Galo da madrugada, na casa de meu amigo corno. Será que ele sabe? Ou não sabe?
Eu sou Adriano. Moro no bairro de Jardim São Paulo, no Recife, um lugar que parece saído de um filme de comédia dramática. Aqui, todo mundo conhece todo mundo, e os segredos são como moedas de troca. Mas há um segredo que não é segredo para ninguém, exceto para alguns maridos. Sim, estou falando dos cornos. Uns sabem, outros não. E há aqueles que fingem não saber, porque são tão apaixonados pelas esposas que preferem viver na ilusão.
Hoje é sábado de Carnaval, e o calor está insuportável aqui no Recife, dia do Galo da Madrugada. O sol parece querer derreter o asfalto, e o ar está pesado, cheio de mistérios e desejos não confessados. Decidi passar na casa do meu amigo Hamilton, que mora a duas quadras da minha. Hamilton é um cara legal, sempre foi. Conheço ele desde a infância, quando jogamos futebol na rua e sonhávamos com um futuro que, para ele, parece ter parado no tempo.
Quando chego na casa dele, quem me atende é Sônia, sua esposa. Ela está usando um top laranja vibrante e um short preto de bolinhas brancas, que parece ter sido costurado para destacar cada curva do seu corpo. Veja nas fotos e vídeos abaixo. Fiz sem ela saber. Sônia é deslumbrante. Cabelos castanhos, olhos que parecem esconder segredos proibidos e um sorriso que é pura provocação. Ela me recebe com um “Oi, Adriano, que surpresa!”, mas o tom da voz dela é mais convite do que cumprimento.
Entro na casa e percebo que Hamilton não está. “Ele foi comprar gelo”, ela diz, enquanto se senta no sofá de uma forma que parece coreografada. Cruzou as pernas devagar, como se soubesse que eu estava olhando. E eu estava. Como não olhar? Sônia é daquelas mulheres que sabem exatamente o efeito que causam. Ela se inclina para pegar uma revista na mesa, e o top parece desafiar a gravidade.
Enquanto ela folheia a revista, começo a pensar em Hamilton. Como ele não percebe? Como não chegou a ele que Sônia tem fama no bairro? Todo mundo sabe. Todo mundo comenta. Até a família dele sabe. Mas ele vive na sua bolha, apaixonado, cego por ela. E eu? Eu sou o amigo que vê tudo, que sabe de tudo, e que, às vezes, se pergunta se deveria contar. Mas como contar algo que ele não quer enxergar? Fomos para a área de serviço, onde tem a churrasqueira e ela provocava demais, sempre com a bundinha linda para meu lado. Amigos, pensamentos loucos passavam em minha cabeça.
Sônia interrompe meus pensamentos com uma pergunta: “Adriano, você vai sair hoje à noite?”. Olho para ela e vejo aquele sorriso de quem sabe o que quer. Respondo que sim, que vou dar uma volta no bloco, e ela solta um “Que legal, quem sabe a gente não se encontra por aí?”. O jeito como ela diz isso faz meu coração acelerar. É um jogo perigoso, e eu sei que não deveria jogar. Mas é difícil resistir.
Enquanto espero Hamilton chegar, Sônia começa a falar sobre o Carnaval, sobre as fantasias que viu na internet, sobre como adora dançar. Ela se levanta e começa a sambar, como se estivesse em um palco. Cada movimento é calculado, cada olhar é uma isca. E eu? Eu fico parado, tentando não cair na armadilha. Mas é difícil. Muito difícil.
Hamilton finalmente chega, carregando uma sacola de gelo. Ele parece feliz, como sempre. “Adriano, meu brother!”, ele diz, abrindo um sorriso largo. Eu o cumprimentei, mas não consigo olhar nos olhos dele. Sinto um peso no peito, uma culpa que não deveria existir, porque, afinal, eu não fiz nada. Ainda não.
Passamos a tarde juntos, bebendo, rindo, falando sobre os velhos tempos. Sônia fica por perto, sempre presente, sempre provocante. Em um momento, ela pega o celular e começa a filmar a gente, dizendo que vai postar nas redes sociais. Eu sorrio para a câmera, mas sei que aquelas imagens vão parar em algum lugar que Hamilton nunca vai ver.
Quando a tarde, decidi ir embora. Sônia me acompanha até a porta, e, no último segundo, ela sussurra: “Adriano, você sabe onde me encontrar”. E eu sei. Todo mundo sabe.
Caminho de volta para casa com a cabeça cheia de pensamentos. Coitado do Hamilton. Ele ama Sônia, mas ela é como um furacão, destruindo tudo por onde passa. E eu? Eu sou só mais um na lista dela. Mas juro, resistir é difícil demais.
Se você quer saber mais sobre as histórias de Jardim São Paulo, ou ver as fotos e vídeos que eu capturei, visite o site de Selma Recife www.selmaclub.com . Lá, mostro tudo, sem filtros. Porque, no fim das contas, todo mundo tem um segredo. E no meu bairro, os segredos são mais interessantes do que a ficção.
Adriano
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