Papai, eu sou sua princesinha

Uma princesa que perdeu o seu único amor.

O que resta do amor quando as palavras somem? Quando não há mais sol, quando não há nada. Talvez o amor entre pai e filha nunca acabe. Por que acabaria? Eu sou seu orgulho. Papai diz ter me desenhado, criado meu rosto, minha boca e até a pintinha no canto dela. Moldou meu corpo, e mesmo com as mudanças que a adolescência trouxe, ainda me via como perfeita. Em termos de personalidade, éramos tão semelhantes, no entanto, também tão distintos. Nunca precisei chorar sozinha, nunca precisei implorar amor, ele sempre estava lá. Todos os dias eram especiais. Eu te fazia rir, não é verdade? Você me divertia. Talvez o que tenha permanecido entre nós sejam os abraços, os beijos. As brincadeiras que você dizia serem inocentes. Você era consumido pelo ciúme, me protegia. E eu, era ainda mais possessiva. Detestava vê-lo próximo de qualquer outra criança, outra mulher, outra pessoa que não fosse eu.

Sinto saudade do seu colo, pai. Costumava pentear meu cabelo, apertar minhas bochechas, beijar meu nariz. Aplicava hidratante no meu corpo, colocava meu colar e brincos, laços nos cabelos, vestidos e os pés descalços. Me levava para ver o pôr do sol, eu corria atrás das borboletas, brincava com os gatos e cachorros. Papai colhia flores para mim. Depois, ganhava colo novamente, ficava ali desfrutando de seus beijos gulosos que deixavam minha inocente boca vermelha e inchada. Eu faria qualquer coisa para reviver esses momentos, traga de volta o seu amor.

O que permanece do amor quando os versos românticos se perdem? O que resta do amor quando o ciúme domina tudo? Eu sempre fui sua prioridade. Você sabe que sou eu.