renato, o amor de nossos amigos!
Eu sorri, tentando memorizar os rostos e os nomes, mas no primeiro momento, tudo foi um pouco confuso. No total, eram três mulheres e quatro homens, além de nós três, totalizando dez pessoas. César foi apresentando um por um, mas os nomes pareciam se misturar na minha cabeça.
— Essa é a Talita, o Thiago, o Lucas, o Souza… — ele ia falando, e eu acenava com a cabeça, tentando ser educado, mas sabendo que só iria me lembrar de tudo depois de algumas horas.
Um dos caras, o Lucas, pareceu mais interessado em puxar conversa.
— Então você é o famoso Renato que o Manuel sempre fala? — ele perguntou, com um sorriso provocativo.
— Depende, ele fala bem ou mal de mim? — brinquei, ganhando uma risada dele.
Enquanto isso, Anderson e Manuel já estavam se enturmando. Eles já conheciam a galera e pareciam bem mais à vontade do que eu. Anderson, especialmente, ria alto com Thiago, trocando histórias que eu nem sabia que existiam.
O grupo todo começou a se mover, e eu me vi no meio de uma multidão animada, com música alta, confete no ar e todo mundo dançando. Anderson apareceu ao meu lado, com um copo de cerveja na mão.
— Tá curtindo?
— Claro — respondi, rindo. — Mas ainda tô tentando decorar os nomes de todo mundo.
— Relaxa — ele disse, dando um gole na cerveja. — No Carnaval, ninguém lembra de nome mesmo. É só curtir.
O clima do bloco era de pura alegria e respeito. A música alta, os sorrisos e a energia contagiante faziam com que todo mundo se sentisse parte de algo maior. Anderson, só dançava comigo e com Manuel, como se quisesse manter um círculo íntimo ali no meio da multidão.
Já Manuel estava mais solto, interagindo com todo mundo. Ele dançava e brincava com todos
Depois de um tempo, Anderson se inclinou para perto do meu ouvido e sussurrou:
— Aquele de camisa vermelha é o Lucas. O que eu te falei que não vou muito com a cara dele.
Olhei na direção que Anderson indicou e vi o tal Lucas, homem alto, com uma presença que se destaca naturalmente. Seus cabelos curtos, de um tom loiro escuro, complementam seus traços bem definidos. Seu olhar era enigmático, e sua postura sugere alguém seguro de si. Ele nos olhou por um instante, mas logo desviou o olhar, como se tivesse percebido que estávamos falando dele.
— Ele parece de boa — comentei, tentando aliviar a tensão.
Anderson fez uma careta.
— Meu santo não bateu com o dele.
Fiquei curioso, mas Anderson não deu muitos detalhes. Ele apenas continuou dançando ao meu lado, de vez em quando lançando olhares desconfiados na direção de Lucas.
Enquanto isso, Manuel parecia completamente alheio àquela tensão. Ele estava no seu mundo, dançando e rindo com todo mundo.
Anderson então me puxou para dançar mais perto dele, como se quisesse garantir que eu não me afastasse muito.
— Vamos curtir, Renato. A gente veio aqui para isso.
No início, eu e Anderson começamos a dançar timidamente, trocando olhares descontraídos e sorrisos. Mas, aos poucos, fui me soltando, deixando a música tomar conta do meu corpo. Anderson, vendo minha animação, não perdeu a chance e desceu no chão atrás de mim.
Manuel, decidiu entrar na brincadeira. Ele se aproximou dançando, mas era visível que dançar não era exatamente o seu forte. Sem malemolência, ele fazia dança de um jeito único, duro, mas cheio de dedicação. A peculiaridade dele só aumentava a diversão, e eu não resisti: dei uma gingada provocante na direção dele, que riu e tentou acompanhar, mesmo sem muito ritmo.
Alguns amigos deles, animados com o clima, também entraram na dança. Mas foi César quem se juntou a mim e a Manuel, dançando com uma desenvoltura que combinou perfeitamente com a nossa animação.
As horas iam passando ao ritmo das batidas das músicas, e o clima do bloco só aumentava. Carnaval sempre foi sinônimo de pegação, e ali não seria diferente. O povo do nosso grupo tratou de aproveitar, e não demorou para que algumas pessoas chegassem até eles pedindo beijos. Alguns conseguiram, outros não.
Em um momento que me surpreendeu, Anderson se virou para mim e me deu um beijão de língua, intenso e cheio de tesão. Ficamos ali, nos curtindo, nos beijando, como se o mundo ao redor não existisse. Pouco depois, Manuel veio até Anderson e também o beijou, com a mesma intensidade. E assim, nós três ficamos ali, curtindo o Carnaval, dançando e nos entregando à festa, como deve ser.
Como de costume, a gente tinha combinado de revezar para comprar cerveja. Quando um ia, geralmente já trazia para os outros também, e isso funcionava bem. Entre idas e vindas, chegou a vez de Anderson ir comprar, e eu decidi acompanhá-lo. A fila estava grande, afinal, com uma quantidade considerável de gente querendo cerveja ao mesmo tempo, e acabamos demorando um pouco.
Na volta, passamos por um banheiro químico, e eu não resisti: precisava dar uma parada rápida. Anderson achou aquilo uma bobeira. Pra ele, era só ir em um cantinho e fazer as coisas ao ar livre, como muita gente fazia no meio da folia. Mas eu não conseguia. Precisava de um mínimo de privacidade, mesmo que fosse naquele banheiro improvisado. Ele riu da minha "frescura", mas esperou de boa.
Quando finalmente chegamos de volta ao grupo, Anderson deparou-se com uma cena que o deixou visivelmente indignado: Manuel estava dançando com Lucas.
O semblante de Anderson mudou instantaneamente, seu rosto se fechou em uma expressão carregada de descontentamento, e eu pude ver claramente a tensão nos olhos dele, que não disfarçavam a irritação.
Manuel, que até então não tinha percebido que eu e Anderson havíamos retornado, continuava dançando com Lucas, completamente alheio à nossa presença. Ele só parou quando César, percebendo a tensão que estava prestes a se formar, decidiu se jogar entre os dois, numa tentativa clara de amenizar a situação. Com uma risada solta e um jeito descontraído, César começou a dançar junto, quebrando o ritmo daquela interação que, aparentemente, incomodava tanto Anderson.
Foi só nesse momento que Manuel percebeu que estávamos de volta. Ele olhou para nós, especialmente para Anderson, e deve ter notado a expressão fechada e a tensão no olhar dele. Apesar de César ter tentado aliviar o clima, a reação de Anderson deixou claro que aquela cena não tinha passado despercebida — e muito menos aprovada.
Quando Manuel finalmente se aproximou de nós, Anderson não perdeu a oportunidade de deixar claro o quanto aquela situação o havia incomodado. Com um tom firme, mas contido, ele disse:
— Acho melhor você ficar aqui com a gente — e, após uma breve pausa, completou: — Porque tá ultrapassando o limite.
Manuel olhou para ele, surpreso com a firmeza nas palavras de Anderson, mas este continuou, sem hesitar:
— É aquilo, quem não sabe brincar, curtir o Carnaval, é melhor a gente ir embora. Ou eu e Renato vamos aproveitar a festa em outro canto.
Anderson ainda acrescentou, com um tom mais grave, deixando transparecer toda a sua indignação:
— Só não caí pra cima do Lucas e de você porque não quero estragar a festa dos outros. Mas não pense que isso passou batido.
A fala de Anderson deixou claro o quanto ele estava incomodado com a situação.
Manuel não respondeu nada de imediato, pois sabia que Anderson não gostava de Lucas. Ele não entendia completamente o motivo, mas percebeu que havia "dado mole" ao se envolver naquela situação. Depois de um breve silêncio, ele finalmente concordou, dizendo:
— Tá bom, eu vou ficar aqui com vocês.
Ele então me olhou e sussurrou, como se tentasse se justificar sem provocar mais conflito:
— Gente, eu só estava dançando.
E, num tom mais baixo ainda, acrescentei, como se ele precisasse ser lembrado:
— Com o cara que Anderson não vai com a cara, lembra?
E assim, Manuel permaneceu conosco pelo resto da festa. Apesar do clima tenso, continuamos a curtir o Carnaval, interagindo com todo mundo, mas a interação com Lucas foi mantida ao mínimo. Ele parecia entender a situação e respeitou o espaço de Anderson, mantendo uma certa distância.
Em um momento da festa, César se ofereceu para ir buscar mais cerveja, e eu decidi acompanhá-lo. Aproveitei a oportunidade para perguntar sobre Lucas, já que César parecia entender melhor a dinâmica entre eles.
— César, você sabe por que o Anderson não vai com a cara do Lucas? — perguntei, curioso.
César deu uma risada, como se já esperasse a pergunta.
— Isso é coisa da cabeça do Anderson, Renato. Lucas é um palhaço, assim como o Manuel, e parece que o Anderson não gosta dessa amizade e aproximação.
Ele fez uma pausa, olhando para mim com um ar de quem sabia mais do que estava dizendo.
— Lucas sabe da situação e por isso prefere ficar longe, mais afastado dele em qualquer evento.
Fiquei pensativo com a resposta, mas decidi não pressionar mais. Voltei para o grupo e entreguei as cervejas para Anderson e Manuel.
César veio conversar conosco enquanto dançávamos, e em um momento de pausa, ele perguntou:
— Até quando você fica na cidade, Renato?
— Pretendo ficar uma semana — respondi, aproveitando para dar um gole na minha cerveja.
César sorriu, animado.
— Dá pra gente fazer algo até lá, então.
Anderson, que estava ao meu lado, interveio com uma sugestão:
— Que tal um churrasco na casa do Manuel? — Ele então olhou para César e acrescentou: — Mas não comenta com os outros, hein? Só você tá convidado, porque é o único ali que o Renato conhece.
César concordou na hora.
— Beleza, é só mandar o horário e o que é pra levar.
Anderson respondeu, já decidido:
— Aparece lá depois de amanhã, às 16 horas, e traz a bebida. O resto a gente resolve.
Depois disso, resolvemos ir embora. Nos despedimos de todo mundo e entramos no carro. Na volta, começamos a comentar sobre os pontos altos do bloco, tentando manter o clima leve. Manuel, forçando uma animação, foi o primeiro a falar:
— Gente, que bloco incrível, né? Fazia tempo que eu não me divertia tanto!
Anderson, sentado ao lado dele no banco da frente, não perdeu a chance de cutucar, com um tom claramente irritado:
— É, foi bom mesmo. Tirando a parte de você se esfregar no Lucas, claro.
Manuel revirou os olhos, tentando manter a calma, mas já se defendendo:
— Anderson, eu já te falei que o Lucas é um amigo. Você vê maldade onde não tem.
Anderson apertou os dedos no volante, a voz mais firme e cortante:
— Amigo? Só foi eu sair pra comprar cerveja, e você já tava lá, colado nele. Não me vem com essa.
Manuel suspirou, claramente frustrado, e começou a se justificar, levantando a voz um pouco:
— Eu não tava "colado", Anderson. A gente tava dançando, é Carnaval! Todo mundo dança com todo mundo. Não tem nada demais nisso.
Anderson olhou para ele de lado, com os olhos estreitos, a irritação estampada no rosto:
— Porque você fica tão na defensiva quando eu falo dele, hein? Se não tem nada demais, por que você não para de dar corda?
Manuel balançou a cabeça, exasperado, e continuou argumentando:
— Porque você tá criando problema onde não tem! Eu não fiz nada de errado, Anderson. Não dancei só com ele, dancei com todo mundo. Você tá exagerando.
Eu, sentado no banco de trás, tentei intervir, tentando aliviar o clima pesado que se instalou no carro:
— Gente, vamos parar. Foi um dia incrível, não vamos estragar tudo agora. Cada um tem seu jeito de curtir, vamos deixar pra lá.
Anderson não respondeu, mas continuou com o olhar fixo na estrada, a tensão ainda visível em seu rosto. Manuel cruzou os braços e olhou pela janela, claramente incomodado com a situação.
Anderson me chamou para tomar banho, mas, ao olhar para Manuel, disse com um tom firme:
— Você vai tomar banho na suíte. Aproveita e deita depois.
Manuel tentou argumentar, implorando para que Anderson tirasse aquilo da cabeça. Sua voz tremia, e era claro que ele estava desesperado.
Mas Anderson apenas respondeu com frieza:
— Some da minha frente. Não estou com paciência para conversar agora. Você sabe que, em outros tempos, eu teria descontado minha raiva em você. Mas hoje, acho que nem isso você merece.
— Anderson... — tentei intervir, vendo Manuel começar a chorar baixinho.
Meu primo me cortou com um olhar severo:
— Não se mete! Eu sei o que estou fazendo.
— Vaza, Manuel! — gritou Anderson, e Manuel, cabisbaixo, foi para o seu quarto.
Manuel acenou com a cabeça, ainda visivelmente abalado, deixando eu e Anderson sozinhos. Assim que ele entrou no quarto e a porta se fechou, Anderson se virou para mim, os olhos ainda carregados de uma tensão. Ele me puxou para um beijo, intenso e cheio de desejo, como se precisasse daquilo para se acalmar.
Nós namoramos por um tempo, totalmente entregues ao carinhos e afeto, até que Anderson finalmente se afastou, respirando fundo.
— Eu tenho minhas inseguranças, Renato — ele admitiu, a voz mais suave agora. — E tenho meus motivos pra estar assim.
Eu olhei para ele, tentando entender, mas ele não deu muitos detalhes. Em vez disso, puxou-me para outro beijo, mais devagar dessa vez, como se quisesse se certificar de que eu ainda estava ali com ele.
Por um momento, achei que a gente ia transar ali mesmo, mas Anderson parecia ter outros planos. Ele notou minha frustração e sorriu, os olhos brilhando com uma promessa.
— Calma, Renato. Teremos nosso momento.
Anderson se levantou e, olhando para mim, disse:
— Tô com uma fome daquelas. Vamos fazer um lanche?
Aceitei o convite e fui ajudá-lo na cozinha. Enquanto preparávamos os lanches, Anderson fez questão de incluir um para Manuel. Mesmo estando irritado com ele, sabíamos que estávamos na casa de Manuel e não podíamos ignorá-lo por completo.
— Leva esse lanche pra ele lá — disse Anderson, passando um prato para mim. — E fala que eu tô chamando ele pra ver o desfile na TV com a gente.
Peguei o lanche e um refrigerante, levando tudo até o quarto de Manuel. Ele estava sentado na cama, cabisbaixo, mas pareceu se animar um pouco ao me ver.
— Obrigado, Renato — disse ele, pegando o lanche.
Aproveitando a oportunidade, Manuel me fez uma pergunta que parecia estar pesando em sua mente:
— Você também acha que eu passei do ponto? Acha que, ao dançar com o Lucas, eu desrespeitei o Anderson?
Sentei na cama ao lado dele, escolhendo as palavras com cuidado.
— Não, Manuel. Eu não acho que você desrespeitou ele de propósito. Mas, num relacionamento, a gente tem que entender o lado do outro. Certas coisas, mesmo que pareçam inocentes, podem magoar. E, sabendo que o Anderson não gosta do Lucas, era melhor evitar qualquer atrito que pudesse dar a entender outra coisa.
Manuel pareceu refletir por um momento, mas logo revidou:
— Eu entendo, mas se ele não gosta do Lucas, é problema dele. Agora, eu ter que mudar minha relação com o Lucas por causa disso… é muita sacanagem.
Suspirei, tentando explicar de outra forma:
— Manuel, a gente tá num relacionamento. Às vezes, a gente tem que abrir mão de certas coisas. Não é pra você virar um antisocial ou se excluir dos seus amigos, mas é preciso botar na balança e ver o que realmente vale a pena.
Ele ficou em silêncio por um momento, mas acabou pedindo:
— Me dá um abraço, Renato.
Fui até a cama, deitei ao lado dele e o abracei, sentindo o corpo dele relaxar contra o meu. Ele sussurrou, a voz quase imperceptível:
— Obrigado. Obrigado por estar aqui.
O abraço deu espaço para um beijo, e ali nos pegamos, curtindo os carinhos um no outro. Até que ouvimos Anderson gritar da sala:
— Gente, o desfile das escolas de samba tá quase começando! Vamos pra sala!
Olhei para Manuel, que ainda estava deitado na cama, e perguntei:
— Vamos?
Mas ele balançou a cabeça, com um sorriso cansado.
— Não, Renato. Prefiro ficar aqui no quarto. Tô cansado.
Notando minha preocupação, ele tentou me tranquilizar:
— Vou ficar bem, pode ir lá.
Relutantemente, me levantei e fui até a sala, onde Anderson havia preparado um balde de pipoca e deixado três cervejas na mesa de centro.
— O Manuel não vai vir. Preferiu ficar no quarto — eu disse, sentando no sofá ao lado dele.
Anderson deu de ombros, como se já esperasse aquilo.
— Ah, daqui a pouco ele aparece. Você vai ver.
Tentei puxar o assunto sobre Manuel, tentando entender o que estava passando na cabeça de Anderson, mas ele foi incisivo:
— Já te falei que na minha relação com Manuel você não se mete, Renato.
Durante os desfiles das duas primeiras escolas de samba, eu e Anderson conversávamos sobre tudo o que víamos—o enredo, as fantasias, os adereços—enquanto degustávamos a pipoca maravilhosa com manteiga e queijo parmesão, preparada pelo meu primo. Anderson dividia a atenção entre mim, a TV e o celular. Quando a segunda escola encerrou seu desfile, ele soltou um suspiro e disse:
— Pelo visto, Manuel não vem mesmo.
Ele se levantou, foi no quarto e voltou com uma expressão séria.
— Dormiu. — concluiu, apagando a luz e voltando para o sofá ao meu lado.
Apenas o brilho da televisão iluminava o ambiente. O som das baterias ainda ecoava na tela, mas minha atenção já não estava ali. Deitei a cabeça em seu colo, sentindo a textura do tecido da bermuda sob minha pele. Anderson começou a acariciar meus cabelos, os dedos deslizando lentamente, quase distraídos, mas havia algo mais ali.
Com o passar dos minutos, senti o corpo dele reagir. O volume sob a cueca pulsava, quente, firme, como se chamasse por mim sem precisar de palavras. Meu coração acelerou. Anderson estava aceso, e eu queria que aquela chama me queimasse.
Coloquei a mão por dentro da cueca dele, sentindo o calor pulsante que emanava dali. Apertei suavemente, sentindo aquele corpo responder imediatamente ao meu toque. Meu primo me observava com um olhar intenso, quase desafiador, até que puxei a cueca dele para baixo, levando meu rosto até ele. Sem hesitar, envolvi meu primo com os lábios, sentindo o gosto salgado e o peso dele na minha boca.
— Você é safado demais, não aguenta ficar sem isso, né? — ele sussurrou, a voz rouca e carregada de desejo.
Ele riu, mas eu sabia que ele estava tão envolvido quanto eu. Olhei para ele, provocando:
— E você? Não consegue se controlar quando eu chego perto. Só deitar a cabeça no seu colo já foi o suficiente para você ficar assim.
Ele riu de novo, mas não negou. Em vez disso, puxou minha cabeça e me fez o chupar novamente, guiando o ritmo com as mãos firmes. Eu me deixei levar, sentindo a textura dele deslizar pela minha boca, enquanto ele controlava cada movimento. A respiração dele ficou mais pesada, e eu sabia que ele estava perdendo o controle.
Subi devagar, deixando meu rosto percorrer o corpo dele até chegar aos mamilos. Mordisquei levemente, sentindo o corpo dele estremecer. Anderson gemeu mais alto, e eu sabia que tinha encontrado um ponto fraco. Ele gemia, e cada som que escapava dos lábios dele só aumentava o meu desejo.
Anderson me puxou para mais perto, seus dedos entrelaçados nos meus cabelos, enquanto ele sussurrava:
— Você é meu, sabia? Sempre foi.
Eu sorri, sentindo o coração acelerar, e respondi:
— E você é meu também. Sempre foi, sempre será.
Ele me virou de costas, seus braços envolvendo meu corpo enquanto seus lábios percorriam minha nuca, causando arrepios.
Nos movíamos em sincronia, um ritmo que era só nosso. Enquanto a noite avançava, continuamos a nos explorar, cada toque, cada beijo, cada palavra era um reforço do que sentíamos um pelo outro. Era mais do que apenas físico; era uma conexão que transcendia o momento.
Fui ao banheiro e peguei o gel lubrificante. Ao voltar, passei um pouco nas minhas mãos e na dele, preparando-nos para o que viria a seguir. Encostei meu corpo no dele, alinhando nosso calor, e então posicionei a ponta do pau dele na entrada do meu cu. De frente para ele, olhos nos olhos, comecei a sentar devagar, sentindo cada centímetro preenchendo-me por completo. Minha respiração já estava ofegante, e eu sabia que cada suspiro denunciava o quanto eu estava entregue àquilo.
Anderson me olhava hipnotizado, seus olhos escaneando cada movimento meu, cada expressão que eu fazia enquanto subia e descia no ritmo que ele mesmo começou a ditar. Ele segurou meus quadris, ajudando a guiar o movimento, e então sussurrou, quase sem fôlego:
— Renato, eu sou maluco por você! Você tem uma coisa que me faz ficar assim... completamente doido.
Eu abracei ele, ainda sentando, sentindo o corpo dele colado no meu, pele contra pele, suor misturado. Gemendo baixinho, respondi:
— Isso aqui... além de tesão, é amor. E eu gosto disso. Gosto de ser seu.
Nos beijamos, e suas mãos percorreram meu corpo como se estivessem memorizando cada curva, cada detalhe. Ele me segurou com força, como se não quisesse que eu escapasse, e então, num movimento surpreendente, me levantou no colo. Ali, em pé, ele continuou a me penetrar, mas logo percebi que a posição era um pouco desconfortável para ele. Não durou muito.
Ele me colocou de quatro na cama, e eu senti a firmeza das mãos dele me segurando pelos quadris. Anderson não perdeu tempo — começou a me penetrar com uma intensidade que me fez tremer instantaneamente. Cada movimento dele era preciso, como se soubesse exatamente o que eu queria, o que eu precisava. Eu gemia, quase sem controle, e sussurrava:
— Mete... vai! Mais!
Ele atendia, aumentando o ritmo, a pressão, a força. Cada investida dele me fazia perder o fôlego, e eu me entregava completamente, deixando que ele dominasse cada parte de mim. Era gostoso demais sentir ele assim, disposto a me dar tudo o que eu precisava, e tinha saído de Volta Redonda pra receber tudo aquilo.
— Esse cu gostoso é meu — ele disse, entre gemidos, enquanto suas mãos apertavam meus quadris com mais força.
— Eu sou todinho seu. — respondi, ofegante, sentindo o prazer subir como uma onda, prestes a me levar ao limite.
Ele estava inspirado, completamente focado em mim. De repente, me puxou para a beirada da cama, me posicionando de lado. Com um movimento rápido, levantou uma das minhas pernas e apoiou-a no seu ombro, abrindo-me ainda mais. Antes que eu pudesse me ajustar, ele já estava me penetrando novamente, dessa vez com uma intensidade que me fez prender o fôlego. Anderson socava com força, suas mãos firmes segurando meu quadril, enquanto eu tentava, em vão, afastá-lo um pouco com as minhas mãos.
Ele percebeu minha tentativa e, num gesto dominador, segurou meus pulsos com uma das mãos, impedindo que eu me mexesse. Olhou nos meus olhos, com um sorriso safado e provocante, e disse:
— Aguenta, Renato. Você mesmo disse que ia tirar o atrasado, que ia aproveitar esses dias aqui levando rola. Então aguenta a minha pica.
E assim ele continuou, metendo com gosto, cada movimento mais profundo e intenso que o anterior. Eu gemia, perdendo o controle, enquanto ele mantinha meu corpo sob seu domínio. Quando viu que eu já não tentava mais me afastar, ele soltou minhas mãos, confiante de que eu estava completamente entregue a ele.
Nós pingávamos de suor, o calor entre nossos corpos aumentando a cada segundo. Mas, longe de ser incômodo, aquilo só alimentava o tesão que eu sentia. Cada gota de suor, cada gemido, cada movimento era parte de um momento que só nós dois compartilhávamos. Anderson não parava, e eu não queria que ele parasse. Ele me fodia com uma paixão que ia além do físico, como se cada socada fosse uma declaração do que ele sentia por mim.
— Isso... assim — eu gemia, quase sem fôlego, enquanto ele continuava a me levar ao limite.
Ele sorriu, satisfeito em me ver completamente entregue, e sussurrou:
— Você é meu, Renato. Só meu.
E eu sabia que ele estava certo. Naquele momento, eu era completamente dele, e não queria ser de mais ninguém.
Anderson estava no controle, e eu estava totalmente entregue pra ele. Quando ele mandou eu ficar de quatro no chão, obedeci na hora. Levantei da cama e fiquei na posição que ele queria, arqueando as costas, empinando a bunda e segurando ela com as mãos, me expondo totalmente pra ele. Ele olhou pra mim naquela posição, os olhos dele percorrendo cada curva do meu corpo, até que ele soltou:
— Que cuzinho rosinha lindo... Vou fazer uma coisa que não faço há tempo contigo e que eu curto pra caramba. Você sabe o que é.
Fiquei curioso, mas também ansioso, e perguntei:
— O quê?
Ele deu aquele sorriso maroto e respondeu:
— Enfiar tudo e depois tirar. Posso?
Eu não pensei duas vezes:
— Pode, meu macho! Me usa!
Anderson começou a me penetrar devagar, sentindo cada centímetro entrando em mim, até que tava todo dentro. Aí, num movimento rápido, ele tirou tudo, me deixando vazio por um instante, antes de enfiar tudo de novo, dessa vez com mais força. Eu gemi, uma mistura de prazer e dor que me fez tremer. Ele repetiu o movimento, tirando e colocando, cada vez mais rápido, enquanto eu me entregava totalmente, gemendo sem controle.
— Isso, geme feito puto na minha pica — ele sussurrou, a voz rouca de tesão. — Tava com saudade desse cuzinho.
Ele continuou me fodendo, tirando e botando, até que o ritmo se estabilizou, e ele começou a me penetrar normalmente. Eu tava delirando, perdido no prazer de sentir ele dentro de mim, cada movimento dele me levando mais perto do limite.
Num momento de pura loucura, Anderson me puxou pra janela da sala. Ele me colocou de quatro, apoiando meu corpo ali, enquanto eu olhava o movimento da rua. Ele continuou me fodendo por trás, as mãos dele segurando meus quadris com força. Eu gemia baixinho, tentando disfarçar, mas sabia que, por causa da hora, não tinha ninguém por perto. Anderson, no entanto, parecia querer arriscar.
Anderson aproveitou pra meter mais forte, fazendo eu gemer mais alto ainda. Ele deu um tapa na minha bunda, enquanto eu continuava a ser fodido por trás, gemendo e me entregando totalmente.
Anderson, do nada ele me puxou e nos afastamos da janela. Ele se deitou no chão e mandou eu cavalgar. Eu subi em cima dele, guiando o pau dele pra dentro de mim, e comecei a me mover, sentindo cada centímetro dele me preenchendo. Ele segurava meus quadris, ajudando a guiar o ritmo, enquanto eu cavalgava com vontade, gemendo e me entregando ao prazer.
— Isso, Renato... assim mesmo — ele sussurrou, os olhos fixos nos meus, enquanto eu me movia.
Eu sentia o orgasmo dele se aproximando, e ele apertou meus quadris com mais força, puxando-me pra baixo enquanto ele mesmo subia, se enfiando totalmente em mim. Com um gemido rouco, ele gozou dentro de mim, e eu senti o calor do esperma dele me preenchendo. Continuei me movendo, prolongando o prazer, até que gozei e finalmente desabei em cima dele, totalmente exausto, mas satisfeito.
Anderson me abraçou, os lábios dele encontrando os meus num beijo cheio de paixão e cumplicidade.
— Te amo pra caralho— ele sussurrou, e eu sorri, sabendo que aquela conexão entre a gente era algo único, algo que ia muito além do físico.
No fim das contas, acabou que eu e meu primo não vimos o desfile e fomos para o quarto do Manuel, onde deitamos e dormimos.
No dia seguinte, levantei cedo, fui à padaria, comprar pães e preparei um café. Manuel foi o primeiro a aparecer na cozinha, dizendo que o cheiro do café havia chegado até o quarto. Sentou-se à mesa e, com um ar cansado, falou que ainda estava muito chateado com tudo o que acontecera no dia anterior.
— Você devia conversar com o Anderson agora, com a cabeça fria — sugeri, tentando ser útil. — Ele não deve estar mais tão bravo, afinal, te convidou para assistir ao desfile com a gente.
Pouco tempo depois, Anderson apareceu na cozinha, com uma camiseta larga e o cabelo todo bagunçado.
— Bom dia! — cumprimentou, com um sorriso despretensioso.
— Bom dia, Anderson. A gente precisa conversar — disse Manuel, olhando diretamente para ele.
— Desembucha! — respondeu Anderson, sentando-se à mesa.
— Sobre o que aconteceu ontem... — Manuel começou a explicar, mas Anderson o interrompeu.
— Cara, não quero falar sobre isso! Você sabe que errou, e tá tudo certo. Mas é claro que fiquei puto. A gente sai pra se divertir junto, e você vai dançar com aquele cara? Não confio nele, e você sabe disso.
Manuel percebeu que qualquer explicação seria em vão, mas Anderson continuou:
— Aproveitando o momento, preciso te falar uma coisa, Manuel.
Manuel ficou apreensivo, os olhos saltando entre Anderson e eu.
— O que foi? O que tá acontecendo? — perguntou, a voz um pouco trêmula.
Anderson pediu que ele se sentasse.
— É uma conversa difícil, mas precisa ser feita.
Manuel sentou, inquieto, e não demorou a pressionar:
— Fala logo, Anderson. O que tá rolando?
Eu sabia que Anderson planejava esperar o Carnaval passar para ter essa conversa, mas, por alguma razão, ele decidiu que aquele era o momento.
Anderson começou, escolhendo as palavras com cuidado:
— Você sabe que sou extremamente grato por tudo que você fez por mim…
Manuel o interrompeu, os olhos arregalados:
— Não! Você não tá terminando comigo, não!
Anderson continuou, firme, mas com a voz um pouco mais tensa:
— Como eu disse, sou grato de verdade por todo o apoio, por você me receber tão bem aqui. Mas só nós sabemos o quanto foi exaustivo e estressante a nossa convivência nesses meses.
Manuel começou a chorar, suplicando:
— Por favor, não termina comigo, não.
Eu me aproximei para consolá-lo, dizendo:
— Calma, Manuel. Vamos ouvir o que ele tem a dizer.
Anderson seguiu explicando, a voz calma, mas firme:
— Você sabe que foi difícil. Eu engoli muitos desaforos por estar morando aqui. Foram inúmeras promessas de mudar, mas você sempre perde a cabeça e joga na minha cara que eu tô morando com você.
Intervi, tentando acelerar o processo:
— Anderson, vai direto ao ponto.
Ele respirou fundo e continuou, a voz agora mais grave:
— Então, Manuel, eu arrumei uma kitnet pra morar. Acho que vai ser melhor para nós todos vivermos assim, cada um no seu canto, com privacidade e liberdade. Algo que você também alegou não ter muito.
Manuel limpou as lágrimas que insistiam em cair e balbuciou, a voz trêmula:
— Mas eu falei da boca pra fora! Você sabe disso! Cara, não precisa sair daqui, não precisa ser desse jeito.
Ele olhou para mim, desesperado, e pediu:
— Renato, fala com ele!
Num momento de frustração, ele até me acusou:
— Você sabia disso, né?
Mas parou quase imediatamente, como se percebesse que eu não tinha nada a ver com aquilo. Anderson estava trazendo a verdade, e ele sabia disso.
Anderson então finalizou, com um tom mais suave, mas ainda firme:
— Manuel, eu não estou terminando com você, apesar de ter ficado bolado contigo ontem. Só não vamos mais ter essa convivência diária, entende? O que vai mudar é que agora vamos morar em endereços diferentes.
Fiquei surpreso com a reação de Manuel. Esperava que ele fosse reagir de forma explosiva, mas, depois de ouvir que Anderson não estava terminando com ele, ele pareceu aceitar a situação. No fundo, ele sabia que a convivência entre eles não era das melhores.
Manuel olhou para Anderson, os olhos ainda úmidos, mas agora com um tom de aceitação.
— Anderson, pelo que eu te conheço, você já tomou a decisão. Só acho que eu mereço saber quando isso vai acontecer.
Anderson pensou por um momento, como se medisse as palavras, e então respondeu:
— Em breve. Mas pode ficar tranquilo, você vai saber por mim.
Manuel suspirou, passando a mão pelo rosto.
— Gente, pelo amor de Deus, o clima de Carnaval acabou? Por que não esperou o Renato ir embora pra me contar isso?
Anderson riu, com um sorriso malicioso.
— O Carnaval só tá começando, e é bom Renato ficar a par de tudo.
Eu me afastei discretamente, indo para a cozinha preparar algo para o almoço. Decidi fazer o básico que sempre dá certo: arroz, feijão, bife e batata frita.
Quando o almoço ficou pronto, chamei os dois para comer. À mesa, Anderson conversava com Manuel, mas era nítido que algo havia mudado entre eles. Havia uma frieza no ar, como se Anderson respondesse por obrigação, sem a mesma conexão de antes. Mesmo assim, Manuel insistia em puxar conversa, tentando reacender a intimidade que parecia ter se perdido.
No final do almoço, Manuel finalmente explodiu:
— Anderson, cara, você está estranho. Por favor, eu já te pedi desculpas. Esquece aquilo, vai.
Anderson respondeu com um tom cortante:
— Eu tô tentando esquecer, mas toda hora você me lembra, caralho!
Manuel, visivelmente frustrado, insistiu:
— Cara, eu faço de tudo pra que você me perdoe e esqueça isso.
Anderson olhou fixamente para Manuel, com uma expressão que misturava cansaço e irritação:
— Manuel, você me conhece bem. Não me provoque.
Manuel respondeu, com um tom de desafio e frustração:
— Você quer me fuder? Então faz o que precisa ser feito! Só não quero você frio e distante assim comigo. Poxa, olha a situação: Renato veio pra cá e fica vendo a gente desse jeito.
Anderson manteve o olhar firme, mas agora com um ar de provocação:
— Já que você tá querendo pagar o preço, vamos ali no banheiro.
Vi uma certa insegurança no olhar de Manuel, como se ele buscasse em mim algum apoio. Sem hesitar, decidi intervir:
— Vou junto.
Anderson virou-se para mim, surpreso:
— Pra quê? Qual o problema?
— O problema é que eu sei do que você é capaz quando tá com raiva — respondi Anderson, olhando diretamente para ele. — Esse é o problema.
Meu primo então se virou para Manuel e disse:
— Confirma pra ele que é você mesmo que tá querendo isso.
Manuel olhou para mim, hesitante, mas acabou concordando:
— Prefiro que ele esteja lá.
Anderson riu, com um tom de provocação:
— Tá com medo? Tá doido pra me dar o cu porque não aguenta ser ignorado? Engraçado, ontem, dançando com aquele filho da puta, você não pensou duas vezes.
Manuel ficou em silêncio, os olhos fixos no chão, enquanto Anderson finalizou, olhando para mim:
— Você vai , mas não se mete.
Eu não baixei a cabeça.
— Se você passar dos limites, eu vou me intrometer, sim. — Minha voz era firme, mas calma. — E, pra ser sincero, o que eu vi no bloco não foi nada demais. Manuel só estava dançando com o Lucas.
Anderson riu, mas era uma risada sem humor.
— Você não sabe de nada, Renato. Mas tudo bem. Vamos lá.
Ele entrou no banheiro, e eu segui atrás, sabendo que aquele banho não seria só para se limpar.
Anderson pediu para que eu colocasse uma playlist de marchinhas de Carnaval. Segundo ele, já que Manuel estava tão animado no bloco, ele teria que estar animado assim no banheiro também.
— Coloca aquela marchinha, Renato. Vamos fazer ele dançar até aqui dentro — disse Anderson, com um sorriso que não chegava aos olhos.
Fui e coloquei a música, o som das marchinhas enchendo o banheiro. Quando entrei, Manuel já estava de joelhos, chupando Anderson com dedicação, fora do chuveiro. Aproveitei que ele estava ocupado e fui tomar meu banho, observando a cena enquanto a água quente escorria pelo meu corpo.
Anderson me olhou, como se lesse minha preocupação.
— Cara, pode ficar tranquilo. Não vou tirar sangue dele, nem torturar ele daquele jeito que fiz com você no sítio. Eu mudei, você sabe disso. — Ele fez uma pausa, os olhos fixos em mim. — Mas hoje, ele precisa aprender a me respeitar em público.
Voltei a tomar meu banho, tentando não me intrometer, mas mantendo os olhos atentos. Anderson começou a dar tapas na cara de Manuel, cada um mais forte que o outro, enquanto ele continuava a chupá-lo com devoção. O som dos tapas se misturava ao ritmo das marchinhas, criando uma atmosfera surreal.
Manuel não parava, nem mesmo para reclamar. Ele continuava ali, engolindo cada centímetro, até que Anderson puxou seu cabelo, forçando-o a olhar para cima.
— Você está virando um safado ordinário — Anderson começou, a voz rouca de desejo e raiva. — Se bem que, no seu caso, eu acho que não tem mais jeito.
Manuel tirou a boca do pau de Anderson, desesperado.
— Não, eu tenho jeito sim, pelo amor de Deus, não fala isso!
Mas Anderson não deu ouvidos. Ele puxou Manuel pelo cabelo, forçando-o a engolir seu pau novamente, socando com força, fazendo Manuel lacrimejar e engasgar inúmeras vezes. Nesse momento, eu intervi:
— Vai com calma, Anderson.
Ele olhou para mim, sorriu e desacelerou, mas não parou. Quando Manuel finalmente tirou a boca, ofegante, Anderson o levantou e o colocou de quatro, apoiando-o na parede. Sem cerimônia, ele penetrou Manuel com força, arrancando um grito dele.
Anderson segurou firmemente a cintura de Manuel, os dedos marcando a pele enquanto socava com força, cada movimento mais intenso que o último. Entre tapas firmes na bunda de Manuel, ele gritava:
— Rebola, porra! Esfrega essa bunda igual você fez com o Lucas!
Manuel, submisso, obedeceu. Ele começou a rebolar, esfregando a bunda em Anderson com um ritmo que deixava claro que ele estava tentando agradar. Cada movimento era acompanhado por um tapa mais forte, mas Manuel não reclamava. Pelo contrário, ele parecia se entregar ainda mais, rebolando gostoso, como se quisesse provar que estava disposto a fazer o que fosse preciso para acalmar a raiva de Anderson.
— Isso, assim mesmo — Anderson sussurrou, a voz rouca de tesão e controle. — Mostra que você aprendeu a lição.
Manuel continuou, os gemidos escapando entre os tapas e o som das marchinhas que ainda tocavam no fundo. Anderson não parava, alternando entre socadas profundas e tapas que ecoavam no banheiro.
Manuel sabia que não podia fazer muita coisa além de receber o que Anderson estava dando. E ele aguentou — cada socada, cada tapa na bunda, cada soco nas costas, cada puxão de cabelo. As costas de Manuel logo ficaram marcadas com arranhões que iam das costas até a lombar. Ele gemia, mas não parecia querer sair dali, como se estivesse aceitando aquilo como uma forma de punição.
Anderson então tirou o pau e mandou Manuel se ajoelhar. Começou uma sessão de tapas na cara, cada um acompanhado de uma ordem:
— Pede desculpas.
Foram inúmeros pedidos de desculpas, Anderson começou a se masturbar enquanto Manuel chupava a cabeça do seu pau, até que ele afastou a cabeça de Manuel e gozou no chão.
— Limpa — ordenou Anderson, com uma voz que não admitia desobediência.
Manuel obedeceu, limpando tudo com a língua, enquanto Anderson observava, os olhos cheios de uma mistura de satisfação e controle.
Depois que Anderson gozou, ele segurou a mão de Manuel e o ajudou a levantar. Com um gesto firme, segurou o queixo de Manuel, forçando-o a olhar nos seus olhos.
— Eu tô falando sério — disse Anderson, a voz grave e carregada de emoção. — Não quero mais que você me desrespeite em público. Por mais que vocês dois não concordem comigo, eu continuo acreditando que aquilo foi um desrespeito.
Manuel balançou a cabeça, os olhos ainda úmidos, e mais uma vez pediu desculpas, a voz trêmula:
— Eu entendo, Anderson. Desculpa de verdade.
Anderson soltou o queixo dele e deu um passo para trás, como se estivesse avaliando a sinceridade de Manuel.
Manuel foi o primeiro a sair do banheiro, seguindo as instruções de Anderson. Assim que ficamos a sós, Anderson comentou, em tom de irritação, que Manuel parecia fazer essas coisas de propósito, como se quisesse transformar tudo em uma sessão de dominação.
Ignorei o comentário e saí do chuveiro, me secando rapidamente. Depois, fui até o quarto para me vestir e ver como Manuel estava.
Só depois fui pra cozinha fazer farofa e arroz para o churrasco.
Anderson apareceu na cozinha pouco depois, com aquele jeito de garanhão safado que só ele tinha. Ele me abraçou por trás, o corpo ainda quente do que havia acontecido, e sussurrou no meu ouvido:
— Não sei quem é mais puto, você ou Manuel.
Virei para ele, com um sorriso desafiador.
— Se quiser, mais tarde eu te provo que sou mais.
Ele riu, os olhos brilhando de tesão.
— Não me decepcione.
Cesar chegou um pouco atrasado, pedindo desculpas, mas logo se justificou:
— Pô, galera, desculpa o atraso, mas não queria varrer a festa de vocês, né? — ele disse, rindo, enquanto entregava as bebidas que trouxe.
Anderson já estava na área da churrasqueira, começando a preparar e temperar as carnes com aquele jeito dele que só ele tem. Manuel, por sua vez, sentou à mesa e começou a trocar ideia com Cesar, rindo das histórias que o cara sempre tem pra contar. Aproveitei o clima e já levei umas cervejas pra mesa, pra gente começar a festinha com o pé direito.
Sentei na mesa e César olhou pra gente, com um sorriso sincero:
— Valeu mesmo pelo convite, pessoal. Me senti muito especial sendo o único do grupo chamado, sério.
Manuel deu uma risada e respondeu:
— Relaxa, Cesar. Você sabe que a gente gosta de você, cara. Não precisa ficar se justificando não.
Anderson, lá da churrasqueira, gritou:
— É isso aí, Cesar! Você é um chegado do Manuel e foi o primeiro que a gente teve contato quando fomos pra Joinville, lembra? Não tem essa de agradecer não, você é da família!
César sorriu, visivelmente à vontade, e levantou a cerveja:
— Então tá, vou parar de frescura e já começar a beber! Saúde, galera!
A gente brindou, rindo e começando a curtir a noite. A festa tava só começando, e já dava pra ver que ia ser um daqueles roles que a gente não ia esquecer tão cedo.
César era super comunicativo e, por ser daquele tipo que não para de falar, não perdia a chance de comentar sobre cada fantasia das escolas de samba que aparecia na tela da TV. Quando ele gostava, soltava uns elogios bem animados: "Olha que linda! Olha o corpo dessa mona, que coisa maravilhosa!" Mas, quando achava feio, não tinha papas na língua — esculhambava tudo, fazendo comentários tão engraçados que a gente ria até não aguentar mais.
Em um desses momentos, César virou pra gente e perguntou:
— E aí, o Carnaval carioca é tão bom mesmo quanto falam?
Manuel foi o primeiro a responder, explicando:
— Olha, César, a gente mora em Volta Redonda, que é uma cidade do interior do estado. Lá é super parado, não tem muita coisa não. O Carnaval mesmo a gente não vive muito.
Anderson, que tava lá na churrasqueira, falou:
— Mas o Carnaval do Rio é um dos melhores do mundo, mano! Já fui uma vez e é muito da hora, sério.
Franzi a testa e olhei pra ele, surpreso:
— Nem sabia que você já passou Carnaval no Rio, Anderson!
Ele deu uma risada e respondeu:
— Já, cara, faz bastante tempo. Lá é bom pra sair em bloco de rua, beijar na boca... Peguei muita mulher lá, viu?
Cesar, sempre com aquela cara de quem tá pensando em algo, soltou:
— Eu, se fosse vocês, tinha ido pro Rio. Aqui também não tem muita opção, né?
Anderson respondeu na hora:
— Ah, mas a gente queria se ver, mano. Aí preferimos ficar por aqui mesmo.
César não deixou barato e rebateu:
— Ué, mas podiam se ver no Rio!
Aí Manuel o explicou:
— Também não é assim, César. Viajar pro Rio nessa época demanda uma grana extra, porque é temporada de alta procura. Só de hotel já é um gasto absurdo, sem contar bebida, comida... Fica tenso, cara.
César deu uma risadinha, sacudindo a cabeça:
— É, faz sentido. Mas, poxa, um dia a gente tem que marcar de ir juntos, sim! Ia ser épico!
A gente riu da ideia, e Anderson completou:
— Vamos falar do que está rolando aqui em Joinville, até porque o churrasco aqui tá rolando, né?
E assim a conversa rolou, com a gente rindo, bebendo e curtindo o momento. A noite estava só começando, e já dava pra ver que ia ser um daqueles roles que a gente não ia esquecer tão cedo.
O clima estava leve, descontraído, como sempre era quando a gente se reunia. A gente tinha se revezado na churrasqueira pra não cansar ninguém, e quando foi a vez de Manuel ficar lá, ele colocou uma playlist de axé antigo. Eu e César começamos a dançar, e até Manuel se arriscou com uns passos engraçados enquanto as carnes assavam. Anderson ria dele, todo desengonçado, mas de vez em quando elogiava eu e César, que estávamos nos soltando mais.
Quando chegou minha vez de cuidar da churrasqueira, aproveitei pra pegar mais cerveja. Anderson, no entanto, recusou:
— Pra mim já deu, vou ficar na cerveja zero álcool.
Fiquei surpreso, já que ele nunca tinha feito isso antes, e ainda por cima foi ele quem marcou o churrasco.
— Você tá doente ou o quê? — brinquei, tentando aliviar o clima.
Ele riu, mas havia algo estranho no sorriso dele, algo que eu não conseguia identificar.
— Calma, rapaz. Só tô controlando hoje, pra depois vocês não jogarem a culpa na bebida.
Cortei algumas carnes que já estavam no ponto e levei pra mesa. O clima tava tão gostoso que olhei pra César e falei:
— Viu? Não precisa ir pro Rio pra ter um Carnaval legal.
Anderson, no entanto, mudou o rumo da conversa. Ele virou pra César e perguntou, com um tom que parecia casual, mas que carregava uma intenção oculta:
— César, como você conheceu o Manuel mesmo?
César respondeu com a versão que a gente já sabia:
— Foi através de um amigo que ficou com o Manuel.
Manuel confirmou, mas comum tom suspeito disse:
— Sim, exatamente isso. Mas você já conhece a história.
Anderson insistiu, e agora o tom dele já não era mais tão casual:
— Sim, eu sei. Mas qual é o nome desse amigo?
César hesitou por um momento, olhou pra Manuel e depois respondeu:
— É o Yuri.
Anderson levantou uma sobrancelha, e eu vi algo nos olhos dele que me deixou alerta.
— Tem certeza? — ele perguntou, e agora a voz dele era firme, quase desafiadora.
César, um pouco nervoso, respondeu:
— Claro! Como eu esqueceria o nome do meu amigo?
Eu, sem entender nada, perguntei:
— Por que essas perguntas do nada, Anderson?
Ele olhou pra mim, e pela primeira vez eu vi uma frieza no olhar dele que me deixou desconfortável.
— Manuel sabe o porquê. César também.
Eu olhei pros dois, e foi aí que percebi o desespero nos olhos de Manuel. Ele estava claramente aflito, como se estivesse tentando encontrar uma saída para uma situação que já estava saindo do controle.
— Estou esperando... falem! — Anderson disse, e agora a voz dele era dura, quase um comando.
O clima ficou pesado, e César tentou aliviar a situação:
— Olha, gente, como eu disse, estou muito agradecido pelo convite, mas se o clima continuar assim, eu vou embora.
Anderson, no entanto, não deixou barato:
— Você só vai embora quando falar a verdade! — ele gritou, batendo o punho na mesa.
César e Manuel, que antes estavam tensos, agora estavam com os olhos arregalados, claramente desconfortáveis. Manuel tentou falar, mas as palavras pareciam presas na garganta.
— Que verdade, Anderson? Eu não estou entendendo mais nada! — falei, tentando de fato entender o que estava acontecendo.
Anderson explodiu:
— O amigo que César não quer revelar é o Lucas! Tá me entendendo? — ele gritou, olhando diretamente pra Manuel.
Manuel tentou acalmar Anderson, mas a voz dele falhava:
— Anderson, se acalma. Para com esse ciúme, cara.
— Ciúme é o caralho, seu filho da puta! — Anderson respondeu, claramente furioso.
Ele pegou o celular, mexeu rapidamente e então olhou pra mim:
— Olha seu WhatsApp.
Ao abrir, vi que ele tinha me enviado prints de várias conversas de Manuel com o Lucas, marcando encontros, ate nudes. Havia conversas antigas e até algumas recentes, embora poucas. Além disso, havia conversas com César, que basicamente encobriam o lance dos dois. Manuel falava que saía com César, mas na verdade estava com o Lucas.
Não havia mais o que falar. Tudo estava ali, era mais do que suficiente.
— O que você tanto olha nesse celular? — Manuel perguntou, tentando disfarçar, mas eu já estava chocado. Ele me decepcionou de uma forma que eu não conseguia nem responder. Em vez disso, mandei os prints pro celular dele e falei:
— Olha você com os seus próprios olhos.
Apontei pro celular dele. Ao ver as mensagens, Manuel ficou pálido. Ele mostrou o celular pra César, enquanto Anderson, indignado, gritava:
— Isso, seu desgraçado! Mostra pra ele mesmo!
César, claramente desconfortável, disse:
— Acho que é melhor eu ir embora.
Anderson, no entanto, não deixou:
— Você só vai sair dessa porra dessa casa quando falar o que eu quero ouvir! — ele gritou, se levantando.
Fui pro lado de Anderson e tentei acalmá-lo:
— Anderson, fica calmo, cara.
Ele olhou pra mim, com os olhos cheios de raiva, e respondeu:
— Cara, eu posso ser tudo, mas não sou burro e muito menos otário.
— Sim! Lucas é o meu amigo com quem Manuel já pegou— César soltou de repente, evitando o olhar de Manuel.
Manuel olhou para César com os olhos arregalados.
— César, como você confirma uma merda dessa? Seu filho da puta — gritou, avançando em direção a ele.
César recuou, erguendo as mãos como se se defendesse.
— Manuel, para com isso! Eu não tive escolha! O Anderson me pressionou!
Manuel, ainda tremendo de raiva e desespero, virou-se para mim e para Anderson com os olhos implorando. A voz falhava:
— É mentira! Tudo mentira!
Anderson ignorou o desespero de Manuel e fixou o olhar em César, que agora se encolhia perto da porta, como um animal acuado. A pergunta saiu fria, direta:
— E então, César? Rola uma coisa entre eles ainda? Eles ainda se encontram?
César soltou, rápido demais:
— Eu… Eu não sei de nada! Perguntem pra ele! — apontou para Manuel, tentando se livrar da responsabilidade.
E César então continuou:
— Já falei o que você precisava saber. Posso ir agora?
Anderson não tirava os olhos de Manuel e disse:
— Renato, leva esse merda até a porta
Eu e César fomos caminhando silenciosamente até a porta. Antes de sair, ele se desculpou, dizendo:
— Olha, não me leve a mal... O Manuel me pediu segredo. E o Lucas também é meu amigo, entende?
Eu cortei, sem deixá-lo terminar:
— Não precisa se explicar. Poupe o teatro. Eu já entendi tudo. Você apoiou o plano de Manuel e foda-se eu e Anderson, né? Você e Manuel fizeram suas escolhas. — Agora viva com isso.
Nesse momento, a discussão entre Anderson e Manuel esquentou ainda mais. Fechei a porta na cara de César e corri de volta para a varanda. Quando cheguei, Anderson já estava partindo para cima de Manuel. Tentei segurá-lo, mas não consegui. Anderson acertou um soco na boca de Manuel, que caiu para trás, chorando.
— Olha o que você fez! — Manuel gritou, segurando o rosto.
Anderson estava completamente descontrolado. Fiquei de frente para ele, segurando seus braços, e disse:
— Calma, Anderson! Não precisa perder a cabeça. Vamos conversar, eu quero entender muitas coisas. Vamos pra sala.
Manuel parecia relutante, mas eu insisti:
— Você também, bora?
Manuel, ainda relutante, negava com a cabeça, mas, ao ouvir o grito de Anderson da sala, não teve escolha. Anderson gritou com intensidade:
— Anda, seu viado! Ou você vem aqui ou eu volto para aí!
O tom de ameaça fez Manuel se levantar, irritado, e ir até a sala.
Anderson sentou em um sofá, enquanto Manuel se acomodou em outro, mantendo uma distância segura. Eu me sentei próximo a Anderson, tentando manter a calma.
— Agora conta a porra toda! E não vem com mentira não, seu arrombado — Anderson disse, a voz ainda carregada de raiva, mas agora mais contida.
— Anderson, vamos conversar da melhor forma possível — eu intervi, tentando acalmar os ânimos.
Manuel respirou fundo e começou a contar a verdade, sua voz trêmula e cheia de culpa:
— Como já foi dito pelo César, o amigo pelo qual eu fiquei foi o Lucas. Até então, eu tinha ficado com ele apenas uma vez. Eu juro. — Ele começou a chorar, e eu olhei para Anderson, que, com lágrimas contidas, escutava atentamente.
— Mas estar aqui sozinho, conhecendo várias pessoas... A carne é fraca, e quando eu sentia uma carência, eu chamava ele pra cá e a gente ficava.
— Então foi mais de uma vez? — perguntei, tentando manter a calma.
— Sim... Mas não foi por maldade. Foi por carência. Eu amo vocês. Mas quando Anderson veio morar aqui, paramos de nos encontrar. Lucas até me procurava, mas eu não tinha mais motivo pra procurá-lo.
Dessa vez, fui eu quem respondeu, com um tom firme, mas menos agressivo que o de Anderson:
— Isso muda tudo, Manuel. Até porque a gente pensava que tinha sido só uma ficada. Mas pelo visto, vocês se curtiram tanto que criaram um certo laço… — fiz uma pausa, olhando diretamente para ele. — E ainda decidiram montar todo um enredo pra esconder isso da gente.
Manuel abriu a boca para protestar, mas Anderson interrompeu, sem deixar espaço para desculpas:
— Resumindo: O problema não foi você te ficado, mas sim continuar ficando.
— Por que você não terminou com a gente? Por que não aceitou o tempo que o Renato tinha te proposto? Pra mim, você é um desgraçado que, enquanto a gente ficava lá tentando se adaptar e até mesmo passando por situações difíceis em prol do nosso relacionamento, já que acreditávamos que você estava de fato carente, sozinho, você estava aqui trepando feito uma puta. E olha que só sabemos do Lucas... Vai saber quantos vieram depois dele.
Manuel se levantou e foi em direção a Anderson, que imediatamente gritou:
— Fica onde está! Se você tocar em mim, não respondo por mim.
Manuel voltou para o sofá, sem parar de chorar, enquanto tentava explicar:
— Eu só fiquei com o Lucas. Juro.
— Não é o que os prints de sua conversas mostram com César, eu não acredito — resmungou Anderson, cruzando os braços.
Eu olhei para Manuel e disse, com uma mistura de tristeza e decepção:
— Manuel, agora eu entendo suas inseguranças sem motivos. Afinal, quem trai acaba vendo maldade em tudo. Cara, na época, eu achava que eu e Anderson estávamos sendo egoístas, pensando que você estava sozinho. Vendo por outra ótica, vejo que você esperava que eu cometesse o mesmo deslize que você. Sempre me botando pra baixo, sempre colocando um motivo de repente Anderson ficar com raiva de mim. Caralho, isso estava tão na cara... Você veio para cá para trabalhar, mas amou a liberdade que encontrou aqui.
Manuel parou de chorar por um momento e tentou se explicar:
— Gente, Lucas pra mim era só uma foda fixa. E eu não quis terminar com vocês porque eu sabia que os perderia. Quando Anderson veio morar aqui, eu pensei que seria um sonho, mas a gente andou se estranhando. Eu te amo, Anderson.
Anderson, agora mais calmo, mas com lágrimas nos olhos, respondeu:
— Claro, agora eu estava ali para atrapalhar a liberdade que você tinha. Agora o Lucas não podia vir mais aqui trepar com você porque o trouxa estava morando aqui.
Anderson, com os olhos cheios de indignação, queimava Manuel com seu olhar enquanto falava:
— Sabe o que é pior? É você trazer esse cara para a nossa vida. Como se não bastasse estar ficando com ele, você ainda o apresentou como amigo e conviveu com isso na maior cara de pau. Que tipo de pessoa faz isso?
Manuel tentou se defender, a voz trêmula e cheia de desespero:
— Mas eu não sabia que ele estaria lá naquele dia! Ele é amigo do César, e foi ali que você acabou conhecendo ele. Não foi planejado!
Anderson cortou, a voz firme e cheia de descrença:
— E logo de cara, a minha intuição me alertou. Você todo de papinho, ele com aquele olhar atento a todo momento... Eu não fui com a cara dele desde o início.
Enquanto eles discutiam, eu fui tomado por uma angústia que não conseguia mais esconder. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e eu não tive forças para segurá-las. Estava decepcionado com Manuel, profundamente decepcionado. Depois de tudo que passamos juntos, a sensação de que ele estava me passando para trás me deixava com uma raiva imensa, mas também com uma impotência que doía mais do que qualquer outra coisa.
Eles ficaram em silêncio por um momento, e depois de um tempo, eu finalmente consegui falar, minha voz embargada pela emoção:
— Sabe o que eu não entendo, Manuel? Essa relação começou sem você. Era só eu e Anderson. Você jogou sujo, nos chantageou, e nós cedemos. Depois, você veio com o lance de trauma, e eu te ajudei de todas as formas a superá-lo. Você já foi meu suporte também, mas agora... Agora eu vejo que você mente quando diz que foi só ficou com alguém aqui em Joinville. Você já tinha me sacaneado em Angra com o Dinei. E agora eu me pergunto por que não terminei com você naquela época.
Puxei o cordão que ele havia me dado, aquele símbolo de uma promessa que agora parecia tão falsa, e o joguei longe, com um gesto que carregava toda a minha frustração.
— Por que fazer a gente acreditar nesse teatro? Nessa mentira? Agora eu nem sei mais o que era real e o que era mentira.
Manuel olhou para mim, os olhos cheios de lágrimas, e tentou se explicar:
— Renato, eu amo vocês! Só quero que entendam isso. Porra! Dias atrás, você mesmo admitiu estar louco por um toque, precisando transar. Eu estava assim na época que vim pra cá. Eu estava carente, sozinho...
Eu cortei, a voz firme, mas cheia de dor:
— Mas, diferente de você, eu seria sincero antes de tudo. Eu terminaria a relação com vocês se sentisse que não dava mais. E outra coisa, Manuel: eu penso com o coração. Já você... você parece pensar com o pau.
Anderson concordou com a cabeça, os olhos ainda fixos em Manuel.
O clima na sala estava pesado, e Manuel, agora aceitando os fatos, olhou para Anderson com um misto de culpa e curiosidade. Ele queria entender como Anderson havia descoberto tudo.
— Como você teve acesso às minhas mensagens? — perguntou Manuel, a voz ainda trêmula, mas carregada de uma certa desconfiança.
Anderson, sentado no sofá, olhou para ele com um sorriso amargo e respondeu:
— Esperei você dormir e peguei seu celular. A senha era fácil de adivinhar... os números da placa do seu carro, aquela que você usa pra tudo. Vasculhei alguns contatos, mas sabia que você podia acordar a qualquer momento. Então, conectei seu WhatsApp no meu celular. Foi só escanear um QR code, e pronto. Tive acesso a todas as suas conversas.
Manuel ficou em silêncio, o olhar distante, como se estivesse buscando algo que justificasse o que ele tinha feito. Até que, de repente, ele disparou, sem filtro e sem pensar:
— Tá, eu admito que errei. Mas vamos combinar que aqui ninguém é santo. Anderson, você cansou de trair o Renato com as minas da capoeira. Não foi uma, não foram duas, foram várias. E comeu todas elas. Você precisava disso pra reafirmar que era um homem macho.
Anderson levantou rapidamente, indo em direção a Manuel, mas eu intervi, segurando ele pelo braço.
— Deixa ele falar — eu disse, tentando manter a calma, mas já sentindo o clima ficar ainda mais tenso.
Manuel olhou para mim e continuou, a voz agora carregada de um tom de acusação:
— E você, Renato, é outro que não fica sem pica. O cara da boate, o Daniel... esses são os que eu lembro. Ah, e tem o meu pai!
Eu fiquei sem reação, como se tivesse levado um golpe baixo. Anderson, que ainda estava de pé, segurou Manuel pela camisa, os olhos cheios de raiva.
— Repete isso. Repete o que você acabou de dizer — Anderson ordenou, a voz tremendo de indignação.
Manuel, agora com um olhar frio, repetiu:
— Renato deu pro meu pai lá em casa. É isso.
Anderson soltou Manuel e se virou para mim, os olhos cheios de descrença.
— Renato, fala que isso é mentira... Fala que você não deu pro Pedro. Fala que Manuel está mentindo — ele disse, a voz quase suplicando.
Eu comecei a chorar, sem saber como reagir. Anderson andava de um lado para o outro, balançando a cabeça negativamente, tentando se convencer de que aquilo não era verdade. Fui até ele, tentando explicar, mas ele me interrompeu:
— Não me faça perder a paciência. Só me responde: o que aquele verme disse é verdade?
Sem muita opção, eu confirmei, baixando a cabeça.
— Anderson, eu... — tentei explicar, mas ele estava tão cheio de ódio que me empurrou e foi para o quarto sem dizer mais nada.
— Por que você fez isso? — perguntei para Manuel, a voz cheia de raiva e decepção.
Ele apenas encolheu os ombros e respondeu:
— Só disse a verdade. Já que todos aqui estão trazendo tudo a tona, por que eu não faria o mesmo? — Ele deu um pequeno sorriso no final, como se sentisse satisfeito com aquilo.
Aquilo foi a gota d'água. Perdi totalmente a noção e parti para cima dele, gritando que o odiava. Acabamos caindo no chão, e ele, por ser mais forte, me imobilizou rapidamente.
— Calma, Renato. Eu não quero te machucar — ele disse, soltando-me.
Me levantei, ainda mais envergonhado, e fui para o sofá, onde me deitei, exausto. Manuel foi para o quarto de visitas e se trancou lá dentro.
Tentei ligar para Anderson, mas ele não atendia. Bati na porta do quarto, e ele apenas disse:
— Me dá um tempo.
Passei horas aflito naquele sofá, até que Anderson finalmente saiu do quarto, carregando as malas que havia trazido quando veio para Joinville.
— Vou pra kitnet que já aluguei — ele disse, a voz fria e distante. — Você quer ficar aqui com o Manuel ou vir comigo? Mas saiba que, no momento, estou fazendo isso só porque tenho uma responsabilidade por você estar aqui.
— Não quero incomodar. Posso ir para um hotel, se você achar necessário — respondi, tentando não parecer desesperado.
— Vai ficar aqui ou vai vir comigo? — ele repetiu, ignorando minha oferta.
— Vou com você — disse rapidamente.
— Então vai pegar suas coisas pra gente dar o pé daqui.
Fui para o quarto de Manuel pegar minhas coisas. Não precisei de muito tempo, já que algumas ainda estavam na mala. Só coloquei o que havia usado.
Manuel surtou quando viu que Anderson estava de mala pronta. Ele entrou em desespero, chorando e tentando nos convencer a ficar, dividindo a atenção entre nós dois. As palavras saíam entre soluços, e ele pedia desculpas o tempo todo, como se isso pudesse mudar a decisão que já estava tomada.
— Por favor, não vão embora! — implorava Manuel, a voz trêmula. — Eu sei que errei, mas posso mudar. Só não me deixem assim.
Anderson, porém, sequer olhava para ele. Eu continuava arrumando minhas coisas em silêncio, já Anderson seguia ignorando completamente as lágrimas e os apelos de Manuel. Era como se Manuel não estivesse ali, como se suas palavras fossem apenas um eco distante.
Manuel, numa tentativa desesperada e sem pensar, foi até Anderson e o segurou pelo braço.
— Anderson, por favor, olha pra mim! — gritou, a voz cheia de angústia.
Meu primo parou por um instante, olhou para a mão de Manuel em seu braço e disse com frieza:
— Solta.
Mas Manuel não soltou. Em vez disso, tentou abraçá-lo, como se o contato físico pudesse trazer de volta a conexão que eles tinham antes. Anderson, porém, não estava disposto a ceder. Com um movimento brusco, ele empurrou Manuel, fazendo-o cair no chão.
Manuel estava caído no chão, o corpo curvado como um fardo pesado demais para carregar. O choro abafado escapava entre os dedos que cobriam o rosto. Foi impossível não sentir um nó na garganta ao vê-lo naquela situação. Antes que Anderson reagisse, me aproximei e estendi a mão.
— Manuel, pelo amor de Deus, não piore as coisas — disse, tentando mantê-lo firme.
Ele se apoiou em meus braços para se levantar, ainda trêmulo, as lágrimas escorrendo sem controle. Quando finalmente ficou de pé, agarrou minha camisa como se fosse a única pessoa que pudesse fazer Anderson ficar.
— Ele não pode fazer isso, Renato… — balbuciou, a voz embargada. — Não depois de tudo que a gente passou. Isso não é justo!
Anderson, que observava a cena de braços cruzados, soltou uma risada seca.
— Justo? Você quer falar de justiça, Manuel? Você, que escondeu a verdade o tempo todo?
Manuel soltou minha camisa e virou-se para ele, os olhos vermelhos de tanto chorar.
— Eu só quero um pingo de consideração, Anderson! Um pingo!
— Consideração? — Anderson avançou um passo, a voz carregada de desprezo. — Você não tem moral pra falar dessa palavra. Passou meses mentindo, fingindo que tudo era perfeito, enquanto eu engolia cada desaforo seu. Agora quer pagar de vítima?
Por um instante, Manuel ainda tentou se defender:
— Não foi assim… Eu só…
— Só o quê? — Anderson cortou, a voz afiada. — Você é o errado querendo estar certo. Sempre foi.
Eu e Anderson caminhamos até a porta com as nossas malas.
— Vocês vão fazer isso comigo mesmo? Vamos conversar!— Manuel perguntou..
— Eu quero que você vá tomar no seu cu, desgraçado — Anderson respondeu, já caminhando em direção à porta.
— Você fez isso com você mesmo. Só estragou tudo — eu disse, seguindo Anderson.
Antes de sair, parei na porta e olhei pra trás. O Manuel estava encostado na parede, chorando baixinho. Ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas e disse:
— Por favor, fale com seu primo... por favor.
Não o respondi, mas acabei saindo mesmo assim. Fechei a porta devagar, e enquanto me afastava, ainda dava pra ouvir ele chorando, o som meio abafado pelas paredes…
Eu e Anderson ficamos alguns minutos do lado de fora, em silêncio, esperando o Uber chegar. Ele estava visivelmente chateado, mexendo no celular, mas dava pra ver umas lágrimas escorrendo. Nenhum de nós trocou uma palavra durante o trajeto até a kitnet dele.
Quando chegamos, eu já fui querendo conversar, mas ele me ignorou. A única coisa que ele disse foi:
— Vamos deixar essa conversa pra outra hora. Tô chateado pra caralho, com dor de cabeça, e essa porra toda me sobrecarregou. Manuel errou, mas você também.
Ele rasgou o plástico do colchão, tirou um lençol da mala, colocou e apagou a luz, simplesmente se deitando. Eu deitei ao lado dele, mas não fui invasivo. Fiquei ali, sem sono, sem nada pra fazer, só mexendo no celular. Pensei em contar para meus amigos sobre o ocorrido, mas com certeza ficariam preocupados, e aí eu estragaria o Carnaval deles.
Quando fui dormir, já era madrugada. O Anderson tinha pegado no sono fazia tempo. Quando acordei ja era quase dez da manhã, não tinha nenhum sinal dele, mas ele tinha me mandado uma mensagem dizendo que saiu pra espairecer e que não teria tempo de voltar.
Naquela kitnet, não tinha nada pra fazer além de ficar deitado, e isso definitivamente não estava nos meus planos. Levantei, tomei banho e fui procurar uma padaria. Lá, peguei um café e, quando fui olhar as mensagens, vi que o Manuel tinha me enviado um monte de textos e áudios. Nem tive vontade de ouvir os áudios ou ler as mensagens. Ele tinha vacilado muito comigo, trouxe de volta um assunto do passado, sabendo como aquilo era pesado e que deixaria o Anderson puto. Ele ainda tentou amenizar a situação do Lucas, como se isso resolvesse alguma coisa.
Pensei em mandar uma mensagem falando pra ele parar de me procurar, mas, no fim, resolvi bloquear logo. Era o mais fácil.
Quando voltei para a kitnet, Anderson ainda não havia chegado. Aproveitei para organizar minhas roupas, já que, na correria, havia jogado algumas coisas de qualquer jeito na mala. Pouco tempo depois, ele apareceu com duas quentinhas e uma garrafa de refrigerante de 1,5 litros.
— Olha, comprei frango à parmegiana. Está bom para você? Era isso ou bife de pernil, e como sei que você não curte muito carne de porco, trouxe frango — ele disse, com um pequeno sorriso.
Anderson ainda comentou:
— Eu tive que pedir garfos e copos descartáveis no restaurante, acredita?
Ele me entregou a quentinha, agradeci, e nos sentamos no colchão para comer.
O almoço foi silencioso, sem nenhuma palavra trocada. Só depois que joguei as embalagens no lixo improvisado com uma sacola é que Anderson quebrou o silêncio. Ele me perguntou se Manuel havia me procurado.
— Sim — respondi. — Ele me mandou várias mensagens, mas não li nenhuma. Acabei bloqueando ele.
Anderson pareceu refletir por alguns segundos antes de fazer outra pergunta:
— Por que você escondeu que tinha rolado algo entre você e Pedro?
— Anderson, esse é um assunto que eu não gosto de comentar, porque me traz um certo desconforto. Afinal, é coisa que ficou no passado, e eu acho que deveria ficar lá. Mas, diante de todos os últimos acontecimentos, eu te devo uma satisfação. Tentei falar com você ontem, porém você não estava tão aberto como hoje. A única coisa que eu te peço é que não me interrompa. Deixa eu falar tudo, explicar, pra depois você dar o seu ponto de vista, querer me criticar, beleza?
Anderson acenou com a cabeça, concordando.
— Então, você lembra daquela vez que eu fui dormir na casa de Manuel e Dinei que também estava ficando com ele chegou lá? Manuel até comentou com você do clima chato que gerou todo um constrangimento. Pois bem, foi nesse dia que tudo aconteceu. Manuel foi dormir com o Dinei no quarto. Eu fiquei na sala, assistindo TV com o Pedro e acabei adormecendo. Pedro me levou para dormir no quarto dele. E aí... aconteceu.
Fiz uma pausa, respirando fundo antes de continuar.
— Mas... isso não surgiu do nada. Vendo por uma outra ótica, eu vejo que Pedro foi incentivado, provocado por Manuel. Porque, antes desse dia, Manuel já tinha feito uma videochamada para o pai, na hora da nossa transa, se exibindo. Outra vez, Pedro assistiu pessoalmente. No momento que rolou a transa com Pedro, Manuel tentou até entrar no quarto do Pedro, não para impedir mas queria participar.
Anderson permaneceu em silêncio, ouvindo atentamente.
— Então é isso. Sim. Rolou algo entre Pedro e eu. Uma única vez. Não vou mentir, igual o Manuel, me fazendo de vítima. Eu não menti. Eu omiti o fato. Eu já sabia que eu te perderia. E outra, foi numa época onde você ainda curtia e pegava umas mulheres, sabe? Eu sei que isso nao justifica mas, foi numa época onde você não tinha se assumido, onde ninguém sabia da gente. É isso. Não vou ficar me justificando, estou contando toda a verdade. E essa é a verdade.
Anderson suspirou, ainda sério.
— Escutar Manuel dizer aquilo e você ficar sem palavras me deixou muito chateado. De repente, eu descubro que você, quem eu amo e quem realmente eu acreditava me amar, me traiu. Comecei a questionar esse seu amor. Desde ontem, eu tô pensando nisso. Será que você me ama de verdade? Ou só está com medo de te perder?
Senti um nó na garganta ao ouvir as palavras dele, mas sabia que era importante responder com calma e honestidade.
— Anderson, eu entendo que você esteja se sentindo assim. Eu realmente errei em não ter contado antes, e eu sei que isso machucou você. Mas eu preciso que você entenda uma coisa: o que aconteceu com Pedro foi um erro, algo que eu nunca deveria ter deixado acontecer. E eu não estou falando isso porque tenho medo de te perder, mas porque eu te amo.
Fiz uma pausa, olhando nos olhos dele, tentando transmitir toda a sinceridade que sentia.
— Eu sei que o passado não dá pra mudar, mas o que eu sinto por você é real. Eu estou aqui porque quero construir algo com você, algo que seja baseado na verdade e no respeito.
Anderson ficou em silêncio por um momento, como se estivesse pesando cada palavra que eu disse.
— Eu quero acreditar em você — ele finalmente falou, com um tom mais suave. — Mas isso ainda dói, sabe? Dói pensar que você escondeu algo tão importante de mim.
— Eu sei — respondi. — E eu não espero que você simplesmente esqueça ou perdoe tudo de uma vez. Eu só quero que você saiba que eu estou aqui, disposto a fazer o que for preciso pra reconstruir a confiança que a gente tinha.
Ele olhou para mim, e pude ver uma mistura de dor e esperança em seus olhos.
— Anderson, você pode duvidar de muitas coisas, mas não duvide do meu amor por você. Eu sempre demonstrei isso em atos, em cada coisa que fiz por nós. Eu enfrentei a nossa família por você, lutei contra tudo e todos pra ficar ao seu lado. Você pode questionar minhas escolhas, mas nunca o que eu sinto por você.
Uma coisa eu não podia negar: Anderson, apesar de todos os acontecimentos, não havia virado as costas pra mim. Ele não me deixou a Deus dará. Pelo contrário, estava me dando todo o suporte. Me trouxe almoço, me deixou ficar onde ele estava morando. Talvez o fato de sermos primos influenciasse, mas eu queria acreditar que o nosso relacionamento também tinha um peso nessa atitude dele. E, no fim, isso me confortava.
Naquele dia, Anderson melhorou um pouco comigo. Embora ainda estivesse frio, ele já falava mais coisas. Havia um diálogo entre a gente, mesmo que breve. Mas não rolava beijos, afetos ou carinho. Quando eu tentava me aproximar, ele recuava. Era como se houvesse uma barreira invisível entre nós, e eu não sabia como atravessá-la.
Pra quebrar o tédio, à noite, resolvi comprar algo pra gente. Vi algumas opções no aplicativo de delivery e perguntei o endereço.
— Pra quê? — ele perguntou, desconfiado.
— Pedi uma coisa pra gente comer. Deixa que eu pago — respondi.
— Não precisa.
—Claro que precisa. Você já pagou o almoço. — Retruquei.
Ele deu de ombros e, depois de um momento, falou o endereço.
Depois da janta, ficamos cada um no seu celular. Eu assistindo uma série, ele mexendo em outra coisa. O silêncio entre a gente era pesado, mas eu não sabia como quebrá-lo. Até que ele falou, de repente:
— Filho da puta do Manuel. Já desconectou o meu celular da conta do WhatsApp dele.
Eu olhei pra ele, tentando entender o que isso significava.
— Renato... — ele continuou, com um tom de frustração. — Não foi fácil pra mim guardar isso tudo durante tanto tempo. Tá sacando? Eu sabia que ele estava tendo lance com o Lucas. As mensagens diziam por si só, os nudes que eles mandavam... Mas eu preferi esperar você chegar, era importante você estar aqui. Eu só não sabia que ele tinha essa porra de uma carta na manga.
Eu já não respondia mais porque não tinha mais argumentos para usar em relação a Pedro e Manuel. Pra minha sorte, ou não, Anderson mudou de assunto. Ele perguntou qual horário eu gostaria de viajar: de manhã ou à noite?
— Eu prefiro viajar de dia — respondi. — Não gosto da escuridão. Acho mais perigoso viajar à noite.
Ele então falou:
— Olha, então vou comprar sua passagem. Não para amanhã, porque está em cima da hora, mas para depois de amanhã, de manhã.
Naquele momento, uma tristeza profunda me invadiu. Algo dentro de mim ficou vazio. Embora eu tentasse contestar as coisas, parecia que Anderson queria que eu me afastasse. E aquilo me machucou.
— Nossa, mas eu pensei que ficaria mais tempo — comecei a falar, mas ele me interrompeu.
— Renato, não tem mais clima. Olha só, a gente está trancado o tempo todo nessa kitnet. Não dá pra fingir que está tudo bem.
Ele percebeu minha expressão de desânimo. E depois de um momento, eu falei :
— Porra! Eu vim aqui pra me divertir, pra ficar com você, matar a saudade. E aí, por conta de toda essa putaria do Manuel... Eu que acabo pagando o preço. É impressionante, até nisso aquele filho da puta me quebrou.
Então, me deitei no colchão e fechei os olhos. Sabe aquela sensação de querer fugir dos problemas, de querer esquecer as coisas? Eu usei o sono como uma forma de fazer o tempo passar mais rápido. Era uma tentativa de fugir, de esquecer tudo, mesmo que por algumas horas. E foi isso que eu fiz. Mais uma vez.
Acordei de madrugada com Anderson me chamando. Ainda sonolento, respondi:
— Oi? Aconteceu alguma coisa, Anderson?
Ele me disse, com a voz suave:
— Vem cá. Me dá um abraço.
Me aproximei e apoiei a cabeça no ombro dele, sentindo o calor do seu corpo. Ele me abraçou forte, como se precisasse daquele contato para se sentir seguro.
— Eu amo você, Renato — ele falou, com a voz embargada, quase falhando. — Eu amo você. Só que eu não estou sabendo lidar com tudo isso.
Fiquei em silêncio, deixando que ele continuasse.
— Eu sei que você veio pra cá pra se divertir, mas eu precisava me libertar do Manuel. Precisava desmascará-lo. Eu não duvido do seu amor.
Abracei ele novamente, dessa vez mais forte. Alisei suas costas, tentando transmitir conforto através do toque. Me aproximei dos seus lábios, esperando um sinal, mas ele não moveu. Não deu abertura para um beijo.
— Melhor não — ele murmurou, quase como um pedido de desculpas.
Mas eu insisti, sussurrando:
— Eu quero.
Meus lábios encontraram o pescoço dele, e ele deixou escapar um gemido baixo. Minha mão deslizou pelo corpo dele até chegar ao seu pau, já duro, já excitado. Ele desejava, mas ao mesmo tempo lutava contra o próprio tesão.
— Renato, por favor... — ele disse, mas não me impediu.
Foi aí que desci, tirei o pau dele pra fora e o encarei por um instante. Ele ficou imóvel, como se estivesse em conflito consigo mesmo. Olhei pra ele, hesitei por um segundo, mas então coloquei na minha boca.
Ele não disse nada, apenas respirou fundo, como se estivesse tentando controlar algo que já não tinha mais controle.
Como Anderson havia me acordado, eu já sabia que não passaria a noite sem um toque. Eu tinha decidido que não ia dormir sem um beijo, sem um toque dele. Então, depois de olhar para ele enquanto usava a minha boca no seu pau, e senti ele delirar de desejo, subi sobre a cintura dele. Encaixei seu pau na entrada do meu cu, lubrifiquei com minha própria saliba e olhei diretamente nos seus olhos.
— Eu vim pra cá pra receber amor, pra receber carinho e, sobretudo, pra sentir isso aqui dentro de mim — falei, com um tom provocante.
E assim depois de colocar a minha propria saliva para me lubrificar eu fui forçando aquele pau entrar dentro de mim, e aos poucos ele foi entrando. Com o pau de Anderson completamente dentro de mim, comecei a cavalgar. Cada movimento arrancava gemidos baixos dele, e eu não resisti a provocá-lo.
— Assume que você gosta também — disse, enquanto me movia. — Não é só eu que não consigo ficar sem você. Você também não consegue ficar sem mim. Você sabe que, na maioria das vezes... ahn... ahn... — gemi, perdendo o fôlego. — A gente resolve nossos problemas na cama.
Ele colocou as mãos sobre minhas coxas e apertou, enquanto eu continuava no controle, me movendo sobre ele. Ele segurou minha cintura com mais força e começou a socar com mais intensidade, fazendo eu gemer mais alto.
— Não resistiu, né? — provoquei, sentindo o tesão aumentar.
Ele pareceu não entender de imediato, mas logo entrou na minha provocação.
— Ué... Você não queria tanto isso? Então, você vai ter.
De repente, ele me virou de quatro e começou a meter com mais força, cada metida parecendo dizer que eu realmente era um puto e merecia levar muito no cu.
— Sim... ahn... eu mereço tomar no cu! — concordei, gemendo. — Eu vim pra isso.
Ele continuou, incansável, segurando minha cintura com uma mão e minha nuca com a outra.
— Então toma rola! — ele disse, enquanto metia em mim com uma intensidade que me deixava sem fôlego.
— Que delícia... me fode gostoso — gemi, entregue completamente ao momento.
Ele me fez deitar na cama, seu corpo quente pressionando o meu enquanto se posicionava por cima de mim. Sem hesitar, ele me penetrou profundamente, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Ele se inclinou para perto do meu ouvido e sussurrou com uma voz rouca e dominadora:
— Acho que o que você precisa é de mais pica no cu, não é?
Eu concordei imediatamente, revirando os olhos de prazer e respondendo, ainda rebolando sob ele:
— Sua pica é tudo que eu quero, Anderson!
Ele então mordeu levemente meu ombro, e eu gemi alto, perdendo o controle enquanto ele continuava a me possuir com força e determinação. De repente, ele parou e ordenou:
— Fica de quatro no chão. Empina esse cuzao e coloca a cara no chão. Vou te dar o tratamento que você tanto pede e merece.
Obedeci rapidamente, posicionando-me de quatro no chão, arqueando as costas e empinando ainda mais, enquanto ele se colocava atrás de mim. Anderson não perdeu tempo. Ele me penetrou novamente, desta vez com uma intensidade ainda maior, colocando um pé sobre meu rosto para me dominar completamente. Cada socada era selvagem, como se ele estivesse liberando toda a sua fúria e desejo em mim. Eu gemia sem parar, implorando por mais.
Eu sentia o calor do corpo dele contra o meu, enquanto ele ainda mantinha o pé pressionado levemente contra o meu rosto, dominando completamente a situação. Gemidos altos escapavam da minha boca, misturados com palavras de incentivo, pedindo mais, implorando por ele.
Ele segurava meus quadris com firmeza, puxando-me para trás a cada movimento, enquanto eu arqueava as costas, empinando ainda mais para sentir cada centímetro dele dentro de mim. A sensação era avassaladora, uma mistura de dor e prazer que me levava ao limite. Anderson começou a respirar mais rápido, seus gemidos roucos ecoando no quarto, sinal de que ele estava perto de gozar.
— Vai gozar pra mim, Anderson! — Eu gritei, sentindo o meu próprio orgasmo se aproximando, uma onda de calor subindo pela minha espinha. Ele respondeu com um urro, aumentando o ritmo ainda mais, até que finalmente senti ele pulsar dentro de mim, seu corpo tremendo enquanto ele liberava tudo. Ao mesmo tempo, eu também gozei, gemendo alto enquanto meu corpo se contorcia de prazer.
Anderson desabou sobre mim, ambos ofegantes e suados, mas completamente satisfeitos. Ele deu um leve beijo no meu ombro antes de se deitar ao meu lado, puxando-me para um abraço apertado.
Essa foi boa! — ele sussurrou, e eu sorri, exausto mas feliz, concordando em silêncio.
Tomei um banho rápido antes de dormir e, dormi mais leve e melhor. Acordei com Anderson já acordado, sua pica dura bem na minha cara, me dando bom dia de uma maneira que só ele sabia fazer.
— Mama gostoso, safado! Assim você ganha o leite matinal que tanto gosta — ele disse, empurrando suavemente sua rola em direção à minha boca.
Enquanto eu o chupava, Anderson me observava com um olhar intenso. De vez em quando, ele tirava a pica da minha boca, batia levemente na minha cara e a colocava de volta, como se estivesse brincando. Eu entrei na brincadeira, me dedicando ao máximo, chupando aquela pica sem tirar os olhos dele. Ele sorriu e disse:
— Você disse que veio aqui pra receber amor e pau no cu. Como hoje é seu último dia, a gente vai foder muito.
Ele começou a enfiar toda a pica na minha boca, me fazendo engasgar enquanto gemias, sua rola alcançando minha garganta.
— Issoooo, safado! Engole tudo! — ele ordenou, segurando minha cabeça com força.
Anderson usou e abusou da minha boca até gozar fartamente, e eu engoli tudo, como ele queria. Depois, ele sugeriu que saíssemos para dar um rolê pela cidade, já que havíamos ficado o tempo todo em casa. Fomos para outro bloco, onde curtimos sem afetos, apenas nos divertindo. Ele perguntou se eu ia me despedir do Manuel, e eu respondi que não, já que, no dia da briga, ficou claro que Manuel só estava preocupado em perder ele.
— Posso ser tudo, Anderson, mas não sou bobo. Eu pego as coisas no ar — disse, e ele apenas riu.
Quando notei que ele estava começando a ficar bêbado, pedi para irmos embora. Ele insistiu em ficar mais um pouco, mas não demorou muito para chamarmos um Uber e partirmos de volta para casa.
Ao chegarmos, Anderson fechou a porta e começou a tirar a roupa.
— Se ajoelha e mama o seu macho! Mas mama com vontade, filho da puta. Você não sabe quando vai chupar essa rola novamente — ele disse, já com a voz alterada pelo álcool.
Me ajoelhei e comecei a chupá-lo, mas Anderson, sob o efeito do álcool, estava mais agressivo e selvagem. Ele queria que eu engolisse sua pica até lacrimejar, tirando e colocando de volta na minha boca sem piedade.
— Já te dei amor esses dias. Hoje você vai levar só pica e rola — ele disse, dando um tapa na minha cara, me desequilibrando.
— Calma, Anderson…
— Calma o caralho! — ele respondeu, enfiando a pica na minha boca novamente, deixando claro que estava no comando.
Depois de um tempo, ele pediu que eu deitasse no colchão. Para minha surpresa, ele usou a boca em todo o meu corpo, dos pés à cabeça, menos no pênis, já que ele me via apenas como passivo. Ele levantou minhas pernas, me deixando totalmente curvado, e começou a usar sua língua no meu rabo, dedicando-se por um bom tempo. Gemidos e suspiros escapavam da minha boca enquanto ele me preparava.
Finalmente, ele me penetrou sem piedade, suas estocadas fortes e precisas me fazendo tremer de prazer. Eu amava estar naquela posição, completamente dominado por ele. Anderson estava super inspirado neste dia.
Anderson me virou de lado e levantou uma das minhas pernas, segurando-a com firmeza enquanto me penetrava. Essa posição permitiu que ele me alcançasse de uma maneira diferente, e eu gemia, sentindo o prazer aumentar a cada movimento.
— Tá gemendo é porque ta gostando! — ele sussurrou, aumentando o ritmo.
Eu delirava vendo aquele homem suado, se dedicando em meter pica em mim com aquela cara de macho que só ele tinha.
Ele então me deitou de costas novamente, mas desta vez com minhas pernas abertas e presas pelas mãos dele.
— Agora você não vai fugir — ele disse, entrando em mim com uma estocada profunda.
Essa posição me deixou completamente exposto e vulnerável, e eu gemia sem parar, sentindo cada movimento dele dentro de mim.
Cara, não tem como descrever o que eu sentia quando Anderson me comia. Era tipo... uma mistura de "ai, meu Deus, isso dói" com "não para, por favor, continua". Ele me segurava pelos quadris com uma força que parecia que ia me quebrar, mas eu adorava. Cada vez que ele metia, eu sentia aquela pica entrando fundo, sabe? Era como se ele tivesse marcando território, eu segurava o lençol com tanta força que minhas mãos doíam, mas eu não soltava. Era como se aquele pedaço de tecido fosse minha única âncora para aguentar a intensidade do que estava sentindo. Meus dedos se enterravam no colchão, tentando encontrar algo para me segurar enquanto ele me fodia com uma força que me deixava sem ar. Anderson não dava mole, ele metia com uma força que parecia que ia me atravessar, e eu ficava lá, gemendo igual um louco, tentando aguentar o tranco.
E o pior (ou melhor) é que ele sabia que eu tava gostando. Ele via a cara que eu fazia, ouvia os gemidos que escapavam, e isso só deixava ele mais safado. Ele chegava perto do meu ouvido e sussurrava:
— Toma, seu puto! É isso que você quer, né?
E eu só conseguia concordar, balbuciando alguma coisa entre gemidos, tipo:
— É... isso, Anderson... assim mesmo...
Cada estocada era uma mistura de dor e prazer que me deixava maluco. Eu sentia o corpo dele colado no meu, o suor escorrendo, e aquela pica entrando e saindo como se não houvesse amanhã. E eu? Eu tava lá, tentando não gritar enquanto ele me fodia com tudo.
Quando ele finalmente gozou, foi tipo... uma explosão. Eu senti ele pulsando dentro de mim, e meu corpo simplesmente reagiu, sabe? Gozei junto, dando alguns espasmos, completamente dominado por ele. Ele desabou em cima de mim, ofegante, e eu soltei o lençol, minhas mãos doloridas, mas felizes. Ele me puxou pra um abraço e disse:
— Você é foda, seu puto.
E eu só ri, exausto, mas completamente realizado. Aquela noite foi tudo o que eu queria e mais um pouco. Anderson sabe como ninguém me deixar no limite, e eu amo cada segundo disso.
Antes de dormir, dei uma última ajeitada na mala. Não que estivesse desorganizada – eu já a havia arrumado antes –, mas organização nunca é demais. Enquanto dobrava algumas roupas, senti um vazio. Eu sabia que tão cedo não veria Anderson novamente. Mas uma coisa era certa: eu não podia continuar ali. Tinha meus trabalhos, minha vida. E, além disso, precisava colocar meus planos para o novo ano em prática.
Antes de dormir, ficamos juntos mais uma vez. Foi bom, mas vazio. Não houve troca de palavras, nem de sentimentos. Apenas beijos, carícias, e depois cada um virou para o seu lado.
Na manhã seguinte, acordei com elw me chamando para o café. Olhei o relógio e vi que ainda era cedo, mas levantei mesmo assim. Na cozinha, na pia estava pães, leite e biscoitos. Eu me servi de um café com leite e alguns biscoitos, tentando me preparar para o que quer que viesse.
Ele não enrolou.
— A gente precisa conversar sobre o que vai ser daqui pra frente, antes de você voltar pra Volta Redonda. Eu acho melhor terminarmos por aqui, dar um tempo. Ver o que realmente queremos.
Senti um nó na garganta.
— Isso está me desgastando muito — ele continuou. — Prefiro falar agora do que deixar pra resolver por telefone depois.
Fiquei em silêncio. Não esperava por isso. Tivemos um dia tão bom… Mas, no fundo, eu sabia que essa conversa era inevitável.
Respirei fundo e, com a voz firme, respondi:
— Eu respeito seu ponto de vista. Não vou implorar pelo seu carinho nem pela sua atenção. O Gil uma vez me disse para nunca mendigar afeto… E ele estava certo.
Fiz uma pausa, tentando organizar meus pensamentos.
— Eu te contei tudo sobre o que aconteceu com Pedro. Falei do meu arrependimento, do motivo de não ter te contado antes. E, acima de tudo, do quanto eu te amo. Mas se você não se deu por satisfeito e precisa de um tempo… eu vou te dar. Só que eu não te vou esperar. Não mais.
— Só quero que entenda que não tô com raiva de você — garantiu ele. — Só acho que a gente precisa desse tempo. Pra entender o que realmente queremos para a nossa vida. Não eu, mas principalmente você, Manuel.
Ri, sem acreditar no que estava ouvindo, e respondi:
— Ah, entendi. Não tá com raiva de mim, mas tá praticamente terminando comigo. Oi?
Ele suspirou, sem paciência.
— Enfim, Renato… — adiantou-se. — Eu estarei aqui. Você pode contar comigo. Agora como primo. Somente.
Quando a hora se aproximou, tomei meu banho, me arrumei e, apesar de dizer que não era necessário, ele insistiu em me acompanhar até o aeroporto. Cedi. E assim fomos.
No aeroporto, antes do embarque, nos abraçamos. Um abraço longo, apertado, como se tentássemos segurar algo que já estava escapando. Quando nos soltamos, vi que os olhos dele estavam cheios d’água. Eu já chorava.
Com a voz embargada, perguntei:
— Tem certeza?
Ele confirmou, balançando a cabeça.
— Sim, primo.
Meu coração apertou. Olhei para ele uma última vez.
— Tchau.
Virei as costas. Ainda ouvi sua voz:
— Boa viagem.
Mas não olhei mais para trás.
Quando me sentei no avião, as lágrimas rolaram sem cessar. Um choro contido, silencioso, que dizia tudo o que as palavras não conseguiram.
Algumas despedidas doem não pelo adeus, mas pela certeza de que, ao voltar, nada mais será como antes.
Comentários (17)
John: Dado, faz um favor pra o mundo e morre. Coisa chata. Renato como sempre está ótimo.
Responder↴ • uid:pvl992m9k8Dado: Mas uma vez pelo roteiro o autor sacaneia o manoel so pra deixar o casal so. Usou o manoel a fic toda e agora isso ranço
Responder↴ • uid:1dysdchb6oz0qhb: Finalmente aconteceu alguma coisa.... só não entendi pq anderson terminou com renato do nada.
Responder↴ • uid:8bvve163443K: Anderson tá insuportável querendo controlar os outros , e é Renato muito fácil de manipular, eles nem pra entender o lado do Manuel dois bem feito pra eles que Manuel falou que Renato ficou com Pedro e que Anderson traiu Renato
Responder↴ • uid:dlnr0nt09rCaiçara: Esse capítulo entra facilmente no meu Top 3 de melhores capítulos, todas as reviravoltas foram incríveis, e da para perceber que isso foi pensado e não jogado do nada, simplesmente perfeito, sem falar na nostalgia que senti ao citar os lugares de Volta Redonda, perfeito demais. Dito tudo isso, falo que o Anderson foi um filho da Puta com o Renato, sendo que ele mesmo no início não dava moral e vivia traindo.
Responder↴ • uid:fi07cbmm42ANDRÉ: Longo o capítulo de hoje, tô indo dormir as 2 da manhã. Sinto que todos devem amadurecer e talvez a história se encaminhe para um final, apesar de tanto falaram que é uma novela mexicana e melhor que muito conto sem pé e nem cabeça daqui. Tá difícil pensar num retorno do trio agora, mas muitas coisas ficam no ar. Talvez seja o momento do Renato realmente pensar nele. Viver um novo romance, assim como o Anderson e o Manuel. Acredito que se realmente for amor, ele voltaram, e eu acredito que é. Kkkkk, torço que seja. Mas todo mundo nessa história precisa aprender com os erros.
Responder↴ • uid:1ux79d9a8Edson: Sabe André, acho que não haverá uma volta do trisal, e é bem capaz que, diferentemente do que o Renato pensa, seu irmão Ricardo vai surpreendê-lo positivamente quando perceber a tristeza de seu irmão mais novo nesse retorno de Joinville. Explico: Aquele tal Thiago, ou Thiagão para seus amigos, e que trabalha com o Ricardo, na minha opinião ficou a fim de Renato, só que Renato, tão saudoso de Anderson e Manuel, nem se ligou. Quando Ricardo perceber o coração partido de Renato, ele vai aproximar os dois, até porque duvido que Thiago não tenha falado para Ricardo sobre o 'match' que sentiu, mas enfim é só meu radar falando alto rsrs. Quanto aos dois lá em Joinville, confesso que fiquei bastante decepcionado, tanto com a estadia desastrosa de Renato quanto com a 'devolução' antecipada dele para VR, ele nem conseguirá explicar esse rápido retorno, aliás o estado em que chegará em VR nem daria pra esconder mesmo que volta precisando de colo agora.
• uid:1e2kryrv6pppxSssss: Muito bom o conto. Mas espero que o Renato ache alguém que o faça bem daqui em diante.
Responder↴ • uid:1e4l74urcd5yxSemaj: Bom, não tenho muito o que escrever. Peno que no próximo capítulo já pode fechar a história. Se abrir, terá mais, muito mais coisa a escrever. Mas, penso, com Manoel não tem mais volta; com Anderson, hum... melhor ele com o tempo dele. E Renato, aproveitar a vida.
Responder↴ • uid:1ei3yziofq1r4Luiz: Isso ta parecendo novela Mexicana naoacaba nunca alem disso a qualidade ta cada capitulo pior, 61 capitulos dessa novela mexicana nao tem cu que aguente, fui...
Responder↴ • uid:3v6otnnr6iclBreno: Luiz se ela está tão ruim assim por qual motivo você lê? Por qual motivo você ainda perde seu tempo comentando? Tem vários contos pra você ler de pai que faz sexo com filho de Irmão que faz sexo com irmão de namorado que trai o namorado e humilha de rapaz que sai dando pra quem quiser. Sabe qual é o teu problema você ataca o autor por ele não ter feito o que você quis. Você queira um sexo entre Renato e Marcelo e entre Renato e Pedro novamente só que o autor não seguiu o que nem deve ser levado em consideração pois se o autor está escrevendo ele sabe guiar a história que ele está criando. Então em vez de falar merda que isso ou aquilo vai procurar o que fazer. PUTOVR seu conto está sensacional. Muitas camadas na vida desses personagens acho que o Renato vai ter uma aproximação com Felipe e quando Anderson perceber vai querer se impor é a hora de Renato tomar as rédeas da vida e não ceder a Anderson. Quanto ao Manole eu já esperava por isso eu nunca confiei nele bem é isso
• uid:1czjfvdjguxk6Comentarista: Vai e não volte! É um favor que você faz para todos que gostam e acompanham a saga. você é hater e fã ao mesmo tempo,como disse o cara aí, sua maior frustração é que o autor não seguiu a sugestão que saiu da sua mente perversa e doente.
• uid:1e5uyzt413wk0Alison: Passado não sei o que é opinar Espero que o Anderson Não cometa alguma besteira nesse período em que tá dando um tempo com o Renato
Responder↴ • uid:1ddpp4g9a3zg0Edson: Escrevi muito, mas resumi tudo em: Que sofrimento desse rapaz! Viajou com alegria, mas voltou só com tristeza e decepção. Credo!
Responder↴ • uid:1ep1el8kmgbgspedroslr: O plot twist babadeiro, nunca imaginei isso acontecendo
Responder↴ • uid:g62bi3m9diEdson: Esse episódio, imenso por sinal, foi excelente! Ficou claro que o Manuel nunca se importou mesmo que a relação fosse fechada, foi Dinei, Lucas, e sabe-se lá mais quem, com a conivência do César já em Joinville. Quanto ao Anderson, apesar de seus fãs, eu o acho tóxico, abusivo. Sei que é um furacão no sexo, mas estar com ele, ao mesmo tempo que permite viver as quatro estações em um só dia (e muitos gostam), também deixa quem está ao seu lado inseguro, além de descontar seu sadismo no sexo, nunca sabendo se quando ele procura o parceiro, além de se realizar, ele quer dar prazer, ou aniquilar através da dor e ou da humilhação. Aliás, apesar de ele dizer ao Renato: "Eu mudei, você sabe disso.", talvez na tentativa de reverter sua imagem do passado, acabou por reafirmá-la a seguir, ainda que pelos motivos que mostraria depois com os prints das mensagens de Manuel. Ainda tem essa de abraçar, demonstrar carinho e, ao final, dizer apenas "primo". Depois de tudo e de tanto, o que era um conto erótico se transformou numa saga, a saga de Renato. Entrando na onda da estória, enfim, espero que, de fato, em respeito aos pais e a si mesmo, ele, Renato, entre na faculdade, como hobby faça suas aulas de dança, e melhore seu amor-próprio pois essa busca por realização pessoal e autoafirmação tem sido feita por Manuel e, agora, pelo próprio Anderson. Ainda que profissionalmente o Renato esteja evoluindo, melhor ainda que encontre alguém "sadio", que não signifique ter aquela sensação de que a toda hora uma DR infernal vai lhe bater a porta e, certamente, tem gente melhor por aí! Pior coisa que tem é ficar rastejando por alguém e a todo momento ter que provar que o ama!
Responder↴ • uid:1d99qjd24g7scXxxx: Sinceramente, ta todo mundo errado, o Anderson é tóxico ao extremo, Manuel egoista pra caramba e o Renato hipocrita num nível absurdo. Por mim o Renato seguia a vida sozinho, ele merece coisa melhor
• uid:on93cyjqrcj