Um amor inesperado
O amor que há entre um professor e um aluno.
Não será um conto onde falarei de coisas que obviamente não são reais, pois noto aqui mil histórias que são nitidamente mentirosas.
Não sou um cara musculoso, parrudão daqueles que morrem nos ferros da academia. Pelo contrário; sou, e sempre fui muito magro, branquelo e meio sem graça. Já vou com 26 anos, mas há onze anos eu era o adolescente nerd da sala, não tinha muitos amigos, não gostava de bagunças e não era de estar até tarde por aí.
Roupa básica, tênis, bermuda, casaco e, às vezes um boné, cabelos lisos a aloirados, as pontas pintadas de azul e aparelho nos dentes. Sempre gostei de ler, por ter pais Professores universitários, tinha livros – aliás tenho – a rodo e de várias temáticas. Gosto ainda de romances do século XIX e de romances policiais americanos, ou mesmo romances americanos de amor mesmo.
Em 2013 ingressei no ensino médio, e isso foi meio estranho, muito embora eu estivesse na mesma Escola desde sempre. Meus pais são os donos da Escola. Logo, todos os Professores, funcionários da limpeza, seguranças e secretárias eram
tios e tias. Tem gente que trabalha hoje lá, que é mais que meu funcionário, é meu tio e tia.
Como disse antes era e sou magrelo e bem branco, apesar de morar há anos à beira-mar. E não, eu não tenho um pau gigante. Tenho apenas 16cm, ele é meio torto para a esquerda e tem a cabeça meio grande e rosada. Aparecem as veias que são um pouco dilatadas.
Mas vamos voltar ao assunto, foi mau. Quando cheguei na Escola, vi a galera, rimos e zoamos, contamos como foram as férias e o sinal tocou. Como sempre a primeira aula era um discurso, chato por sinal, que minha mãe faz até hoje. Logo depois fomos para a sala. Passaram-se as aulas de forma normal com todas aquelas coisas de os Professores se apresentarem aos novatos e comigo fazerem a velha e boa zoeira. Meus pais nunca deixaram que eu fosse tratado como filhos dos donos, eu era um aluno como quaisquer outros.
Após o intervalo, toca o sinal e subimos. Entra um professor da minha idade hoje. Meio sem jeito, pois seria a primeira Escola que ele daria aulas. Porém o que me chamou atenção foram os olhos dele. Eram expressivos e sinceros. Pediu que os alunos ajudassem ele na missão que para ele era nova. Inclusive ainda é Professor da nossa Escola. É Professor de Filosofia, dá aulas com bastante dinâmica e não foi difícil para nós nos acostumarmos com ele. É daqueles Professores que dão aulas por vocação.
Meses se passaram, férias de julho e, por acaso, encontro com ele no Shopping, estávamos eu e uns amigos. Logo fomos comer algo, rir, contar piadas. Foi uma tarde excelente. Pedi seu Instagram; meus pais não permitiam que alunos tivessem contato fora de sala com os Professores, mas, depois de muito insistir, ele disse e todos nós começamos a segui-lo.
Converso de monte com ele. Ele me conta histórias e rimos muito.
Voltam as aulas e lá vamos para a rotina. Um dia ele pediu para fazermos uma fila e mostrarmos as atividades para ele vistar. Todos fizeram a fila e, como sempre, aquela algazarra. Quando chegou minha vez, ele vistou meu caderno e disse: Huzbber, muito bem. Vai ser filósofo. Ao que ri e disse que não, pois queria algo mais tecnológico. Um colega de classe que estava atrás de mim, sem querer tropeçou e caiu por cima de mim e eu para me seguram me encostei no Professor, porém encostei meus genitais. Nossa, eu fiquei vermelho, sem graça, com vontade de ir pôr a cabeça em um buraco (sem anedotas). Ele apenas riu e disse: Acontece, rapaz. Mas juro que percebi seu olhar e penetrei o meu no dele. Tudo correu normal durante toda a semana... No sábado, ele me envia um convite querendo saber se eu e os outros guris iríamos aos Shopping. Não estava na vontade, mas fiz as pontes e lá fomos. Para meus pais não verem, ele esperou um pouco longe do meu prédio. Chegamos no carro, e formos passear no Shopping, meus amigos foram jogar nos Plays e eu fiquei conversando com ele. Do nada ele diz: Hauzbber, notei sua vergonha ao esbarrar em mim. Eu, ficando sem graça, disse: Desculpas, tio, foi o Pedro que se desequilibrou. Ele disse ter notado, mas disse que notou algo mais... Nossa, eu morri. Minutos atrás eu estava vendo uns porns e não tinha ficado todo mole ainda, pois estava pensando nos vídeos. Mais que rápido pedi desculpas, mas disse: Sabe como é, tio. Adolescência... Ele riu e disse também ter passado muito vazes por aquilo.
Meus amigos voltaram do Play, conversamos mais umas duas horas e voltamos para casa. Todos, eu e meus amigos, descemos no meu prédio, aliás, no lugar onde ele foi nos buscar.
Segunda-feira lá vamos para as aulas, tudo correu normal. Na terça-feira duas aulas dele seguidas. Ele, como sempre, levou dinâmicas e a aula foi um showzaço. Passaram os dias da semana e, dessa vez, eu quem falei com ele: Tio, algo para fazer hoje à noite? Passou uns minutos e ele disse: Estou terminando de fazer meu Plano de aulas, mas logo termino. Por quê? Sei lá, poderíamos nos ver, sim!? Ele disse que sim, mas em duas horas, ou seja, 19h, passaria lá perto do prédio. De 18h50 recebo a mensagem “estou no mesmo lugar”, pego meu casaco e desço – meus pais sempre deixavam eu descer, mas não poderia chegar após às 22h. Encontrei com ele e fomos tomar uma água de coco e aproveitamos para comer uns salgados e tomar um suco. Ele pagou tudo e fomos andando na Praia. Conversando sobre muitas coisas. Do nada ele diz: Huzbber, tenho algo a te dizer. Pode falar! Mas tem que ser entre nós. Pode confiar, tio. Eu sou gay. Na hora eu parei... Pensei... e disse: Ué, normal! Eu sei, mas é que desde aquele dia eu não paro de pensar em você. Eita... Aí o coração acelerou. Sério, Tio? Sim, sério. Estou pensando em sair da Escola. Não! Tem nada a ver. Sua condição sexual não impede de o senhor ser Professor. E a galera ama suas aulas. São bem divertidas. Eu sei, eu amo vocês também. Mas não posso ficar lá, pensando em estar com você. É... meio ruim mesmo.
Nossa, está na hora voltar. Ele me levou até o mesmo lugar e eu fui para casa.
Na terça-feira quando ele entrou na sala, meu coração acelerou. Eu não tinha coragem de olhar na cara dele, e nem ele na minha. Nesse dia a aula foi bem chata e todos acharam estranho, quiseram saber se ele estava doente ou algo afim. Ele deu as aulas e saiu. Os dias passaram muito lentos, e eu pensando em tudo que ele me havia dito.
Sábado de manhã, mando uma mensagem para ele: “Tio, podemos nos ver hoje à noite? Ele vê logo e responde que sim. Fazemos o mesmo combinado. Ele me busca e vamos para um lugar bem calmo. Durante a viagem, ficamos ambos calados, mas ao chegarmos, eu solto logo o verbo: Tio, eu sei que o senhor está a fim de mim, mas eu não sei se dá certo. Ele diz que entende, pois meninos héteros jamais ficariam com um gay. Ao que respondo: Não, não é isso. É que eu nunca... Ele para, olha para mim e diz: Ah, isso é muito normal. Na hora certa alguma garota vai te ajudar nisso. “Tio, o senhor não está entendendo; eu quero com o senhor, eu penso no senhor. Nessa hora ele me olha e diz: Huzbber, eu fico muito feliz, mas não quero que seja algo do que você se arrependa. “Tio, eu me arrependeria se não tentasse... Não deixo nem ele responder, puxo pela nuca e dou um beijo, percebo que está assustado e eu todo sem jeito, mas rola o beijo. Nos acariciamos muito e ele foi super amável comigo. Beijou meu corpo e ao chegar lá, perguntou se poderia abrir minha bermuda, eu disse que sim. Abriu bem devagar enquanto nos beijávamos e de repente sinto algo quente em mim. Eu estava sendo chupado pela primeira vez e era uma sensação surreal. Um misto de choquinhos e arrepios. Passei a mão em seus cabelos, que são lindos e lisos. Não contei o tempo, mas foi tempo suficiente para ele me dar prazer. Logo após que abri a bermuda dele, e pus o pau dele para fora. É grosso e um pouco menor que o meu... Sem jeito ainda comecei a chupá-lo e ele começou a passar a mão por minhas costas e cabelos. Sei que não fiz bem feito como ele, mas ainda assim ele disse que estava ótimo. “Quer ir por trás, Huzbber?”, “Querer, eu quero, mas não sei se tenho jeito”, “vamos tentar”, “vamos”. Ele tira a bermuda, fica de quatro em um banco feito de madeira rústica e me manda vir, antes me dá um KY e manda que eu passe em mim e nele. Fiz como dito e tentei enfiar. Frustrante. Não entrou... Ele disse: Calma, devagar você consegue. Fui outra vez e tentando aos poucos foi indo... Cara, achei bem quentinho e parece que tinha algo lá que apertava meu pau. Ele disse: Comece devagar indo e vindo. Foi o que eu fiz, mas notei que havia ficado mais fácil e um pouco menos apertado. Por impulso fui aumentando e ouvia ele gemer pedido para eu não parar, passamos um bom tempo ali se dando um ao outro entre beijos, carícias e estocadas. Quando senti que estava vindo, avisei e ele disse que poderia vir dentro mesmo. Nossa... Foi a melhor vinda até aquele dia. Depois, ambos ofegantes nos limpamos com papel umedecido que ele havia levado, nos vestimos em fomos para o lugar de ele me deixar.
Passei a noite pensando naquilo, em como foi bom, em como foi intenso. Na segunda-feira escuto alguns murmúrios entre os Professores. Na terça-feira, entra uma mulher de uns quarenta anos e diz ser a nova Professora de Filosofia. Todos ficaram atônitos e eu mais ainda. Pedi licença à professora e fui ao bainheiro. Ele não estava mais no Instagram, procurei como um louco, mas ele não estava. Fui à Secretaria e perguntei por ele. A tia disse que na segunda-feira de manhã ele apresentou a carta de demissão. Voltei para a sala sem chão. Foram semanas de muita angústia. Até que meu celular toca, não quis atender, era número desconhecido; mas insiste e eu atendo: “Huzbber?”, “Sim, que é?”, “O tio de Filosofia”. Ah, senti ódio na hora, disse várias coisas a ele e ele não respondia nada. Quando ouviu tudo, respondeu: Huzbber, sai da Escola, pois não sabia como ficaria minha situação com você por perto. “Ora, ficaria normal, cara. Eu não iria contar a ninguém”. “É, mas poderiam descobri”. “Só se você contasse, eu não contaria”. “É que acabo de receber a ligação da Escola e eles pediram para eu reconsiderar a demissão”. “Você vai, não é!?” “Sim, mas caso você deseje”. “Pois reconsidere e volte, quero lhe ver”.
Segunda-feira estava ele lá assinando o contrato, na terca-feira estava ele na minha sala.
Escondi até prestar o ENEM e passar para Direito. Logo após minha formatura, chamei-o em casa, reuni meus pais e disse que ele é o amor da minha vida. Meus pais olharam para mim e disseram: Filho, já sabíamos. Um dia seu pai seguiu você e viu entrando no carro dele. Pensamos mil coisas, mas resolvemos não prejudicá-lo, e foi por sua causa que o recontratamos naquele tempo. Percebemos que ele te faria bem, que é um homem íntegro e que cuidará de você sempre...
Somos casados há dois anos. Ele agora dá aulas em uma Universidade Federal e na nossa Escola, e eu cuido da Escola junto com meus pais.
Perdão pela história tão longa.
Obrigado a todos que se dispuserem a ler.
Comentários (2)
Nelson: Sensacional. Parabéns. Lindo, lindo, lindo. Um conto de fadas e o melhor é que estão casados. É bom ler sobre sexo mas é muito gostoso também ler essa parte romântica sem falar na postura dos seus pais te acolhendo e não prejudicando a vida profissional do professor. Obrigado pelo conto e mais uma vez parabéns. Se possível nos presenteie com narrativas como essa. Já sou seu fã.
Responder↴ • uid:469c190tb0jqLeitor exigente kkk: Achei maravilhoso e muito necessário ler uma história que não é só sobre sexo, ou relatos de abusos como tem muitos aqui no site. Adorei o conto, parabéns!!!
Responder↴ • uid:1eh8ano95kzfc