Só quero saber de moleques

Meu tesão é por moleques e cansei de me sentir culpado por isso.

Pedofilia é tratada formalmente como uma parafilia, ou seja, um transtorno psiquiátrico de natureza sexual. Um desvio aberrante da norma, além, é claro, de um crime. Da mesma forma que no passado, homossexualidade (a época 'homossexualismo') também era tida como imoral e criminosa. Boa parte do problema é oriundo da associação errônea entre sexo e o maligno ou perverso, ao invés se algo que não poderia ser mais natural, sendo literalmente o pilar para toda vida humana.

O principal argumento para justificar a imoralidade da atração sexual por crianças é o da Inocência. A ideia de que crianças nascem puras e incapazes de tomar suas próprias decisões e que qualquer relação sexual envolvendo crianças violaria essa inocência, além de ser necessariamente contrária ao desejo da criança, uma vez que ela não é considerada hábil a tomar qualquer decisão. Um argumento advindo das obras de Rousseau: um homem que fez 5 filhos e nunca sequer os viu antes se mandar para um orfanato.

No entanto, Inocência é só ignorância romantizada. Não é uma virtude e sequer é real. Se as crianças fossem de fato "puras" não haveria a necessidade de reprimir suas descobertas naturais, como a masturbação, ou a curiosidade pela nudez e atividade escatológica de outras crianças. A inocência considerada inata, na verdade é ativamente reforçada por adultos, que negam sua própria sexualidade e impõe a mesma repressão sobre seus filhos. Diferente de muitos outros atos infantis, a criança não precisa ser ensinada sobre sexo, no máximo apresentada e a sua natureza tratará do resto.

Logo, a incapacidade de compreender a relação sexual e de consentir ou não, está mais relacionado à ignorância sobre o assunto, do que a uma incapacidade biológica inerente. Afinal a criança faz escolhas e toma decisões o tempo todo. Quando uma criança é punida por desobedecer, o pai assume que ela OPTOU por não fazer o que lhe foi ordenado. Aquilo que ela gosta de comer ou fazer, ou mesmo a própria relação afetiva com os pais só é válida caso a criança seja um agente pensante.

Se abre uma exceção muito clara quanto ao potencial cognitivo de crianças quando se trara de sexo, usando-se linhas de pensamento falhas como a imaturidade do córtex pré frontal como argumento. Essa região do cérebro é responsável pelo CONTROLE DE IMPULSOS e PLANEJAMENTO. A mesma região que é comprometida com o uso de álcool, por exemplo, ainda que não na mesma intensidade. Assim como pessoas levemente embreagadas, crianças são DESINIBIDAS, ou seja, manifestam seus impulsos de forma mais espontânea. Logo, o argumento da imaturidade cerebral pressupõe que existe um impulso latente a ser inibido, entrando em conflito com a ideia de que todos nascem "puros" e assexuados como anjos. Ainda que seja indiscutível que o ser humano nasce com o aparato físico nescessário para praticar atividades sexuais e obter prazer.

Ainda que eu concedesse a premissa de que crianças não deveriam praticar sexo, teria um problema com a definição. Afinal, existem inúmeras linhas de limite entre infância, adolescência e vida adulta. Todas conflitantes.

No Brasil, com 14 anos o adolescente é considerado capaz de consentir a uma relação sexual, mas ironicamente, não pode assistir a pornografia até os 18.

Com 16 ele já pode opinar sobre o futuro político do país, mas não pode comprar cerveja.

O córtex prefrontal atinge sua maturidade incompleta aos 18, maturidade completa apenas aos 25, mas alegam que adolescentes de 16 anos já deveriam responder como adultos na cadeia.

Ninguém parece saber quando um ser humano atinge sua maturidade. Então vamos evitar o que é norma social e focar no que é fato científico.

A puberdade, que pode acontecer desde os 11 até cerca de 14 anos é o período no qual o indivíduo é considerado maduro sexualmente. Ou seja, capaz de se reproduzir. Na natureza, é comum que a maturidade sexual seja atrelada ao início da vida adulta. Nessa fase, tanto "animais" quanto seres humanos são compelidos, por sua própria biologia, a buscar um parceiro(a) sexual. Não fossem as amarras sociais, adolescentes de no máximo 14 anos estariam envolvidos em relações sexuais ou buscando alívio da mesma necessidade biólogica através da masturbação. Aliás fazendo pouca distinção entre gênero frequentemente.

Mas algumas pessoas argumentam que o problema não é o sexo juvenil, mas sim a relação entre o adolescente e um adulto. Aqui temos mais uma inconsistência lógica, pois a criança é considerada capaz de consentir e interessada por sexo, contrariando os pontos levantandos anteriormente. O real problema é a presunção de um assimetria no dinâmica de poder, onde o adulto detém maior controle sobre a situação e poderia levar a abusos.

Finalmente sendo levantado um argumento válido. Pois de fato há uma propensão a tirania quando a maior parte do poder se consentra nas mãos de um único indivíduo ou grupo.
No entanto, há propensão para tal em relacionamentos entre pais e filhos por si só. Inúmeras crianças são vítimas de seus tutores, talvez todas, ainda que não de forma a ser considerado um abuso pelas massas. Também há assimetrias em relacionamentos heterossexuais adultos. Tanto que há inúmeras leis para a proteção à mulher, considerando-se a superiodade física masculina sobre elas.

O último argumento desesperado é o de que, ainda que a criança consinta ao ato, ainda que ele obtenha prazer, no futuro ela pode desenvolver traumas. Porém, o trauma não se dá pelo ato sexual, mas pelo choque entre o que ela fez e sentiu e o que é considerado socialmente aceitável. Logo, quem traumatiza não é o sexo, ou o "abusador", mas A SOCIEDADE. As massas vão convencer essa criança que seu prazer foi um delírio pueril, que aquilo que ela fez por que quis, foi na verdade imposto sobre ela.

Pedofilia não é por si só aberrante ou problemática. As pessoas só entoam a mesma narrativa por serem incapazes de perceber, que ao contrário das crianças, elas é que nunca foram capazes de pensar por si próprias.